terça-feira, dezembro 27, 2005

O eterno problema da função pública



Extracto de uma entrevista concedida ao Expresso, a 5 de Junho de 2004, por Musaid Bin Abdel, deputado e ex-presidente da Câmara Municipal de Riade, capital da Arábia Saudita:


EXP. — A ameaça terrorista tem fustigado, particularmente, a Arábia Saudita. Como têm lidado com a ameaça?

M.B.A. — O terrorismo não nasceu na Arábia Saudita. Ele foi introduzido de fora para dentro. Os terroristas são aqueles jovens que ficaram no Afeganistão, combatendo a ex-URSS, sob orientação dos serviços secretos americanos, que os denominavam guerrilheiros Mujaheddin. Depois do desmantelamento da URSS foram deixados à sua sorte. Internamente, as nossas forças de segurança seguem de perto os terroristas que estão no nosso país.


EXP. — Garante que a Al-Qaeda não tem apoio das estruturas políticas e militares sauditas?

M.B.A. — Sem dúvida alguma. Não tem apoio de qualquer entidade saudita, nem da própria população. A Al-Qaeda levou a cabo vários atentados na Arábia Saudita antes e depois do 11 de Setembro, por isso mesmo não goza de simpatia popular.


EXP. — Essa alegação não será difícil de conciliar com o facto da maioria dos autores dos atentados de 11 de Setembro serem sauditas?

M.B.A. — Ainda não existe uma resposta definitiva sobre quem levou a cabo os atentados do 11 de Setembro. Nos próprios EUA, as investigações prosseguem e ainda não provaram que aqueles cidadãos eram de facto sauditas.


EXP. — Não está convencido de que eram seus concidadãos?

M.B.A. — Não sei, ainda está tudo por explicar: como eles chegaram aos EUA, como passaram despercebidos... É importante perceber como é que quatro aviões partem de Boston, guiados por jovens de Tora Bora (Afeganistão), são desviados da rota delimitada àquele tipo de voos, em direcção a Washington e Nova Iorque. Onde estava o FBI, a CIA, a Força Aérea? Há demasiadas interrogações. Quem está por trás? Verdadeiramente, não se sabe. Porque é que os computadores estiveram avariados meia-hora na altura do ataque? Se reflectirmos seriamente perceberemos que há mais alguém na base da operação. Quem? Só Deus sabe!


EXP. — Acha que os atentados podem ter tido apoio interno americano?

M.B.A.Talvez, porque não? Porque é que não interceptaram o segundo avião 20 minutos depois? Não um, não dois, mas 20 minutos! É tempo suficiente para reagir e fazer alguma coisa. A primeira coisa que disseram foi que era a Al-Qaeda, então seguiram para o Afeganistão. Não chegaram às conclusões devidas, mas procederam logo ao ataque. Recorde-se que J.F. Kennedy morreu há mais de 40 anos e ainda não se sabe quem o matou. Não sabemos quando a realidade virá à tona. O que percebemos é que os EUA e Israel combatem o mundo árabe, atacaram o Afeganistão e depois o Iraque. Quem se segue? Só Deus sabe!



Comentário:

Valha-me Deus, Musaid Bin Abdel. Diz você que 20 minutos é tempo suficiente para reagir e fazer alguma coisa? Você não sabe a que velocidade funciona a função pública? Um ex-presidente da Câmara Municipal de Riade? Ainda gostava de saber quanto tempo é que um processo de loteamento demorava a ser aprovado durante o seu mandato. Descaramento não lhe falta!

sexta-feira, dezembro 23, 2005

A chacina no Iraque ou "take them out"


By Andrew Buncombe, The Independent, Outubro 6, 2004


Um vídeo obtido a partir do cockpit de um caça F-16 mostra pilotos americanos a atacar e a matar um grupo de civis iraquianos desarmados: AQUI

O vídeo de 30 segundos mostra o pilota a alvejar o grupo de pessoas numa rua da cidade de Falluja e a perguntar aos controladores da sua missão se deve "take them out - «limpá-los»". É-lhe dito para o fazer e, pouco depois, o vídeo mostra uma grande explosão na rua onde as pessoas estavam. Uma segunda voz pode ser ouvida a dizer: "Oh, dude - «Ena pá»."

