sexta-feira, setembro 30, 2005

Eventos sinistros numa guerra cínica

Abu Musab al-Zarqawi
Por John Pilger

Eis aqui perguntas que não estão a ser formuladas acerca das mais recentes reviravoltas de uma guerra cínica. Foram descobertos explosivos e um detonador por controle remoto no carro dos dois homens das forças especiais SAS "resgatados" da prisão em Bassorá a 19 de Setembro? Se isto é verdade, o que estavam eles planeando fazer com esse material? Por que as autoridades militares britânicas no Iraque publicaram uma versão inacreditável das circunstâncias que levaram veículos blindados a deitarem abaixo o muro de uma prisão?

De acordo com o responsável do Conselho Governante de Bassorá, que tem cooperado com os britânicos, cinco civis foram mortos por soldados britânicos. Um juiz afirmou serem nove. Quanto vale a vida de um iraquiano? Será que não haverá na Grã-Bretanha nenhuma contagem honesta deste evento sinistro, ou devemos nós simplesmente aceitar a costumeira arrogância do secretário da Defesa John Reid? "A lei iraquiana é muito clara", disse ele. "O pessoal britânico está imune aos processos legais iraquianos". Ele deixou de dizer que esta falsa imunidade foi inventada pelos ocupantes do Iraque.

Observar jornalistas "embebidos" no Iraque e em Londres, a tentarem proteger a linha britânica, era como observar uma sátira de toda a atrocidade no Iraque. Primeiro, houve choques fingidos de que a "lei" do regime iraquiano não vigorasse fora das fortificações americanas em Bagdad e de que a polícia "treinada pelos britânicos" em Bassorá pudesse estar "infiltrada". Um ultrajado Jeremy Paxman quis saber como dois dos nossos rapazes — de facto, dois estrangeiros altamente suspeitos vestidos como árabes e transportando um pequeno arsenal — podiam ser presos pela polícia numa sociedade "democrática". "Não são eles supostos estar do nosso lado", perguntou ele.

Embora relatado inicialmente pelo Times e pelo Mail, todas as menções aos explosivos alegadamente encontrados com os homens do SAS desvaneceram-se dos noticiários. Ao invés disso, as estórias eram sobre o perigo que os homens correriam se fossem entregues à milícia dirigida pelo clérigo "radical" Moqtada al-Sadr. "Radical" é um termo enxertado gratuitamente, al-Sadr tem realmente cooperado com os britânicos. O que deviam eles dizer acerca do "resgate"? Muitíssimo, mas nada disso foi relatado neste país. O seu porta-voz, Sheikh Hassan al-Zarqani, disse que os homens da SAS, disfarçados como seguidores de al-Sadr, estavam a planear um ataque a Bassorá logo após um importante festival religioso. "Quando a polícia tentou detê-los", afirmou ele, "abriram fogo sobre a polícia e transeuntes. Após uma perseguição de carro, foram presos. O que a nossa polícia encontrou no carro era muito perturbador — armas, explosivos e um detonador por controle remoto. Estas são armas de terroristas".

O episódio ilumina a mais persistente mentira da aventura anglo-americana. A "coligação" diz que não tem culpa pelo banho de sangue no Iraque — mas tem, de forma esmagadora — e que terroristas estrangeiros orquestrados pela al-Qaeda são os culpados reais. O regente da orquestra, dizem eles nesta linha, é Abu Musab al-Zarqawi, um jordaniano. O poder demoníaco de Al-Zarqaqi está no centro do "Programa estratégico de informação" montado pelo Pentágono para enquadrar a cobertura dos noticiários da ocupação. Ele foi o único êxito incondicional dos americanos. Ligue qualquer noticiário nos EUA e na Grã-Bretanha e o repórter embebido mantido dentro de uma fortaleza americana (ou britânica) repetirá afirmações não comprovadas acerca de al-Zarqawi.

O resultado deixa duas impressões: de que o direito dos iraquianos a resistirem a uma invasão ilegal — um direito inscrito na lei internacional — foi usurpado e deslegitimado por duros terroristas estrangeiros, e que uma guerra civil está em andamento entre os xiitas e os sunitas. Um membro da Assembleia Nacional Iraquiana, Fatah al-Sheikh afirmou esta semana: "Há uma enorme campanha dos agentes dos ocupantes estrangeiros para entrarem e instilarem ódio entre os filhos do povo iraquiano e espalharem rumores a fim de uns intimidarem os outros... Os ocupantes estão tentando iniciar incitações inter-religiosas e, se isto não acontecer, eles então iniciarão uma incitação entre os xiitas.

O objectivo anglo-americano do "federalismo" para o Iraque é parte de uma estratégia imperial de provocar divisões num país onde as comunidades tradicionalmente tem-se sobreposto, e mesmo casado entre si. A promoção de al-Zarqawi, assim como a de Osama, faz parte disto. Tal como o Pimpinela Escarlate, ele está em toda a parte mas em parte alguma. Quando os americanos esmagaram a cidade de Faluja no ano passado, a justificação para o seu comportamento atroz foi "agarrar aqueles sujeitos leais a al-Zarqawi". Mas as autoridades civis e religiosas negaram que ele alguma vez tivesse estado ali ou tivesse qualquer coisa a ver com a resistência.

"Ele é simplesmente uma invenção", disse o Imam da mesquita de Bagdad, al-Kazimeya. "Al-Zarqawi foi morto no princípio da guerra no norte do Curdistão. A sua família chegou a organizar uma cerimonia após a sua morte". Seja isto verdadeiro ou não, a "invasão estrangeira" de al-Zarqawi serve como o último véu de Bush e Blair na sua "guerra ao terror" e cambaleante tentativa de controlar a segunda maior fonte de petróleo do mundo.

Em 23 de Setembro, o Centre for Strategic and International Studies, em Washington, um organismo estabelecido, publicou um relatório que acusou os EUA de "alimentarem o mito" dos combatentes estrangeiros no Iraque, os quais representam menos de 10 por cento de uma resistência estimada em 30 mil homens. Dos oito estudos abrangentes quanto ao número de civis iraquianos mortos pela "coligação", quatro estabelecem o número em mais de 100 mil. Até o exército britânico ser retirado de onde não tem o direito de estar, e aqueles responsáveis por este monumental acto de terrorismo serem acusados pelo Tribunal Criminal Internacional, a Grã-Bretanha estará coberta de vergonha.


