TVI - 28 Dezembro 2008
«Os ataques aéreos israelitas na faixa de Gaza fizeram 280 mortos e mais de 900 feridos em menos de 24 horas. A aviação israelita voltou, este domingo, a bombardear a Faixa de Gaza. O alvo era um posto de polícia do Hamas na cidade de Gaza.
O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, já veio responsabilizar o Hamas pela situação. Abbas disse mesmo que os ataques podiam ter sido evitados se os extremistas não tivessem quebrado o cessar-fogo.
Entretanto, Israel pode estar a preparar uma ofensiva terrestre. Milhares de reservistas israelitas já foram chamados para integrar o Exército.»
Global Research - Hassane Zerouky (2002)
(Tradução minha)
Graças à Mossad, "Instituto de Informações e Operações Especiais" de Israel (Serviços Secretos Israelitas), foi permitido ao Hamas reforçar a sua presença nos territórios ocupados. Entretanto, o Movimento Fatah de Libertação Nacional da Palestina de Arafat assim como a esquerda Palestiniana foram sujeitos à mais brutal forma de repressão e intimidação.
Não esqueçamos que foi Israel que de facto criou o Hamas. Segundo Zeev Sternell, historiador da Universidade Hebraica de Jerusalém, "Israel pensou que era uma táctica astuciosa para empurrar os islamistas contra a Organização de Libertação da Palestina (OLP). "
Ahmed Yassin, o líder espiritual do movimento islamista na Palestina, ao regressar do Cairo nos anos setenta, fundou uma associação de caridade islâmica. A Primeira Ministra de Israel, Golda Meir, viu nisto uma oportunidade para contrabalançar o crescimento do movimento Fatah de Arafat. Segundo o semanário israelita Koteret Rashit (Outubro de 1987), "As associações islâmicas tal como a universidade foram apoiadas e encorajadas pela autoridade militar israelita" responsável pela administração civil da Cisjordânia [West Bank] e pela Faixa de Gaza. "As associações islâmicas e a universidade foram autorizadas a receber dinheiro do estrangeiro."
Os islamistas organizaram orfanatos e clínicas de saúde, bem como uma rede de escolas, fábricas que criaram emprego para mulheres bem como um sistema de ajuda financeira aos mais pobres. E em 1978, criaram uma "Universidade Islâmica" em Gaza. "A autoridade militar israelita estava convencida que estas actividades iriam enfraquecer tanto a OLP como a organizações esquerdistas em Gaza." Nos finais de 1992, existiam seiscentas mesquitas em Gaza. Graças à Mossad israelita, foi permitido aos islamistas reforçarem a sua presença nos territórios ocupados. Entretanto, os membros da Fatah (Movimento para a Libertação Nacional da Palestina) e a esquerda palestiniana foram sujeitas às mais brutais formas de repressão.
Em 1984, Ahmed Yassin foi preso e condenado a doze anos de prisão, depois da descoberta de um depósito de armas escondido. Mas um ano depois, foi colocado em liberdade e retomou as suas actividades. E quando a Intifada (insurreição) começou, em Outubro de 1978, que apanhou os islamistas de surpresa, o Xeque Ahmed Yassin respondeu criando o Hamas (O Movimento de Resistência Islâmico): "Deus é o nosso princípio, o Profeta o nosso modelo, o Corão a nossa constituição", declara o artigo 7 dos estatutos da organização.
Ahmed Yassin estava na prisão quando os acordos de Oslo (Declaração de Princípios de um Governo Interino) foram assinados em Setembro de 1993. O Hamas rejeitou os acordos completamente. Mas nesse tempo, 70 % dos palestinianos condenaram os ataques aos civis israelitas. Ahmed Yassin fez tudo quanto estava ao seu alcance para sabotar os acordos de Oslo. Ainda antes da morte do Primeiro Ministro israelita Yitzhak Rabin (1995), Yassin tinha o suporte do governo israelita. Yassin estava muito relutante em implementar os acordos de paz.
O Hamas lançou então uma campanha de ataques contra civis israelitas, um dia antes do encontro entre os negociadores palestinianos e israelitas, relativamente ao reconhecimento formal por Israel do Concelho Nacional Palestiniano. Estes acontecimentos contribuíram largamente para a formação para a formação do governo israelita de direita que se seguiu às eleições israelitas de Maio de 1996.
Inesperadamente, o Primeiro Ministro Netanyahu deu ordens para que o Xeque Ahmed Yassin fosse libertado da prisão ("por motivos humanitários") onde estava a cumprir uma pena de prisão perpétua. Entretanto, Netanyahu, com o Presidente Clinton exerciam pressão sobre Arafat para controlar o Hamas. Na realidade, Netanyahu sabia que podia contar, mais uma vez, com os islamistas para sabotarem os acordos de Oslo. Pior ainda: depois de ter expulso Ahmed Yassin para a Jordânia, o Primeiro Ministro Netanyahu permitiu o seu regresso a Gaza, onde foi recebido triunfalmente como um herói em Outubro de 1997.
