domingo, março 06, 2005

Sócrates, Arnault, Cruz e Madail



A 12 de Fevereiro de 2005 António José Seguro lembrou as responsabilidades de Sócrates na realização do Euro-2004: "Hoje, como no Euro-2004, houve um homem que lançou a semente, a semente de uma força que ninguém pode parar. Esse homem chama-se José Sócrates, futuro primeiro-ministro de Portugal", acentuou.

O Correio da Manhã de 21/05/2004 avançava com uma previsão do impacto do Euro 2004:

Apesar dos receios, a segurança não falhou no Euro 2004. Os problemas ficaram muito aquém dos esperados e a organização e segurança no Campeonato Europeu foi louvada tanto pelos portugueses como pelos visitantes. O Euro teve um efeito no país de proporção muito superior à esperada: a união nacional. Em todas as ruas do país encontrava-se pelo menos uma bandeira a enfeitar uma janela. O orgulho nacional esteve em alta, e a merchandise com a bandeira portuguesa também. Nunca se ouviu tanto cantar o hino nacional e criança que se preze andava com a fatiota da selecção.

O Euro2004 em futebol contribuiu para o «reforço da imagem de Portugal» como país «moderno e dinâmico», «capaz» de organizar grandes competições desportivas, em segurança, sublinhou o Ministro-Adjunto, José Luís Arnaut. O ministro com a tutela do Desporto fez um balanço «muito positivo» da organização do torneio, apesar das críticas dos mais «descrentes».

Na economia é que o impacto não foi tão bom como o esperado. Nas previsões apresentadas à evolução da economia portuguesa, o Banco de Portugal afirmou que o impacto do Euro2004 poderá «afectar negativamente as taxas de variação» da economia portuguesa em 2005. Os efeitos positivos do Euro foram apenas temporários.

E o dinheiro investido neste espectáculo de grande escala também não teve grande retorno. Quase seis meses depois do Euro 2004, alguns estádios onde foram investidos milhões de euros para receber a prova estão «às moscas». Dos recintos do Euro2004, só os dos «três grandes» tiveram sucesso comercial.

Numa auditoria desenvolvida pelo Tribunal de Contas junto dos estádios de Guimarães, Braga, Leiria, Coimbra, Aveiro, Loulé e Faro, ficou claro que todos custaram mais do que o orçamentado, e que as autarquias se endividaram para os próximos 20 anos. As sete autarquias que receberam jogos do Euro 2004 contraíram empréstimos bancários no valor global de 290 milhões de euros para financiar obras relacionadas com o campeonato. Na sequência destes empréstimos, as câmaras terão que pagar juros no montante de 69,1 milhões de euros, nos próximos 20 anos, refere o relatório de auditoria do Tribunal de Contas.

Vejamos, um a um, os números do desastre (em Euros):

Braga - Custo previsto: 29,9 milhões - Custo final: 90 milhões

Coimbra - Custo previsto: 14,9 milhões - Custo final: 56 milhões

Guimarães - Custo previsto: 15,9 milhões - Custo final: 38,1 milhões

Leiria - Custo previsto: 19,4 milhões - Custo final: 73,4 milhões

Aveiro - Custo previsto: 29,9 milhões - Custo final: 90 milhões

Algarve - Custo previsto: 29,9 milhões - Custo final: 66,5 milhões

Dragão - Custo previsto: 96,5 milhões - Custo final: 125 milhões

Bessa - Custo previsto: 36,2 milhões - Custo final: 66,6 milhões

Alvalade - Custo previsto: 79,7 milhões - Custo final: 80 milhões

Luz - Custo previsto: 91,6 milhões - Custo final: 118 milhões

Ou seja, um total de 800 milhões de Euros. Nunca as moscas desfrutaram de tanta comodidade para assistirem aos excelentes espectáculos de futebol que compõem os jogos dos nossos campeonatos nacionais.

A Suíça e a Áustria, vão realizar conjuntamente o Euro 2008, utilizando cada país quatro estádios, e prevêem gastar, respectivamente, 256 milhões de euros e 136 milhões de euros. Total: 392 milhões de Euros

Portugal, o mais pobre da Europa, gastou 800 milhões! Sócrates e Arnault afirmaram que o Euro 2004 contribuiu para o «reforço da imagem de Portugal» como país «moderno e dinâmico». E, com a ajuda de Carlos Cruz e Gilberto Madail, trouxeram-no para Portugal.

É esta modernidade e dinâmica que Sócrates pretende recuperar para o nosso país? Unidade nacional, bandeiras nas janelas e bancarrota?

Alguém, com convicções menos firmes na honestidade dos políticos, dos empreiteiros, da Federação Portuguesa de Futebol e da UEFA, diria que terá havido negociata da grossa. Injustamente, claro!

3 comentários:

Anónimo disse...

que diabo... tem que se pôr o sporting a gerir o próximo "euro-qualquer-coisa" ... acertaram nas contas...

Anónimo disse...

Excelente artigo. Só falha num pormenor: por uma questão de justiça, não se pode comparar o custo final do Euro 2004 como o custo previsto do Euro 2008.
O custo previsto do Euro 2004 também era "apenas" de 444 milhões de euros.

Anónimo disse...

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