Comentário:

Pelo menos 85 pessoas morreram e 110 ficaram feridas, esta quinta-feira, num triplo atentado com viaturas armadilhadas em Balad, cidade maioritariamente xiita a norte de Bagdad.

Os três atentados suicidas ocorreram ao fim da tarde, quase em simultâneo, atingindo um banco, um mercado de frutas e um bairro na baixa de Balad, cidade a 80 quilómetros da capital, disseram testemunhas.

A "Al-Qaeda" já reinvidicou os atentados...

quinta-feira, setembro 29, 2005

Andar um século para trás...


Daniel Oliveira - Expresso - 24.09.2005

TRÊS lições das eleições alemãs.

Que a social-democracia e a aliança entre neoliberais e conservadores não surgem, aos olhos dos eleitores, como alternativas. Os sociais-democratas europeus estão numa encruzilhada. Não reformam a segurança social, o que a destruiria. Não aceitam o imposto não progressivo, o que acabaria com o papel redistributivo do Estado. Não estão seguros quanto à privatização da saúde e da educação. Mas recusam-se a compreender que a desregulação dos mercados internacionais os leva a fazer uma escolha: ou reformam o Estado Social ou reformam o capitalismo. Infelizmente, preferem estar condenados à defesa pouco convicta de um forte sitiado. Nisto, estão muito próximos do comunismo ortodoxo.

Que os choques ultraliberais da direita europeia não convencem os europeus. Estes sabem onde acaba o argumento da competitividade internacional: viverem como indianos, pensarem como japoneses, sofrerem como eslavos. Com tanta prosperidade, ninguém consegue explicar a um europeu que catástrofe natural se deu para que tenha de andar um século para trás.

Que quanto mais a social-democracia se agacha, mais cresce, atrás dela, uma esquerda que junta ex-comunistas, ex-esquerdistas e sociais-democratas radicais. Aconteceu em França, em Portugal, em Itália, no Reino Unido e, agora, na Alemanha. É sobre as ruínas de uma social-democracia temerosa e de um comunismo cego que a esquerda se está a reagrupar. Folclórica, dizem. Pode ser. Mas, mesmo assim, é bom que reescrevam muitos editoriais.



Comentário:

Que exagero meu caro Daniel! Um século para trás? Quando muito, sessenta anos. Na pior das hipóteses, oitenta e dois. Agora, um século?

Tudo isto é fruto do esquerdismo cego (loonies liberals for americans) que lhe fervilha na cabeça. Tente pensar por si. Não vá atrás do que diz o Eng.º Sócrates, não se deixe hipnotizar por Jorge Coelho, não se fascine com Vitorino, e sobretudo, não se seduza com Fernando Serrasqueiro (Secretário Nacional Adjunto do PS).

Come on Daniel! don't be silly.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Economias fervilhantes



Expresso - 24.09.2005

Parte de um artigo do «inenarrável» João Carlos Espada


O prof. Adriano Moreira sublinhou a importância da dignificação da carreira militar, quer no plano simbólico quer no material. E a verdade é que a tendência dominante nas democracias europeias, com a parcial excepção da Inglaterra, não tem sido essa. O eleitoralismo e o igualitarismo levaram sucessivos governos europeus a cortar nos orçamentos militares. Sabemos que isso conduziu a Europa à quase irrelevância militar, confortavelmente protegida pelo sentido de responsabilidade dos EUA.

Um problema europeu: O motivo dos sucessivos cortes nos orçamentos das Forças Armadas europeias não é o controlo da despesa pública. Esta vem aumentando quase ininterruptamente desde, pelo menos, a II Guerra. O verdadeiro motivo é que é mais fácil cortar nas Forças Armadas, que representam um eleitorado diminuto, para depois esbanjar em gigantescos aparelhos burocráticos que geram muito mais votos. Os casos dos sistemas nacionais de saúde e de ensino, a par da administração pública central e local, são os mais gritantes.

Seria caso para dizer que um eleitorado adulto não devia aceitar este negócio.

Alemães envelhecidos: Mas o termo «eleitorado adulto» tem de ser qualificado na Europa. Nas recentes eleições alemãs, o eleitorado revelou-se mais do que adulto: revelou-se envelhecido.

Uma impressionante reportagem da CNN à boca das urnas mostrava eleitores cansados, condenando os lucros das grandes empresas e regateando mais «apoios do Estado aos cidadãos». Era um espectáculo curioso de dissonância cognitiva. Enquanto a América e o Oriente fervilham de iniciativa económica, os alemães imaginam que o mundo vai ficar parado à espera deles. Não vai.



Comentário:

Defendo, tal como João Carlos Espada, que não se deve cortar nas Forças Armadas, para depois esbanjar em sistemas nacionais de saúde e de ensino.

Ponham os olhos no sistema americano que «fervilha de iniciativa económica»:

O número de americanos sem seguro de saúde é de cerca de 50 milhões de pessoas, que representam 16% da população.

Em 2003, 27 milhões de trabalhadores não estavam segurados porque nem todas as empresas oferecem seguro de saúde, nem todos os trabalhadores têm direito ao seguro e muitos outros não podem pagar o prémio do seguro.

O número de crianças sem seguro de saúde era, em 2003, 8,4 milhões. Nos jovens adultos (entre os 18 e os 24 anos), a percentagem atingia os 30,2%

Em compensação, o orçamento da Defesa para 2006 é de 442 mil milhões de dólares.

Que importância tem o facto de uma boa parte da população adoecer sem qualquer apoio, quando as forças armadas fervilham de saúde? Não devemos ser mesquinhos nestas coisas.

Com esta política, esta administração americana demonstra que prefere tratar da saúde a cidadãos estrangeiros (de preferência árabes), a cuidar dos nacionais. São opções. Há que respeitá-las.

terça-feira, setembro 27, 2005

Três compinchas e dois milhões e 384 mil contos




Público - 23/9/2005 - José António Cerejo

O Governo de António Guterres pagou, em 2001, uma indemnização de quase 12 milhões de euros à multinacional Eurominas, depois de a empresa ter passado a ser representada, nas negociações destinadas a pôr fim ao litígio que a opunha o Estado, pelo dirigente socialista José Lamego e outros advogados do escritório criado por ele próprio, por António Vitorino e pelo actual ministro da Justiça, Alberto Costa, após a saída dos três do Executivo em finais de 1997.



