PÚBLICO - 31.10.2005 - José Augusto Moreira
A anulação dos depoimentos das duas principais testemunhas contra Fátima Felgueiras, por decisão do Tribunal da Relação de Guimarães, tomada na última semana, adiou o início do julgamento da autarca, marcado para hoje.
Um efeito de marcha atrás no processo que decorre do facto de aquelas testemunhas, que desde o início colaboraram activamente com as autoridades, terem passado à condição de arguidos, uma decisão que foi tomada pelo Ministério Público (MP) já depois da Polícia Judiciária (PJ) de Braga ter concluído o inquérito. No início de 2003, o procurador-geral da República tinha sido alertado para indícios de conivência do MP com a autarca, mas a iniciativa parece não ter surtido qualquer efeito.
A decisão de transformar em arguidos as principais testemunhas partiu do procurador adjunto de Felgueiras - cuja intervenção no processo até aí se limitara a actos de mero expediente - e caiu como um balde de água fria na estratégia da PJ, que por diversas vezes tinha sugerido a aplicação àquelas testemunhas do estatuto de arrependidos.
O despacho veio também ao encontro daquilo que era reclamado pela defesa da autarca e do que vinha sendo anunciado pelos seus colaboradores mais próximos, designadamente o seu ex-marido, o advogado Sousa Oliveira, que em diversas circunstâncias tinha manifestado plena confiança na actuação do MP de Felgueiras.
No início de 2003, o procurador-geral foi alertado para as "fortíssimas pressões de diversas entidades colectivas públicas e privadas", numa exposição/requerimento remetida a Souto Moura pelo escritório do advogado Garcia Pereira, como representante das testemunhas que depois passaram a arguidos. Por isso, concluía o documento, o processo deveria ser avocado pelo procurador-geral. Já então eram sugeridas as pressões de que eram alvo aquelas testemunhas - recentemente também comunicadas pela PJ -, sendo igualmente relatados factos que envolviam um dos mais altos-quadros do MP, que desempenhava as funções de secretário-geral da Procuradoria-Geral da República na época em que foi remetida ao então procurador-geral, Cunha Rodrigues, a denúncia anónima que deu origem à investigação do "saco azul" do Partido Socialista.
Aquele magistrado (na foto ao lado e de nome: José Luís Lopes da Mota)- que actualmente é o representante de Portugal no "Eurojust" (organismo que coordena os departamentos da luta contra a corrupção no espaço europeu), depois de ter sido secretário de Estado da Justiça durante um dos governos do PS liderados por António Guterres - é suspeito de ter fornecido a Fátima Felgueiras uma cópia da denúncia enviada a Cunha Rodrigues, numa altura em que a PJ de Braga não tinha iniciado sequer as investigações.
O magistrado em causa (José Lopes da Mota)tinha antes estado colocado no Tribunal de Felgueiras, altura em que fez amizade com o casal Fátima Felgueiras/Sousa Oliveira. O documento terá chegado às mãos da autarca durante uma deslocação daquele magistrado a Felgueiras, em 21 de Janeiro de 2000, para participar num jantar de homenagem a um funcionário judicial, facto que foi registado pela imprensa local.
Na exposição remetida a Souto Moura é-lhe ainda dado conhecimento "de conversas telefónicas ocorridas à porta do Tribunal de Felgueiras", na madrugada em que a autarca saiu em liberdade após a detenção para primeiro interrogatório, "em que o sr. dr. Sousa Oliveira comunicava o seguinte: "Quanto ao processo, está tudo controlado aqui em Felgueiras e vamos resolver isto. Vai tudo correr muito bem, pode ficar descansado". Segundo relata ainda aquele documento, Sousa Oliveira explicou de seguida ao assessor de imprensa da Câmara de Felgueiras que acabava de falar para Bruxelas, com o dito magistrado, concluindo: "Está tudo tratado e vai correr tudo muito bem".
A PJ estranhou também o facto de o processo ter ido parar às mãos do procurador adjunto de Felgueiras depois de concluída a investigação - tinha sido sempre o procurador do Círculo de Guimarães a intervir nas fases decisivas do inquérito. Até porque o mesmo procurador, António Carvalho, tinha antes movido um processo-crime contra Horácio Costa, o ex-colaborador da autarca que é tido como a principal testemunha, com base num artigo de um jornal local - O Sovela -, no qual eram atribuídas a Horácio Costa afirmações como "há imensas pressões no processo" e "andam magistrados metidos nisto", que Carvalho considerou ofensivas. Depois de constituído arguido, foi mesmo requerido julgamento contra Horácio Costa, mas o processo seria arquivado por decisão do juiz de instrução de Fafe.
Coincidência ou não, o facto é que o artigo em causa não era sequer assinado e O Sovela era propriedade de uma associação onde Sousa Oliveira teve cargos de direcção.
Comentário:
Numa entrevista dada a Cláudia Rosenbusch do PortugalDiario em 13/01/2005, José Luís Lopes da Mota explica que tipo de casos passam pela Eurojust:
"Temos casos de corrupção, de branqueamento, de fraude fiscal, e casos relacionados com a lesão dos interesses financeiros da comunidade. Este ano lidei com cerca de 40 casos (portugueses) e grande parte deles tem a ver com este tipo de criminalidade, que é a mais difícil de investigar. Naquilo que tem a ver com Portugal, é o que mais passa pela Eurojust. Noutros países há outro tipo de criminalidade, como terrorismo. Mas posso dizer que, mais de metade dos casos que nos passaram pelas mãos, respeitam à criminalidade económica e financeira."
E agora pergunto eu: quem melhor do que José Luís Lopes da Mota para lidar com casos de corrupção, de branqueamento e de fraude? O homem conhece, como ninguém, o assunto por dentro e por fora. Talvez até melhor por "dentro" do que por fora.
O objectivo supremo da propaganda é conseguir que milhões de pessoas forjem entusiasticamente as grilhetas da sua própria servidão [Emil Maier-Dorn].
segunda-feira, outubro 31, 2005
quarta-feira, outubro 26, 2005
Rumsfeld lucra com a gripe das aves
É impossível ganhar dinheiro a sério sem a existência de um papão, e a recente “Gripe das Aves” é última burla utilizada pelas companhias farmacêuticas para gerar lucros.
“Finalmente, as peças do puzzle começam a fazer sentido,” escreve o Dr. Joseph Mercola, autor de “Programa de Saúde Total - Total Health Program." “O presidente Bush quis instalar o pânico neste país (Estados Unidos) dizendo-nos que, no mínimo, 200 mil pessoas iriam morrer com a pandemia da gripe das aves e que o número de mortes poderia chegar aos dois milhões só neste país. (EUA)”
“Este embuste é então usado para justificar a compra imediata de 80 milhões de doses de Tamiflu, um remédio inútil que não trata de forma nenhuma a gripe das aves, apenas diminui o tempo de duração da doença e que pode contribuir para que o vírus sofra mutações mais letais,” continua Mercola.
“Portanto os Estados Unidos fizeram um a compra de 20 milhões de doses desta droga inútil a um custo de 100 dólares por dose.” A verba atinge uns espantosos 2 mil milhões de dólares.
O ministro da defesa Donald Rumsfeld, antigo presidente da Gilead, o fabricante do Tamiflu, retira também grandes lucros, já que continua a ser um dos grandes accionistas da companhia.
Melhor ainda, o porta-voz do Bilderberg (o grupo Bilderberg é uma associação internacional informal de personalidades poderosas no mundo da política e da alta finança, que se encontram todos os anos.), Etienne F. Davignon (Vice-Presidente, Suez-Tractebel) e o ex-secretário de estado George Shultz, (membro honorário do Instituto Hoover e da Universidade de Stanford University) fazem também parte da direcção da Gilead.
Outro Bilderberger habitual é Lodewijk J.R. de Vink, com lugar na direcção da Hoffman-La Roche, parceira da Gilead.
Por outras palavras, a burla da “Gripe das Aves” vai gerar lucros escandalosos a indivíduos como Shultz, Rumsfeld, Davignon, e de Vink.
E donde é que vem o Tamiflu?
