Tele.Síntese - 03 de Outubro de 2005
EUA insistem em controlar a Internet
A próxima conferência de cúpula das Nações Unidas sobre a Sociedade da Informação, em Novembro, na Tunísia, promete não ser tranquila, a avaliar pelas discussões que aconteceram na última reunião preparatória para o evento, no dia 29 de Setembro, em Genebra (Suíça).
Os Estados Unidos reagiram violentamente contra a proposta da União Europeia de passar para o âmbito da ONU o controle dos principais computadores que direccionam o tráfego da Internet.
“Não concordamos que a ONU assuma o gestão da Internet”, reagiu David Gross, coordenador de comunicações internacionais e política de informação do Departamento de Estado dos EUA. “Alguns países querem isto, mas para nós é inaceitável,” disse.
No dia 30, em entrevista à imprensa, também em Genebra, Yoshio Utsumi, dirigente da União Internacional de Telecomunicações (UIT), declarou que o órgão da ONU estava pronto para assumir a gestão da Internet.
Ele argumentou que a UIT tem larga experiência em comunicações, lembrando que a sua estrutura e o seu trabalho cooperativo com os sectores público e privado lhe dão todas as condições de desempenhar a função.
Discordâncias
Muitos países, sobretudo aqueles em vias de desenvolvimento, têm manifestado preocupação crescente com o controle do tráfego Internet pelos Estados Unidos. Na avaliação efectuada por alguns negociadores presentes na reunião de Genebra, é cada vez maior o número de nações que reage contra o facto de que um único país tenha a última palavra sobre uma área tão vital da economia mundial.
Embora tenha havido progresso numa série de questões para a elaboração de um texto final para Tunis, Gross avalia que continua a existir dissensão em torno da gestão da Internet.
A discordância sobre quem deve gerir o tráfego, o roteamento e o endereçamento da Internet pode levar a conferência ao fracasso, já que o objectivo do encontro é garantir uma partilha amigável da web, em benefício de todos, dizem os especialistas.
Além disso, alguns países querem maiores garantias contra eventuais interferências dos Estados Unidos, na medida em que os governos utilizam a Internet para prover serviços públicos e outros.
Uma proposta em discussão seria retirar o controle de nomes de domínio da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers – ICANN, sedeada nos EUA, passando-o para um grupo inter-governamental, possivelmente no âmbito da ONU.
Desconfiança
O representante norte-americano considerou a sugestão inadmissível, e declarou à imprensa, em Genebra, que o assunto não estava em negociação. “É uma questão de política nacional”, afirmou Gross, que se disse “profundamente decepcionado” com a proposta da UE de um novo modelo de cooperação envolvendo governos nas questões de nomes, números e endereços Internet.
Em 1998, o Departamento de Comércio dos EUA escolheu a ICANN para controlar os directórios principais, que direccionam o tráfego de navegadores e programas de correio electrónico. Embora a ICANN seja uma organização privada com directores de várias partes do mundo, em última instância, o Departamento de Comércio tem poder de veto.
Comentário:
Não entendo as reclamações mundiais sobre o controlo da Internet por parte do governo dos EUA.
Dado o bom desempenho que têm vindo a demonstrar no controlo da quase totalidade dos media, do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e de quase todo o petróleo do planeta (prevendo-se para breve a anexação das ricas jazidas iranianas), é justo que lhes seja entregue o total domínio da WEB.
Que importância tem que Bush, Cheney ou Rumsfeld possam interceptar um e-mail, meu, a dizer, por exemplo: “o miúdo continua com tosse”, ou “a Fátima Felgueiras lá ganhou aquela merda”, ou, ainda “no Expresso vinha a dizer que um terço dos alemães com menos de trinta anos está convencido que foi a própria administração americana quem organizou o 11 de Setembro”?
6 comentários:
O problema dos americanos é estarem convencidos de que têm muito mais poder do que o que realmente têm. Como conseguem, com muita facilidade, comprar as consciências e a subserviência duns quantos rafeiros e como, também ao nível dos governos, só existem "yes men!", acabam por perder a noção da força da oposição generalizada das populações do Mundo aos seus crimes. Pensam que podem evitar a sua própria desgraça reprimindo, aqui e ali, alguma oposição. Coitados! Que mal é que tem que continuem a viver na ilusão? Para eles o Mundo é um brinquedo. O pior é que o Mundo é habitado por gente com vontade própria... e instinto de sobrevivência. Cedo ou tarde, as "leis do Mundo" haverão de se impor, quer eles dêem por isso, antecipadamente, quer não!
Quando dizes americanos, queres dizer os tipos que mandam na América. Porque para estes os outros americanos valem tanto como um iraquiano, um tutsi ou um escaravelho.
Claro, Sofocleto, subentende-se, mas é bom esclarecer, porque muita gente mete tudo no mesmo saco, quando há gente, nos US, que é tratada abaixo de cão, no seu próprio país...
Isto com a conivência de todas as organizações internacionais, mesma as dos "direitos Humanos" que, para aqueles lados, não vêem nada.
Gostei muito do teu comentário e subscrevo-o na íntegra.
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