Arafat estava impotente face a estes acontecimentos. Mais ainda, como tinha apoiado Saddam Hussein durante a Guerra do Golfo de 1991, (enquanto o Hamas prudentemente se absteve de tomar posição), os Estados do Golfo decidiram cortar o financiamento à Autoridade Palestiniana. Entretanto, entre Fevereiro e Abril de 1998, O Xeque Ahmad Yassin foi capaz de recolher centenas de milhões de dólares, desses mesmos países. Diz-se que o orçamento do Hamas era maior do que o da Autoridade Palestiniana. Estas novas fontes de financiamento permitiram aos islamistas continuar efectivamente as suas actividades caritativas. Estima-se que cada um em três palestinianos recebe ajuda financeira do Hamas. E neste aspecto, Israel não fez nada para travar o fluxo de dinheiro para os territórios ocupados.
O Hamas conseguiu tornar-se forte através dos seus vários actos de sabotagem do processo de paz, de uma forma que era compatível com os interesses do governo israelita. Por seu lado, este último procurou de várias formas impedir a aplicação dos acordos de Oslo. Por outras palavras, o Hamas estava a cumprir as funções para as quais foi originariamente criado: impedir a criação de um Estado palestiniano. E sobre isto, o Hamas e Ariel Sharon, estão absolutamente de acordo; estão exactamente no mesmo comprimento de onda.
Nalguns aspectos claramente demarcados, o actual apoio dos Estados Unidos ao governo israelita corresponde aos interesses próprios americanos. Numa região onde o nacionalismo árabe pode ameaçar o controle de petróleo pelos americanos assim como outros interesses estratégicos, Israel tem desempenhado um papel fundamental evitando vitórias de movimentos árabes, não apenas na Palestina como também no Líbano e na Jordânia. Israel manteve a Síria, com o seu governo nacionalista que já foi aliado da União Soviética, sob controlo, e a força aérea israelita é preponderante na região.
Como foi descrito por um analista israelita durante o escândalo Irão-Contras, onde Israel teve um papel crucial como intermediário, "É como se Israel se tivesse tornado noutra agência federal [americana], uma que é conveniente utilizar quando se quer algo feito sem muito barulho."
O ex-ministro de Estado americano, Alexander Haig, descreveu Israel como o maior e o único porta-aviões americano que é impossível afundar.
O alto nível continuado de ajuda dos EUA a Israel deriva menos da preocupação pela sobrevivência de Israel mas antes do desejo de que Israel continue o seu domínio político sobre os Palestinianos e que mantenha o seu domínio militar da região.
Na realidade, um Estado israelita em constante pé de guerra - tecnologicamente sofisticado e militarmente avançado, mas com uma economia dependente dos Estados Unidos - está muito mais disposto a executar operações que outros aliados considerariam inaceitáveis, do que um Estado Israelita que estivesse em paz com os seus vizinhos.
Israel recebe actualmente três mil milhões de dólares por ano em ajuda militar dos Estados Unidos.
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Como foi descrito por um analista israelita durante o escândalo Irão-Contras, onde Israel teve um papel crucial como intermediário, "É como se Israel se tivesse tornado noutra agência federal [americana], uma que é conveniente utilizar quando se quer algo feito sem muito barulho."
O ex-ministro de Estado americano, Alexander Haig, descreveu Israel como o maior e o único porta-aviões americano que é impossível afundar.
O alto nível continuado de ajuda dos EUA a Israel deriva menos da preocupação pela sobrevivência de Israel mas antes do desejo de que Israel continue o seu domínio político sobre os Palestinianos e que mantenha o seu domínio militar da região.
Na realidade, um Estado israelita em constante pé de guerra - tecnologicamente sofisticado e militarmente avançado, mas com uma economia dependente dos Estados Unidos - está muito mais disposto a executar operações que outros aliados considerariam inaceitáveis, do que um Estado Israelita que estivesse em paz com os seus vizinhos.
Israel recebe actualmente três mil milhões de dólares por ano em ajuda militar dos Estados Unidos.
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15 comentários:
Diogo
Realmente que mania que têm de provocar com pedradas os Israelitas, depois espantam-se, o que vale é que á cautela já há uma semana que o exército Israelita tinha tudo preparado, mais vale prevenir que remediar, não há nada cmo acautelar as coisas.
Quanto ao apoio Norte Americano, pois claro!
Não sei o que se esperava, tudo normal.
Beijos
Ana,
Tanto o Hamas como o Hezbollah são instrumentos controlados por Israel (embora a grande maioria dos seus membros não o saiba). Hoje, o fogo de artifício do Hamas serviu para a chacina que está a acontecer na Faixa de Gaza. Há dois anos, o fogo de artifício do Hezbollah serviu para a chacina no Líbano.
O poder financeiro gosta de manter a sua base militar (Israel) em estado de prontidão permanente, com constantes exercícios de fogo real.
Beijo
Diogo
a tua opinião coincide com a de José Manuel Fernandes no editorial do Público em 28 de Dezembro (para o Hamas quanto pior melhor, diz ele)
Obviamente que o Hamas fez tudo para sabotar os Acordos de Oslo. Se os aceitassem estavam a aceitar a submissão e o estado vegetativo e dependente em que se encontra a Fatah do senhor Abbas.