Em momento algum durante a troca de palavras entre o piloto e os controladores ninguém pergunta se os iraquianos estão armados ou constituem uma ameaça. Os críticos afirmam que isto prova que crimes de guerra estão a ser cometidos no Iraque.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Os Candidatos


Terminaram hoje os debates televisivos entre os cinco candidatos às eleições Presidenciais.

Qual a razão de ser de cada uma das candidaturas?

Jerónimo e Louçã

Acho-os parecidos. A diferença está, sobretudo na força política dos quais emanam. O PCP é mais articulado e mais sedimentado que o BE, e este tem tido uma imagem mais apelativa para os intelectuais e jovens urbanos da classe média.

Estas candidaturas têm razão de ser, embora se pudessem fundir. Ambos se propõem alterar o actual estado a que chegou a situação do País.

Também me parece que foram os melhores nos debates.


Alegre

Ainda não percebi nada do que disse.
Alegre alterou recentemente a sua intervenção política. Durante 30 anos limitou-se a ser uma espécie de consciência social do PS, um “grilo falante”. De vez em quando lançava uma farpazita ao seu partido, mas logo se encolhia e sempre que convinha lá estava ele ao lado da «estrutura partidária».

Quando se candidatou contra Sócrates já me pareceu que se estava a lançar para as Presidenciais, mas inesperadamente demorou demasiado tempo e deixou Soares se antecipar. Sampaio teria sido mais lesto.

Os debates foram uma desgraça para Alegre. Claramente não está habituado a discutir política, e a imagem poética esfumou-se.

Politicamente vá-se lá saber em que se distingue de Soares! Para isso teríamos de saber o que pensa Soares e...Já agora...Alegre!


Soares

Não consigo conter o riso, de cada vez que o vejo nos debates. Há 20 anos achava-o desonesto, hoje acho-o pândego!

Consegue dizer o que lhe convém conforme com quem está. Apesar da idade mantém a “ratice”. Sobre política é que pouco ou nada diz, mas também não regressou para isso. Candidatou-se, apenas porque lhe apeteceu um pouco de acção, de adrenalina, e porque avaliou mal a situação. Tal como Eanes pensou que era uma Super-Star e, que bastaria aparecer para ser aclamado.

Soares está-se nas tintas para o País e o País está-se nas tintas para Soares.


Cavaco

O que levou este «ente» a candidatar-se?!

Cavaco é parecido com Salazar. Ambos pouco cultos e pouco afáveis.
Politicamente também os acho parecidos. Cavaco teria feito, sem dificuldade, o percurso de Salazar se estivesse estado nas mesmas circunstancias que este encontrou nos anos 20 do Séc. XX. Poderiam ter sido merceeiros mas calhou que tivessem ido para as finanças.

Mas porquê Cavaco para a Presidência?

Nunca teríamos imaginado que Salazar ambicionasse o lugar de Américo Tomás, pois não? Então porque quer Cavaco ser Presidente, se este não tem poderes por aí além?
Passou os debates a falar em ajudar o Governo e a falar no desempenho dos seus Governos, em fazer com que o País volte a ultrapassar a Grécia como no tempo em que dispôs do grosso dos fundos comunitários e os malbaratou.

Se Cavaco se acha assim tão bom «a gerir o País como se gere uma família» (ou uma mercearia), porque é que não voltou para Primeiro-Ministro? Ter-lhe-ia sido fácil, bastava ter feito mais uma rodagem de um carro.

Eu acho, aliás, tenho a certeza que Cavaco é um imbecil como pessoa e, por isso, ficou com o mau perder de há 10 anos quando perdeu com Sampaio.

Cavaco não quer ajudar País nenhum a sair de crise alguma, quer apenas ser Presidente da República porque acha que lhe fica bem e porque ficou com aquela única derrota atravessada. Pretende deixar mais uma marca equivalente ao «Centro Comercial de Belém», ou à Ponte Cavaco da Gama.