Segundo o website da Gilead, “Em Setembro de 1996, a Gilead e a F. Hoffmann-La Roche Ltd.chegaram a um acordo de colaboração no desenvolvimento e comercialização de terapias para tratar e prevenir gripes virais. Segundo o acordo, a Roche teria direito exclusivo a nível mundial aos inibidores de gripe propriedade da Gilead, incluindo o Tamiflu. A Roche tem os direitos comerciais a nível mundial do Tamiflu, e a Gilead recebe pagamentos da Roche pelo cumprimento dos sucessivos estádios da investigação e prémios pelas vendas do produto.
É bom lembrar que Rumsfeld adora burlas farmacêuticas. Foi ele, como director da G.D. Searle, que pressionou a FDA (Food and Drug Administration - agência governamental americana que regula e fiscaliza a fabricação de comestíveis drogas e cosméticos) para aprovar o Aspartame.
A FDA bloqueou a sua aprovação durante dez anos até Rumsfeld ter conseguido a sua aprovação. Hoje, o Aspartame, um adoçante artificial tão omnipresente como tóxico, continua a e envenenar a América e o Mundo.
Comentário:
Bush: "eu estou totalmente preparado em usar as forças armadas para proteger a pátria destes malfeitores".
Assistente: "tenho saudades de Osama (bin Laden)".
segunda-feira, outubro 24, 2005
Porquê o espanto?
Começaram os rumores sobre o staff que acompanha Isaltino Morais em mais uma dura missão ao leme da autarquia.
Insinua-se de que se trata de gente menos séria. Algumas vozes vão mesmo a ponto de os considerar um bando de oportunistas pouco escrupulosos, trafulhas, branqueadores de dinheiro, corruptos, vigaristas e tachistas da pior espécie.
Porquê todo este maldizer? A explicação só pode ser, a inveja em relação a um político imaculado que não enriqueceu à custa do erário público e cuja obra feita se impõe por si mesma.
Esses maldosos fazem constar que o estadista cobrava 10% de comissão por cada urbanização no Concelho! Isto é uma afronta para a honra e a dignidade dos Srs. construtores civis! Ainda que fosse verdade, que representa essa pequena percentagem comparada com os benefícios para a população? Nada! Rigorosamente nada!
Quanto ao staff que agora acompanha o estadista, lembramos apenas o seguinte: nem sempre os mais capazes e honestos estão disponíveis para a nobre missão de ajudar a resolver os problemas alheios. Se algum ou alguns dos acompanhantes do Sr. Doutor Isaltino, têm um passado mais nebuloso tal não pode, de forma alguma, ser atribuído a um menor cuidado na escolha por parte do Sr. Doutor!
Se nos recordarmos de alguns dos grandes líderes da história, podemos verificar que nem sempre lhes era possível a constituição de uma grande equipa.
Lembram-se de Al Capone? Ora aí está! O seu staff também não era nada de especial...
Insinua-se de que se trata de gente menos séria. Algumas vozes vão mesmo a ponto de os considerar um bando de oportunistas pouco escrupulosos, trafulhas, branqueadores de dinheiro, corruptos, vigaristas e tachistas da pior espécie.
Porquê todo este maldizer? A explicação só pode ser, a inveja em relação a um político imaculado que não enriqueceu à custa do erário público e cuja obra feita se impõe por si mesma.
Esses maldosos fazem constar que o estadista cobrava 10% de comissão por cada urbanização no Concelho! Isto é uma afronta para a honra e a dignidade dos Srs. construtores civis! Ainda que fosse verdade, que representa essa pequena percentagem comparada com os benefícios para a população? Nada! Rigorosamente nada!
Quanto ao staff que agora acompanha o estadista, lembramos apenas o seguinte: nem sempre os mais capazes e honestos estão disponíveis para a nobre missão de ajudar a resolver os problemas alheios. Se algum ou alguns dos acompanhantes do Sr. Doutor Isaltino, têm um passado mais nebuloso tal não pode, de forma alguma, ser atribuído a um menor cuidado na escolha por parte do Sr. Doutor!
Se nos recordarmos de alguns dos grandes líderes da história, podemos verificar que nem sempre lhes era possível a constituição de uma grande equipa.
Lembram-se de Al Capone? Ora aí está! O seu staff também não era nada de especial...
domingo, outubro 23, 2005
O cavaleiro da mentira, da propaganda, do embuste e do medo
José Pacheco Pereira – no Abrupto e no Público
A história da humanidade é a história de três dos quatro cavaleiros do Apocalipse: o da fome, o da peste e o da guerra. O bom cavaleiro, com o cavalo branco, esse não conta. No nosso confortável mundo europeu, 50 anos de paz fizeram-nos esquecer o cavaleiro da guerra, mas ele não se fez esquecer e, nos Balcãs e no Cáucaso, voltou a bater às portas do nosso recanto. Tinha andado por Ásia e África, mas 50 anos não é nada, nós é que pensávamos que era já definitivo. O cavaleiro da fome também está esquecido na Europa. Malthus ameaçou-nos com ele, mas a revolução industrial adiou as suas previsões, e nós, como de costume, pensamos que ele só estaria para lá longe, em África, O da peste espreitou recentemente com a sida e fugiu de novo para a tenebrosa África, a terra de todos os males, pensávamos também nós, seguros da nossa poderosa medicina.
Mas a nossa terra livre de cavaleiros do Apocalipse vai ter em breve a visita de um deles, o da peste, e, sabemos pela história, que qualquer um anuncia os outros, ou abre o caminho aos outros.
Aqui Pacheco divaga, algo poeticamente, durante alguns parágrafos, acerca da peste. E no fim avisa:
Só que desta vez pode não ser assim, tudo indica que não seja assim.
Entramos agora no fino e impossível equilíbrio entre o pânico inconsiderado e a legítima preocupação. Como é que devo escrever o que vou escrever? Talvez começando por dizer que há muitas probabilidades de termos uma pandemia de gripe com uma variante viral muito agressiva. Embora o cálculo dessas probabilidades seja muito difícil de fazer, pode-se considerar que, tudo ponderado, é mais provável que haja do que não haja. Claro que também pode não acontecer nada, como quando do susto americano com a "gripe dos porcos" no tempo do Presidente Ford, que acabou por não se verificar. Mas agora tudo indica que se verificará, não sabemos é daqui a quanto tempo, um ano, dez anos? Parece uma questão de tempo. Depois, tudo o resto são incógnitas e patamares que se podem subir ou descer.
E num passe de mágica, Pacheco faz um paralelo entre o vírus e o terrorismo:
Voltamos pois à peste, ao quotidiano da peste. Como o terrorismo, a peste também se modernizou, por linhas de fragilidades muito semelhantes: a sociedade de massas urbanizada, global, dá imensas oportunidades novas à doença, ao mesmo tempo que pareceu eliminar as antigas. Pouco a pouco, à nossa volta, a biologia tumultuosa para os humanos e os seus bichos domésticos começa a especializar-se. Sem a produção de carne e leite em série, a doença das vacas loucas, ou a hecatombe de carneiros provocada pela febre aftosa não teriam levado às imagens do "massacre dos inocentes" em que se converteram muitas quintas modelo da agricultura da PAC.
Graças a Darwin, percebemos hoje muito bem como o sucesso dos vírus se encavalita no nosso mundo urbanizado, na nossa agricultura industrial, nos nossos hábitos de consumo, na sociedade de massas. Para um vírus como o da "gripe das aves", o modo como vivemos é um nicho ecológico excepcional. O vírus veio dessa enorme capoeira e pocilga colectiva que são os campos da província chinesa de Guandong, um enorme pool de variabilidade genética em que o salto entre os animais e os homens é facilitado pela promiscuidade entre espécies. Mas já não precisa de fazer o caminho lento de um barco para a Índia, de uma caravana para o Levante, de um outro barco para Veneza ou Génova, pode voar com as aves selvagens até aos aviários da Europa, ou voar na Cathay Pacific ou na Lufthansa.
Depois de cá chegar, e já cá chegou às aves, poderá ou não demorar um pouco a encontrar outros hospedeiros, poderá ou não dar tempo a que haja vacina, poderá ser de uma estirpe mais ou menos agressiva, matar velhos ou jovens (como a "pneumónica" de 1918), poderá encontrar-nos preparados (tanto quanto podemos em relação a estas eficazes máquinas que são os vírus) ou não. Prevenidos já estamos, resta saber se estamos preparados e parece que não.