Apesar de teres mudado a autoria do artigo traduzido, a sua essência permanece uma autêntica parvoice (cita uma parte interessada, a Universidade Hebraica de Jerusalem).
Fica uma pergunta à qual ainda não foste capaz de responder antes: se o Hamas não é o resultado do cerco e bloqueio criminoso dos Sionistas, porque é que os Palestinianos, tanto em Gaza como na Cisjordânia em 2006 votaram em massa no Hamas e lhe deram a maioria em eleições democráticas?
será porque lhes convém que Israel os abata?
Xatoo,
Porque o Hamas é financiado para isso mesmo e 99% dos seus membros não sabe que estão a ser manipulados. Recebem dinheiro (vindo não se sabe de onde) e apoiam genuinamente as populações. É assim que ganham o apoio destas. Depois os chefes do Hamas mandam lançar uns «rockets» que nunca acertam em nada...
"o dinheiro vindo não se sabe de onde" vem da Arábia Saudita - 28 milhões mensais no ano passado - verbas que sustentam as instituições da sociedade civil em Gaza, escolas, hospitais, rede de abastecimentos, policia de segurança pública, etc. - de outro modo seria impossivel viver naquele gueto
http://www.fas.org/irp/crs/RL32499.pdf
quanto ao resto, saberás tu do que estás a falar?
é que não basta mandar umas bocas, são precisas provas, ok?
As verdades das mentiras, são assuntos mais simples do que à partida se presume.
Por isso, Diogo, não tenho conhecimento suficiente acerca da criação do Hamas. Mas a tua tese pode ser válida.
A somar a estes assuntos, temos que, contar com as coisas que ainda não se sabem e outros interesses que até poderemos desconhecer.
Abraço,
Zorze
Xatoo: «"o dinheiro vindo não se sabe de onde" vem da Arábia Saudita - 28 milhões mensais no ano passado - verbas que sustentam as instituições da sociedade civil em Gaza, escolas, hospitais, rede de abastecimentos, policia de segurança pública, etc. - de outro modo seria impossivel viver naquele gueto»
E quem é o grande amigo e protector da Arábia Saudita? Quem, com ela, financiou os mujahedin para combater a União Soviética? Os EUA, evidentemente! O Hamas é financiado pelos sauditas a mando de Washington para ganhar a confiança das populações palestinianas.
Os israelistas tal como os americanos criaram estes grupos de desestabilização para ser um excelente pretexto para conseguirem os seus objectivos, neste caso continuarem a dizimar palestinianos e desmotivá-los a continuar a sua luta pela reconquista do território que lhes foi usurpado. Claro que a táctica não me parece que esteja a favorecer Israel pelo menos em termos de opinião pública mundial face aos movimentos de contestação à incursão militar em curso. Quase apetece acrescer que afinal o Hitler tinha razão ao tentar o seu extermínio.
Fico feliz com a argúcia (finalmente!)dos pensadores lusos que se exprimem em comentários neste blog!
Finalmente revela-se a verdade:estes bem informados cavalheiros e cavalheiras dizem-no com todas as letras: o Hamas é uma criação de Israel, um género peculiar de agente duplo!
E eu estou em condições de afirmar algo de igualmente espantoso e que aqui pela primeira vez é dito: Fidel e Chavez são, também, criações de Israel! Mais, Bento XVI, mais conhecido por Zé Ratzinger entre os íntimos, é agente de Israel desde os tempos em que pontificava na Congregação para a Doutrina da Fé. (A sua missão consistia em estimular o judaísmo através do descrédito provocado por homéricas gargalhadas anti-católicas!). Mas não só Ratzinger: também o Padre Melícias é agente israelita (veja-se as anedotas que conta sobre priores minhotos!), bem como Carlos Queiroz (sim, o da bola! que visa lançar o desânimo nas hostes futebolísticas nacionais criando espaço para a propaganda de grupos kikes de pontapé no esférico). O próprio M.Sousa Tavares é uma criatura de Israel (esse tem a missão de afastar os portugueses e outros estrangeirados da literatura pátria, possibilitando o seu domínio pelos prosadores de Belém e Samaria...).
Também se está prestes a ter a confirmação que outro prosador, Jota Saramago, é uma criação de Israel(os analistas estão a trabalhar na frase muito divulgada nos tempos em que ele saneava jornalistas da folha-de-couve de que era vice-director e que rezava: "Este gajo é um autentico judeu!").
Esperam-se, nos próximos dias, mais revelações retumbantes, estas dizendo respeito a individualidades de quem ninguém desconfiava, como Pinto da Costa, Martelo Rebelo de Sousa, Quique Flores e, the last but not the least, um José S.Pinto de Souza.
Aguardemos serenamente.
ARREBIMBA
where you come from!
sofisticado... dá que pensar...
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o meu comentário entrou 3 vezes... desculpem, Diogo, tem paciencia, apaga o que entrou a mais..
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