domingo, novembro 23, 2008

A Crise Financeira - Lucros, Avales e Avisos

Cartoon de Derkaoui Abdellah


EsquerdaNet - 29 de Outubro de 2008

Bancos privados lucram 3,3 milhões por dia apesar da crise

Mesmo com a crise financeira internacional, os lucros dos quatro maiores bancos privados a operar em Portugal ultrapassaram os 914 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2008, o equivalente a 3,3 milhões de euros por dia. Apesar da descida global dos lucros principalmente devido à desvalorização das aplicações bolsistas, a verdade é que negócio da concessão de crédito, da captação de depósitos e da cobrança de comissões continua a crescer.

A edição desta quarta-feira do Correio da Manhã analisa os resultados apresentados pelos principais bancos privados no terceiro trimestre de 2008, juntando-os com os dois primeiros trimestres do ano.

O principal impacto negativo da crise, que está na origem da quebra geral dos lucros, vem das aplicações bolsistas, actividades de corretagem e participações financeiras. No entanto, o negócio do crédito e da cobrança de comissões continua a crescer permitindo aos bancos a manutenção de elevadas taxas de lucro.



PortugalMail - 21 Novembro, 2008

BCP, BES e CGD vão recorrer a aval do Estado até final do ano


O BCP, BES e Caixa Geral de Depósitos (CGD) confirmaram que vão recorrer à garantia do Estado para poderem contrair créditos e não por falta de liquidez, já o BPI afirmou que não pretende recorrer ao aval até ao final do ano. A CGD confirma que irá solicitar a garantia dada pelo Estado, todavia, não avança com valores, o que o presidente Faria de Oliveira justifica dizendo que os números «não devem ser adiantados antes da operação estar no mercado».

Por seu lado, o presidente do BCP diz que o empréstimo pedido nunca será inferior a mil milhões de euros.



Diário de Notícias - 22 de Novembro de 2008

Sócrates diz que avales não são para banqueiros


As garantias do Estado a empréstimos colocadas à disposição da banca nacional não são uma ajuda aos bancos em si, nem aos banqueiros nem aos respectivos accionistas. O aviso foi feito ontem pelo primeiro-ministro...
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15 comentários:

Ana Camarra disse...

Diogo

Pois é amigo, o mar bate na rocha quem se lixa é mexilhão.
O Sr. Pinto de Sousa cada vez que diz uma verdade cai-lhe um braço, parece que ainda tem 2....
Quanto aos banqueiros deste país, temos de ver que são eles que garentem as reformas milionárias, pagam as campanhas dos dois maiores partidos, tanta dedicação e investimento havia de ter retribuição, não é?
Esta gente dá-me asco, profundo asco!

beijos

Diogo disse...

Ana,

Quem tem o dinheiro é dono dos políticos e dos media. Não é por acaso que este Governo (e os anteriores) nunca respondeu à questão dos bancos pagarem apenas metade da taxa de IRC. E os media também nunca perguntaram. A maioria das pessoas, seja ouvindo os ministros, seja ouvindo os analistas, embarca neste embuste descomunal.

Beijo

Ana Camarra disse...