Se olharmos para África, onde um vírus que mata mais devagar como o da sida já molda a sociedade, alterando padrões demográficos, enfraquecendo as burocracias de Estados, já de si frágeis, as forças de polícia e segurança, aumentando a conflitualidade, podemos compreender melhor como será perturbador um vírus que mata mais rapidamente, ferindo a sociedade profundamente.
Os estudos mostram como uma pandemia de gripe levará à "nacionalização" dos stocks de medicamentos (dito de outro modo, ou um estado já possui esse stock nos seus armazéns, ou, quando a gripe começar a matar, ninguém lhe vai ceder o seu), à fragilização de polícias e exércitos, à paragem de escolas, casernas, concentrações de multidões (sim, os jogos de futebol também), por aí adiante. Por boas razões, por precaução, e por más, pelo pânico e crescimento da conflitualidade, as semanas que durar a gripe serão de tensão sobre toda a estrutura do Estado "civilizado". Depois passará, deixando os sobreviventes de uma geração imune, até à próxima. Para a democracia, para a nossa civilização, será um teste poderoso.
Para conseguir o contraditório a Pacheco Pereira recorri a um colega dele, João Pereira Coutinho, escriba do Expresso, remunerado, também ele, em dólares (Expresso Edição 1721).
JPC - Acontece que a doença não passa de boca em boca e, pior, os 60 mortos na Ásia mostram bem como é preciso praticamente beijar uma galinha infectada para morrer como ela - um cenário romântico que, obviamente, não interessa ao circo instalado. E não interessa porque o medo é um negócio. Um negócio para jornais. Um negócio para laboratórios. Um negócio que autoriza a Organização Mundial de Saúde a «recomendar» uma cobertura antiviral para 25% da população.
Comentário:
Este episódio demonstra à saciedade a falta de coordenação dos serviços que, algures, concertam o negócio de medo, da gripe e do terrorismo. Come on guys, resolve yourselves.
A história da humanidade é a história de três dos quatro cavaleiros do Apocalipse: o da fome, o da peste e o da guerra. O bom cavaleiro, com o cavalo branco, esse não conta. No nosso confortável mundo europeu, 50 anos de paz fizeram-nos esquecer o cavaleiro da guerra, mas ele não se fez esquecer e, nos Balcãs e no Cáucaso, voltou a bater às portas do nosso recanto. Tinha andado por Ásia e África, mas 50 anos não é nada, nós é que pensávamos que era já definitivo. O cavaleiro da fome também está esquecido na Europa. Malthus ameaçou-nos com ele, mas a revolução industrial adiou as suas previsões, e nós, como de costume, pensamos que ele só estaria para lá longe, em África, O da peste espreitou recentemente com a sida e fugiu de novo para a tenebrosa África, a terra de todos os males, pensávamos também nós, seguros da nossa poderosa medicina.
Mas a nossa terra livre de cavaleiros do Apocalipse vai ter em breve a visita de um deles, o da peste, e, sabemos pela história, que qualquer um anuncia os outros, ou abre o caminho aos outros.
Aqui Pacheco divaga, algo poeticamente, durante alguns parágrafos, acerca da peste. E no fim avisa:
Só que desta vez pode não ser assim, tudo indica que não seja assim.
Entramos agora no fino e impossível equilíbrio entre o pânico inconsiderado e a legítima preocupação. Como é que devo escrever o que vou escrever? Talvez começando por dizer que há muitas probabilidades de termos uma pandemia de gripe com uma variante viral muito agressiva. Embora o cálculo dessas probabilidades seja muito difícil de fazer, pode-se considerar que, tudo ponderado, é mais provável que haja do que não haja. Claro que também pode não acontecer nada, como quando do susto americano com a "gripe dos porcos" no tempo do Presidente Ford, que acabou por não se verificar. Mas agora tudo indica que se verificará, não sabemos é daqui a quanto tempo, um ano, dez anos? Parece uma questão de tempo. Depois, tudo o resto são incógnitas e patamares que se podem subir ou descer.
E num passe de mágica, Pacheco faz um paralelo entre o vírus e o terrorismo:
Voltamos pois à peste, ao quotidiano da peste. Como o terrorismo, a peste também se modernizou, por linhas de fragilidades muito semelhantes: a sociedade de massas urbanizada, global, dá imensas oportunidades novas à doença, ao mesmo tempo que pareceu eliminar as antigas. Pouco a pouco, à nossa volta, a biologia tumultuosa para os humanos e os seus bichos domésticos começa a especializar-se. Sem a produção de carne e leite em série, a doença das vacas loucas, ou a hecatombe de carneiros provocada pela febre aftosa não teriam levado às imagens do "massacre dos inocentes" em que se converteram muitas quintas modelo da agricultura da PAC.
Graças a Darwin, percebemos hoje muito bem como o sucesso dos vírus se encavalita no nosso mundo urbanizado, na nossa agricultura industrial, nos nossos hábitos de consumo, na sociedade de massas. Para um vírus como o da "gripe das aves", o modo como vivemos é um nicho ecológico excepcional. O vírus veio dessa enorme capoeira e pocilga colectiva que são os campos da província chinesa de Guandong, um enorme pool de variabilidade genética em que o salto entre os animais e os homens é facilitado pela promiscuidade entre espécies. Mas já não precisa de fazer o caminho lento de um barco para a Índia, de uma caravana para o Levante, de um outro barco para Veneza ou Génova, pode voar com as aves selvagens até aos aviários da Europa, ou voar na Cathay Pacific ou na Lufthansa.
Depois de cá chegar, e já cá chegou às aves, poderá ou não demorar um pouco a encontrar outros hospedeiros, poderá ou não dar tempo a que haja vacina, poderá ser de uma estirpe mais ou menos agressiva, matar velhos ou jovens (como a "pneumónica" de 1918), poderá encontrar-nos preparados (tanto quanto podemos em relação a estas eficazes máquinas que são os vírus) ou não. Prevenidos já estamos, resta saber se estamos preparados e parece que não.
Se olharmos para África, onde um vírus que mata mais devagar como o da sida já molda a sociedade, alterando padrões demográficos, enfraquecendo as burocracias de Estados, já de si frágeis, as forças de polícia e segurança, aumentando a conflitualidade, podemos compreender melhor como será perturbador um vírus que mata mais rapidamente, ferindo a sociedade profundamente.
Os estudos mostram como uma pandemia de gripe levará à "nacionalização" dos stocks de medicamentos (dito de outro modo, ou um estado já possui esse stock nos seus armazéns, ou, quando a gripe começar a matar, ninguém lhe vai ceder o seu), à fragilização de polícias e exércitos, à paragem de escolas, casernas, concentrações de multidões (sim, os jogos de futebol também), por aí adiante. Por boas razões, por precaução, e por más, pelo pânico e crescimento da conflitualidade, as semanas que durar a gripe serão de tensão sobre toda a estrutura do Estado "civilizado". Depois passará, deixando os sobreviventes de uma geração imune, até à próxima. Para a democracia, para a nossa civilização, será um teste poderoso.
Para conseguir o contraditório a Pacheco Pereira recorri a um colega dele, João Pereira Coutinho, escriba do Expresso, remunerado, também ele, em dólares (Expresso Edição 1721).
JPC - Acontece que a doença não passa de boca em boca e, pior, os 60 mortos na Ásia mostram bem como é preciso praticamente beijar uma galinha infectada para morrer como ela - um cenário romântico que, obviamente, não interessa ao circo instalado. E não interessa porque o medo é um negócio. Um negócio para jornais. Um negócio para laboratórios. Um negócio que autoriza a Organização Mundial de Saúde a «recomendar» uma cobertura antiviral para 25% da população.
Comentário:
Este episódio demonstra à saciedade a falta de coordenação dos serviços que, algures, concertam o negócio de medo, da gripe e do terrorismo. Come on guys, resolve yourselves.
sábado, outubro 22, 2005
O regresso do Presidente do Conselho
Finalmente Cavaco anunciou a sua candidatura acidental. O mesmo ar despretensioso de sempre, a mesma independência dos partidos, o mesmo espírito de missão.