Há 10 anos os ventos não lhe eram favoráveis mas agora são-no porque na altura das crises económicas o povo lembra-se sempre de um “Paizinho”, como se lembrou lá por 1926...

domingo, dezembro 18, 2005

A instauração da democracia no Iraque


O Iraque trocou o programa «Comida por Petróleo» dos tempos de Clinton por «Democracia por Petróleo» de Bush. Pena é que o número de mortos tenha decuplicado com o programa actual. Mas tudo tem um preço e a afluência às «urnas», sobretudo de mulheres e crianças, aumentou exponencialmente.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Fallujah - democratizar com napalm






















O vídeo da democratização AQUI


Commentário:

Ironia das ironias: uma administração americana eleita fraudulentamente com a ajuda de máquinas de votar electrónicas procede a democratizações assassinas um pouco por todo o lado.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

InCIAgentes no Iraque

Estará a CIA por trás dos “insurgentes” iraquianos e do terrorismo global?

Frank Morales – 12 de Maio de 2005

A condição para uma escalada constante do nível de violência social que vá ao encontro das necessidades políticas e económicas do insaciável “complexo anti-terrorista” constitui a essência do novo militarismo norte-americano.

Aquilo que é agora abertamente considerado como “guerra permanente” tem por objectivo servir os fins geopolíticos de domínio e controlo social pelas corporações norte-americanas, como aconteceu com a cruzada anti-comunista da ex-Guerra Fria.



Em 2002, no seguimento do trauma do 11 de Setembro, o secretário da defesa Donald H. Rumsfeld previu que iriam acontecer mais ataques terroristas contra o povo americano e contra a civilização no seu todo. Como é que ele podia ter tanta certeza disso? Talvez porque esses ataques seriam instigados por ordem do ilustre Rumsfeld.

Segundo um artigo do analista militar do Los Angeles Times, William Arkin, escrito em 27 de Outubro de 2002, Rumsfeld começou a preparar um exército secreto, uma super-agência de espionagem (a super-Intelligence Support Activity) a funcionar em rede que reuniria a CIA, as operações secretas militares, informação de guerra, encobrimento e logro, de forma a pôr em movimento uma espiral de violência global.

De acordo com um documento confidencial preparado para Rumsfeld pela sua Comissão de Ciência da Defesa, a nova organização – o “Grupo de Operações pro-activo e preventivo "Proactive, Preemptive Operations Group (P2OG)" – levaria a cabo, na prática, missões secretas concebidas por forma a incitar grupos terroristas a protagonizar actos violentos. O P2OG, com cerca de 100 membros, denominado organização “antiterrorista” com um orçamento de 100 milhões de dólares, teria como alvo “líderes terroristas”, mas segundo documentos do P2OG obtidos por Arkin, esse grupo levaria a cabo missões destinadas a estimular reacções entre os grupos terroristas, os quais, pela lógica do secretário da defesa, seriam expostos ao contra-ataque dos “bons”. Por outras palavras, o plano é executar operações militares secretas (assassínios, sabotagens, burlas), as quais resultariam intencionalmente em ataques terroristas contra pessoas inocentes, incluindo americanos – essencialmente, combatendo o terrorismo causando-o.

Ao que parece esta forma de actuação está correntemente a ser aplicada na “insurgência” iraquiana. Segundo um relatório de 1 de Maio de 2005 de Peter Maass no New York Times, dois dos principais conselheiros norte-americanos aos comandos paramilitares iraquianos a combater os insurgentes são veteranos das operações da contra-insurgência norte-americana na América Latina. Dando crédito às recentes especulações dos media acerca da “Salvadorização” do Iraque, o relatório salienta que um consultor actualmente no Iraque é James Steele, que comandou um grupo de 55 homens das forças especiais do exército norte-americano nos anos 80. Maass escreve que este grupo treinou batalhões de choque que foram acusados de significantes abusos dos direitos humanos.

