Diário de Notícias vs Journal Libération
Duas formas jornalísticas diametralmente opostas de olhar para os lucros imorais das principais empresas de Portugal e de França, dos apoios em isenções fiscais oferecidos a esses grupos económicos e dos empregos que essas mastodontes destruíram, tanto cá, comme au-delà.
O jornal francês Libération mostra-se realista
(Clicar para ampliar)

presseurop - 10.11.2010
Os grandes grupos protegidos em nichos fiscais
"O CAC 40 contra o emprego":
(Clicar para ampliar)
presseurop - 10.11.2010
Os grandes grupos protegidos em nichos fiscais
"O CAC 40 contra o emprego":
O Libération investigou os lucros dos maiores grupos franceses [integrados no CAC 40, o índice de referência da Bolsa de Paris] e revela que estes destruíram, em cinco anos, quase 40 mil empregos, multiplicando ao mesmo tempo os seus lucros e recebendo dezenas de milhares de milhões de euros em apoios do Estado, jogando com nichos de isenções fiscais.
O diário indigna-se, pois, com estes "mastodontes que devoram os apoios públicos" e não se mostram "manifestamente incomodados por fazerem da desregulação uma condição necessária ao seu desenvolvimento, reclamando ao mesmo tempo do Estado uma generosidade fiscal indecorosa". Estes apoios representam uma não entrada de 172 mil milhões de euros por ano nos cofres do Estado, sublinha o diário, segundo o qual, "neste período de rigor orçamental e de ‘falência’ do Estado, põe-se a questão de uma melhor utilização destes milhares de milhões de euros".
O diário indigna-se, pois, com estes "mastodontes que devoram os apoios públicos" e não se mostram "manifestamente incomodados por fazerem da desregulação uma condição necessária ao seu desenvolvimento, reclamando ao mesmo tempo do Estado uma generosidade fiscal indecorosa". Estes apoios representam uma não entrada de 172 mil milhões de euros por ano nos cofres do Estado, sublinha o diário, segundo o qual, "neste período de rigor orçamental e de ‘falência’ do Estado, põe-se a questão de uma melhor utilização destes milhares de milhões de euros".
[...]
****************************************
****************************************
O Diário de Notícias mostra-se optimista
(Clicar para ampliar)

Diário de Notícias - 12.11.2010
Empresas da Bolsa lucraram 13 milhões por dia
(Clicar para ampliar)

Diário de Notícias - 12.11.2010
Empresas da Bolsa lucraram 13 milhões por dia
Em ano de crise, as cotadas [as 18 principais cotadas na Bolsa] ganharam 3477 milhões de euros nos primeiros nove meses. Foram quase 13 milhões por dia, que davam para pagar um ano a Ronaldo
A crise não parece ter atingido as empresas cotadas na Bolsa. Nos primeiros nove meses do ano, 18 das 20 sociedades que integram o principal índice da praça lisboeta, o PSI-20, arrecadaram 3477,54 milhões de euros de lucros, mais 38,05% do que em igual período de 2009.
Este montante daria para construir a linha de TGV Lisboa-Madrid. E ainda não são conhecidos os resultados da Mota-Engil e da Sonae SGPS. Se preferir o cálculo do valor gerado, diariamente, por estas 18 empresas, saiba que totalizou 12,879 milhões de euros. Quase tanto como o salário anual de Cristiano Ronaldo, o futebolista mais bem pago do mundo, que leva para casa 13 milhões.
O DN questionou Bagão Félix sobre este aumento de quase mil milhões de euros de lucros. O economista considerou que "há que dividir as empresas em dois universos: as que estão em mercado concorrencial e as que operam em mercados protegidos". Bagão Félix faz o paralelo com a banca e reconhece que, do ponto de vista emocional, as pessoas "não compreendem lucros tão elevados numa altura de crise", mas lembra que "estes devem ser comparados com o capital das empresas".
Por outro lado, e embora admita que não é "politicamente correcto", assume que, apesar de tudo, prefere que "os bancos e as empresas continuem a ter lucros, desde que permaneçam em Portugal". E explica: "Se a crise se estende a sectores tradicionalmente lucrativos, então estamos no último degrau."
A crise não parece ter atingido as empresas cotadas na Bolsa. Nos primeiros nove meses do ano, 18 das 20 sociedades que integram o principal índice da praça lisboeta, o PSI-20, arrecadaram 3477,54 milhões de euros de lucros, mais 38,05% do que em igual período de 2009.
Este montante daria para construir a linha de TGV Lisboa-Madrid. E ainda não são conhecidos os resultados da Mota-Engil e da Sonae SGPS. Se preferir o cálculo do valor gerado, diariamente, por estas 18 empresas, saiba que totalizou 12,879 milhões de euros. Quase tanto como o salário anual de Cristiano Ronaldo, o futebolista mais bem pago do mundo, que leva para casa 13 milhões.
O DN questionou Bagão Félix sobre este aumento de quase mil milhões de euros de lucros. O economista considerou que "há que dividir as empresas em dois universos: as que estão em mercado concorrencial e as que operam em mercados protegidos". Bagão Félix faz o paralelo com a banca e reconhece que, do ponto de vista emocional, as pessoas "não compreendem lucros tão elevados numa altura de crise", mas lembra que "estes devem ser comparados com o capital das empresas".
Por outro lado, e embora admita que não é "politicamente correcto", assume que, apesar de tudo, prefere que "os bancos e as empresas continuem a ter lucros, desde que permaneçam em Portugal". E explica: "Se a crise se estende a sectores tradicionalmente lucrativos, então estamos no último degrau."
****************************************
A questão que se põe
A questão que se põe
Se os 40 principais grupos financeiros franceses destruíram, em cinco anos, quase 40 mil empregos, quantos empregos, em Portugal, devem a sua extinção aos 20 principais grupos financeiros portugueses que constituem o PSI-20?
.
.