Tal como Salazar vem pela “estabilidade política”. Anunciou a suspensão da sua filiação partidária para não deixar dúvidas sobre a sua independência. Também Salazar não deixou margem a equívocos nesta matéria. Para ambos, a Pátria acima de tudo.
Debitou sobre a sua competência para “gerir o país como se gere uma família” (Salazar). O seu conhecimento da economia que fará dele um bom Presidente-1ºMinistro.
«Não me candidato para satisfazer uma ambição pessoal. Candidato-me porque tenho orgulho de ser português e não me resigno perante o actual estado de coisas». Não, não é uma frase de Salazar dos anos vinte. Cavaco não quer satisfazer ambições pessoais apesar de não ter quaisquer poderes constitucionais para aplicar o seu espírito de merceeiro. Mas então porque não quer voltar a Presidente do Conselho?
«Os portugueses não têm dúvidas de que não sou um político profissional». E se dúvidas existissem, bastariam os dez anos na Presidência do Conselho e a passagem por Ministro das Finanças de Sá Carneiro para as dissipar... . Também no percurso foram parecidos, primeiro nas Finanças e depois em tudo.
Cavaco só inveja Salazar pela necessidade que agora tem de fazer um grande esforço para tentar ser simpático, por ter de dizer alguma coisa aos jornalistas. António nem sequer precisou comer bolo-rei para não responder.
No resto quase tudo os une. A mesma admiração pela tradição católica, pelo Fado e pelo saber escrever, ler e contar, do povo. Não é por acaso que a mandatária de Cavaco para a juventude é a fadista Kátia Guerreiro: «O professor nunca foi Presidente da República, nunca teve a possibilidade de mostrar de que forma pode ajudar o país».
Tem toda a razão, Kátia! Até nisto eles são parecidos. O outro professor também nunca teve essa possibilidade, e em apenas dez ou quarenta anos como Presidentes do Conselho que poderiam eles ter feito de positivo?
Tal como Salazar vem pela “estabilidade política”. Anunciou a suspensão da sua filiação partidária para não deixar dúvidas sobre a sua independência. Também Salazar não deixou margem a equívocos nesta matéria. Para ambos, a Pátria acima de tudo.
Debitou sobre a sua competência para “gerir o país como se gere uma família” (Salazar). O seu conhecimento da economia que fará dele um bom Presidente-1ºMinistro.
«Não me candidato para satisfazer uma ambição pessoal. Candidato-me porque tenho orgulho de ser português e não me resigno perante o actual estado de coisas». Não, não é uma frase de Salazar dos anos vinte. Cavaco não quer satisfazer ambições pessoais apesar de não ter quaisquer poderes constitucionais para aplicar o seu espírito de merceeiro. Mas então porque não quer voltar a Presidente do Conselho?
«Os portugueses não têm dúvidas de que não sou um político profissional». E se dúvidas existissem, bastariam os dez anos na Presidência do Conselho e a passagem por Ministro das Finanças de Sá Carneiro para as dissipar... . Também no percurso foram parecidos, primeiro nas Finanças e depois em tudo.
Cavaco só inveja Salazar pela necessidade que agora tem de fazer um grande esforço para tentar ser simpático, por ter de dizer alguma coisa aos jornalistas. António nem sequer precisou comer bolo-rei para não responder.
No resto quase tudo os une. A mesma admiração pela tradição católica, pelo Fado e pelo saber escrever, ler e contar, do povo. Não é por acaso que a mandatária de Cavaco para a juventude é a fadista Kátia Guerreiro: «O professor nunca foi Presidente da República, nunca teve a possibilidade de mostrar de que forma pode ajudar o país».
Tem toda a razão, Kátia! Até nisto eles são parecidos. O outro professor também nunca teve essa possibilidade, e em apenas dez ou quarenta anos como Presidentes do Conselho que poderiam eles ter feito de positivo?
Obrigado Isaltino!
Todos os que estão verdadeiramente interessados na autenticidade e crédito da vida política nacional devem estar, neste momento, agradecidos a Isaltino Afonso Morais o novo presidente da autarquia oeirense.
O regresso de Isaltino traz sangue novo ao dirigismo autárquico e, sobretudo, uma credibilização da classe política que poderá combater o pessimismo instalado.
Foi notória, na recente campanha eleitoral, a preocupação deste grande humanista com a participação cívica da população, «se há apoiantes meus a fazer transporte de pessoas para votar, fico muito satisfeito por isso, porque para mim o importante é que as pessoas votem. E acho estranho que as outras candidaturas se manifestem contra o facto de se facilitar a vida das pessoas que querem votar».
Enquanto outros dificultam, Isaltino tudo faz pelo seu semelhante!
Foi notável a grandiosa campanha da sua candidatura, conseguida sem qualquer apoio partidário! Apenas os cidadãos anónimos o apoiaram. Um cêntimo aqui, outro acolá, e tudo somado derrotou a campanha do poder estabelecido. Enquanto outros contaram com as poderosas máquinas partidárias, ele contou apenas com o povo e um ou outro construtor civil.
Agora que o mais difícil está conseguido, mãos à obra que o futuro não pode esperar, «Atrairemos para Oeiras investimento internacional muito selectivo, apostando nos novos “clusters” de alta intensidade tecnológica».
Com os novos “clusters” e com as novas geminações de Oeiras com municípios africanos e latino-americanos, certamente que o futuro aos oeirenses pertencerá!
Isaltino permanece também atento à forte margem, que o Concelho ainda possui, de atracção de arquitectos e de empresas ligadas ao ramo da construção civil, o que potenciará a criação de emprego vindo de África e Europa de leste, legalizável no prazo máximo de uma geração, se o deixarem trabalhar.
Esta é a resposta a todos os que achavam que os oeirenses eram tão «estúpidos» como as gentes de Gondomar e de Felgueiras! Como se houvesse alguma semelhança entre este grande estadista e aqueles dois «trafulhas».
Por tudo isto aqui fica o nosso agradecimento e os nossos votos de que Deus continue a alumiar esta grande alma no caminho da rectidão e da entrega à causa pública.
Obrigado, Isaltino!
O regresso de Isaltino traz sangue novo ao dirigismo autárquico e, sobretudo, uma credibilização da classe política que poderá combater o pessimismo instalado.
Foi notória, na recente campanha eleitoral, a preocupação deste grande humanista com a participação cívica da população, «se há apoiantes meus a fazer transporte de pessoas para votar, fico muito satisfeito por isso, porque para mim o importante é que as pessoas votem. E acho estranho que as outras candidaturas se manifestem contra o facto de se facilitar a vida das pessoas que querem votar».
Enquanto outros dificultam, Isaltino tudo faz pelo seu semelhante!
Foi notável a grandiosa campanha da sua candidatura, conseguida sem qualquer apoio partidário! Apenas os cidadãos anónimos o apoiaram. Um cêntimo aqui, outro acolá, e tudo somado derrotou a campanha do poder estabelecido. Enquanto outros contaram com as poderosas máquinas partidárias, ele contou apenas com o povo e um ou outro construtor civil.
Agora que o mais difícil está conseguido, mãos à obra que o futuro não pode esperar, «Atrairemos para Oeiras investimento internacional muito selectivo, apostando nos novos “clusters” de alta intensidade tecnológica».
Com os novos “clusters” e com as novas geminações de Oeiras com municípios africanos e latino-americanos, certamente que o futuro aos oeirenses pertencerá!
Isaltino permanece também atento à forte margem, que o Concelho ainda possui, de atracção de arquitectos e de empresas ligadas ao ramo da construção civil, o que potenciará a criação de emprego vindo de África e Europa de leste, legalizável no prazo máximo de uma geração, se o deixarem trabalhar.
Esta é a resposta a todos os que achavam que os oeirenses eram tão «estúpidos» como as gentes de Gondomar e de Felgueiras! Como se houvesse alguma semelhança entre este grande estadista e aqueles dois «trafulhas».
Por tudo isto aqui fica o nosso agradecimento e os nossos votos de que Deus continue a alumiar esta grande alma no caminho da rectidão e da entrega à causa pública.