Dirigida pelos serviços de informações da dupla NATO – Estados Unidos a rede clandestina Gladio, criada no tempo da Guerra Fria, tem vindo a ter um papel mais activo. A operação Gladio possibilita a morte ou mutilação de centenas de pessoas inocentes em ataques “terroristas” em que são responsabilizados “esquerdistas subversivos” ou outros oponentes políticos. O mais notório destes ataques foi o atentado à bomba na estação se comboios de Bolonha em 1980 que provocou 85 mortos. Inicialmente responsabilizados radicais de extrema esquerda, após investigações foi revelado que a explosão fora da responsabilidade de uma rede de extrema direita ligada ao grupo italiano da Gladio; quatro neo-fascistas italianos foram, por fim, condenados pelo crime.

O objectivo era novamente duplo: demonizar determinados inimigos e assustar a população por forma a obter o seu apoio a um aumento crescente dos poderes da segurança nacional. Ao que parece o Pentágono tem vindo a implementar operações tipo Gladio há já algum tempo – possivelmente incluindo o 11 de Setembro. Um exagero? Talvez não.

Relembre-se a reunião de chefes militares norte-americanos da “operação Northwoods” em 1962, um plano para rebentar bens americanos – incluindo cidadãos – para justificar a invasão de Cuba. Mais tarde o manual 30-31B do exército datado de 18 de Março de 1970 e assinado pelo general William C Westmoreland, promovia ataques terroristas e a colocação de provas falsas em locais públicos destinados a culpar comunistas e socialistas. O manual sugeria ataques terroristas na Europa Ocidental, levados a cabo por uma rede secreta norte-americana – NATO, de forma a convencer os governos europeus da “ameaça comunista”.

Segundo o manual 30-31B:
“Há alturas em que os governos de países amigos mostram passividade ou indecisão face à subversão comunista e não reagem com a eficiência necessária. Muitas vezes essas situações acontecem quando os revolucionários renunciam temporariamente ao uso da força e ganham por isso vantagem, porque os líderes desses governos consideram a situação segura. Os serviços de informações do exército americano deve possuir os meios para lançar operações especiais que convençam os governos desses países e a opinião pública da realidade do perigo colocado pelos insurgentes.”

O exército norte-americano afirma agora que o documento era uma falsificação russa. O jornalista Allan Francovich no seu documentário na BBC sobre o Gladio e as operações especiais terroristas NATO/americanas, perguntou a Ray Cline, director da CIA de 1962 1 1966, se ele acreditava que o manual 30-31B era real, e ele respondeu: “Bom, suspeito que se trata de um documento autêntico. Não tenho dúvidas. Eu nunca o vi, mas é o género de operações militares das forças especiais”.

Pode acontecer que no Iraque – e noutros sítios no Mundo – a ocasião apropriada tenha chegado. A guerra de Bush ao terrorismo pode ser a manifestação mais actual de um estado provocador; levando a cabo operações especiais clandestinas dirigidas contra populações, incluindo a própria população norte-americana, que está absolutamente iludida acerca do verdadeiro “inimigo” face a um inimigo internamente fabricado, traumatizada pela estratégia de terror concebida para gerar medo e aquiescência para mais “medidas de segurança” – enriquecendo com isso os militares, as agências de segurança e as empresas de armamento.


Comentário:
Não acredito que o complexo militar-industrial americano, as petrolíferas, as Halliburtons, as Carlyles, os Bush, os Cheneys, os Rumsfelds e tantos outros tenham algo a ganhar com o holocausto do povo iraquiano, com o controlo do petróleo de Médio Oriente e do Cáspio e com o jugo sobre a Federação Russa e sobre a China.

Por outro lado acredito num Deus omninconsciente, omnimpotente e omniausente. Parece-me mais lógico.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

O Ópio do Povo




Quando Karl Marx escreveu em 1844 «A religião é o ópio do povo», ainda não havia o futebol-espectáculo dos dias de hoje.

Terá o comércio do futebol o efeito nefasto que a religião tem sobre a humanidade? Penso que não, porque a religião procura anestesiar os injustiçados prometendo-lhes justiça noutro mundo, noutras paragens, através da lavagem do cérebro das crianças e de uma sórdida vigarice baseada em lendas e fábulas. A religião promete a vida eterna aos que bem se comportarem nesta, ou seja, aos que se não revoltarem contra os poderosos, e ainda ao João César das Neves.

