Na sequência da actual «guerra» entre a comunidade judaica e o Vaticano, vale a pena relembrar a «Guerra das Cruzes», começada em 1998, entre polacos católicos e judeus de todo o mundo:
Artigo no Scrapbookpages
[Tradução minha]
Artigo no Scrapbookpages
[Tradução minha]
Em 1998, nacionalistas polacos decidiram colocar 152 cruzes cristãs em honra dos combatentes católicos polacos da resistência que foram executados pelos nazis numa vala de cascalho atrás do Bloco 11, no principal campo de concentração de Auschwitz. Foi esta a sua forma de protesto contra a exigência judaica, durante os dez anos anteriores, para que uma cruz de 8 metros de altura que recordava uma missa dita pelo Papa em Birkenau fosse removida. A atitude dos polacos foi "este é o nosso país. Vocês têm o vosso país e nós temos o nosso. Se queremos colocar uma cruz católica no nosso país, fazemo-lo".
As 152 cruzes que foram colocadas em 1998, foram depois removidas e a paz foi restabelecida.
Em 1998, grafitis nas placas indicadoras ao longo da estrada que conduz ao campo de Auschwitz alertavam os visitantes para a Guerra das Cruzes ainda antes de chegarem ao campo. Os grafitis eram bem-dispostos e brincavam acerca da controvérsia. Em Outubro de 1998, a Guerra das Cruzes tinha subido de tom ao ponto dos católicos polacos estarem a ameaçar colocar 1000 cruzes, ou uma por cada ano em que a Polónia tinha sido um país católico. Durante os anos em que a Polónia esteve sob domínio estrangeiro, foi a igreja católica que manteve vivo o espírito do nacionalismo polaco.
Os protestos judeus contra os símbolos cristãos estavam a aumentar em 1998, e houve uma nova exigência para que a igreja católica no edifício da ex-administração SS em Birkenau fosse removida, porque não era apropriado num lugar onde mais de um milhão de judeus morreram nas câmaras de gás.
Em Outubro de 2005, quando a foto em baixo foi tirada, a igreja católica ainda estava neste edifício:
As 152 cruzes que foram colocadas em 1998, foram depois removidas e a paz foi restabelecida.
Em 1998, grafitis nas placas indicadoras ao longo da estrada que conduz ao campo de Auschwitz alertavam os visitantes para a Guerra das Cruzes ainda antes de chegarem ao campo. Os grafitis eram bem-dispostos e brincavam acerca da controvérsia. Em Outubro de 1998, a Guerra das Cruzes tinha subido de tom ao ponto dos católicos polacos estarem a ameaçar colocar 1000 cruzes, ou uma por cada ano em que a Polónia tinha sido um país católico. Durante os anos em que a Polónia esteve sob domínio estrangeiro, foi a igreja católica que manteve vivo o espírito do nacionalismo polaco.
Os protestos judeus contra os símbolos cristãos estavam a aumentar em 1998, e houve uma nova exigência para que a igreja católica no edifício da ex-administração SS em Birkenau fosse removida, porque não era apropriado num lugar onde mais de um milhão de judeus morreram nas câmaras de gás.
Em Outubro de 2005, quando a foto em baixo foi tirada, a igreja católica ainda estava neste edifício:
A Guerra das Cruzes foi o culminar de anos de tensão entre polacos e judeus. Os judeus ainda estão ressentidos por alguns polacos terem colaborado com os nazis durante a Segunda Guerra Mundial, e, pior do que isso, depois da Guerra, em 1946, houve progroms nos quais mais judeus foram mortos por polacos civis. Os judeus afirmam que os nazis mataram os judeus no cumprimento de ordens, mas os polacos mataram os judeus de livre vontade. Em 1968 houve violência contra os judeus na Polónia, e mesmo hoje, memoriais judeus e sinagogas em Varsóvia têm de ser constantemente guardadas contra vandalismos e fogos postos.