A indemnização em causa tinha sido expressamente recusada por Cavaco Silva em 1995 e era reivindicada pela Eurominas devido ao facto de o Governo do PSD ter decretado a devolução ao Estado, sem qualquer compensação, dos 86 hectares do estuário do Sado que tinham sido cedidos à empresa em 1973 para aí instalar uma fábrica entretanto encerrada.


Mesmo António Guterres sustentou depois em tribunal, durante anos, que a reivindicação da Eurominas não tinha qualquer fundamento legal. Todavia, logo a seguir à sua tomada de posse como ministro da Defesa e da Presidência no primeiro Executivo Guterres, ainda em 1995, António Vitorino desencadeou um longo processo de negociações, a pedido da Eurominas, que envolveu também, em nome do Governo, o então secretário de Estado da Cooperação José Lamego, e acabou por conduzir ao acordo indemnizatório de 2001.

O valor estabelecido nesse acordo, dois milhões e 384 mil contos (quase 12 milhões de euros), mais do que duplicou o montante de um milhão e 143 mil contos proposto por todos os técnicos representantes do Estado num grupo de trabalho nomeado para determinar a indemnização a pagar depois de Vitalino Canas, à época secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, ter formalmente aceite, em 1998, o princípio de que a Eurominas tinha direito a ser indemnizada.

O processo negocial iniciado por António Vitorino passou para as mãos de Vitalino Canas no final de 1997, após a demissão do ministro da Defesa e da Presidência, e foi depois herdado pelo secretário de Estado da Administração Portuária, Narciso Miranda, e pelo seu sucessor na pasta, José Junqueiro, que haveria de celebrar o acordo final com empresa em meados de 2001.

Representada inicialmente nos contactos com o Governo pelo seu advogado e administrador delegado Bernardo Alegria, a Eurominas passou a ser representada pelo advogado José Lamego, amigo de longa data daquele administrador, quando o secretário de Estado da Cooperação deixou o Governo, juntamente com António Vitorino e Alberto Costa.

Ao longo de quase dois anos, entre 1998 e finais de 1999, José Lamego, que foi eleito deputado nas eleições de Outubro desse ano, passou a enfrentar à mesa das negociações, em nome da Eurominas, os quatro representantes do Estado que com ele discutiram o valor da indemnização a pagar à empresa. O acordo não foi obtido nessa altura, mas acabou por sê-lo um ano e meio depois, em Maio de 2001, numa base idêntica à negociada com José Lamego, pelo seu irmão António Lamego, igualmente sócio do escritório de advogados de Alberto Costa, José Lamego, Rui Afonso e Associados [António Vitorino tinha saído meses antes para a Comissão Europeia].



Comentário:

A política tem destas coisas. Umas vezes ganha-se, outras vezes aproveita-se, outras vezes beneficia-se e, outras vezes ainda, lucra-se. Depende da ocasião. E a ocasião faz o político.

Gostaria também de colocar uma questão ao ex-comissário Vitorino, especialista nestas matérias: será que certas formas de defraudar o Estado cabem dentro da definição de terrorismo?

domingo, setembro 25, 2005

A justiça é cega ou paralítica?


Expresso – edição 1717

EM 2003, quando foi constituída arguida, Fátima Felgueiras garantiu ao Tribunal que não iria fugir à Justiça e até considerava injurioso alguém pensar que era capaz de usar o seu passaporte brasileiro. Isto mesmo foi lembrado esta semana pelo Ministério Público à juíza Ana Gabriel, durante o interrogatório que esta fez a Fátima Felgueiras. O Ministério Público informou que, no seu primeiro interrogatório a Felgueiras, esta disse que a simples ideia de que podia fugir para o estrangeiro tinha «carácter quase injurioso».

A JUÍZA do Tribunal Judicial de Felgueiras, Ana Gabriel, revogou a ordem de prisão preventiva de Fátima Felgueiras valorizando o facto da ex-autarca ter regressado a Portugal. Para a magistrada, o regresso de Felgueiras constituiu uma «aproximação» e o «mais recente sinal de acatamento da Justiça», segundo argumentou no seu despacho.

O Ministério Público (MP) - representado pela procuradora Adriana Faria - opôs-se, porém, argumentando que o perigo de fuga permanecia, «sendo a posição da arguida muito mais gravosa» agora, por via da «acusação e pronúncia que lhe imputa qualquer coisa como vinte e três crimes, passíveis de punição com uma pena máxima de 25 anos de prisão». O MP recordou também que Fátima Felgueiras, já quando foi ouvida pela primeira vez como arguida em 2003, jurara que não fugiria. Nas suas alegações - documento a que o EXPRESSO teve acesso - o MP frisou: «A sua total colaboração e disponibilidade (...) não é nova e sempre demonstrou nos autos, desde o seu primeiro interrogatório judicial, onde inclusivamente referiu e, saliente-se uma vez mais, que só de se poder pensar em eventual perigo de fuga para o estrangeiro, em virtude do local do seu nascimento (Brasil), poderia considerar-se como contendo foros de carácter quase injurioso».

O procurador-geral da República, Souto de Moura, anunciou entretanto que o MP tenciona recorrer. Artur Marques afirmou, porém, ao EXPRESSO que a decisão «é irrecorrível, porquanto a lei só permite o recurso da aplicação da prisão preventiva e não da sua revogação».



Comentário:

O sector da justiça ameaça, agora, paralisar em protesto contra algumas decisões do Governo. Mas a justiça não estava já, desde há muito, paralisada?

sábado, setembro 24, 2005

Soares um bom Presidente? Assim parece, a fazer fé nas palavras de Pacheco Pereira



Pacheco Pereira no blog Abrupto e no Público de 28-7-2005:

...ainda mais o motiva (Mários Soares) poder pôr na ordem o PS e encaminha-lo para uma esquerda mais radical, “social” no sentido anti-capitalista, anti-globalizadora, anti-americana e gaullista-europeista extremada, que é o núcleo duro do seu pensamento actual. Ironicamente, para quem meteu o socialismo na “gaveta”, o seu pensamento económico, ou melhor, a sua ideologia económica, é hoje claramente anti-capitalista e o apoio que dá aos movimentos anti-globalização, simbolizados no fórum de Porto Alegre, e que representam hoje o “socialismo terceiro-mundista” que combateu no passado, tem poucas nuances. Soares é hostil às políticas de liberalização da OMC, combateria aquilo a que chama “capitalismo selvagem” e a “dominação” do globo pelo “pensamento único”, pelo “neo-liberalismo”, ou seja, a mundialização da economia de mercado que o fim do “socialismo real” permitiu.

