quarta-feira, março 16, 2005

Holocausto

José Cutileiro na edição do Expresso nº 1683

PELA primeira vez, as Nações Unidas dedicaram uma sessão ao Holocausto. Kofi Annan disse serem os judeus as suas principais vítimas: «Toda uma civilização que tanto contribuíra para a riqueza cultural e intelectual da Europa e do mundo foi erradicada, destruída, arrasada». Palavras bem-vindas do chefe de uma organização que até há pouco considerava o sionismo uma forma de racismo. Mais vale tarde do que nunca.



O sionismo é uma forma de racismo, Cutileiro.

Teodoro (Binyamin Zeev) Herzl, o visionário do sionismo, nasceu em Budapeste em 1860. Foi educado no espírito do iluminismo germano-judeu da época, aprendendo a apreciar a cultura secular.

Herzl concluiu que o anti-semitismo era um factor estável e imutável da sociedade humana, que não fora resolvido pela assimilação. Após ponderar a respeito da idéia da soberania judaica, ele publicou o livro Der Judenstoot (O Estado judeu, 1896), no qual argumentava que a essência do problema judaico era nacional, não individual.

Declarava que os Judeus só receberiam aceitação mundial se deixassem de ser uma anomalia nacional. Os Judeus são um povo, e seu destino pode ser transformado numa força positiva pelo estabelecimento de um Estado Judeu com o consentimento das grandes potências. A questão judaica é política e internacional, pensava, e deve ser tratada como tal na arena mundial.


Porque é que uma boa parte dos judeus nunca se integrou em sociedades declaradamente seculares? O que é que os impediu? Porquê tanta resistência à assimilação? Será o anti-semitismo um reflexo do sionismo?