Livro publicado por Raymond Kurzweil em 2005
THE SINGULARITY IS NEAR
When Humans Transcend Biology
A SINGULARIDADE ESTÁ PRÓXIMA
Quando os humanos transcendem a Biologia
Raymond Kurzweil
THE SINGULARITY IS NEAR
When Humans Transcend Biology
A SINGULARIDADE ESTÁ PRÓXIMA
Quando os humanos transcendem a Biologia
Raymond Kurzweil
Ray Kurzweil é autor de "The age of intelligent machines", que ganhou o Association of American Publishers’ Award de melhor livro de informática de 1990. Ganhou o Dickson Prize, o principal prêmio científico da universidade Carnegie Mellon, em 1994. O Massachusetts Institute of Technology elegeu-o inventor do ano em 1988. Em 2004, em co-autoria com o médico Terry Grossman, lançou o livro "A medicina da imortalidade" — um abrangente programa de longevidade que inclui orientação nutricional, avanços da medicina e tecnologia de ponta, que em pouco tempo se tornou sucesso de vendas. O seu site www.kurzweilai.net é uma referência em nanotecnologia, contendo informações atualizadas semanalmente sobre as mais recentes e avançadas pesquisas na área.
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Excerto de uma entrevista com Raymond Kurzweil sobre a miscigenação entre o homem e a máquina. [Tradução minha]
Entrevistador: Qual será o impacto destes desenvolvimentos?
Ray Kurzweil: Um aumento radical da esperança de vida, para começar.
Entrevistador: Parece interessante, e como será isso possível?
Ray Kurzweil: No meu livro, refiro três grandes revoluções sobrepostas a que dei o nome de “GNR”, que significa Genética, Nanotecnologia e Robótica. Cada uma delas propicia um aumento dramático da longevidade humana, entre outros impactos significativos. Nós estamos neste momento na primeira fase da revolução genética – também chamada biotecnologia. A biotecnologia oferece os meios para alterar os genes: não apenas bebés programados mas natalidades programadas. Seremos igualmente capazes de rejuvenescer todos os tecidos e órgãos do nosso corpo transformando as células da pele em versões jovens de qualquer outro tipo de célula. Neste momento, novos desenvolvimentos fármacos têm como objectivo o combate de etapas importantes da arteriosclerose (a causa das doenças de coração), a formação de tumores cancerígenos, e os processos metabólicos que estão na base das doenças mais importantes e do processo de envelhecimento. A revolução biotecnológica já está na sua fase inicial e atingirá o seu pico na segunda década deste século (2010-2020), um ponto a partir do qual seremos capazes de ultrapassar a maior parte das doenças e retardar dramaticamente o processo de envelhecimento.
Seguir-se-á a revolução da nanotecnologia, que atingirá a sua maturidade durante os anos vinte (2020s). Com a nanotecnologia, seremos capazes de ir além dos limites da biologia, e substituir o nosso actual "corpo humano versão 1.0" com um substancial aperfeiçoamento versão 2.0 fornecendo um aumento radical dos anos de vida.
Entrevistador: E como poderá ser isso possível?
Ray Kurzweil: O segredo da nanotecnologia são os “nanobots”, que são robots do tamanho de células sanguíneas que podem viajar pela corrente sanguínea destruindo os elementos patogénicos (causadores de doenças), removendo detritos, corrigindo os erros do DNA, e revertendo o processo de envelhecimento.
Entrevistador: Corpo humano versão 2.0?
Ray Kurzweil: Encontramo-nos já nas fases iniciais de multiplicar e substituir cada um dos nossos órgãos, e mesmo porções do nosso cérebro com implantes neuronais, os mais recentes dos quais permitem aos doentes fazer o download de novo software exterior aos seus corpos para os seus implantes neuronais. No meu livro descrevo a forma pela qual cada um dos nossos órgãos será em última análise substituído. Por exemplo, nanobots podem colocar na nossa corrente sanguínea um conjunto óptimo de todos os nutrientes, hormonas, e outras substâncias de que temos necessidade, assim como remover toxinas e dejectos. O tracto intestinal poderá ficar reservado para os prazeres da culinária em vez da monótona função biológica de fornecer nutrientes. No fim de contas, de certo modo já separámos a comunicação e os prazeres do sexo da sua função biológica.
Entrevistador: E a terceira revolução?