Soares apoiaria um eixo Paris-Berlim-Moscovo e deseja uma Europa federada, uns Estados Unidos da Europa mesmo que sem este nome, uma Europa que se dotasse dos meios de defesa e intervenção que lhe dessem capacidade para se medir com a super potência americana. O seu ideal seria uma Europa armada que substituiria o lugar da URSS como a outra super potência, e com uma política externa essencialmente de contenção anti-americana. Faria tudo para combater o “império”, ou seja os EUA, e para o isolar e condenar sob todas as formas nas instituições internacionais, apoiaria a retirada imediata ou quase das tropas da coligação e da NATO do Afeganistão e no Iraque. Por aí adiante.

Ora, quem tem este programa em Portugal é o Bloco de Esquerda e não o PS e se isso não soa o alarme no governo, é porque perderam qualquer capacidade analítica e não têm ouvido e lido Mário Soares nos últimos anos.



Comentário:

Quem diria que Soares, com ar de quem não faz mal a uma mosca, era um anti-democrata desta envergadura?

quinta-feira, setembro 22, 2005

Um exército que já não faz seeeentido nenhum!


Parte de um artigo de Saldanha Sanches no Expresso, edição 1716, com o qual concordo na totalidade.

A união sagrada dos militares

(...)

Mas se há comportamento que desafia explicação é o dos militares. Com sargentos e oficiais na praça pública numa espécie de união sagrada contra a redução da despesa pública.

Vamos falar claro: eles deviam ter percebido já que a sua principal diferença em relação aos demais funcionários públicos (dos quais falam com indisfarçável desprezo) é a sua completa inutilidade.

Existem porque existem, por tradição e por inércia.

A única coisa que o país espera deles é que vão arranjando umas centenas de homens para missões na Bósnia ou em Timor.

(...)

Tirando essas excursões periódicas, o que resta são alguns milhares de sargentos, coronéis e generais que desde o fim da guerra colonial têm tido um interessante comportamento estratégico: como conseguir o máximo rendimento com o mínimo esforço.

O conceito estratégico de defesa nacional tem tido um sem-número de expressões: pensões de valor militar acumuláveis com o vencimento, reconstituição das carreiras prejudicadas com o 25 de Abril, redução da idade de passagem à reserva e à reforma e outras prebendas.

Uma defesa intransigente não diremos da pátria (contra quem?), mas da barriga.

O irracionalismo do comportamento militar é que, com a sua insurreição disfarçada de defesa de direitos fundamentais como a liberdade de manifestação, estão a dar uma esplêndida oportunidade ao Governo.

(...)

Mas na tropa, o que faz parar o Governo? Se os chefes militares nem conseguem deter a indisciplina, para que servem as Forças Armadas?

Se Portugal for atacado (hipótese académica) só começam a combater depois de negociar um novo contrato colectivo de trabalho? Mas se está comprovado que no modelo actual não servem para nada, por que não começar a pensar como se podem gastar aqueles milhões de euros (ou já agora menos) de forma mais útil para o país?

O que é que poderia fazer o sector da Defesa, inteiramente reorganizado e reestruturado para a defesa das nossas riquezas marítimas (sem fragas nem submarinos), para a tutela do território e defesa da floresta (sem quartéis nas cidades) ou mesmo para a investigação científica ligada às indústrias da defesa e às novas formas da guerra?

Por que não mandar aquela gente para casa (eles só vão deixar de se manifestar quando se convencerem que o emprego está em risco), reduzir as despesas de funcionamento e começar a estudar o novo modelo de Forças Armadas. Com menos sargentos e muito menos generais.

Não porque a crise das Forças Armadas seja um exclusivo das Forças Armadas. Se elas deixam de ter disciplina é porque já não são Forças Armadas. A sua dissolução como corpo funcional é um dos principais sintomas de que alguma coisa chegou ao fim.

Os velhos modelos estão esgotados.

Temos sempre a possibilidade de procurar alguma coisa nova ou deixar que tudo se vá arrastando sem mudar nada. Mesmo que isso seja uma espécie de afundamento colectivo.

quarta-feira, setembro 21, 2005

O Katrina, o Fema, o Superdome e os Afro-Americanos



E, finalmente, quando decidiram tirar as pessoas, já moribundas, do Superdome, o FEMA (Agência Federal para o Tratamento de Emergências) esteve, como habitualmente, à altura da situação:

Quando a burocracia do FEMA travou a evacuação de doentes do aeroporto, médicos frustrados da Acadian (empresa de cuidados médicos) esperavam com helicópteros vazios.

A empresa enviou médicos e enfermeiras para o aeroporto, enquanto doentes estavam a morrer e tratamentos médicos eram desesperadamente necessários. O FEMA rejeitou a ajuda porque os médicos e os enfermeiras não eram membros certificados do «National Disaster Medical Team».

Quando tentaram apressar a evacuação de centenas de doentes no aeroporto de Nova Orleães, os médicos não eram aprovados pelo FEMA enquanto não obtivessem a aprovação dos seus supervisores em Baton Rouge.

“A certa altura eu tinha dez helicópteros no solo prontos para partir,” disse Marc Creswell, um médico da Acadian, “mas o FEMA continuou a travar-nos com papelada. Entretanto, a cada 30 ou 40 minutos uma pessoa morria.”

Creswell afirmou ter levado mais de uma dúzia de médicos e enfermeiras para ajudar no aeroporto. “Quando os médicos perguntaram porque é que não podiam ajudar aquelas pessoas em estado tão crítico, ali estendidos, sem assistência,“ Creswell lembrou, “o pessoal do FEMA continuava a dizer, você não está federado”.