Diogo

A respeito do teu post que me enviaste sobre o Progrom de Lisboa.
Li com toda a atenção assim como os comentários.
Não duvido na falta de rigor dos relatos históricos daquela época, se nos nossos dias são de pouca confiança…
No entanto gostava de te falar de outros aspectos.
Houve de facto uma imposição da Igreja Católica, quanto a isso não tens dúvidas, pois não?!
Aliás considero a Igreja Católica Apostólica Romana um dos grandes travões do mundo a todos os níveis, atributo que é comum à maioria das religiões, mas brutal nesta.
Foram forçados a converter-se muitos não católicos, judeus e não só, muçulmanos e ateus.
Depois a coisa complicou-se, em Espanha, os Reis Católicos, ou melhor os Reis Fanáticos, decidiram fazer uma purga, que não era só religiosa. Tinham sido de facto os Judeus a financiar as Descobertas, nada melhor que elimina-los e não pagar a divida.
Eu percebo tudo o que dizes sobre os Judeus, não tenho dúvida que uma parte dessa comunidade, manipula, distorce, fecha-se de uma forma estranha.
Acho que sim, devem ter existido muitas mistificações, no fim disso tudo só posso dizer que quem amargou devem ter sido os do costume, o pequeno judeu, se calhar sapateiro, que não tinha fortuna, o muçulmano que vendia limões ou fazia mosaicos….
As vítimas são sempre as mesmas, os que nunca conseguem mistificar a história, passam por ela anónimos.
Por fim, não sei se gostas de ler, mas aconselho-te alguns livros, que li, gostei e sobre os quais tive um espírito critico, analisa-os pela sua dimensão humana: O último cabalista de Lisboa e as Memórias de Branca Dias.
Aliás a personagem de Branca Dias é fascinante, será uma cristã nova, pouco consciente da sua situação, que pratica alguns rituais mais por tradição do que por acreditar no Deus de Israel, é presa, consegue fugir para o Brasil e lá constitui a primeira Escola para Mulheres (desconfio que aqui está o grande problema!), muitos anos depois da sua morte as ossadas são transportadas para Lisboa e queimadas em auto de fé…

Gosto muito de trocar estas ideias contigo!

Um beijo

Diogo disse...

Ana,

Tudo isto é uma grande nebulosa. Evidentemente que são sempre os mexilhões a lixarem-se, estejam de que lado estiverem. Mas, esta coisa de judaísmo e de cristianismo parece ultrapassar a dimensão humana.

Estou razoavelmente convencido de que foram os romanos que criaram e implantaram o cristianismo para controlo político (como referem as fontes do documentário Zeitgeist).

Por outro lado, há um número crescente de autores, como o historiador israelita Shlomo Sand, que afirmam que “o exílio do povo judeu é, na origem, um mito cristão, que descreve o exílio como uma punição divina castigando os judeus pelo pecado de ter rejeitado a mensagem cristã. «Comecei a procurar livros sobre o exílio – acontecimento fundador na História Judaica – quase como o genocídio”… E,

… “O povo (judeu) não se tinha disseminado, foi a religião judaica que se propagou. O judaísmo era uma religião proselitista. Contrariamente ao que se pensa, no judaísmo antigo existia uma vontade muito forte de converter. Os Hasmoneanos foram os primeiros a começar a criar grupos de judeus por meio de conversões massivas, sob a influência do helenismo. São estas conversões, desde a revolta dos Hasmoneanos até à de Bar Kochba, que prepararam o terreno para a posterior difusão massiva do Cristianismo. Após o triunfo do Cristianismo, no século IV, o movimento de conversão foi travado no mundo cristão e houve uns diminuição brutal do número de judeus. Pode-se supor que muitos judeus convertidos na zona mediterrânica se tenham tornado cristãos. Então, o judaísmo começa a difundir-se em outras regiões pagãs – por exemplo, no Iemen e no norte de África. Se isto não tivesse sucedido – se o judaísmo não tivesse continuado a converter no mundo pagão – teríamos ficado com uma religião marginal, se é que não teria mesmo desaparecido.

Lê esta entrevista de Shlomo Sand aqui:

http://pt.no-media.info/747/o-exilio-do-povo-judeu-e-um-mito


Pesando tudo isto, julgo ser possível que os gregos, dominados pelos romanos, tenham inventado o judaísmo para minar o império romano, e que Roma tenha criado o cristianismo para se defender do judaísmo.


Chamaste-me a atenção para o último cabalista de Lisboa e as Memórias de Branca Dias e vou procurar ler.

Beijo

xatoo disse...