O desejo dos judeus é fazerem de Auschwitz um lugar internacional, em vez de um lugar sob controlo do governo polaco. Estudantes judeus vêm de Israel e de países de todo o mundo, para um evento bianual chamado "A Marcha dos Vivos", e nesta altura, eles encontram-se e falam informalmente com judeus polacos numa tentativa de compreender o passado e prevenir derramamentos de sangue futuros.
Auschwitz é o maior cemitério judeu do mundo. Foi aqui que mais de um milhão de judeus inocentes perderam a vida às mãos dos nazis. O próprio termo Auschwitz é sinónimo de sofrimento judeu e genocídio. Então, porque é que alguém haveria de querer colocar cruzes cristãs mesmo junto dos terrenos do memorial do holocausto, donde podem ser vistas por judeus enlutados a orar?
A fotografia abaixo mostra o Bloco 11, o edifício prisão no campo principal de Auschwitz como o muro das execuções, chamado "o muro preto", à esquerda. Uma pessoa que estivesse aqui em Outubro de 1998 não seria capaz de ver as cruzes que foram erigidas na vala de cascalho do outro lado deste edifício.
O desejo dos judeus é fazerem de Auschwitz um lugar internacional, em vez de um lugar sob controlo do governo polaco. Estudantes judeus vêm de Israel e de países de todo o mundo, para um evento bianual chamado "A Marcha dos Vivos", e nesta altura, eles encontram-se e falam informalmente com judeus polacos numa tentativa de compreender o passado e prevenir derramamentos de sangue futuros.
Auschwitz é o maior cemitério judeu do mundo. Foi aqui que mais de um milhão de judeus inocentes perderam a vida às mãos dos nazis. O próprio termo Auschwitz é sinónimo de sofrimento judeu e genocídio. Então, porque é que alguém haveria de querer colocar cruzes cristãs mesmo junto dos terrenos do memorial do holocausto, donde podem ser vistas por judeus enlutados a orar?
A fotografia abaixo mostra o Bloco 11, o edifício prisão no campo principal de Auschwitz como o muro das execuções, chamado "o muro preto", à esquerda. Uma pessoa que estivesse aqui em Outubro de 1998 não seria capaz de ver as cruzes que foram erigidas na vala de cascalho do outro lado deste edifício.
Na verdade, o local onde a maior parte dos judeus morreu no Holocausto não foi no campo principal de Auschwitz, chamado Auschwitz I, do lado de fora do qual foram colocadas as cruzes em 1998, mas em Auschwitz II, um enorme campo subsidiário, a três quilómetros do campo Auschwitz I. Auschwitz II é mais conhecido como Birkenau, e todo o complexo é agora conhecido por Auschwitz-Birkenau.
Todas as crianças nas escolas americanas sabem do Holocausto e do destino de Anne Frank, que morreu de tifo em Bergen-Belsen, para onde foi transferida depois de ter sido prisioneira em Auschwitz-Birkenau. Anne Frank esteve em Auschwitz II, agora chamado Birkenau. Birkenau é o nome alemão para a vila de Brzezinka onde o campo para prisioneiros judeus, trazidos de toda a Europa, foi instalado. Foi em Birkenau que o genocídio dos judeus foi levado a cabo, não no campo principal onde as cruzes foram colocadas.
Para compreender a Guerra das Cruzes, do ponto dos nacionalistas polacos, temos de compreender que o ex-campo de concentração nazi de Auschwitz I, que foi transformado num museu, é denominado o museu do martírio. Quando o campo principal de Auschwitz foi transformado num museu, em 1947, o decreto oficial dizia: "No lugar do ex-campo de concentração nazi, um monumento ao martírio da nação polaca e de outras nações vai ser erigido para todo o sempre". Não havia nenhuma menção aos judeus ou ao Holocausto em nenhum dos folhetos do museu oficial desse tempo. O museu tinha um propósito estritamente político, um monumento à luta dos comunistas contra os fascistas. O museu era oficialmente descrito como um "Monumento Internacional às Vítimas do Fascismo".
