quarta-feira, dezembro 21, 2005

Os Candidatos


Terminaram hoje os debates televisivos entre os cinco candidatos às eleições Presidenciais.

Qual a razão de ser de cada uma das candidaturas?

Jerónimo e Louçã

Acho-os parecidos. A diferença está, sobretudo na força política dos quais emanam. O PCP é mais articulado e mais sedimentado que o BE, e este tem tido uma imagem mais apelativa para os intelectuais e jovens urbanos da classe média.

Estas candidaturas têm razão de ser, embora se pudessem fundir. Ambos se propõem alterar o actual estado a que chegou a situação do País.

Também me parece que foram os melhores nos debates.


Alegre

Ainda não percebi nada do que disse.
Alegre alterou recentemente a sua intervenção política. Durante 30 anos limitou-se a ser uma espécie de consciência social do PS, um “grilo falante”. De vez em quando lançava uma farpazita ao seu partido, mas logo se encolhia e sempre que convinha lá estava ele ao lado da «estrutura partidária».

Quando se candidatou contra Sócrates já me pareceu que se estava a lançar para as Presidenciais, mas inesperadamente demorou demasiado tempo e deixou Soares se antecipar. Sampaio teria sido mais lesto.

Os debates foram uma desgraça para Alegre. Claramente não está habituado a discutir política, e a imagem poética esfumou-se.

Politicamente vá-se lá saber em que se distingue de Soares! Para isso teríamos de saber o que pensa Soares e...Já agora...Alegre!


Soares

Não consigo conter o riso, de cada vez que o vejo nos debates. Há 20 anos achava-o desonesto, hoje acho-o pândego!

Consegue dizer o que lhe convém conforme com quem está. Apesar da idade mantém a “ratice”. Sobre política é que pouco ou nada diz, mas também não regressou para isso. Candidatou-se, apenas porque lhe apeteceu um pouco de acção, de adrenalina, e porque avaliou mal a situação. Tal como Eanes pensou que era uma Super-Star e, que bastaria aparecer para ser aclamado.

Soares está-se nas tintas para o País e o País está-se nas tintas para Soares.


Cavaco

O que levou este «ente» a candidatar-se?!

Cavaco é parecido com Salazar. Ambos pouco cultos e pouco afáveis.
Politicamente também os acho parecidos. Cavaco teria feito, sem dificuldade, o percurso de Salazar se estivesse estado nas mesmas circunstancias que este encontrou nos anos 20 do Séc. XX. Poderiam ter sido merceeiros mas calhou que tivessem ido para as finanças.

Mas porquê Cavaco para a Presidência?

Nunca teríamos imaginado que Salazar ambicionasse o lugar de Américo Tomás, pois não? Então porque quer Cavaco ser Presidente, se este não tem poderes por aí além?
Passou os debates a falar em ajudar o Governo e a falar no desempenho dos seus Governos, em fazer com que o País volte a ultrapassar a Grécia como no tempo em que dispôs do grosso dos fundos comunitários e os malbaratou.

Se Cavaco se acha assim tão bom «a gerir o País como se gere uma família» (ou uma mercearia), porque é que não voltou para Primeiro-Ministro? Ter-lhe-ia sido fácil, bastava ter feito mais uma rodagem de um carro.

Eu acho, aliás, tenho a certeza que Cavaco é um imbecil como pessoa e, por isso, ficou com o mau perder de há 10 anos quando perdeu com Sampaio.

Cavaco não quer ajudar País nenhum a sair de crise alguma, quer apenas ser Presidente da República porque acha que lhe fica bem e porque ficou com aquela única derrota atravessada. Pretende deixar mais uma marca equivalente ao «Centro Comercial de Belém», ou à Ponte Cavaco da Gama.

Há 10 anos os ventos não lhe eram favoráveis mas agora são-no porque na altura das crises económicas o povo lembra-se sempre de um “Paizinho”, como se lembrou lá por 1926...

6 comentários:

Anónimo disse...

Nunca, em tempo algum, estas coisas foram decididas pelo "povo". Por isso não percebi auquela: "o povo lembra-se sempre de um “Paizinho”,". Ainda não vi que o povo pudesse "dizer de sua justiça" (diz, mas ninguém ouve), nem que lhe seja dada a liberdade de escolher... (a não ser entre os que passam a pré-selecção, da escória e são impostos como únicas alternativas)...
Enfim! Só estou a tentar explicar porque é que eu me abstenho; porque, duma vez por todas, "o povo" tem de "dar o grito do Ipiranga" e dizer NÃO ao controlo das máfias sobre a política e os políticos...
As contas já estão feitas, previamente, está tudo previsto, a máquina (da fraude) está montada... Não em meu nome! Não com a minha colaboração...

Diogo disse...

Cavaco define-se como o político da estabilidade. A estabilidade necessária ao processo de pauperização progressiva dos portugueses, ao aumento do desemprego, às despesas escandalosas em elefantes brancos (Otas e TGVs) e às trafulhices politiqueiras de toda a espécie. A sua áurea de grande responsabilidade, honestidade e profundo conhecimento dos dossiers pretendem chancelar todas as obscenidades da governação dos próximos anos.

Cavaco é o candidato preferido de Sócrates e da sua tropa fandanga. Tropa que soube manipular admiravelmente a situação. Os apelos lancinantes de Vitorino e de Coelho para as desistências das outras candidaturas comprovam-no.

Anónimo disse...

penso que Cavaco vai vencer. o que podemos fazer é vender cara a derrota da esquerda e ir votar num tipo qualquer (da esquerda) para, ao menos, obrigar os cavaqueiros a trabalhar mais um bocado para uma 2ªvolta sempre incerta...

a.castro disse...

Acho esta análise sobre os debates para as presidencias absolutamente conforme a realidade vista e ouvida na Tv. Ontem à tarde estive a trabalhar no "Word" onde alinhavei dois posts para depois da época "festiva" que atravessamos. Um deles debruça-se sobre o último debate, entre Mário Soares e "ele". Aqui "ele" é imbecil, no que ainda está em draft "ele" é aselha!
Abraço

Anónimo disse...

A única alternativa interessante parece ser o Manuel Alegre, porque afronta os partidos, irrita-os -a todos- solenemente. Soares é o pior candidato, Jerónimo tem ideias da idade do Mosteiro (quase) homónimo, Louçã não é mau mas parece um padre, Cavaco é um zero. Sobra Alegre. Um mal menor.

Anónimo disse...

Claude Allegret contra Segolene ?