Ray Kurzweil: A revolução robótica, que na realidade se refere à "poderosa" Inteligência Artificial, ou seja, a inteligência artificial ao nível humano, de que falámos anteriormente. Teremos tanto o hardware como o software para recrear a inteligência humana lá pelo fim dos anos vinte (2020s). Seremos capazes de aperfeiçoar estes métodos e aproveitar a velocidade, a capacidade de memória e a aptidão de partilha de conhecimento destas máquinas.
Por fim, seremos capazes de examinar todos os detalhes importantes dos nossos cérebros, usando milhares de milhões de nanobots nos capilares. Poderemos então guardar essa informação. Utilizando a nanotecnologia, podemos recrear o nosso cérebro, melhor ainda, criar fisicamente uma representação dele num substrato computacional mais capaz.
Entrevistador: Isso significa o quê?
Ray Kurzweil: Os nossos cérebros biológicos utilizam sinais químicos que transmitem informação a poucas centenas de metros por segundo. A electrónica é já milhões de vezes mais rápida do que isto. No meu livro, demonstrei como em 25 cm cúbicos de um circuito de nanotubos seria cem milhões de vezes mais poderoso que um cérebro humano. Portanto temos meios mais poderosos para criar fisicamente representações da nossa inteligência do que as velocidades extremamente lentas das nossas conexões interneunorais.
Entrevistador: Portanto, vamos substituir os nossos cérebros biológicos por circuitos electrónicos.
Ray Kurzweil: Eu vislumbro este começo com nanobots nos nossos corpos e nos nossos cérebros. Os nanobots mantêm-nos saudáveis, proporcionam imersão total na realidade virtual desde o interior do nosso sistema nervoso, oferecem comunicação directa cérebro a cérebro pela Internet, e expandem enormemente a inteligência humana. Mas não se esqueçam que a inteligência não biológica está a duplicar a sua capacidade todos os anos, enquanto a nossa inteligência biológica tem a sua capacidade praticamente fixa. À medida que nos aproximamos dos anos trinta (2030s), a parte não biológica da nossa inteligência predominará.
Entrevistador: A tecnologia mais próxima de maior longevidade, contudo, é biotecnológica, não é verdade?
Ray Kurzweil: Haverá uma sobreposição das revoluções G, N e R (Genética, Nanotecnologia e Robótica), mas basicamente é isso.
Entrevistador: Então diga-me mais sobre a forma como a genética e a biotecnologia vão evoluir.
Ray Kurzweil: À medida que vamos aprendendo sobre os processos de informação que estão por trás da biologia, estamos a desenvolver formas de os controlar para controlar as doenças, o envelhecimento e aumentar o potencial humano. Uma abordagem poderosa é começar pela infra-estrutura da informação biológica: o genoma. Com a tecnologia dos genes, estamos à beira de ser capazes de controlar a forma como os genes funcionam. Possuímos agora uma nova e poderosa ferramenta chamada interferência RNA (RNAi), que é capaz de desligar certos genes. Bloqueia o mensageiro RNA de genes específicos, evitando que criem certas proteínas. Como as doenças virais, o cancro, e muitas outras doenças usam produtos do gene (proteínas ou RNA) em alturas críticas do seu ciclo de vida, isto promete ser uma tecnologia revolucionária. Um gene que gostaríamos de desligar é o gene receptor de insulina de gordura, que dá ordens às células gordas para guardarem todas as calorias. Quando esse gene é bloqueado nos ratos, esses ratos comem muito mas mantêm-se magros e saudáveis, e, em regra, vivem 20% mais tempo. Novos métodos de acrescentar novos genes, chamada terapia genética, estão também a surgir que ultrapassaram problemas anteriores de colocação precisa de nova informação genética. Uma companhia com a qual estou envolvido, a United Therapeutics, tratou com sucesso a hipertensão pulmonar em animais usando uma nova forma de terapia dos genes e foi agora aprovada para testes em humanos.
Entrevistador: Portanto, vamos basicamente reprogramar o nosso DNA.
Ray Kurzweil: É uma boa forma de o dizer, mas é apenas uma abordagem alargada. Outra importante linha de acção é desenvolver novamente as nossas próprias células, tecidos, e até órgãos inteiros, e introduzi-los nos nossos corpos sem cirurgia. Um dos maiores benefícios desta técnica de "clonagem terapêutica" é que seremos capazes de criar estes novos tecidos e órgãos de versões das nossas células que também já foram tornadas mais jovens – o campo emergente da medicina do rejuvenescimento. Por exemplo, poderemos ser capazes de criar novas células do coração a partir de células da sua pele e introduzi-las no seu sistema através da corrente sanguínea. Com o passar do tempo, as suas células do coração são substituídas pelas novas células, e o resultado é um "jovem" coração rejuvenescido com o seu próprio DNA.