Foi apenas depois da queda do comunismo em 1998 que o genocídio dos judeus foi mencionado no monumento do ex-campo de Birkenau. Antes de 1998, poucas pessoas fora da Polónia tinham alguma vez visto Auschwitz-Birkenau, mas existiam mais visitantes durante o regime comunista do que em 1998, porque todos os cidadãos polacos eram encorajados a ir em excursões em grupo ao campo e a maior parte destes visitantes era católica. Em 1998, o maior grupo de visitantes foram estudantes universitários católicos polacos que estavam a cumprir um requisito educacional a visitar Auschwitz onde tantos dos seus católicos avós sofreram e morreram bravamente durante a resistência polaca à invasão nazi.
Desde o primeiro dia em que o campo principal de concentração de Auschwitz abriu, em Junho de 1940, foi o lugar para onde foram enviados os prisioneiros políticos polacos. Foram imagens religiosas católicas que foram arduamente desenhadas com as unhas das mãos nas paredes de concreto numa cela de prisão numa cave em Auschwitz por resistentes polacos que estavam lá presos. Foram sobretudo prisioneiros políticos católicos que foram encostados nus ao muro preto de Auschwitz e executados com um tiro no pescoço. Foram as fotografias de prisioneiros políticos polacos que forraram as paredes dos corredores em 1998 dos edifícios de Auschwitz que foram convertidos num museu.
Para o povo polaco, que era 98% católico, Auschwitz-Birkenau é um lugar onde não um, mas dois dos seus santos católicos morreram como mártires. Tanto o padre Maksymilian Kolbe, um sacerdote católico, como a freira carmelita Edith Stein encontraram a morte em Auschwitz-Birkenau e foram canonizados como santos católicos. A cela prisional no Bloco 11, no campo principal de Auschwitz, que esteve ocupada pelo padre Kolbe que se voluntariou para morrer para salvar a vida a um companheiro prisioneiro, é um local sagrado católico importante. Em 1998, as controversas cruzes foram colocadas em frnte do muro do edifício do Bloco 11, onde o padre Kolbe esteve preso numa "cela da fome".
Na imagem abaixo vê-se o interior da cela na cave onde o padre Kolbe foi deixado a morrer à fome. Na parede está uma placa memorial. Esta cela está sempre decorada com flores, mas note-se que não estão lá nenhuma cruz, porque este edifício está dentro do campo principal de Auschwitz , que é agora um museu.
Todas as crianças nas escolas americanas sabem do Holocausto e do destino de Anne Frank, que morreu de tifo em Bergen-Belsen, para onde foi transferida depois de ter sido prisioneira em Auschwitz-Birkenau. Anne Frank esteve em Auschwitz II, agora chamado Birkenau. Birkenau é o nome alemão para a vila de Brzezinka onde o campo para prisioneiros judeus, trazidos de toda a Europa, foi instalado. Foi em Birkenau que o genocídio dos judeus foi levado a cabo, não no campo principal onde as cruzes foram colocadas.
Para compreender a Guerra das Cruzes, do ponto dos nacionalistas polacos, temos de compreender que o ex-campo de concentração nazi de Auschwitz I, que foi transformado num museu, é denominado o museu do martírio. Quando o campo principal de Auschwitz foi transformado num museu, em 1947, o decreto oficial dizia: "No lugar do ex-campo de concentração nazi, um monumento ao martírio da nação polaca e de outras nações vai ser erigido para todo o sempre". Não havia nenhuma menção aos judeus ou ao Holocausto em nenhum dos folhetos do museu oficial desse tempo. O museu tinha um propósito estritamente político, um monumento à luta dos comunistas contra os fascistas. O museu era oficialmente descrito como um "Monumento Internacional às Vítimas do Fascismo".
Foi apenas depois da queda do comunismo em 1998 que o genocídio dos judeus foi mencionado no monumento do ex-campo de Birkenau. Antes de 1998, poucas pessoas fora da Polónia tinham alguma vez visto Auschwitz-Birkenau, mas existiam mais visitantes durante o regime comunista do que em 1998, porque todos os cidadãos polacos eram encorajados a ir em excursões em grupo ao campo e a maior parte destes visitantes era católica. Em 1998, o maior grupo de visitantes foram estudantes universitários católicos polacos que estavam a cumprir um requisito educacional a visitar Auschwitz onde tantos dos seus católicos avós sofreram e morreram bravamente durante a resistência polaca à invasão nazi.