Comentário:

A nossa administração pública faz-me lembrar o FEMA. Apenas, menos eficaz, menos enérgica, menos profícua e igualmente mortífera.

Em compensação os nossos médicos estão, quase todos, federados. Benza-os Deus.

terça-feira, setembro 20, 2005

Katrina - A Fox News no Superdome












As reportagens de Shepard Smith e de Geraldo Rivera da Fox News a não perder no vídeo de Horror Show do Blog Crooks and Liers.

Vejam e ouçam estas reportagens com atenção, e depois digam qualquer coisa.


Comentários:

Não são necessários. Está tudo dito!

domingo, setembro 18, 2005

Afinal não foi Deus, foi Cheney


Ocorreram numerosos incidentes durante, e imediatamente a seguir à passagem do furacão Katrina que fazem supor o inimaginável. Ao que parece, foi implementado um sofisticado plano que utilizou a passagem de um furacão para primeiro destruir e depois tomar posse da cidade de Nova Orleães.

À medida que o mundo observava os acontecimentos, não se podia deixar de pensar que algo de terrível estava em acção respeitante ao resgate pelo FEMA (Agência Federal para o Tratamento de Emergências) da população pobre e predominantemente negra.
Parece que um plano bem elaborado estava em marcha com o objectivo da apropriação de bens imobiliários pertencentes a famílias negras pobres de Nova Orleães.


Entre as mais faladas anomalias está o tiroteio que ocorreu próximo de um dique rebentado, entre a polícia de Nova Orleães e agentes militares, dos quais cinco morreram.

Um artigo da Associated Press reportou um tiroteio entre a polícia de Nova Orleães e indivíduos contratados pelo exército do Estados Unidos próximo do dique rebentado ao longo do 17º Street Canal. A notícia original anunciava que a polícia de Nova Orleães tinha disparado e morto cinco indivíduos contratados pelo exército americano num tiroteio. A notícia original da Associated Press foi confirmada por um porta voz do corpo de engenheiros do exército.

Quem eram estes “agentes militares” que foram mortos pela polícia e o que é que estavam a fazer lá? Porque é que a polícia se viu na necessidade de disparar e matar cinco ou seis deles? Seriam homens das forças especiais do exército com ordens secretas para sabotar o dique?

Há informações credíveis que apontam para o desaparecimento de pelo menos cem polícias de Nova Orleães e que dois se teriam suicidado. Terão estes polícias morrido a defender o dique contra a sabotagem destes agentes militares?

Outro incidente que aponta para a existência de um plano abominável foram as palavras do Mayor de Nova Orleães, Ray Nagin, no meio da crise: “Receio que a CIA me leve!”. O mayor Nagin disse isto duas vezes.

Ele afirmou a um repórter da Associated Press: “se não me virem para a semana já sabem o que se passou”. Mais tarde afirmou à CNN numa reportagem em directo que receava que a CIA o suprimisse. O que é que o Mayor Ray Nagin sabe e porque tem ele medo da CIA?

Numa entrevista à cadeia de televisão WWL, Nagin queixou-se que os helicópteros da Guarda Nacional estavam a ser impedidos de lançar sacos de areia para parar a corrente do dique rebentado. Há provas de que nenhumas reparações no dique foram permitidas até que Nova Orleães ficasse totalmente inundada.

Muitos grupos civis que estavam a tentar ajudar pessoas encurraladas nos seus sótãos, nos seus telhados e no Superdome disseram ter sido impedidos de o fazer pelo FEMA e por agentes federais e militares. Grupos de camiões que carregavam comida e água foram bloqueados por agentes governamentais.

Igrejas, hospitais e grupos comunitários afirmaram que a primeira coisa que os militares fizeram, quando chegaram, foi cortar as linhas de telefone e confiscar aparelhos de comunicações.

Existem também as afirmações do especialista em informações, Tom Heneghen, de que 25 testemunhas ouviram explosões imediatamente antes dos diques rebentarem.


Hoje, é muito revelador a forma como o governo federal está a lidou com o desastre. Querem todos os negros fora de Nova Orleães e aqueles que insistirem em ficar serão removidos à força.

O governo utilizou tácticas de medo para limpar nova Orleães de todos os negros. Não querem testemunhas na apropriação forçada das suas propriedades. Uma das tácticas foi afirmar que a água das inundações era “uma horrível sopa de fezes e carne apodrecida dos cadáveres.

Cheney e os seus amigos da Halliburton estão já preparados para a lucrativos contratos da reconstrução de Nova Orleães. Acordos já estão a ser negociados com um grupo empresarial de Las Vegas para a construção de casinos nos terrenos que pertenciam aos negros.

As famílias negras de Nova Orleães não têm seguros e não têm dinheiro para reconstruir as suas casas. Muito provavelmente, as suas propriedades serão confiscadas pela falta de pagamento dos impostos.



Comentário:



Cheney volta a estar ao seu nível. Admirável!

sexta-feira, setembro 16, 2005

Graças a Deus!


Um governo em oração. Não de joelhos, mas de pé. Prostrados não, mas extremamente agradecidos... por não viverem em New Orleans, por não serem pretos (enfim, a Condoleeza...)... por serem eles "os escolhidos" para governar o Mundo. Os eleitos pelo poder divino. Bush, Cheney & Co., acreditam mesmo nisso, acreditam que têm uma missão divina para cumprir aqui na Terra. Só por isso insistem tanto em nos foder o juízo.

Sharon, de besta a bestial, apenas com um discurso




Na Globo Online - 16 de Setembro de 2005

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, num discurso proferido na cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU), pôs a política israelita de pernas para o ar e gerou ataques da direita e elogios da esquerda esta sexta-feira, após reconhecer o direito dos palestinianos a possuírem um Estado independente.

O discurso de Sharon na Assembleia Geral da ONU, proferido na quinta-feira e no qual defendeu que fossem feitas concessões para "pôr fim a este conflito sangrento", revelou-se mais conciliatório do que muitos esperavam. O premier é visto tradicionalmente como um intransigente político linha-dura.

Sharon repetiu a sua declaração de que cabe aos palestinianos mostrar que desejam a paz investindo contra os grupos extremistas depois da retirada israelita da Faixa de Gaza, concluída no começo desta semana após 38 anos de ocupação.

