quarta-feira, janeiro 22, 2014

A família Povinho e a família Trapaceiro - fraude na herdade Portucale


The Establishment's Two-Party Scam
A Fraude dos Dois-Partidos engendrada pela Elite Financeira

Chris Gupta: Esta fraude consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta contra a elite dominante.


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A família Trapaceiro

Esta é a estória trágica da relação entre duas famílias. A família Povinho e a família Trapaceiro.

A família Povinho era constituída por um casal – o Manel e a Maria, ambos na casa dos cinquenta, simultaneamente donos e feitores de uma quinta - Portucale. Este casal tinha dez filhos, cujas idades variavam entre os seis e os trinta anos. Viviam também com eles, os pais do Manel e da Maria, os quatro já de idade avançada, sofrendo de doenças diversas e incapazes de trabalhar.

A família Povinho era dona de uma quinta, Portucale, relativamente grande, atravessada por uma ribeira, e onde semeavam couves, favas, batatas, ervilhas, milho, trigo, melões, cenouras, alfaces, feijão, etc. Na herdade tinham, igualmente, diversas árvores de fruto: ameixieiras, cerejeiras, figueiras, macieiras, laranjeiras, pereiras, nogueiras, etc. Também criavam vacas, porcos, cavalos, cabras, ovelhas, galinhas, patos e coelhos.

Esta família vivia dos rendimentos da quinta. O pai Manel, a mãe Maria e os filhos mais velhos tratavam da quinta: semeavam, colhiam, tratavam dos animais, e vendiam a maior parte da sua produção nos mercados locais. O dinheiro que obtinham com as vendas servia para comprar os produtos de que tinham necessidade, mandar os filhos mais novos para a escola e comprar os medicamentos para os avós.


A herdade Portucale

A outra família desta estória, de apelido Trapaceiro, era constituída por um pai e dois filhos. O pai, de nome - Zé Goldman Trapaceiro, era um indivíduo que dispunha de um apreciável pé-de-meia, fruto dos esquemas que forjara durante uma vida inteira de vigarices. Quanto aos seus dois filhos, o mais velho dava pelo nome de Sócrates Trapaceiro e o mais novo pelo de Passos Trapaceiro.

Esta tríade de vigaristas do mesmo sangue, a família Trapaceiro, saltitava de vila em vila, burlando e esmifrando as famílias honestas que tinham o azar de lhe cair nas garras e alinhar ingenuamente na sua conversa embusteira. Para o esquema funcionar convenientemente, o pai e os filhos da família Trapaceiro fingiam não se conhecer uns aos outros.

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Um belo dia de primavera, o filho Sócrates Trapaceiro bateu à porta da família Povinho. Com a lábia que o caracterizava, teve uma conversa com o Manuel e a Maria, e rapidamente os convenceu de que a propriedade estava a ser mal gerida e de que ele poderia, com o investimento certo, multiplicar a produção e, portanto, o rendimento da quinta. Tal foi a conversa do Sócrates Trapaceiro, que a família Povinho o nomeou mandatário dos seus interesses.


O filho Sócrates Trapaceiro

De posse desse mandato e com poderes à discrição para dispor das economias da família Povinho, Sócrates Trapaceiro não foi de modas: mandou fazer obras na casa, abriu novos caminhos em macadame por toda a herdade, construiu dois novos celeiros e um estábulo mais moderno. Para além disso, comprou três semeadoras-adubadoras, dois tractores, duas ceifeiras-debulhadoras, quatro pulverizadores, duas charruas, dois espalhadores de estrume, um reboque basculante, equipamentos vários de irrigação, etc., etc., etc.

Para fazer face a todas estas novas despesas, Sócrates Trapaceiro pediu, em nome da família Povinho, vários empréstimos ao seu pai, Zé Goldman Trapaceiro, a juros pornograficamente caros.


Passados tempos, a família Povinho deu-se conta de duas coisas:

a) Que as obras ordenadas por Sócrates Trapaceiro, ou as alfaias mandadas comprar por ele, tinham sido, ou completamente sobredimensionadas ou absolutamente inúteis – não sendo, em nada, precisas para as necessidades da quinta;

b) Que, por causa das obras e das compras efectuadas por Sócrates Trapaceiro, a família ficou de pagar uma dívida com juros escandalosos a um certo Zé Goldman Trapaceiro (o secreto pai de Sócrates), e que esta dívida conduziria a curto prazo a família Povinho à falência.

Ciente do prejuízo que estava a ter e extremamente irritada com a «gestão» do seu mandatário (o Sócrates Trapaceiro), a família Povinho correu com ele e avisou-o para não voltar os pés na quinta.


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Dias depois, bateu à porta da família Povinho um indivíduo chamado Passos Trapaceiro. Este, com uma prosápia que em nada ficava a dever ao irmão, convenceu a família Povinho de que era possível pagar a dívida contraída por Sócrates sem colocar em causa o bem-estar da família. Para tanto, bastariam alguns pequenos sacrifícios e tudo voltaria ao normal. Em desespero, a família Povinho designou Passos Trapaceiro (irmão de Sócrates Trapaceiro) como mandatário dos seus interesses.


O filho Passos Trapaceiro

Logo que se viu na situação de mandatário, Passos Trapaceiro aconselhou a família Povinho de que o objetivo primeiro seria pagar a dívida e os juros agiotas ao secreto pai - Zé Goldman Trapaceiro.