Obrigado, Isaltino!
quarta-feira, outubro 19, 2005
A palavra é mais forte do que o Espada
João Carlos Espada, consagrado escriba do Expresso, escrevia na sua coluna a 5 de Março de 2005:
A visita de George W. Bush à Europa assinalou o reencontro transatlântico. Não desapareceram as divergências entre os vários parceiros ocidentais - e nenhuma aliança entre povos livres pode existir sem divergências. Mas desapareceu o anti-americanismo militante dos líderes franceses e alemães. Foi o reencontro da aliança atlântica, em grande parte promovido sob a égide no novo presidente português da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
É importante recordar quem ficou de fora deste reencontro: o Sr. Zapatero. Tendo retirado unilateralmente as tropas espanholas do Iraque, Zapatero ficou de fora da família atlântica. É bom lembrar-lhe este facto, pois ele disse que Portugal e Espanha acertaram os relógios com a vitória eleitoral dos socialistas portugueses. Além de típica arrogância espanhola, essa afirmação é deslocada. A nossa hora é atlântica, não a de Madrid.
Comentário:
Ora acontece, meu caro Espada, que a 18 de Março de 2005, treze dias depois do seu avisado comentário, os media noticiaram o seguinte:
O presidente francês, Jacques Chirac, recebeu no Palácio do Eliseu o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e os chefes de Governo de Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e Alemanha, Gerhard Schröder. É a primeira vez que o presidente espanhol participa numa cimeira deste tipo.
Na relação entre a Rússia e a União Europeia (UE), os quatro vêm "a chave para a implementação definitiva da paz, da democracia e do estado de direito no nosso continente", disse o presidente francês, Jacques Chirac, numa conferência de imprensa conjunta.
Chirac evocou a "vontade de construir juntos uma comunidade de destino" entre a UE e a Rússia, e acrescentou que, se bem que isso vá exigir "esforços de adaptação" e "tempo", disse que "estamos resolutos" a trabalhar por ela "juntos", porque é a via da paz e da democracia "na grande Europa".
Donde, estimado Espada, se podem tirar várias conclusões:
1 - Zapatero saiu, por livre iniciativa, do clube dos mentirosos (das armas de destruição maciça no Iraque), que você denomina «família atlântica», para se juntar à família da Grande Europa, como a foto claramente demonstra. Zapatero escolheu, ao contrário do seu antecessor, não se aninhar aos pés de Bush como fizeram Blair, Berlusconi e o «trotskista» José Manuel Barroso.
2 – O Oceano Atlântico abarca seis fusos horários. A que hora atlântica é que se refere? À de Paris, à de Madrid, à de Reykjavik ou à de Washington? Cinco graus, apenas, separam Lisboa e Madrid. São vinte minutos solares. O tempo de beber uma imperial.
3 – Quanto ao anti-americanismo não tenho a certeza do que isso seja. Já quanto ao anti-bushismo e ao anti-neoconservadorismo estão mais fortes que nunca. Em todos os fusos horários. Tanto deste, como do outro lado do Atlântico.
4 - Apelidar de "reencontro transatlântico" a visita de George W. Bush à Europa é um pouco forte. Troque o termo “reencontro” por “desencontro” e talvez consiga transmitir uma imagem mais fidedigna do que se passou.
A visita de George W. Bush à Europa assinalou o reencontro transatlântico. Não desapareceram as divergências entre os vários parceiros ocidentais - e nenhuma aliança entre povos livres pode existir sem divergências. Mas desapareceu o anti-americanismo militante dos líderes franceses e alemães. Foi o reencontro da aliança atlântica, em grande parte promovido sob a égide no novo presidente português da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
É importante recordar quem ficou de fora deste reencontro: o Sr. Zapatero. Tendo retirado unilateralmente as tropas espanholas do Iraque, Zapatero ficou de fora da família atlântica. É bom lembrar-lhe este facto, pois ele disse que Portugal e Espanha acertaram os relógios com a vitória eleitoral dos socialistas portugueses. Além de típica arrogância espanhola, essa afirmação é deslocada. A nossa hora é atlântica, não a de Madrid.
Comentário:
Ora acontece, meu caro Espada, que a 18 de Março de 2005, treze dias depois do seu avisado comentário, os media noticiaram o seguinte:
O presidente francês, Jacques Chirac, recebeu no Palácio do Eliseu o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e os chefes de Governo de Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e Alemanha, Gerhard Schröder. É a primeira vez que o presidente espanhol participa numa cimeira deste tipo.
Na relação entre a Rússia e a União Europeia (UE), os quatro vêm "a chave para a implementação definitiva da paz, da democracia e do estado de direito no nosso continente", disse o presidente francês, Jacques Chirac, numa conferência de imprensa conjunta.
Chirac evocou a "vontade de construir juntos uma comunidade de destino" entre a UE e a Rússia, e acrescentou que, se bem que isso vá exigir "esforços de adaptação" e "tempo", disse que "estamos resolutos" a trabalhar por ela "juntos", porque é a via da paz e da democracia "na grande Europa".
Donde, estimado Espada, se podem tirar várias conclusões:
1 - Zapatero saiu, por livre iniciativa, do clube dos mentirosos (das armas de destruição maciça no Iraque), que você denomina «família atlântica», para se juntar à família da Grande Europa, como a foto claramente demonstra. Zapatero escolheu, ao contrário do seu antecessor, não se aninhar aos pés de Bush como fizeram Blair, Berlusconi e o «trotskista» José Manuel Barroso.
2 – O Oceano Atlântico abarca seis fusos horários. A que hora atlântica é que se refere? À de Paris, à de Madrid, à de Reykjavik ou à de Washington? Cinco graus, apenas, separam Lisboa e Madrid. São vinte minutos solares. O tempo de beber uma imperial.
3 – Quanto ao anti-americanismo não tenho a certeza do que isso seja. Já quanto ao anti-bushismo e ao anti-neoconservadorismo estão mais fortes que nunca. Em todos os fusos horários. Tanto deste, como do outro lado do Atlântico.
4 - Apelidar de "reencontro transatlântico" a visita de George W. Bush à Europa é um pouco forte. Troque o termo “reencontro” por “desencontro” e talvez consiga transmitir uma imagem mais fidedigna do que se passou.
segunda-feira, outubro 17, 2005
Louvado seja o Senhor
Excertos das palavras de Bush divulgadas pela BBC a 6 de Outubro de 2005:
“Estou movido por uma missão divina. Deus disse-me, George, vai e luta contra os terroristas no Afeganistão. E eu assim fiz. E Deus disse-me: George, acaba com a tirania no Iraque. E eu assim fiz. E agora, sinto ainda a palavra de Deus que me diz: dá um Estado aos palestinianos e aos israelitas a sua segurança e obtém a paz no Médio Oriente. E, por Deus, eu o farei".
Comentário:
What the fuck is he talking about?
sábado, outubro 15, 2005
A Fome É Uma Arma
O tipo da foto chama-se Jean Ziegler e é funcionário das Nações Unidas. Não tem nacionalidade americana, ao que julgo. Pelo nome, pode ser suíço… ou por lá perto.O importante é que acaba de denunciar os EUA como autores de crimes de guerra contra populações civis. Onde? No Iraque…
As palavras de mister Ziegler: “a drama is taking place in total silence in Iraq, where the coalition`s occupying forces are using hunger and deprivation of water as a weapon of war against civilian population”. Palavras ditas em público, numa conferência de imprensa. A tradução: “no Iraque, vive-se um drama em completo silêncio, as forças de ocupação usam a fome e a falta de água como arma de guerra contra as populações civis”. Esta é uma acusação grave, com sanções previstas pela Convenção de Genebra.
Mas quem irá aplicar justiça contra o Império? Ok, a pergunta é estúpida…
Os responsáveis militares norte-americanos no Iraque negaram todas as acusações.
O relatório de Jean Ziegler será apresentado na Assembleia Geral da ONU no próximo dia 27 de Outubro. Aposto que não será notícia em lado algum… aposto em como nada vai mudar.
As palavras de mister Ziegler: “a drama is taking place in total silence in Iraq, where the coalition`s occupying forces are using hunger and deprivation of water as a weapon of war against civilian population”. Palavras ditas em público, numa conferência de imprensa. A tradução: “no Iraque, vive-se um drama em completo silêncio, as forças de ocupação usam a fome e a falta de água como arma de guerra contra as populações civis”. Esta é uma acusação grave, com sanções previstas pela Convenção de Genebra.