A descoberta de drogas já foi uma questão de encontrar substâncias que produziam alguns efeitos benéficos sem efeitos colaterais excessivos. Este processo era semelhante à descoberta das ferramentas pelos primeiros seres humanos, que estava limitado a encontrar rochas e utensílios que pudessem ser úteis para vários fins. Hoje, estamos a aprender as séries exactas de reacções químicas que estão na base tanto das doenças como dos processos de envelhecimento, e seremos capazes de fabricar drogas para levar a cabo missões precisas a nível molecular. O raio de acção e a escala deste trabalho é vasto. Mas aperfeiçoar a nossa biologia só nos trará até aqui. A realidade é que a biologia nunca será capaz de estar ao nível do que seremos capazes de projectar, agora que estamos a ganhar uma compreensão profunda dos princípios da operação da biologia.
Entrevistador: Não é a natureza mais eficiente?
Ray Kurzweil: De forma nenhuma. As nossas conexões interneuronais calculam cerca de 200 transacções por segundo, cerca de um milhão de vezes mais devagar que a electrónica. Tomando outro exemplo, o teórico da nanotecnologia, Rob Freitas, tem um projecto conceptual para nanobots que substituem as células vermelhas do nosso sangue. Uma análise conservadora mostra que se substituirmos 10 por cento das células vermelhas do nosso sangue com os "respirocytes" de Freitas, podemo-nos sentar no fundo da piscina durante quatro horas sem respirar.
Entrevistador: Se as pessoas deixarem de morrer, isso não conduzirá a uma sobrepopulação?
Ray Kurzweil: Um erro comum que as pessoas cometem quando pensam no futuro é antever uma enorme mudança do mundo de hoje, tal como um prolongamento radical do tempo de vida, como se tudo o resto não fosse mudar. As revoluções da "GNR" - Genética, Nanotecnologia e Robótica – resultarão noutras transformações que abordam essa questão. Por exemplo, a nanotecnologia permitir-nos-á criar virtualmente e qualquer produto físico a partir da informação e de matérias-primas muito baratas, conduzindo a uma radical criação de riqueza. Teremos os meios para encontrar os materiais necessários para qualquer número concebível de seres humanos. A nanotecnologia também fornecerá os meios tratar de destruições ambientais causadas por estágios anteriores de industrialização.
Entrevistador: Qual será o impacto destes desenvolvimentos?
Ray Kurzweil: Um aumento radical da esperança de vida, para começar.
Entrevistador: Parece interessante, e como será isso possível?
Ray Kurzweil: No meu livro, refiro três grandes revoluções sobrepostas a que dei o nome de “GNR”, que significa Genética, Nanotecnologia e Robótica. Cada uma delas propicia um aumento dramático da longevidade humana, entre outros impactos significativos. Nós estamos neste momento na primeira fase da revolução genética – também chamada biotecnologia. A biotecnologia oferece os meios para alterar os genes: não apenas bebés programados mas natalidades programadas. Seremos igualmente capazes de rejuvenescer todos os tecidos e órgãos do nosso corpo transformando as células da pele em versões jovens de qualquer outro tipo de célula. Neste momento, novos desenvolvimentos fármacos têm como objectivo o combate de etapas importantes da arteriosclerose (a causa das doenças de coração), a formação de tumores cancerígenos, e os processos metabólicos que estão na base das doenças mais importantes e do processo de envelhecimento. A revolução biotecnológica já está na sua fase inicial e atingirá o seu pico na segunda década deste século (2010-2020), um ponto a partir do qual seremos capazes de ultrapassar a maior parte das doenças e retardar dramaticamente o processo de envelhecimento.
Seguir-se-á a revolução da nanotecnologia, que atingirá a sua maturidade durante os anos vinte (2020s). Com a nanotecnologia, seremos capazes de ir além dos limites da biologia, e substituir o nosso actual "corpo humano versão 1.0" com um substancial aperfeiçoamento versão 2.0 fornecendo um aumento radical dos anos de vida.
Entrevistador: E como poderá ser isso possível?
Ray Kurzweil: O segredo da nanotecnologia são os “nanobots”, que são robots do tamanho de células sanguíneas que podem viajar pela corrente sanguínea destruindo os elementos patogénicos (causadores de doenças), removendo detritos, corrigindo os erros do DNA, e revertendo o processo de envelhecimento.