Desde o primeiro dia em que o campo principal de concentração de Auschwitz abriu, em Junho de 1940, foi o lugar para onde foram enviados os prisioneiros políticos polacos. Foram imagens religiosas católicas que foram arduamente desenhadas com as unhas das mãos nas paredes de concreto numa cela de prisão numa cave em Auschwitz por resistentes polacos que estavam lá presos. Foram sobretudo prisioneiros políticos católicos que foram encostados nus ao muro preto de Auschwitz e executados com um tiro no pescoço. Foram as fotografias de prisioneiros políticos polacos que forraram as paredes dos corredores em 1998 dos edifícios de Auschwitz que foram convertidos num museu.
Para o povo polaco, que era 98% católico, Auschwitz-Birkenau é um lugar onde não um, mas dois dos seus santos católicos morreram como mártires. Tanto o padre Maksymilian Kolbe, um sacerdote católico, como a freira carmelita Edith Stein encontraram a morte em Auschwitz-Birkenau e foram canonizados como santos católicos. A cela prisional no Bloco 11, no campo principal de Auschwitz, que esteve ocupada pelo padre Kolbe que se voluntariou para morrer para salvar a vida a um companheiro prisioneiro, é um local sagrado católico importante. Em 1998, as controversas cruzes foram colocadas em frnte do muro do edifício do Bloco 11, onde o padre Kolbe esteve preso numa "cela da fome".
Na imagem abaixo vê-se o interior da cela na cave onde o padre Kolbe foi deixado a morrer à fome. Na parede está uma placa memorial. Esta cela está sempre decorada com flores, mas note-se que não estão lá nenhuma cruz, porque este edifício está dentro do campo principal de Auschwitz , que é agora um museu.
Edith Stein nasceu judia e era ateia, mas converteu-se à religião católica e tornou-se numa freira carmelita sob o nome de irmã Benedicta da Cruz. Por ser judia, foi gaseada na câmara de gás na pequena casa rural conhecida como Bunker 2 em Birkenau a 9 de Agosto de 1942. Foi canonizada como santa numa igreja católica em Outubro de 1998.
A original Guerra das Cruzes começou em 1979 depois de católicos piedosos terem erigido uma cruz cristã nas ruínas do Bunker 2, a seguir ao anúncio do Papa de que a igreja estava a iniciar o processo de beatificação, o primeiro passo para a santidade. Então os judeus erigiram um símbolo da Estrela de David e pouco depois já havia uma proliferação de cruzes e estrelas: a guerra tinha começado.
A original Guerra das Cruzes começou em 1979 depois de católicos piedosos terem erigido uma cruz cristã nas ruínas do Bunker 2, a seguir ao anúncio do Papa de que a igreja estava a iniciar o processo de beatificação, o primeiro passo para a santidade. Então os judeus erigiram um símbolo da Estrela de David e pouco depois já havia uma proliferação de cruzes e estrelas: a guerra tinha começado.
Foram as freiras carmelitas que colocaram a primeira cruz no campo principal de Auschwitz em 1988, próxima do seu convento que era próximo das paredes do campo. O convento carmelita foi estabelecido em 1984 num edifício de tijolo que fora usado pelos nazis para guardar o Zyclon que foi usado para gasear os judeus. Existe também um convento carmelita mesmo junto ao antigo campo de concentração de Dachau, e a cruz cristã no seu topo está à vista e a poucos metros do memorial judeu que foi construído mais tarde. O convento de Dachau tem uma entrada por uma das ex-torres de guarda do campo e está aberta aos turistas que visitam o antigo campo de concentração.
Os judeus também protestaram contra este convento, mas em vão. Ele continua lá, assim como uma capela memorial protestante e uma capela memorial católica nos terrenos do antigo campo. Não existem cruzes ou símbolos cristãos de qualquer tipo no cimo das capelas memoriais em Dachau, embora o memorial judeu ali próximo tenha um Menorah no topo e uma Estrela de David no portão de entrada.