"o último cabalista de Lisboa" é um romance ficcionado escrito pelo judeu Richard Zimmler, sobre o "massacre dos judeus de Lisboa em 1506"
como acontece de todas as vezes que há dinheiro forte a apoiar as causas, Zimmler já ganhou diversos prémios - embora se trate de puro charlatanismo que tem de fazer forçasamente carreira internacional, pela estrada do sionismo, em defesa de Israel

alf disse...

Cá para mim, o Sócrates anda a preparar um futuro pós-governo na área industrial - ele é o magalhães, ele é o carro eléctrico da Renault... Enfim, cada um é para o que nasce, e ele é engenheiro... pelo menos engenheiro técnico é, sempre é mais que outros que tiraram o curso todo onde ele só tirou o último ano...

...por isso o aviso dele: o dinheiro é para apoiar as indústrias!

(eu acho bem, o dinheiro tem de circular para actividades reprodutivas e não para especulativas; além de que ele tem a cabeça no futuro, como eu...)

O paradigma de a política depender da Banca e da Construção Civil tem de passar a incluir outros «players» porque estes já não geram riqueza, só ficam com ela.

Ana Camarra disse...

xatoo

Mais que isso "O último Cabalista de Lisboa" é um romance policial, passado na Lisboa Quinhentista.
Tenho a certeza que o Diogo tem descernimento suficiente para o ler e tirar as suas elações, afinal eu já li partes da Biblia e do Alcorão, até da Torah, ainda não aderi a nenhuma dessas religiões.
Até li o programa eleitoral do PS e não votei neles....

cumpts

xatoo disse...

certo Ana, ler sempre com espírito crítico
mas guita em obras de ficção a mim não me caçam eles.
até já li o Fernando Pessoa (outro judeu), embora o homem, como tantos outros da judiaria internacional, não seja nada daquilo que querem fazer dele. Era um marado que aparecia três horas atrasado aos compromissos e depois dizia que era o Alvaro de Campos. Foi um gajo de profundo pensamento reaccionário, mas querem-no vender como um humanista notável. Basta recordar que a Mensagem tinha o titulo original de "À memória do Presidente-Rei Sidónio Pais" - conhecemos o que foi o sidonismo que acabou magistralmente com um tiro nos cornos do Sidónio - e não admira que actualmente estejam literalmente a inventar ao Pessoa uma arca sem fundo de obras em louvor dos homens providenciais,, elegias aos Presidentes-Rei, hellas o Cavaco

Diogo disse...

Ana,

Tenho estado a ler várias apreciações na Internet ao «O último cabalista de Lisboa». Todas giram mais ou menos em volta disto:

http://cartilhamaternal.blogspot.com/2005/08/o-ltimo-cabalista-de-lisboa.html

“A dada altura senti vergonha de ser portuguesa.

Poderia até resumir isto a uma questão religiosa, cristãos vs. judeus, mas o narrador coloca o assunto em termos maiores: portugueses vs. judeus. Sendo que por portugueses entende todos os cristãos-velhos. E não é simpático vermos como eram os nossos antepassados no início do século XVI. Porcos. Porcos de corpo e de espírito. Cruéis. Reprimidos e repressivos. Bárbaros. Muito bárbaros.

E tudo isto porque a história é contada por um judeu (ou cristão-novo), Berequias, que descobre o seu tio (um cabalista também convertido à força ao cristianismo) assassinado na cave da casa deles. Encontrado nú ao lado de uma jovem desconhecida, também nua, e fechados por dentro. Sim, o livro assenta na procura do assassino. Não, o interesse da história não reside aí.

O que nos agarra à cadeira, revolve as entranhas e faz corar de raiva e vergonha é o cenário de fundo da acção: Lisboa em tempo de peste e seca. Lisboa sem respeito pelo governante e cada vez mais anti-semitista. Lisboa à deriva e com um bode expiatório ali tão perto.