Entrevistador: Corpo humano versão 2.0?
Ray Kurzweil: Encontramo-nos já nas fases iniciais de multiplicar e substituir cada um dos nossos órgãos, e mesmo porções do nosso cérebro com implantes neuronais, os mais recentes dos quais permitem aos doentes fazer o download de novo software exterior aos seus corpos para os seus implantes neuronais. No meu livro descrevo a forma pela qual cada um dos nossos órgãos será em última análise substituído. Por exemplo, nanobots podem colocar na nossa corrente sanguínea um conjunto óptimo de todos os nutrientes, hormonas, e outras substâncias de que temos necessidade, assim como remover toxinas e dejectos. O tracto intestinal poderá ficar reservado para os prazeres da culinária em vez da monótona função biológica de fornecer nutrientes. No fim de contas, de certo modo já separámos a comunicação e os prazeres do sexo da sua função biológica.
Entrevistador: E a terceira revolução?
Ray Kurzweil: A revolução robótica, que na realidade se refere à "poderosa" Inteligência Artificial, ou seja, a inteligência artificial ao nível humano, de que falámos anteriormente. Teremos tanto o hardware como o software para recrear a inteligência humana lá pelo fim dos anos vinte (2020s). Seremos capazes de aperfeiçoar estes métodos e aproveitar a velocidade, a capacidade de memória e a aptidão de partilha de conhecimento destas máquinas.
Por fim, seremos capazes de examinar todos os detalhes importantes dos nossos cérebros, usando milhares de milhões de nanobots nos capilares. Poderemos então guardar essa informação. Utilizando a nanotecnologia, podemos recrear o nosso cérebro, melhor ainda, criar fisicamente uma representação dele num substrato computacional mais capaz.
Entrevistador: Isso significa o quê?
Ray Kurzweil: Os nossos cérebros biológicos utilizam sinais químicos que transmitem informação a poucas centenas de metros por segundo. A electrónica é já milhões de vezes mais rápida do que isto. No meu livro, demonstrei como em 25 cm cúbicos de um circuito de nanotubos seria cem milhões de vezes mais poderoso que um cérebro humano. Portanto temos meios mais poderosos para criar fisicamente representações da nossa inteligência do que as velocidades extremamente lentas das nossas conexões interneunorais.
Entrevistador: Portanto, vamos substituir os nossos cérebros biológicos por circuitos electrónicos.
Ray Kurzweil: Eu vislumbro este começo com nanobots nos nossos corpos e nos nossos cérebros. Os nanobots mantêm-nos saudáveis, proporcionam imersão total na realidade virtual desde o interior do nosso sistema nervoso, oferecem comunicação directa cérebro a cérebro pela Internet, e expandem enormemente a inteligência humana. Mas não se esqueçam que a inteligência não biológica está a duplicar a sua capacidade todos os anos, enquanto a nossa inteligência biológica tem a sua capacidade praticamente fixa. À medida que nos aproximamos dos anos trinta (2030s), a parte não biológica da nossa inteligência predominará.
Entrevistador: A tecnologia mais próxima de maior longevidade, contudo, é biotecnológica, não é verdade?
Ray Kurzweil: Haverá uma sobreposição das revoluções G, N e R (Genética, Nanotecnologia e Robótica), mas basicamente é isso.
Entrevistador: Então diga-me mais sobre a forma como a genética e a biotecnologia vão evoluir.
Ray Kurzweil: À medida que vamos aprendendo sobre os processos de informação que estão por trás da biologia, estamos a desenvolver formas de os controlar para controlar as doenças, o envelhecimento e aumentar o potencial humano. Uma abordagem poderosa é começar pela infra-estrutura da informação biológica: o genoma. Com a tecnologia dos genes, estamos à beira de ser capazes de controlar a forma como os genes funcionam. Possuímos agora uma nova e poderosa ferramenta chamada interferência RNA (RNAi), que é capaz de desligar certos genes. Bloqueia o mensageiro RNA de genes específicos, evitando que criem certas proteínas. Como as doenças virais, o cancro, e muitas outras doenças usam produtos do gene (proteínas ou RNA) em alturas críticas do seu ciclo de vida, isto promete ser uma tecnologia revolucionária. Um gene que gostaríamos de desligar é o gene receptor de insulina de gordura, que dá ordens às células gordas para guardarem todas as calorias. Quando esse gene é bloqueado nos ratos, esses ratos comem muito mas mantêm-se magros e saudáveis, e, em regra, vivem 20% mais tempo. Novos métodos de acrescentar novos genes, chamada terapia genética, estão também a surgir que ultrapassaram problemas anteriores de colocação precisa de nova informação genética. Uma companhia com a qual estou envolvido, a United Therapeutics, tratou com sucesso a hipertensão pulmonar em animais usando uma nova forma de terapia dos genes e foi agora aprovada para testes em humanos.