Os protestos contra o convento de Auschwitz foram mais eficazes e por fim a hierarquia da igreja católica concordou em despejar as freiras do edifício. A controvérsia tornou-se ainda mais acesa no Verão de 1989 quando as freiras, já depois de terminado o prazo que lhes fora dado para saírem, ainda não o tinham feito. Habitantes locais reagiram furiosamente quando activistas judeus dos Estados Unidos e de Israel dirigiram uma série de protestos no local. Os polacos interpretaram os protestos como uma intrusão hostil estrangeira e um assalto à soberania da nação polaca por governos de outros países. As freiras finalmente mudaram-se para novas instalações do outro lado da rua, em 1993, mas deixaram a cruz evocativa da missa do Papa, que tinham erigido próximo do convento.
A Polónia tornou-se o país principal para os católicos do mundo porque foi o lugar de nascimento de Karol Wojtyla, o cardeal-arcebispo de Cracóvia, que foi eleito em 1978 o primeiro Papa polaco e o primeiro Papa não italiano em 450 anos. O lugar de nascimento de João Paulo II fica apenas a 30 quilómetros de Auschwitz, em Wadowice, uma pequena e em tempos obscura cidade que se tornou num local popular de peregrinações para católicos. Wadowice possui hoje um aeroporto internacional para receber os muitos visitantes da cidade.
A 7 de Juho de 1979, o Cardeal Wojtyla voltou à Polónia, como Papa João Paulo II, e honrou o seu país natal dando uma missa no antigo campo de concentração nazi de Auschwitz II ou Birkenau. Birkenau foi escolhido porque é o sítio mais próximo da cidade natal do Papa e que era suficientemente amplo para albergar a multidão de 500 mil pessoas que assistiram a este acontecimento único na história da Polónia católica.
A cruz de 8 metros do altar dessa missa é a mesma que foi erigida pelas freiras carmelitas em 1988 no seu convento num edifício junto aos terrenos do Museu do Martírio em Auschwitz I. O edifício para onde as freiras se mudaram tinha sido um antigo teatro antes da Segunda Guerra Mundial.
As imagens abaixo, tiradas em 1998, representam uma vista panorâmica do local da controvérsia sobre as cruzes. A primeira imagem começa na zona esquerda do local e mostra o antigo edifício ocupado pelas freiras católicas carmelitas; as outras fotos foram sendo tiradas da esquerda para a direita.
Os judeus também protestaram contra este convento, mas em vão. Ele continua lá, assim como uma capela memorial protestante e uma capela memorial católica nos terrenos do antigo campo. Não existem cruzes ou símbolos cristãos de qualquer tipo no cimo das capelas memoriais em Dachau, embora o memorial judeu ali próximo tenha um Menorah no topo e uma Estrela de David no portão de entrada.
Os protestos contra o convento de Auschwitz foram mais eficazes e por fim a hierarquia da igreja católica concordou em despejar as freiras do edifício. A controvérsia tornou-se ainda mais acesa no Verão de 1989 quando as freiras, já depois de terminado o prazo que lhes fora dado para saírem, ainda não o tinham feito. Habitantes locais reagiram furiosamente quando activistas judeus dos Estados Unidos e de Israel dirigiram uma série de protestos no local. Os polacos interpretaram os protestos como uma intrusão hostil estrangeira e um assalto à soberania da nação polaca por governos de outros países. As freiras finalmente mudaram-se para novas instalações do outro lado da rua, em 1993, mas deixaram a cruz evocativa da missa do Papa, que tinham erigido próximo do convento.
A Polónia tornou-se o país principal para os católicos do mundo porque foi o lugar de nascimento de Karol Wojtyla, o cardeal-arcebispo de Cracóvia, que foi eleito em 1978 o primeiro Papa polaco e o primeiro Papa não italiano em 450 anos. O lugar de nascimento de João Paulo II fica apenas a 30 quilómetros de Auschwitz, em Wadowice, uma pequena e em tempos obscura cidade que se tornou num local popular de peregrinações para católicos. Wadowice possui hoje um aeroporto internacional para receber os muitos visitantes da cidade.