Mas deveremos interrogarmo-nos sobre o porquê da constante colagem dos políticos ao fenómeno “futeboleiro”.Os políticos sempre se procuraram associar aos gostos irracionais dos eleitores desde que sejam inócuos para as suas ambições e desde que os desviem dos problemas que supostamente aqueles se propõem resolver.

Recordemos Cavaco na eleição presidencial de 1995, «Eu sou católico», tentando aproveitar as superstições populares contra Sampaio. Infelizmente para Cavaco a religião já não lhe dá assim tantos votos porque a sociedade está mais laica e tolerante.

Daí que ultimamente se tenha tornado moda a assumpção do futebol entre os que pretendem o voto popular. É vê-los nos estádios, de sorriso largo a responderem com gosto aos entrevistadores sobre as suas paixões clubísticas.Alguns até se dão ao luxo de se tornarem comentadores na comunicação social em representação do respectivo emblema, o que além da popularidade lhes granjeia um complemento salarial para que possam evitar as agruras da carestia da vida, para poderem ir ao talho sem andarem a contar os tostões. Fernando Seara até engordou.

Num país cada vez mais sombrio e miserável, vendem-se três jornais desportivos diários com tiragens muito superiores às dos outros, há programas e canais de TV, de grande audiência, especializados na discussão dos problemas dos três maiores clubes. Os noticiários da rádio e TV abrem muitas vezes com notícias sobre os jogos de futebol.As pessoas com vida mais difícil utilizam grande parte do seu tempo a discutir as vantagens do seu clube face ao clube rival. E que grande orgulho e alegria quando acontece a vitória!

E apesar de todo este alarido em redor do espéctaculo futebolístico, a taxa de praticantes desportivos é muito baixa.Falar de política? Para quê? São todos uns aldrabões que só querem é tacho!Viver a própria vida, procurar a realização pessoal? Como, se o dinheiro apenas dá, e mal, para as necessidades básicas de uma vida sempre igual e repetitiva com longas horas na deslocação casa/trabalho?

O melhor é aproveitar o pouco tempo disponível para coisas mais simples como o futebol e a telenovela. Afinal um jornal desportivo até é barato e traz a provável constituição da equipa para o próximo jogo. A telenovela vê-se em casa e, no episódio seguinte, mais alguma heroína, da classe média/alta minoritária brasileira, aparecerá grávida.

Mas a população até é bastante patriota, como o comprovou Marcelo Rebelo de Sousa com o eco que o seu apelo para a colocação da bandeira nacional na janela teve, quando do Campeonato Europeu de Futebol.

Todo este entusiasmo foi bem entendido pelos Governos da Nação com o investimento nas infra-estruturas. Os oito novos templos de futebol são o orgulho do país e dos construtores civis. Foi melhor do que construir escolas ou hospitais porque já existem demasiados e são deprimentes.

Claro que os custos de manutenção destes templos são muito elevados. O estádio do Algarve, por exemplo, custa três mil contos só para abrir as portas para um jogo da III divisão nacional e já se encontra em processo de degradação por falta de manutenção. No entanto o actual Governo está atento. A redução dos custos com o funcionalismo público permitirá aquela manutenção por alguns anos.

Os construtores civis e outros empresários da nossa praça, que vivem com dificuldade do trabalho alheio, muitas vezes de emigrantes ilegais que felizmente lhes fazem um desconto bastante razoável no salário como forma de agradecimento pela não denúncia, sempre que podem tornam-se presidentes de clubes de futebol para assim poderem ser reconhecidos socialmente e ficarem com a vida mais facilitada no futuro.

O futebol que, até há uns poucos anos, era quase exclusivo da população masculina, saltou essa barreira e tornou-se vulgar também entre as mulheres.Agora foi a vez da Chanceller da Alemanha, Angela Merkel, afirmar «Sou uma grande fã do futebol».

O povo alemão ficou ciente que a democrata-cristã, chefe do governo e apóstola da desigualdade social, é um deles e está com eles porque também gosta de futebol.