Mas quem irá aplicar justiça contra o Império? Ok, a pergunta é estúpida…
Os responsáveis militares norte-americanos no Iraque negaram todas as acusações.
O relatório de Jean Ziegler será apresentado na Assembleia Geral da ONU no próximo dia 27 de Outubro. Aposto que não será notícia em lado algum… aposto em como nada vai mudar.
quinta-feira, outubro 13, 2005
Al Qaeda procura especialistas em multimédia
Diário Digital - 08-10-2005
Al Qaeda procura especialistas em multimédia
A Al Qaeda pôs anúncios de emprego na Internet pedindo informáticos para as suas montagens de vídeo e para os seus comunicados web, informa um jornal árabe.
O Asharq al Awsat, com sede em Londres, disse esta semana na sua página da Internet que a Al Qaeda tem vagas para a produção de vídeos e para a edição de comunicados para a cobertura de extremistas no Iraque, nos territórios palestinianos, na Chechénia e noutras zonas de conflito onde os combatentes estão activos.
O jornal disse que a Global Islamic Media Front, uma organização radicada na web e unida à Al Qaeda, pede que os interessados contactem por correio electrónico.
O jornal não diz como os candidatos devem contactar com a Global Islamic Media Front.
Comentário:
Mais uma prova, se tal fosse necessário, de que a grande maioria dos cursos superiores, que são hoje ministrados nas nossas faculdades, não correspondem às exigências de um mercado cada vez mais competitivo.
Por outro lado, esta notícia vem justificar as pretensões americanas de um controlo muito mais apertado de todo o tráfego que circula na Internet. A censura na Internet é um passo decisivo na luta contra o terrorismo. Estou certo que o nosso Vitorino concordará comigo.
António Vitorino, que ocupou o cargo de comissário da Justiça e Assuntos Internos, referiu que a opção de melhorar as bases de dados é uma «garantia do Estado de Direito democrático de não estar desarmado perante a ameaça global». E há uns anos atrás:
A proposta da Comissão Europeia, apresentada por António Vitorino, comissário europeu da Justiça e Assuntos Internos, prevê que a "interferência com um sistema de informação" no que se entende como "computadores e redes electrónicas de comunicação" por um indivíduo (ou grupo, se tiver mais de dois elementos) deverá ter uma pena superior a cinco anos de prisão.
A organização Statewatch apontou diversas falhas na proposta nomeadamente, a sua vasta abrangência política, económica e social, cobrir "situações de ordem pública" como manifestações e também a inclusão de multas nas penalizações, que pode indiciar "um objectivo mais amplo do que lidar com o terrorismo".
Al Qaeda procura especialistas em multimédia
A Al Qaeda pôs anúncios de emprego na Internet pedindo informáticos para as suas montagens de vídeo e para os seus comunicados web, informa um jornal árabe.
O Asharq al Awsat, com sede em Londres, disse esta semana na sua página da Internet que a Al Qaeda tem vagas para a produção de vídeos e para a edição de comunicados para a cobertura de extremistas no Iraque, nos territórios palestinianos, na Chechénia e noutras zonas de conflito onde os combatentes estão activos.
O jornal disse que a Global Islamic Media Front, uma organização radicada na web e unida à Al Qaeda, pede que os interessados contactem por correio electrónico.
O jornal não diz como os candidatos devem contactar com a Global Islamic Media Front.
Comentário:
Mais uma prova, se tal fosse necessário, de que a grande maioria dos cursos superiores, que são hoje ministrados nas nossas faculdades, não correspondem às exigências de um mercado cada vez mais competitivo.
Por outro lado, esta notícia vem justificar as pretensões americanas de um controlo muito mais apertado de todo o tráfego que circula na Internet. A censura na Internet é um passo decisivo na luta contra o terrorismo. Estou certo que o nosso Vitorino concordará comigo.
António Vitorino, que ocupou o cargo de comissário da Justiça e Assuntos Internos, referiu que a opção de melhorar as bases de dados é uma «garantia do Estado de Direito democrático de não estar desarmado perante a ameaça global». E há uns anos atrás:
A proposta da Comissão Europeia, apresentada por António Vitorino, comissário europeu da Justiça e Assuntos Internos, prevê que a "interferência com um sistema de informação" no que se entende como "computadores e redes electrónicas de comunicação" por um indivíduo (ou grupo, se tiver mais de dois elementos) deverá ter uma pena superior a cinco anos de prisão.
A organização Statewatch apontou diversas falhas na proposta nomeadamente, a sua vasta abrangência política, económica e social, cobrir "situações de ordem pública" como manifestações e também a inclusão de multas nas penalizações, que pode indiciar "um objectivo mais amplo do que lidar com o terrorismo".
terça-feira, outubro 11, 2005
O controlo da Internet
Tele.Síntese - 03 de Outubro de 2005
EUA insistem em controlar a Internet
A próxima conferência de cúpula das Nações Unidas sobre a Sociedade da Informação, em Novembro, na Tunísia, promete não ser tranquila, a avaliar pelas discussões que aconteceram na última reunião preparatória para o evento, no dia 29 de Setembro, em Genebra (Suíça).
Os Estados Unidos reagiram violentamente contra a proposta da União Europeia de passar para o âmbito da ONU o controle dos principais computadores que direccionam o tráfego da Internet.
“Não concordamos que a ONU assuma o gestão da Internet”, reagiu David Gross, coordenador de comunicações internacionais e política de informação do Departamento de Estado dos EUA. “Alguns países querem isto, mas para nós é inaceitável,” disse.
No dia 30, em entrevista à imprensa, também em Genebra, Yoshio Utsumi, dirigente da União Internacional de Telecomunicações (UIT), declarou que o órgão da ONU estava pronto para assumir a gestão da Internet.
Ele argumentou que a UIT tem larga experiência em comunicações, lembrando que a sua estrutura e o seu trabalho cooperativo com os sectores público e privado lhe dão todas as condições de desempenhar a função.
Discordâncias
Muitos países, sobretudo aqueles em vias de desenvolvimento, têm manifestado preocupação crescente com o controle do tráfego Internet pelos Estados Unidos. Na avaliação efectuada por alguns negociadores presentes na reunião de Genebra, é cada vez maior o número de nações que reage contra o facto de que um único país tenha a última palavra sobre uma área tão vital da economia mundial.
Embora tenha havido progresso numa série de questões para a elaboração de um texto final para Tunis, Gross avalia que continua a existir dissensão em torno da gestão da Internet.
A discordância sobre quem deve gerir o tráfego, o roteamento e o endereçamento da Internet pode levar a conferência ao fracasso, já que o objectivo do encontro é garantir uma partilha amigável da web, em benefício de todos, dizem os especialistas.
Além disso, alguns países querem maiores garantias contra eventuais interferências dos Estados Unidos, na medida em que os governos utilizam a Internet para prover serviços públicos e outros.
Uma proposta em discussão seria retirar o controle de nomes de domínio da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers – ICANN, sedeada nos EUA, passando-o para um grupo inter-governamental, possivelmente no âmbito da ONU.
Desconfiança
O representante norte-americano considerou a sugestão inadmissível, e declarou à imprensa, em Genebra, que o assunto não estava em negociação. “É uma questão de política nacional”, afirmou Gross, que se disse “profundamente decepcionado” com a proposta da UE de um novo modelo de cooperação envolvendo governos nas questões de nomes, números e endereços Internet.
Em 1998, o Departamento de Comércio dos EUA escolheu a ICANN para controlar os directórios principais, que direccionam o tráfego de navegadores e programas de correio electrónico. Embora a ICANN seja uma organização privada com directores de várias partes do mundo, em última instância, o Departamento de Comércio tem poder de veto.
Comentário:
Não entendo as reclamações mundiais sobre o controlo da Internet por parte do governo dos EUA.
Dado o bom desempenho que têm vindo a demonstrar no controlo da quase totalidade dos media, do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e de quase todo o petróleo do planeta (prevendo-se para breve a anexação das ricas jazidas iranianas), é justo que lhes seja entregue o total domínio da WEB.