"O homem que, nas últimas quatro décadas, intimidou, ameaçou, torpedeou, postergou, apontou o dedo em riste e fez retumbar sua voz, reiniciou o relógio ontem e redefiniu-se", escreveu Ben Caspit, um colunista do diário israelita "Maariv".



Comentário:

É com lágrimas nos olhos que assisto a este discurso de paz, de fraternidade e de harmonia, vindo de um homem alvo de vários processos judiciais por, entre outras coisas, o massacre de Kibya que provocou 80 mortos (metade deles mulheres e crianças) e ainda os célebres massacres de Sabra e Chatilla que provocaram 1982 vítimas.

Temo, no entanto, que um atentado perpetrado pelo Hamas ou por outro grupo semelhante, venha a pôr em causa o direito dos palestinianos a possuírem um Estado independente – como lucidamente afirmou Sharon.

E o caso complica-se ainda mais se o Hamas for uma criação da Mossad como afirma Hassane Zerouky:

"O Hamas construiu o seu poder através dos vários actos de sabotagem ao processo de paz, numa forma compatível com os interesses do governo Israelita. Por seu lado, este último procurou, de várias formas, evitar a aplicação dos acordos de Oslo. Por outras palavras, o Hamas estava a cumprir as funções para as quais tinha sido originalmente criado: evitar a criação do Estado Palestiniano. E, a este respeito, o Hamas e Ariel Sharon, estão de acordo; estão exactamente no mesmo comprimento de onda."

quarta-feira, setembro 14, 2005

Era preferível uma guerra civil


Globo Online - 14/09/2005

Um atentado suicida junto de uma multidão de trabalhadores xiitas matou 114 pessoas no Iraque e feriu mais de 156, no mais sangrento de uma série de atentados que sacudiu o país nesta terça-feira. A Al-Qaeda no Iraque assumiu a onda de actos violentos, anunciando uma campanha de retaliação à ofensiva americana na cidade de Tal Afar, um reduto de insurgentes no Norte do país, próximo da fronteira com a Síria. Pelo menos três outros carros-bomba explodiram em Bagdad. Durante a madrugada, 17 pessoas foram arrastadas de suas casas na cidade de Taji, subúrbio da capital, e mortas a tiros. Patrulhas das forças de segurança também foram atacadas. Ao todo, mais de 150 pessoas morreram nos atentados.

O maior atentado do dia - e também um dos mais letais desde o início da guerra - teve um traço profundo de crueldade. O suicida atraiu operários da construção civil para junto da sua carrinha, com promessas de trabalho. Quando estava uma multidão em torno do carro, detonou os explosivos: 220 quilos deles. O número de mortos é pouco inferior ao ataque mais mortal da guerra, o atentado suicida com carro-bomba que matou 125 pessoas em Hilla, ao sul de Bagdad, em Fevereiro deste ano.

A grande explosão desta quarta-feira foi no distrito de Kadhimiya, de maioria xiita, traumatizado pela morte de mil pessoas, no mês passado, num tumulto deflagrado numa cerimónia religiosa por um boato de um atentado suicida iminente.

- Reunimo-nos e, de repente, o carro explodiu e transformou o lugar em fogo, poeira e escuridão - disse Hadi, um dos trabalhadores que sobreviveram ao ataque, ocorrido logo após o amanhecer.

- Não há partidos políticos aqui, não há polícias. Isto alvejou civis. Porquê mulheres e crianças? - esbracejava o iraquiano Mohammed Jabbar, na cena da carnificina, enquanto pessoas em torno dele gritavam: "Porquê, porquê?"

Outro carro-bomba dirigido por um suicida explodiu no Norte de Bagdad, matando 11 pessoas que estavam numa fila para abastecer botijas de gás. Em Taji, subúrbio da capital, homens armados cercaram as suas vítimas a meio da noite. Todas as 17 pessoas levaram tiros na cabeça. Eram parentes, membros de uma mesma tribo xiita.

A polícia disse que uma das outras explosões ocorreu perto de escritórios de clérigos xiitas, matando cinco pessoas. Um ataque a um comboio da polícia matou três policiais e três civis.

A Al-Qaeda no Iraque disse que estava empreendendo uma campanha de atentados suicidas para vingar a ofensiva militar contra a cidade rebelde de Tal Afar. Um comunicado divulgado num site islâmico frequentemente usado pelo grupo liderado pelo jordano Abu Musab al-Zarqawi, cabeça a rede terrorista no país, não menciona um ataque específico e deu a entender que a série de atentados era apenas o início. "Gostaríamos de dar os parabéns à nação muçulmana e informar que a batalha para vingar os sunitas de Tal Afar começou", avisa a mensagem.

Al Zarqawi é acusado pelo Exército americano e pelas autoridades iraquianas de tentar provocar uma guerra civil no Iraque.



Neste site Nick Possum dá-nos um retrato de Al Zarqawi:

Há muito tempo atrás existiu um verdadeiro al-Zarqawi. Ninguém sabe exactamente o que é que realmente lhe aconteceu, mas em determinada altura antes da invasão do Iraque ele desapareceu do mundo real e entrou no mundo pantanoso das operações secretas (black operations) tornando-se um símbolo do mal e o rei do disfarce. Hoje em dia esconde-se no complexo da CIA em Langley na Virgínia, numa cave da zona verde em Bagdade, num escritório no Kuwait... ou talvez simultaneamente em todas elas.



Comentário:

Sunitas e Xiitas deviam reunir-se e agendar uma guerra civil a sério. Envolvendo curdos e tudo. Tenho a certeza que o número de vítimas iraquianas reduzir-se-ia drasticamente de um dia para o outro.

Se deixam as coisas nas mãos de Al “Langley” Zarqawi, a carnificina só tenderá a piorar. É certo e sabido!

terça-feira, setembro 13, 2005

Vitorino lamenta atraso de medidas anti-terrorismo



PortugalDiário – 14/7/2005


Vitorino lamenta atraso de medidas anti-terrorismo

«Nesta luta anti-terrorista não pode haver pausas nem demoras», diz ex-comissário europeu. O ex-comissário europeu da Justiça e Assuntos Internos António Vitorino lamentou hoje o atraso na adopção de medidas europeias de combate ao terrorismo, salientando que este fenómeno constitui «a maior ameaça às liberdades fundamentais dos cidadãos europeus».