Post também publicado no «A Correspondência de Fradique Mendes»

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Esquadrões da Morte

Os americanos estão a construir uma estranha democracia, no Iraque. Permitiram que as autoridades locais organizassem esquadrões da morte que estão a levar a cabo assassinatos entre a população sunita.

É uma forma de combater a resistência armada que se acoita entre os sunitas, a facção religiosa que apoiou o regime de Saddam. Os americanos estão de acordo, portanto, que o combate se faça com as mesmas tácticas que o inimigo usa. Ataques cobardes contra população civil e desarmada, que não distinguem alvos entre homens, mulheres ou crianças. Vale tudo para espalhar o terror e, assim, tentar paralisar a acção do inimigo.
Estes esquadrões da morte são constituídos por militantes da Organização Shiita Badr, uma milícia privada comandada por Abdel Aziz al-Hakim, dirigente do Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque. Esta organização tem apoios declarados no Irão.
Cá para mim, os americanos andam a fazer a cama onde se hão-de deitar, um dia destes… mas, para já, repetem um erro cometido demasiadas vezes no passado. Isto é, colaboram na organização de grupos armados extremistas, julgando que os conseguirão dominar sempre… e, como já vimos, isso nunca é assim. Mais tarde (às vezes, mais cedo do que eles pensariam) esses grupos acabam por se virar contra o verdadeiro inimigo: os EUA.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

A Justiça da História


O «Um Homem das Cidades» teve origem num post publicado por Vital Moreira em 31.01.2005 no «Causa Nossa». Mas essa história ficará para o 1ºaniversário deste Blog, dia 03.02.2006.

Hoje, e como forma de “homenagear” o distinto constitucionalista que possui um notável dom para me irritar, aqui comento um dos seus últimos posts no referido «Causa Nossa».


A propósito (atrasado) do 1º de Dezembro
Nas paredes da grandiosa "sala dos capelos" da Universidade de Coimbra estão patentes os retratos de todos os reis de Portugal. Todos, não! Faltam os Filipes. Trata-se de uma enorme injustiça: primeiro, porque eles não podem ser apagados da história do País; segundo, porque entre eles está um dos grandes reis de Portugal (Filipe I); terceiro, porque a própria Universidade de Coimbra lhes deve muito (a começar pela Porta Férrea...). Quando é que um reitor da UC "ousa" repor a verdade e a justiça da história?
[Publicado por vital moreira]
5.12.05


Um Homem das Cidades:

Ó Dr. Vital Moreira, seguindo o seu raciocínio, quando é que se volta a construir um busto ao Prof. Salazar?

Você quer comparar a Porta Férrea com a Ponte 25 de Abril? E o que é que o 25 de Abril fez por essa ponte para que tenha esse nome? Para quando o regresso da Ponte Salazar?
Se não fosse o homem ainda você atravessava o Tejo de cacilheiro!

Bem...Agora já há a Ponte Vasco da Gama...Mas lá está outra injustiça da história! Essa deveria chamar-se, Ponte Cavaco Silva!

Aqui, devido à sua modéstia, o estadista quis optar pelo nome de um grande navegador português. Infelizmente como não é muito dado a essas coisas da cultura e ninguém da sua «entourage» lhe fez o reparo, esqueceu-se que o grande navegador português da história foi Bartolomeu Dias, o único cuja estátua figura num museu londrino, e não o fidalgo Vasco da Gama.

E o Centro Cultural de Belém?

Não acha o Dr. Vital Moreira que também aqui se deveria repor a verdade e a justiça da história e passar a chamar-lhe «Centro Cultural Aníbal & Maria», ao estilo do «Museu Vitória & Albert» de Londres?

Já ninguém se recorda dos best-sellers literários que a Maria obrigou Aníbal a mencionar na TV para lhe dar um ar menos merceeiro?

E que dizer, Dr. Vital, das pontes que os indonésios construíram em Timor durante a ocupação? Então apaga-se assim a história só porque os rapazes eram um bocadito brutos e chacinaram uns milhares de pessoas?

E de que é que a ONU está à espera para rebaptizar Bagdad por New Bush?