Entrevistador: Portanto, vamos basicamente reprogramar o nosso DNA.
Ray Kurzweil: É uma boa forma de o dizer, mas é apenas uma abordagem alargada. Outra importante linha de acção é desenvolver novamente as nossas próprias células, tecidos, e até órgãos inteiros, e introduzi-los nos nossos corpos sem cirurgia. Um dos maiores benefícios desta técnica de "clonagem terapêutica" é que seremos capazes de criar estes novos tecidos e órgãos de versões das nossas células que também já foram tornadas mais jovens – o campo emergente da medicina do rejuvenescimento. Por exemplo, poderemos ser capazes de criar novas células do coração a partir de células da sua pele e introduzi-las no seu sistema através da corrente sanguínea. Com o passar do tempo, as suas células do coração são substituídas pelas novas células, e o resultado é um "jovem" coração rejuvenescido com o seu próprio DNA.
A descoberta de drogas já foi uma questão de encontrar substâncias que produziam alguns efeitos benéficos sem efeitos colaterais excessivos. Este processo era semelhante à descoberta das ferramentas pelos primeiros seres humanos, que estava limitado a encontrar rochas e utensílios que pudessem ser úteis para vários fins. Hoje, estamos a aprender as séries exactas de reacções químicas que estão na base tanto das doenças como dos processos de envelhecimento, e seremos capazes de fabricar drogas para levar a cabo missões precisas a nível molecular. O raio de acção e a escala deste trabalho é vasto. Mas aperfeiçoar a nossa biologia só nos trará até aqui. A realidade é que a biologia nunca será capaz de estar ao nível do que seremos capazes de projectar, agora que estamos a ganhar uma compreensão profunda dos princípios da operação da biologia.
Entrevistador: Não é a natureza mais eficiente?
Ray Kurzweil: De forma nenhuma. As nossas conexões interneuronais calculam cerca de 200 transacções por segundo, cerca de um milhão de vezes mais devagar que a electrónica. Tomando outro exemplo, o teórico da nanotecnologia, Rob Freitas, tem um projecto conceptual para nanobots que substituem as células vermelhas do nosso sangue. Uma análise conservadora mostra que se substituirmos 10 por cento das células vermelhas do nosso sangue com os "respirocytes" de Freitas, podemo-nos sentar no fundo da piscina durante quatro horas sem respirar.
Entrevistador: Se as pessoas deixarem de morrer, isso não conduzirá a uma sobrepopulação?
Ray Kurzweil: Um erro comum que as pessoas cometem quando pensam no futuro é antever uma enorme mudança do mundo de hoje, tal como um prolongamento radical do tempo de vida, como se tudo o resto não fosse mudar. As revoluções da "GNR" - Genética, Nanotecnologia e Robótica – resultarão noutras transformações que abordam essa questão. Por exemplo, a nanotecnologia permitir-nos-á criar virtualmente e qualquer produto físico a partir da informação e de matérias-primas muito baratas, conduzindo a uma radical criação de riqueza. Teremos os meios para encontrar os materiais necessários para qualquer número concebível de seres humanos. A nanotecnologia também fornecerá os meios tratar de destruições ambientais causadas por estágios anteriores de industrialização.
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Vídeo gravado de Raymond Kurzweil em 2005
(É possível escolher as legendas em português brasileiro em "View Subtitles")
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Vídeo gravado de Raymond Kurzweil em 2005
(É possível escolher as legendas em português brasileiro em "View Subtitles")
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13 comentários:
A Inteligência Artificial é uma das raras áreas da ciência da computação onde as predições são normalmente demasiado optimistas. Virtualmente, cada avanço previsto da inteligência artificial tem-se mostrado errado. Às vezes esquecemo-nos que a lei de Moore não se aplica ao software mas apenas ao hardware.
Estas podem ser boas notícias se tivermos a certeza de que estas tecnologias não vão estar apenas disponíveis para bilionários. Mas também o direito à sepultura; o mundo já está a ficar demasiado sobrelotado.
Pois mais uma boa arma para a MATRIX!!!!
Qual o interesse? Deixarmos o que resta do nosso estatuto de seres humanos, a biologia? Porque no que concerne ao cérebro alguns de nós somos perfeitos monstros!!!
