Uma reportagem exibida a 6 de Março de 2005, pelo programa "60 Minutes" do canal CBS, revelou que a CIA utiliza um avião secreto para transferir supostos terroristas para países onde é praticada tortura durante interrogatórios.
O programa mostrou imagens do Boeing 737 numa pista do aeroporto de Glasgow, na Escócia. A reportagem afirma que o avião fez 600 voos, para 40 países, após os atentados de 11 de Setembro, incluindo 30 viagens para a Jordânia, 19 para o Afeganistão, 17 para o Marrocos e 16 para o Iraque. Houve também passagens no Egipto, Líbia e na base americana de Guantanamo, Cuba.
Segundo a reportagem, o avião é utilizado dentro do programa Rendition, da CIA, que inclui a transferência de suspeitos para serem interrogados noutros países. A agência não confirmou a existência deste programa.
O "60 Minutes" apresentou o depoimento de um homem que teria sido preso e torturado, identificado pelo nome de Khalid el Masri. Ele afirmou que foi preso na Macedónia, agredido por homens encapuzados, drogado e obrigado a embarcar no 737.
Depois, foi levado a Bagdad (Iraque) e Cabul (Afeganistão), e quando acordou, no chão de uma cela, os seus captores informaram-no: "Você está num país sem leis, num lugar onde ninguém sabe quem você é."
Também foram registradas viagens do 737 ao Uzbequistão, onde os métodos de interrogatório são particularmente cruéis, informou a reportagem.
O debate sobre a deslocalização do tortura parece estar ao rubro nos Estados Unidos.
A ideia dos carrascos "globalizadores" de que o "outsourcing" do tormento e o "offshoring" da atrocidade não é mais do que a flagelação internacional por outra via, é contestada pelos que reclamam o regresso às políticas públicas do flagídio para salvaguarda dos verdugos locais.
Há a tentação de apelidar os deslocalizadores de "traidores", e de impor uma medida para excluir dos contratos federais todos os algozes que utilizem para o efeito adjudicações externas dolorosas.
Os números em isolado assustam os americanos, mas não são um cataclismo. Por maior que seja a globalização, 90% da tortura nos EUA está ligada a suplícios que exigem proximidade geográfica, e nos próprios processos de martírio existem, segundo Drezner, segmentos de sofrimento e dor que exigem um tratamento de intimidade que não se compadece com a distância.
Mas, os ganhos da deslocalização são óbvios. Um estudo da economista norte-americana Catherine Jude, do Instituto for International Mortification, estima que a deslocalização teve um impacto positivo anual equivalente a 0,03% do PIB dos EUA entre 2002 e 2005. E um relatório do Humiliation Global Institute conclui que cada dólar investido na deslocalização em sofrimento gera um ganho de 12 a 14%.
2 comentários:
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