E não me venha para cá dizer que o Sr. Adolfo Hitler não mandou construir nada na Alemanha! Não ouse fazer essa injustiça ao rapaz!

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Os mercenários da Al-Aegis

Vídeo relaciona uma empresa britânica e a violência contra iraquianos

Ver o vídeo AQUI

Um vídeo divulgado num site não oficial da Aegis Defence Services, empresa britânica de segurança no Iraque, mostra supostos funcionários dessa empresa atirando indiscriminadamente contra pessoas em Bagdad, denunciou ontem o jornal britânico The Times.

Aparentemente as imagens foram captadas por uma câmara de dentro de um veículo. Segundo o site do jornal ontem (1/12/2005), a empresa vai investigar o comportamento dos seus funcionários no Iraque.

Num comunicado, a empresa diz investigar as filmagens em "parceria com o Exército dos Estados Unidos". Terça-feira funcionários do Ministério britânico das Relações Exteriores informaram que especialistas assistiram às imagens, alegando em seguida não haver "indícios" que relacionem o incidente a funcionários da Aegis.

De acordo com o "Times", cópias do vídeo foram enviadas a vários meios de informação britânica, anonimamente. A cópia recebida pelo jornal mostra o veículo circulando numa estrada a oeste de Bagdad, e também na auto-estrada que liga a capital do Iraque ao aeroporto internacional.

O vídeo exibe várias situações diferentes: na primeira, tiros são disparados de dentro do veículo contra condutores que circulam na estrada. As rajadas provocam um acidente, e um dos carros alvejados bate noutro que está parado. Noutro episódio, um condutor deixa o seu veículo após vários tiros terem sido disparados contra ele. Durante uns momentos, é possível ouvir, ao fundo, a música "Mistery Train", de Elvis Presley.

Especialistas iraquianos em segurança que viram a gravação disseram que ela pode ter sido feita há um ano, alegando que na época havia menos "controle" sobre as "empresas particulares de segurança", serviços de mercenários, contratadas pelo Pentágono.

A Aegis foi fundada em 2002 por Tim Spicer, um ex-soldado britânico. Spicer era dono de uma outra empresa, que se chamava Sandline International, que chegou a negociar armas com Serra Leoa, na África, na década de 90, desobedecendo a um embargo de armas da ONU sobre o país.
No Iraque, a Aegis tem cerca de emprega 916 mercenários — 235 iraquianos e 450 britânicos, a maioria deles ex-militares.


Comentário:

O al-Zarqawi está a fazer batota. Recorrer a mercenários inimigos do Islão para massacrar iraquianos não vale. Ainda por cima, não tendo estes direito às setenta virgens da ordem. É um claro aproveitamento da ingenuidade de algumas empresas ocidentais. Deplorável.

sábado, dezembro 03, 2005

Do Blog «O Jumento»

" OS JUÍZES PERDERAM A CALMA...A ditadura criou os tribunais plenários onde os defensores da democracia eram agredidos em plena sala do tribunal pela polícia política, mas os juízes mantiveram a calma.O latifundiário foi condenado num tribunal plenário, o Spínola armou-se em bombista, o parlamento foi cercado, o país embebedou-se, mas os juízes souberam manter a calma.Os arguidos são esquecidos na prisão a aguardar que alguém os julgue, até que um dia ultrapassam todos os prazos da prisão preventiva e sejam libertados, para muitas vezes nem serem julgados, mas os juízes conseguem manter a calma.A economia do país afunda-se com a ausência de justiça e o arrastar por décadas nos tribunais, mas os juízes conseguem manter a calma.O juiz de instrução entra pelo parlamento para pender um perigoso deputado com todas as televisões a acompanhá-lo, e os juízes mantiveram a calma.Um funcionário das alfândegas aparece enforcado com os pés partidos e a PJ arquiva o processo considerando que houve um caso de suicídio, e os juizes mantiveram a calma.O governo retira benesses aos juízes e reduz-lhes as férias judiciais e os juízes perderam a calma.Compreende-se a reacção dos juízes, é difícil manter a calma perante tanta barbaridade!Posted at 11/26/2005 8:59:59 am by Jerico

quinta-feira, dezembro 01, 2005