«A negociação foi lenta e demorada. E, infelizmente, nesta luta anti-terrorista não pode haver pausas nem demoras. Espero que ao menos da barbárie a que assistimos em Londres saia um impulso decisivo para que essas medidas sejam adoptadas», disse Vitorino, no final de uma audiência em Belém com o Presidente da República, Jorge Sampaio.

O ex-comissário e deputado do PS considerou ainda que as liberdades fundamentais dos europeus são postas em causa mais pelo terrorismo do que pelas medidas adoptadas para o combater.

«São medidas que não visam pôr em causa liberdades fundamentais. É bom que tenhamos a noção que o terrorismo é a maior ameaça às liberdades fundamentais dos cidadãos europeus e que as medidas que foram discutidas visam prevenir o terrorismo e reforçar a cooperação entre os Estados-membros na detecção preventiva da acção de redes terroristas», sustentou.

Como «medidas prioritárias e urgentes», António Vitorino defendeu a «troca de informações entre forças de segurança» ou a «possibilidade de identificar as comunicações para efeitos de investigação».

Depois dos atentados terroristas de Londres, os 25 devem ainda, no entender de António Vitorino, «demonstrar o valor acrescentado que a União tem para garantir a segurança dos cidadãos face à ameaça terrorista».

Sampaio ouviu, entre outros, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, o ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de Sousa e o antigo eurodeputado José Pacheco Pereira, bem como constitucionalistas, diplomatas, especialistas em questões internacionais e ex-secretários de Estado dos Assuntos Europeus.



Comentário:

Um paradoxo, este Vitorino: por fora, tão seboso, tão luzidio, tão untuoso, tão melífluo. E, no entanto, por dentro, tão embusteiro, tão falaz, tão hipócrita e tão fingido. Realmente quem vê almas não vê corações (na RTP1 às segundas-feiras).

E que bem acompanhado que ele esteve. Com José Manuel Durão Barroso, Marcelo Rebelo de Sousa e José Pacheco Pereira. Uma equipa pífia para os maldizentes mas um autêntico «dream team», nas sábias palavras de Blair.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Armas nucleares contra terroristas



Correio da Manhã 12-9-2005

EUA: nova doutrina nuclear reflecte preocupações pós-11 de Setembro

O Pentágono está a estudar a hipótese de recorrer a ataques nucleares preventivos contra estados ou grupos terroristas que possuam armas de destruição maciça, revelou ontem o jornal ‘Washington Times’. A medida insere-se na revisão da doutrina nuclear norte-americana e reflecte as novas preocupações do pós-11 de Setembro

De acordo com o jornal, o documento, intitulado ‘Doutrina para Operações Nucleares Conjuntas’, está desde Março último a circular entre as altas chefias militares norte-americanas e inclui uma referência específica à possibilidade de usar armas nucleares contra grupos terroristas ou estados hostis para os impedir de utilizarem armas de destruição maciça contra os Estados Unidos ou os seus aliados.

Agora, depois do 11 de Setembro ter introduzido uma nova e preocupante realidade, com o advento do terrorismo global e a consolidação da al-Qaeda como uma das principais ameaças à segurança dos EUA e do mundo, o Pentágono tenta encontrar maneira de responder às novas ameaças.

Um dos pontos mais controversos da política em estudo é a possibilidade de o ataque nuclear preventivo poder ser dirigido contra os países acusados de apoiarem o grupo terrorista visado. “A situação é particularmente delicada no que diz respeito a grupos não-governamentais (organizações terroristas) que tentem ter acesso a armas de destruição maciça. Neste caso, a capacidade de dissuasão tanto pode ser dirigida contra os terroristas como contra os estados que os apoiam”, refere o documento.



Mas segundo Chossudovsky, a denominada “guerra ao terrorismo” é uma fabricação completa baseada na ilusão de que um homem, Osama bin Laden, conseguiu ludibriar o aparelho de informações norte-americano que possui um orçamento de 30 mil milhões de dólares.

A “guerra ao terrorismo”é uma guerra de conquista. A globalização é a marcha final para a “Nova Ordem Mundial”, dominada por Wall Street e pelo complexo militar-industrial americano.

O 11 de Setembro de 2001 foi o momento que a administração Bush aguardava, a denominada “crise útil” que forneceu um pretexto para empreender uma guerra sem fronteiras.

A estratégia americana consiste em estender as fronteiras do Império Americano de modo a facultar o controlo completo por parte das grandes corporações americanas, enquanto instala na América as instituições de um estado securitário.

Chossudovsky revela um enorme embuste – Uma complexa teia de logros com o objectivo de defraudar o povo americano e o resto do mundo no sentido de aceitarem uma solução militar que ameaça o futuro da humanidade.

Milhões de pessoas têm sido enganadas em relação às causas e consequências do 11 de Setembro. Quando pessoas nos Estados Unidos e no Mundo descobrirem que a Al-Qaeda não é um inimigo externo mas uma criação da política externa norte-americana e da CIA, a legitimidade da guerra desmoronar-se-á como um castelo de cartas.

Através do país, a imagem de um “inimigo externo”, é instilado na consciência dos americanos. A Al-Qaeda está a ameaçar a América e o mundo. A anulação da democracia sob a legislação «Patriot» é apresentada como um meio de proporcionar “segurança doméstica” e sustentar as liberdades civis.



Comentário:

A teoria de Chossudovsky parece-me absolutamente disparatada. Imaginar que a administração americana possa provocar uma explosão nuclear sobre a al-Qaeda – uma organização que lhes deu tanto trabalho a consolidar – não passa pela cabeça de ninguém.

Por outro lado, o Irão, que, como todos sabemos, abriga grandes reservas de terroristas («hidrocarburetos», na gíria local), anda mesmo a pedi-las. Não se ponham a pau!

domingo, setembro 11, 2005

As implosões de Nova Iorque repetiram-se em Tróia


As torres gémeas do World Trade Center desabaram sobre si mesmas. A FEMA (Federal Emergency Management Agency) confiou uma comissão de inquérito à Sociedade Americana de Engenheiros Civis (ASCE). De acordo com o relatório preliminar, a combustão do carburante dos aviões teria provocado um calor formidável, tendo este fragilizado a estrutura metálica central.