De um momento para o outro os cristãos-novos (que, para os -velhos, não deixaram de ser judeus manhosos, traiçoeiros, com cornos e caudas) passam a ser os responsáveis pela seca. Clero e povo grita nas ruas pelo sangue dos marranos para limpar Lisboa e aplacar a ira de Deus. Clero e povo arrancam homens, mulheres e crianças às suas casas, violam, decepam e queimam (muitos deles ainda com vida) numa gigantesca fogueira em pleno Rossio.

Sim, é horrível e mexe connosco. A descrição é tão realista (e rigorosa na exactidão histórica) que faz contrair os maxilares com a raiva. Mas a história em si arrasta-se um pouco e torna-se, em certos momentos, cansativa. O personagem é tal forma real (inconstante, incongruente e pouco carismático) que acaba por lhe faltar essência literária.

Eu estou a gostar. Muito. Só continuo sem perceber se é ficção ou não. Porque a apresentação da Quetzal diz que sim mas o autor no prólogo diz que não.”




Sabes que não penso que o progrom de Lisboa tenha acontecido. Nem a história faz sentido nem a meia dúzia de «testemunhos históricos» são fiáveis.

Não li ainda o livro Ana, mas pela descrição que é feita acima, e embora o autor do livro tenha arranjado um judeu para assassino do cabalista, o que parece ficar em todas as críticas que li é a barbárie e a indiferença perante o (eterno) sofrimento dos judeus.

Será este o objectivo do autor? Que impressão te ficou do livro? Gostava de saber a tua opinião.

Beijo

xatoo disse...

bingo!
propagandear à exaustão "o eterno sofrimento dos judeus"
para que se institucionalize a legalidade da vítima poder passar à agressão como retaliação que passa a ser vista como justa.

Ana Camarra disse...

Diogo

O Livro é claro que foca a questão do suposto ataque aos Judeus.
Mas tem mais, muito mais para ler, para além de ser um excelente livro policial, genero que gosto, foca outras coisas:
-Foca a persiguição a quem é diferente, não necessáriamente Judeus, como o caso do Árabe amigo da personagem principal, que para além de mulçulmano é surdo mudo e homosexual, é perseguido por essas três condições.
-Mostra também dentro da suposta comunidade judaica a diferença de actuação e postura dos detentores dos meios financeiros, que pactuam e lucram com a perseguição e que de certa forma a instigam.
-Mostra ainda que a "fonte do mal", está dentro da própria comunidade e não fora.
Mais ou menos ler este livro será como ler os jornais nacionais, teremos de ler nas entrelinhas.
Qualquer pessoa menos esclarecida verá só e apenas a perseguição a um povo ou a uma religião, mas não é só isso que lá está.

Portanto gosto do Livro até porque tem muitas zonas de cinzento e não remete tudo para o preto e branco.

Tal como no caso de Branca Dias em que facilmente chegamos á conclusão que é perseguida por ser uma mulher diferente, em muitos aspectos, mais do que pela sua suposta religião, uma mulher muito á frente das convenções da época.

Por fim um recado ao xatoo, não tenho por hábito ver o mundo a preto e branco, nem engolir as grandes teorias que nos tentam impingir, por feitio, por hábito, questiono, tento informar-me, saber o máximo.
Em última instância se um determinado quadrante, politico, religioso, me tenta impingir uma teoria, desconfio logo...

Beijos

Diogo disse...

Ana, vou ter de ler o livro.

Beijo.

Ana Camarra disse...

Diogo

Acho que sim.
E depois claro lês nas entrelinhas.
Basicamente o que será um livro a defender a diaspora judaica tem algo mais lá, é ler!
Nestas coisas eu gosto de ler tudo.
Considero ter cabeça para separar as coisas que me querem impigir das coisas que pensam que eu não vejo.
Acho que também és assim.


beijos

Anónimo disse...

Isto é um verdadeiro "derrame cerebral"
É chagado o momento de pedir indemnização pelos danos psicológicos causados ao povo!
Beijos

Anónimo disse...

lol,so nice