Que importância tem que Bush, Cheney ou Rumsfeld possam interceptar um e-mail, meu, a dizer, por exemplo: “o miúdo continua com tosse”, ou “a Fátima Felgueiras lá ganhou aquela merda”, ou, ainda “no Expresso vinha a dizer que um terço dos alemães com menos de trinta anos está convencido que foi a própria administração americana quem organizou o 11 de Setembro”?
EUA insistem em controlar a Internet
A próxima conferência de cúpula das Nações Unidas sobre a Sociedade da Informação, em Novembro, na Tunísia, promete não ser tranquila, a avaliar pelas discussões que aconteceram na última reunião preparatória para o evento, no dia 29 de Setembro, em Genebra (Suíça).
Os Estados Unidos reagiram violentamente contra a proposta da União Europeia de passar para o âmbito da ONU o controle dos principais computadores que direccionam o tráfego da Internet.
“Não concordamos que a ONU assuma o gestão da Internet”, reagiu David Gross, coordenador de comunicações internacionais e política de informação do Departamento de Estado dos EUA. “Alguns países querem isto, mas para nós é inaceitável,” disse.
No dia 30, em entrevista à imprensa, também em Genebra, Yoshio Utsumi, dirigente da União Internacional de Telecomunicações (UIT), declarou que o órgão da ONU estava pronto para assumir a gestão da Internet.
Ele argumentou que a UIT tem larga experiência em comunicações, lembrando que a sua estrutura e o seu trabalho cooperativo com os sectores público e privado lhe dão todas as condições de desempenhar a função.
Discordâncias
Muitos países, sobretudo aqueles em vias de desenvolvimento, têm manifestado preocupação crescente com o controle do tráfego Internet pelos Estados Unidos. Na avaliação efectuada por alguns negociadores presentes na reunião de Genebra, é cada vez maior o número de nações que reage contra o facto de que um único país tenha a última palavra sobre uma área tão vital da economia mundial.
Embora tenha havido progresso numa série de questões para a elaboração de um texto final para Tunis, Gross avalia que continua a existir dissensão em torno da gestão da Internet.
A discordância sobre quem deve gerir o tráfego, o roteamento e o endereçamento da Internet pode levar a conferência ao fracasso, já que o objectivo do encontro é garantir uma partilha amigável da web, em benefício de todos, dizem os especialistas.
Além disso, alguns países querem maiores garantias contra eventuais interferências dos Estados Unidos, na medida em que os governos utilizam a Internet para prover serviços públicos e outros.
Uma proposta em discussão seria retirar o controle de nomes de domínio da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers – ICANN, sedeada nos EUA, passando-o para um grupo inter-governamental, possivelmente no âmbito da ONU.
Desconfiança
O representante norte-americano considerou a sugestão inadmissível, e declarou à imprensa, em Genebra, que o assunto não estava em negociação. “É uma questão de política nacional”, afirmou Gross, que se disse “profundamente decepcionado” com a proposta da UE de um novo modelo de cooperação envolvendo governos nas questões de nomes, números e endereços Internet.
Em 1998, o Departamento de Comércio dos EUA escolheu a ICANN para controlar os directórios principais, que direccionam o tráfego de navegadores e programas de correio electrónico. Embora a ICANN seja uma organização privada com directores de várias partes do mundo, em última instância, o Departamento de Comércio tem poder de veto.
Comentário:
Não entendo as reclamações mundiais sobre o controlo da Internet por parte do governo dos EUA.
Dado o bom desempenho que têm vindo a demonstrar no controlo da quase totalidade dos media, do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e de quase todo o petróleo do planeta (prevendo-se para breve a anexação das ricas jazidas iranianas), é justo que lhes seja entregue o total domínio da WEB.
Que importância tem que Bush, Cheney ou Rumsfeld possam interceptar um e-mail, meu, a dizer, por exemplo: “o miúdo continua com tosse”, ou “a Fátima Felgueiras lá ganhou aquela merda”, ou, ainda “no Expresso vinha a dizer que um terço dos alemães com menos de trinta anos está convencido que foi a própria administração americana quem organizou o 11 de Setembro”?
domingo, outubro 09, 2005
Os homens das SAS abraçam o Islão?
Globo online - 06/10/2005
Blair diz que há possível ligação iraniana a bombas no Iraque
LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse nesta quinta-feira que há sinais de ligações iranianas aos explosivos usados no Iraque, embora a Grã-Bretanha não tenha provas conclusivas.
- O que está claro é que há novos dispositivos explosivos sendo usados não somente contra as forças britânicas, mas também noutros lugares do Iraque. A natureza desses dispositivos leva-nos a elementos iranianos ou ao Hezbollah (...) Não podemos, contudo, ter certeza disso neste momento - afirmou.
O Hezbollah é um grupo guerrilheiro libanês que teria apoio do Irão na sua luta contra Israel.
Ora acontece que há cerca de duas semanas:
Foram descobertos explosivos e um detonador por controle remoto no carro de dois homens das forças especiais SAS britânicas "resgatados" da prisão em Bassorá a 19 de Setembro.
Os homens das SAS, estavam vestidos como árabes. Quando a polícia os mandou parar, aqueles abriram fogo sobre a polícia e transeuntes. Após uma perseguição de carro, foram presos. A polícia encontrou no carro armas, explosivos e um detonador por controle remoto.
Times online - September 21, 2005
The Iraqis displayed photographs of the explosives, weaponry and several bags of equipment allegedly found in the boot of the men’s unmarked car when they had been stopped at a checkpoint. There were also wigs, Arab headdress and sophisticated communications equipment.
Os iraquianos mostraram fotografias de explosivos, armas e vários sacos de equipamento num dos compartimentos do carro dos homens das SAS, sem qualquer distintivo identificador, quando foram mandados parar num posto de controle. Havia também perucas, turbantes árabes e sofisticado equipamento de comunicação.
Comentário:
Portanto, o que Blair está a dizer é que o Irão está a fornecer explosivos aos britânicos das SAS , explosivos esses que são depois utilizados em atentados no Iraque.
Um pouco confuso este negócio dos explosivos e dos detonadores por controle remoto.
Blair diz que há possível ligação iraniana a bombas no Iraque
LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse nesta quinta-feira que há sinais de ligações iranianas aos explosivos usados no Iraque, embora a Grã-Bretanha não tenha provas conclusivas.
- O que está claro é que há novos dispositivos explosivos sendo usados não somente contra as forças britânicas, mas também noutros lugares do Iraque. A natureza desses dispositivos leva-nos a elementos iranianos ou ao Hezbollah (...) Não podemos, contudo, ter certeza disso neste momento - afirmou.
O Hezbollah é um grupo guerrilheiro libanês que teria apoio do Irão na sua luta contra Israel.
Ora acontece que há cerca de duas semanas:
Foram descobertos explosivos e um detonador por controle remoto no carro de dois homens das forças especiais SAS britânicas "resgatados" da prisão em Bassorá a 19 de Setembro.
Os homens das SAS, estavam vestidos como árabes. Quando a polícia os mandou parar, aqueles abriram fogo sobre a polícia e transeuntes. Após uma perseguição de carro, foram presos. A polícia encontrou no carro armas, explosivos e um detonador por controle remoto.
Times online - September 21, 2005
The Iraqis displayed photographs of the explosives, weaponry and several bags of equipment allegedly found in the boot of the men’s unmarked car when they had been stopped at a checkpoint. There were also wigs, Arab headdress and sophisticated communications equipment.
Os iraquianos mostraram fotografias de explosivos, armas e vários sacos de equipamento num dos compartimentos do carro dos homens das SAS, sem qualquer distintivo identificador, quando foram mandados parar num posto de controle. Havia também perucas, turbantes árabes e sofisticado equipamento de comunicação.
Comentário:
Portanto, o que Blair está a dizer é que o Irão está a fornecer explosivos aos britânicos das SAS , explosivos esses que são depois utilizados em atentados no Iraque.