Este não é o caminho Diogo!
Um abraço
Nenhuma máquina irá substituir o ciclo natural de crescimento e restabelecimento do corpo humano, quaisquer que sejam os órgãos que troquem. Estas coisas não duplicam durante um século de avanços tecnológicos. Podemos adiar a morte 20 ou 30 anos mas a imortalidade é uma ficção.
J. Lopes - Quando o meu avô nasceu não havia aviões. Sabe quantas pessoas estão simultaneamente no ar hoje em dia?
Helena Simões – Estas tecnologias vão ser tão baratas que vão estar disponíveis para toda a gente.
Nuno Jardim - Como sabes eu sou um materialista. Não há almas nem espíritos, apenas matéria e energia. Se estas tecnologias puderem melhorar, um mínimo que seja, a nossa existência, então serão absolutamente benvindas. Este é o único caminho, caro Nuno.
Carlos Marques – Porque é que a imortalidade é uma ficção? Imaginemos um automóvel – à medida que as peças se forem desgastando troco-as por novas. Em suma, tenho sempre um carro novo.
se houvesse a palavra "benvindas" em português estas ideias seriam então "malvindas"
como diz a Helena Simões, é uma questão de medicina genética robótica aplicável às leis do mercado liberal; tal como na parvoíce das máquinas que aparece por aqui frequentemente, quem mandaria no processo seria o Capital e os capitalistas. Mas para quem não percebe nada do que são as classes sociais e a luta subsequente dos bilionários contra a grande massa dos pobres globais... a treta tecnológica parecer-lh-á ser prioritária nas metas da Humanidade. Pelo contrário, como teorizaram diversos autores ao longo do século XX, desde Habermas até Morin, a ciência deverá ter limites éticos e passar a ser controlada por forma a que não se converta numa ideologia que produza lunáticos.
A ciência e a tecnologia na mão da classe dominante produzirá monstros similares ao monstro financeiro, ao monstro do complexo industrial-militar, etc. É óbvio, não?
Eu sei que é chato, mas o Xatoo tem razão...
Xatoo,
Obrigado pela lição de português. Com esta gaita do acordo ortográfico começa a tornar-se difícil saber se determinada palavra só se escreve em português ou em brasileiro.
Continuas a falar em termos de classes sociais da segunda parte do século dezanove e da primeira parte do século XX.
Já devias ter compreendido que a tecnologia avança a um ritmo exponencial. E, por isso, a tecnologia vai acabar com o emprego (ainda bem).
A questão é como dividir a riqueza produzida pela tecnologia.
Nos objectivos nada nos separa. Mas continuas agarrado a teorias que já nada têm a ver com a realidade.
Eurico Moura – Não! O Xatoo não tem razão. Segue por um caminho que há muito desapareceu.
Essa é a treta que nos andam a querer impingir. Pois, já não há classes exploradas, o socialismo já não se usa, já não há senhores e escravos, etc...
Uma ova!
Muda o discurso mas cada vez há mais escravos e menos senhores pois a concentração do capital reduz o numero deles. Se a força do trabalho deixar de ser necessária, acabarão os escravos que morrerão à fome, como alias já acontece...
Eurico Moura: «Muda o discurso mas cada vez há mais escravos e menos senhores pois a concentração do capital reduz o número deles»
Você tem razão: há cada vez mais escravos e cada vez menos senhores. E a quem é que os senhores, que são cada vez menos, vão vender a produção, se os escravos são cada vez mais e não têm dinheiro para comprar?
É isto que vai destruir o capitalismo e nos vai conduzir ao socialismo.
Só acho que, entretanto, devíamos começar a tomar medidas para acelerar a mudança e evitar sofrimento inútil.
boas,
Caro Diogo, isto é o transumanismo, a tentativa dos mesmos de sempre e que parece estar a dar resultados, de desumanizar por completo o ser humano para melhor o controlar, os tais robots que apenas servirão para trabalho escravo e que como esta canalha há muito vem estudando através dos projectos MKULTRA e Monarch mais facilmente serão dominados. Como a Helena afirmou, isto só estará disponível para as elites, às pessoas a única tecnologia a que terão direito serão o veneno dos GMO/OGM's e lavagens cerebrais para os tornarem escravos obedientes, isto claro para os que sobreviverem à enorme matança.
ab
P.S - já deste olhada a este site? http://vigilantcitizen.com/?p=3563
quello che stavo cercando, grazie
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