A 7 de Juho de 1979, o Cardeal Wojtyla voltou à Polónia, como Papa João Paulo II, e honrou o seu país natal dando uma missa no antigo campo de concentração nazi de Auschwitz II ou Birkenau. Birkenau foi escolhido porque é o sítio mais próximo da cidade natal do Papa e que era suficientemente amplo para albergar a multidão de 500 mil pessoas que assistiram a este acontecimento único na história da Polónia católica.
A cruz de 8 metros do altar dessa missa é a mesma que foi erigida pelas freiras carmelitas em 1988 no seu convento num edifício junto aos terrenos do Museu do Martírio em Auschwitz I. O edifício para onde as freiras se mudaram tinha sido um antigo teatro antes da Segunda Guerra Mundial.
As imagens abaixo, tiradas em 1998, representam uma vista panorâmica do local da controvérsia sobre as cruzes. A primeira imagem começa na zona esquerda do local e mostra o antigo edifício ocupado pelas freiras católicas carmelitas; as outras fotos foram sendo tiradas da esquerda para a direita.
Edifício que foi o antigo convento das carmelitas católicas
Bandeira polaca e flores em honra dos 152 polacos católicos executados neste local
Algumas das mais de 200 cruzes erigidas fora do campo principal de Auschwitz. Ao centro está a cruz de oito metros usada pelo Papa João Paulo II na sua Missa em Birkenau
Bandeira polaca e flores em honra dos 152 polacos católicos executados neste local
Algumas das mais de 200 cruzes erigidas fora do campo principal de Auschwitz. Ao centro está a cruz de oito metros usada pelo Papa João Paulo II na sua Missa em Birkenau
Como mostra a fotografia acima, as cruzes foram colocadas nos três lados da antiga vala de cascalho, rodeando a cruz de oito metros da Missa dita pela Papa em 1979 que foi erigida no meio da vala, agora coberta de erva. Na altura em que estas fotos foram tiradas, a 1 de Outubro de 1998, o número de cruzes será superior a 200. A exposição está feita de forma harmoniosa e não caótica ou desrespeitosa como dava a entender o jornal Los Angeles Times referindo-se à controvérsia.
A placa amarela na cerca, mostrada na primeira imagem, pedia o regresso das freiras carmelitas ao belo edifício de tijolo. As freiras mudaram-se para novas instalações em 1993 em resposta a protestos judeus liderados pelo Rabi Weiss em Nova Iorque, mas deixaram ficar a cruz de oito metros que fora erigida em 1988.
A 28 de Maio de 2006, o Papa Bento XVI, o líder da igreja católica, visitou o antigo campo de Auschwitz, que fora principalmente uma prisão para prisioneiros políticos, e o campo de Birkenau onde 1,5 milhões de pessoas, a maior parte judias, foram assassinadas.
A foto abaixo mostra o Papa a entrar no campo principal de Auschwitz através do infame portão "Arbeit Macht Frei" [O Trabalho Liberta], seguido pela sua comitiva de bispos e cardeais católicos.
A foto abaixo mostra o Papa Bento XVI junto ao Monumento Internacional em Birkenau onde presta homenagem às vítimas que foram gaseadas nos crematórios II e III, as ruínas que estão apenas a poucos metros do outro lado do monumento.
A visita do Papa em nada contribuiu para sarar o conflito entre católicos e judeus. Apesar do Papa Bento XVI ter mostrado reverência aos judeus que foram assassinados e tenha baixado a cabeça em sinal de vergonha, ele foi muito criticado nos meios de comunicação por não ter mencionado o anti-semitismo da igreja católica que contribuiu para o ódio aos judeus na Europa, e por não ter referido a falha de Pio XII em não ter feito tudo ao seu alcance para evitar a deportação de judeus para os campos da morte. O Papa Bento XVI não pediu desculpa aos judeus por Auschwitz.
O Papa falou em italiano, para não ofender os polacos e os judeus, ao falar na odiada língua alemã, mas mesmo assim conseguiu insultar os judeus com estas palavras:
"Num lugar como este, as palavras faltam; no fim só pode haver um silêncio de temor, um silêncio que é um sincero apelo a Deus: Porquê, senhor, ficaste em silêncio? Como pudeste tolerar isto?"