Esta teoria é vigorosamente rejeitada pelas associações de bombeiros de Nova Iorque e pela revista profissional Fire Engineering os quais, baseando-se em cálculos, asseguram que as estruturas poderiam resistir ao fogo durante muito tempo.

Os bombeiros afirmaram ter ouvido explosões na base dos edifícios e exigiram a abertura de um inquérito independente. Interrogam-se sobre as substâncias que estariam armazenadas nos edifícios e, à falta de resposta, sobre as criminosas explosões que implicam uma equipa no solo.

Um célebre perito do New Mexico Institute of Mining and Technology, Van Romero, garante que o desmoronamento somente pode ter sido causado por explosivos.
"My opinion is, based on the videotapes, that after the airplanes hit the World Trade Center there were some explosive devices inside the buildings that caused the towers to collapse," Romero said. Romero is a former director of the Energetic Materials Research and Testing Center at Tech, which studies explosive materials and the effects of explosions on buildings, aircraft and other structures.

De qualquer modo, o crash dos aviões não permite explicar a queda de um terceiro edifício, a Torre 7. A hipótese de uma desestabilização dos alicerces foi afastada pela Sociedade Americana de Engenheiros Civis: com efeito, a Torre 7 não se inclinou, mas colapsou sobre si mesma. A questão não é já «Terá ela sido dinamitada?», mas sim «Que outra hipótese poderemos nós formular?»



VISAOONLINE - 8 Set. 2005

Duas das seis torres do antigo complexo turístico da Torralta na península de Tróia foram, esta quinta-feira demolidas, por implosão, numa operação a que assistiram o primeiro-ministro, José Sócrates, o empresário Belmiro de Azevedo e autarcas da região. Pouco passava das 16h, quando o líder do Governo accionou o detonador que, em poucos segundos, fez com que os dois edifícios que, durante décadas, surgiam como dois fantasmas em Tróia se transformassem em pó.





Comentário:

No acto de implodir torres, a postura dos governantes americanos é significativamente diferente da dos governantes portugueses.

Enquanto nas torres do World Trade Center os governantes americanos se pautaram pela discrição, já em Tróia, Sócrates fez questão de ser manchete em toda a comunicação social. Enfim, duas civilizações, duas culturas, duas torres. De comum, apenas a tecnologia adoptada.

segunda-feira, setembro 05, 2005

New Orleans ou Bangladesh?

Todas as imagens que nos chegam de New Orleans e arredores, mostram-nos uma América que muitos julgariam não existir.

Estas imagens, de gente pobre, afro, mal vestidos, pilhando armazéns de comida, de velhos esqueléticos e bebés ramelosos, parecem as que normalmente vêm de países africanos ou do Haiti ou sítios parecidos. Agora, da poderosa América, da “dream land”, quem pensaria que aquilo existiria? Poucos, seguramente.
Mas não julguem que aquilo só existe no sul. Não… até mesmo em New Iork os vagabundos sem casa são aos milhares, de todas as idades e sexos. É tal qual se vê nos filmes, acreditem.
A América toda poderosa, temente a deus, sacrifica milhões dos seus cidadãos em nome de uma estranha liberdade em que só quem tem dinheiro pode ir receber tratamento aos hospitais ou ter filhos a estudar.
Acham que o flagelo do trabalho infantil é só na Índia, no Paquistão ou nos têxteis do Vale do Ave? Acham que trabalho escravo, sem horário de trabalho, sem segurança social e à mercê de todas as tropelias do patrão é só no Brasil ou na China? Se acham, estão enganados… é também lá, na terra do Tio Sam.
A América que o Katrina destapou é essa terra de desigualdades gritantes, escondidas até agora, entaipadas pelo marketing político. É a terra da segregação racial, do espezinhamento social, da pena de morte. Uma terra de políticas odiosas.

sábado, setembro 03, 2005

O Dedo na Greta

O realizador de cinema Michael Moore, autor do filme Fahrenheit 9/11, inimigo nº1 do Presidente Bush (honra lhe seja feita!), enviou uma carta aberta para a Casa Branca e que está divulgada no site do próprio Moore.

É óbvio que o homem não gosta de Bush… lá deve ter as suas razões, sei lá. Ele é que é americano, não sou eu. Mas gostava de saber quais seriam as respostas de Bush às questões que Moore levanta na carta.
Resumindo-as: onde diabo estão os helicópteros militares? Onde estão os soldados da Guarda Nacional (uma espécie de GNR lá do sítio…), uma força preparada e treinada para situações do tipo da que se vive em New Orleans? No dia seguinte ao furacão, o que foi o senhor Presidente fazer numa festa em San Diego?
Michael Moore termina a carta aconselhando Bush a não desanimar perante as críticas tão severas que aparecem por todo o lado. Afinal de contas, o que queriam as pessoas? Que Bush fosse enfiar um dedinho na brecha do dique? :-)
Pelos vistos, eles são cada vez mais.

quinta-feira, setembro 01, 2005

Bush Não Sabe Nadar, Yó!

Hugo Chavez, o Presidente da Venezuela, que já teve de enfrentar várias tentativas de golpe de estado inspiradas pela CIA, acaba de humilhar o arqui-inimigo George Bush.

A propósito do desastre que se abateu sobre New Orleans e todo o Sul dos EUA, Chavez chamou Bush de “cowboy” e “incompetente” e outros mimos ainda mais saborosos, ao constatar a impreparação da superpotência mundial para evacuar a população de uma cidade em situação de crise meteorológica. Chavez disse que o problema de Bush deve ter sido o facto de só pensar no Iraque, de tal modo que até se esquece dos problemas do seu próprio povo.
Para aumentar a humilhação, Chavez ofereceu a ajuda da Venezuela para minorar os problemas da população atingida pelo Katrina… ofereceu 1 milhão de dólares, através da empresa estatal de petróleos, e colocou à disposição das autoridades norte-americanas um bom número de bombeiros, pessoal e equipamento de enfermagem.
Não se sabe se Bush vai aceitar tão generosa oferta… mas duvido que “Mr.Danger” (uma das alcunhas que Chavez colocou em Bush) se submeta a tamanha irreverência…