Para além disso, Passos Trapaceiro explicou à família Povinho o conceito de «Austeridade». Com esse objectivo, Passos aconselhou os filhos mais velhos a procurar emprego noutra freguesia, recomendou que os filhos mais novos fossem retirados da escola e postos a trabalhar na quinta, decidiu cortar na compra dos medicamentos dos avós e, tomou a opção de vender ao desbarato (ao seu secreto pai - Zé Goldman Trapaceiro), os melhores pomares, as mais viçosas hortas e os animais de melhor qualidade. Tudo para combater a «Austeridade».

Passos Trapaceiro explicou que, sem esta «Austeridade», a família Povinho perderia toda a credibilidade junto dos seus outros fornecedores – a mercearia, o armazém dos adubos, a oficina, a loja de ferragens, etc.


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Passados tempos, a família Povinho deu-se conta de que, não obstante «os sacrifícios» e a «Austeridade» impostos por Passos Trapaceiro, tinham-se verificado os seguintes flagelos:

a) A dívida da quinta Portucale, confeccionada por Sócrates a favor de (seu pai) Zé Goldman Trapaceiro, tinha duplicado e continuava a aumentar por causa dos juros agiotas que continuavam a ser cobrados, tendo-se tornado completamente impagável;

b) Os bens mais valiosos da quinta que tinham sido vendidas por tuta e meia a Zé Goldman Trapaceiro já não podiam ser recuperados;

c) Os filhos mais velhos, que constituíam a mais experiente e vigorosa mão-de-obra da quinta, foram trabalhar para outras freguesias, onde estabeleceram a sua vida e já não tencionavam regressar;

d) Os filhos mais novos, que tiveram de abandonar a escola por causa da «Austeridade», não possuíam conhecimentos suficientes para gerir a quinta ou mesmo fazer trabalhos de maior complexidade.

e) Dos quatro idodos (os pais de Manuel e Maria), dois faleceram e os outros dois ficaram acamados, porque não houve dinheiro suficiente para comprar os medicamentos de que necessitavam;

f) Que as políticas que Sócrates e Passos tinham transferido quase toda a riqueza da quinta Portucale e da família que lá vivia para as garras de Zé Goldman Trapaceiro (pai secreto de Sócrates e Passos).


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Meses passados, um artigo do jornal «Gazeta da Região» reportou múltiplas queixas num tribunal de comarca contra Sócrates Trapaceiro, Passos Trapaceiro e Zé Goldman Trapaceiro, afirmando que estes eram membros da mesma família (pai e dois filhos) e que, trabalhando em conluio, vigarizavam famílias inteiras levando-as à miséria.

Após o julgamento, o juiz sentenciou que, embora, pai e filhos Trapaceiro agissem conluiados e em segredo, não havia provas concretas que desse facto tivessem tirado algum proveito.


Uma semana depois, os filhos Trapaceiro cometeram suicídio assistido, no mesmo dia e à mesma hora, com uma bala na cabeça cada um.


O suicídio assistido (pela populaça) dos filhos Sócrates e Passos Trapaceiro



Quanto ao pai, Zé Goldman Trapaceiro, morreu tragicamente atropelado por um cilindro de uma máquina de alcatroar numa estrada que sofria obras de beneficiação.


O pai, Zé Goldman Trapaceiro, após ter sido passado a ferro
por um cilindro de uma máquina de alcatroar

9 comentários:

François disse...

Jornal El País:

"Cuando la deuda de un país supera el 90% del PIB, el crecimiento de la economía es inviable. El aserto, nacido de dos cerebros de Harvard y sobre el que se asientan las políticas de austeridad que están a punto de dinamitar los pilares del Estado de bienestar en medio mundo, ha resultado tan falaz como las armas de destrucción masiva que sirvieron para justificar la invasión de Irak.

“Es exagerado hacer la comparación, pero acepto la analogía porque es cierto que se están adoptando políticas a partir de premisas que son falsas”. Quien habla es Thomas Herndon, el estudiante de 28 años que, en su camino para sacarse un doctorado en Economía en la Universidad de Massachusetts, ha desenmascarado la mentira macroeconómica más significativa de los últimos años, y sobre la que EE UU y Europa se han apoyado en su campaña por la austeridad fiscal y el recorte drástico del gasto. (...)"

alf disse...

A dívida pública do Japão é de 250% do PIB; o espantoso desenvolvimento da China assenta na engenhosa produção e aplicação de dinheiro novo pelo governo Chinês

O problema não é a dívida, são os juros! É por isso andam sempre a desviar a conversa para a dívida, para que ninguém questione porque que é que os países do sul do europa são os únicos países do mundo que estão sujeitos a usura na sua própria moeda.

O meu último post será um bocadinho longo mas parece-me importante para começarmos a perceber onde estamos exatamente e para onde temos de ir

Ricardo A disse...

O goldman será aqui apenas um exemplo(talvez um dos maiores sim)dos tubarões financeiros que infestam nosssas águas,estou certo?

Diogo disse...

C’est vrai, François, este roubo imenso que o monopólio bancário mundial está a fazer ao mundo é uma das maiores mentiras de todos os tempos.


Alf, vou ler o seu post.


Ricardo, é verdade que o Goldman Sachs é um dos maiores tubarões. No entanto, estou convencido de que o monopólio bancário mundial está concentrado em não mais que meia dúzia de homens.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo disse...

Vejam este link http://www.revistaoikos.org/seer/index.php/oikos/article/viewFile/184/125 o governo secreto do mundo

alf disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
alf disse...

Diogo

Espreite o que publiquei hoje... suponho que irá rir às gargalhadas mas gostava de saber a sua opinião.

aqui

needaez disse...

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