Não foi Deus, mas antes milhões de católicos na Europa que ficaram em silêncio, e não foi Deus, mas os vulgares alemães que toleraram o genocídio dos judeus, segundo os críticos dos meios de comunicação.
No seu discurso em Auschwitz, O Papa Bento XVI culpou os criminosos do regime nazi pelo Holocausto e não reconheceu a culpa colectiva do povo alemão que entusiasticamente apoiou Hitler. O Papa também se esqueceu de reconhecer o seu próprio passado nazi como um involuntário membro da juventude hitleriana e um soldado obrigado a combater no exército alemão.
O Papa visitou o Muro Preto no Bloco 11 e acendeu uma vela em honra dos presos políticos que aí foram executados, mas evitou sensatamente o outro lado do Bloco 11 onde a cruz usada na missa dita pelo Papa João Paulo II ainda se mantém. Bento XVI visitou a cela onde o padre Kolbe morreu, mas manteve-se longe da igreja católica no antigo edifício administrativo de Birkenau e evitou o edifício vazio onde as freiras carmelitas viveram.
O consenso geral dos meios de comunicação foi que o Papa fez o seu melhor, mas o seu melhor não foi o suficiente.
A placa amarela na cerca, mostrada na primeira imagem, pedia o regresso das freiras carmelitas ao belo edifício de tijolo. As freiras mudaram-se para novas instalações em 1993 em resposta a protestos judeus liderados pelo Rabi Weiss em Nova Iorque, mas deixaram ficar a cruz de oito metros que fora erigida em 1988.
A 28 de Maio de 2006, o Papa Bento XVI, o líder da igreja católica, visitou o antigo campo de Auschwitz, que fora principalmente uma prisão para prisioneiros políticos, e o campo de Birkenau onde 1,5 milhões de pessoas, a maior parte judias, foram assassinadas.
A foto abaixo mostra o Papa a entrar no campo principal de Auschwitz através do infame portão "Arbeit Macht Frei" [O Trabalho Liberta], seguido pela sua comitiva de bispos e cardeais católicos.
A foto abaixo mostra o Papa Bento XVI junto ao Monumento Internacional em Birkenau onde presta homenagem às vítimas que foram gaseadas nos crematórios II e III, as ruínas que estão apenas a poucos metros do outro lado do monumento.
A visita do Papa em nada contribuiu para sarar o conflito entre católicos e judeus. Apesar do Papa Bento XVI ter mostrado reverência aos judeus que foram assassinados e tenha baixado a cabeça em sinal de vergonha, ele foi muito criticado nos meios de comunicação por não ter mencionado o anti-semitismo da igreja católica que contribuiu para o ódio aos judeus na Europa, e por não ter referido a falha de Pio XII em não ter feito tudo ao seu alcance para evitar a deportação de judeus para os campos da morte. O Papa Bento XVI não pediu desculpa aos judeus por Auschwitz.
O Papa falou em italiano, para não ofender os polacos e os judeus, ao falar na odiada língua alemã, mas mesmo assim conseguiu insultar os judeus com estas palavras:
"Num lugar como este, as palavras faltam; no fim só pode haver um silêncio de temor, um silêncio que é um sincero apelo a Deus: Porquê, senhor, ficaste em silêncio? Como pudeste tolerar isto?"
Não foi Deus, mas antes milhões de católicos na Europa que ficaram em silêncio, e não foi Deus, mas os vulgares alemães que toleraram o genocídio dos judeus, segundo os críticos dos meios de comunicação.
No seu discurso em Auschwitz, O Papa Bento XVI culpou os criminosos do regime nazi pelo Holocausto e não reconheceu a culpa colectiva do povo alemão que entusiasticamente apoiou Hitler. O Papa também se esqueceu de reconhecer o seu próprio passado nazi como um involuntário membro da juventude hitleriana e um soldado obrigado a combater no exército alemão.
O Papa visitou o Muro Preto no Bloco 11 e acendeu uma vela em honra dos presos políticos que aí foram executados, mas evitou sensatamente o outro lado do Bloco 11 onde a cruz usada na missa dita pelo Papa João Paulo II ainda se mantém. Bento XVI visitou a cela onde o padre Kolbe morreu, mas manteve-se longe da igreja católica no antigo edifício administrativo de Birkenau e evitou o edifício vazio onde as freiras carmelitas viveram.
O consenso geral dos meios de comunicação foi que o Papa fez o seu melhor, mas o seu melhor não foi o suficiente.
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Comentário:
A controvérsia da Guerra das Cruzes de 1998 é posterior à controvérsia sobre o número de vítimas de Auschwitz-Birkenau:
Em 1988, as placas de Auschwitz, que o Papa João Paulo II abençoou em 1979, e que indicavam terem morrido 4 milhões de pessoas naquele campo de concentração, foram substituídas em 1995 por outras placas que indicam que em Auschwitz morreram aproximadamente 1.5 milhões de pessoas. As novas placas foram abençoadas pelo Papa Bento XVI:
A controvérsia da Guerra das Cruzes de 1998 é posterior à controvérsia sobre o número de vítimas de Auschwitz-Birkenau:
Em 1988, as placas de Auschwitz, que o Papa João Paulo II abençoou em 1979, e que indicavam terem morrido 4 milhões de pessoas naquele campo de concentração, foram substituídas em 1995 por outras placas que indicam que em Auschwitz morreram aproximadamente 1.5 milhões de pessoas. As novas placas foram abençoadas pelo Papa Bento XVI:
10 comentários:
Os judeus gostam do palco só para si.
O meu pai visitou em 1977, ainda há uns dias estive com as fotos na mão.
Na altura era Bispo de Cracóvia o que depois foi João Paulo II, está nas fotos também...
beijos
Ana,
O teu pai visitou Auschwitz ou o Vaticano?
Auschwitz e grande parte da Polónia.
Que eu saiba nunca esteve em Itália.
beijos
É curioso que em lado nemhum do artigo venha mencionada a designação da localidade polaca que é Oswiecim
E pelo meio da re-escrita da História no sentido da verdade, intenção sem qualquer dúvida válida, vêm também nos pacotes grandes galgas; como p/e esta:
B16 “não reconheceu a culpa colectiva do povo alemão que entusiasticamente apoiou Hitler”
Ora, não existe nenhum código jurídico no mundo que consigne a punição colectiva de nenhum povo, todas as penas aplicáveis são sempre em nome de crimes ou ilícitos cometidos individualmente por indivíduos
Punições colectivas, como a diabolização dos soviéticos, do socialismo de Mao, do partido do Vasco Ginçalves, etc. só existem na cuca dos mentores e fautores da manipulação dos jornais, livros e filmes que distorcem a realidade
(Não aplicável a actos políticos consignados em Constituições legalizadas pelos povos) existe contudo, para crimes de delito comum a punição por associação de malfeitores, que seria muito bem aplicada a estes últimos indivíduos escrevinhadores de romances fantásticos
Ana Camarra,
Tinha curiosidade em saber o que é que o teu pai pensaria do que escrevo aqui.
Xatoo,
Ainda não apanhaste a ironia destes textos do Scrapbookpages, um dos sites mais inteligentes que conheço a tratar o «holocausto».
Diogo
O meu pai era um homem inteligentissimo, sensivel, que me incutiu uma serie de ideais, gosto pela música, jazz, classica e blues.
Estudioso dos grandes conflitos do sec XX, Cineclubista, solidário e Humano.
Segundo a minha mãe só sou filha dele, ela serviu de incubadora, temos a mesma postura de vida, sou fisicamente uma especie de versão feminina, o mesmo feitio.
Era o meu melhor amigo, morreu há 11 anos de doença porlongada e dolorosa para todos, ainda hoje me faz falta todos os dias...
Ana,
Não me lembrei que já tinhas ficado sem o teu pai. Desculpa.
Beijo.
E ainda há quem diga que os alemães têm competência ímpar!
Mas eles foram os que mais sofreram!
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