Um pouco confuso este negócio dos explosivos e dos detonadores por controle remoto.
quinta-feira, outubro 06, 2005
Suspeitas inconsistentes
Mário Soares:
“É preciso conhecer melhor a Al-Qaeda para a combatermos com eficácia. Não às cegas. Exploremos os contactos que a Al-Qaeda parece ter com o mundo obscuro das finanças - dos «off-shores» e dos «paraísos fiscais» - com o «dinheiro sujo», com a criminalidade organizada, com o tráfico ilegal de armas, incluindo atómicas, com o mercado da droga. Há franjas desse sub-mundo que, seguramente, serviços secretos, mesmo os minimamente secretos, mesmo os minimamente organizados, podem penetrar e conhecer. Já o devem ter feito. Mas será que os grandes responsáveis querem tomar conhecimento dessa negra realidade e das pistas que indica?”
“Os atentados de que temos conhecimento demonstram, da parte dos terroristas, certo domínio de tecnologias de ponta, meios logísticos e materiais, conhecimento, armas, informações actualizadas. Já nos lembrámos de investigar donde vem isso tudo?"
Miguel Urbano Rodrigues - historiador (especialista na área da Ásia Central), e jornalista
"Foram os EUA quem desde 1980 financiaram as escolas de terrorismo instaladas nos territórios tribais da fronteira Noroeste. Ali se formaram sucessivas gerações de terroristas primeiro a serviço das chamadas Sete Organizações Sunitas de Peshawar e depois dos Talibã. Os homens saídos da academia do terror ideada e montada sob a supervisão da CIA ficaram internacionalmente conhecidos como «os afegãos», embora alguns fossem árabes, paquistaneses e iranianos."
"Um dos incontáveis absurdos da campanha marcada pelo discurso da irracionalidade é a obsessão do sistema de poder dos EUA em identificar o «grande responsável». Quase imediatamente, o terrorista saudita Osama bin Laden passou a ser apontado como «o inimigo número um» dos EUA. Tal atitude seria ridícula se não fosse acompanhada de iniciativas políticas definidoras da estratégia da resposta político-militar dos EUA. De repente, o sistema de poder da primeira potência do mundo fez de um fanático islamita o cérebro e o responsável por um atentado de extraordinária complexidade, sobre cuja montagem e densa rede de cumplicidades no interior dos EUA quase tudo permanece envolvido em mistério."
Comentário:
Afirmar que a CIA possa já ter penetrado essas franjas do terrorismo é sobrestimar as capacidades de uma organização cujo orçamento se resume a 30 mil milhões de dólares anuais.
A CIA está tecnicamente falida. Os operacionais estão a recibo verde. Chove dentro da sede em Langley, porque não há dinheiro para obras. Para director tiveram de ir buscar um assassino de segunda categoria - Porter Goss (member of the CIA's secret assassination squad known as «Operation Forty»). Come on Mário!
terça-feira, outubro 04, 2005
Vitorino, você não tem nada a ver com isto, pois não?
Texto de de Michel Chossudovsky, professor de Economia na Universidade de Ottawa:
Os arquitectos militares do Pentágono estão perfeitamente conscientes do papel central da propaganda de guerra. Engendrada pelo Pentágono, pelo Departamento de Estado e pela CIA, já foi lançada uma Campanha de medo e desinformação [fear and disinformation campaign (FDC)] . A distorção grosseira da verdade e a manipulação sistemática de todas as fontes de informação constituem uma parte integral da estratégia de guerra. Em consequência do 11 de Setembro, o secretário da Defesa Donald Rumsfeld criou o Gabinete de Influência Estratégia [Office of Strategic Influence (OSI)] , ou Gabinete de Desinformação" ["Office of Desinformation"] como foi rotulado pelos seus críticos:
"O Departamento da Defesa afirmou ter necessidade de fazer isso, e estavam realmente a caminho de espalhar histórias falsas em países estrangeiros — num esforço para influenciar a opinião pública por todo o mundo. (Entrevista com Steve Adubato, Fox News, 26 Dezembro de 2002.)
Um certo número de agências governamentais e informação - com ligações ao Pentágono - estão envolvidas em várias componentes da campanha de propaganda. A realidade é apresentada de pernas para o ar. Actos de guerra são anunciados como "intervenções humanitárias" destinados a uma "mudança de regime" e à "restauração da democracia". A ocupação militar e o massacre de civis são apresentados como "manutenção da paz". A abolição de liberdades civis - no contexto da assim chamada "legislação anti-terrorista" - é retratada como um meio para proporcionar "segurança interna" e promover liberdades civis. E subjacentes a estas realidades manipuladas, declarações sobre "Osama bin Laden" e "armas de destruição em massa", que circulam abundantemente nas cadeias noticiosas, são apresentadas como a base para um entendimento dos acontecimentos mundiais.
Para sustentar a agenda de guerra, estas "realidades fabricadas", canalizadas numa base diária para o interior das cadeias noticiosas devem tornar-se verdades indeléveis, tornando-se parte de um vasto consenso político e dos meios de comunicação. Desta forma, os media corporativos - embora actuando independentemente do aparelho militar de informações - são um instrumento desta evolução totalitária do regime.
Em estreita ligação com o Pentágono e a CIA, o Departamento de Estado montou também a sua própria unidade de propaganda "soft-sell" (civil), dirigida pelo subsecretário de Estado para Diplomacia Pública e Negócios Públicos, Charlotte Beers, uma figura poderosa na indústria da publicidade. Trabalhando em ligação com o Pentágono, Beers foi nomeado para chefe da unidade de propaganda do Departamento de Estado logo após o 11 de Setembro. O seu mandato é "para actuar contra o anti-americanismo no exterior" (Sunday Times, Londres 5 de Janeiro de 2003). O seu gabinete no Departamento de Estado destina-se a:
"assegurar que a diplomacia pública (cativar, informar e influenciar audiências públicas internacionais) seja praticada em harmonia com os negócios públicos (estendendo-se a americanos) e com a diplomacia tradicional para promover os interesses e a segurança dos EUA e proporcionar a base moral para a liderança americana no mundo".
A componente mais poderosa da Campanha de Medo e Desinformação (FDI) pertence à CIA, a qual secretamente subsidia autores, jornalistas e críticos por intermédio de uma rede de fundações privadas e organizações patrocinadas pela CIA. A CIA influencia também o âmbito e a direcção de muitas produções de Hollywood. Desde o 11 de Setembro, um terço das produções de Hollywood são filmes de guerra. "As estrelas de Hollywood e os autores de guiões apressam-se a reforçar a nova mensagem de patriotismo, aconselhando-se com a CIA e inspirando-se junto dos militares acerca de possíveis ataques terroristas na vida real". "O Verão de todos os medos" ("The Summer of All Fears") , dirigido por Phil Alden Robinson, que pinta o cenário de uma guerra nuclear, recebeu o endosso e o apoio tanto do Pentágono como da CIA.
A desinformação é rotineiramente "espalhada" pelos operacionais da CIA nas redacções do principais diários, revistas e canais de TV. Firmas de relações públicas externas são frequentemente utilizadas para criar "falsas histórias". Isso foi cuidadosamente documentado por Chaim Kupferbert em relação aos acontecimentos do 11 de Setembro: "Alguns, relativamente poucos, correspondentes bem relacionados forneciam os 'furos de reportagem', que obtinham cobertura nas relativamente escassas fontes de notícias dos principais meios de comunicação, onde os parâmetros de debate são ajustados e a "realidade oficial" é consagrada.
Iniciativas de desinformação encoberta, sob os auspícios da CIA, também são canalizadas através de vários "procuradores" de informação noutros países. Desde o 11 de Setembro essas iniciativas resultaram numa disseminação diária de informação falsa referente a alegados "ataques terroristas". Em virtualmente todos os casos relatados (na Grã Bretanha, França, Indonésia, Índia, Filipinas, etc.) afirmam que os "supostos grupos terroristas" têm "ligações à Al-Qaeda de Osama bin Laden" sem naturalmente admitir o facto (amplamente documentado por relatórios de agências de informações e documentos oficiais) que a Al-Qaeda é uma criação da CIA.
Os arquitectos militares do Pentágono estão perfeitamente conscientes do papel central da propaganda de guerra. Engendrada pelo Pentágono, pelo Departamento de Estado e pela CIA, já foi lançada uma Campanha de medo e desinformação [fear and disinformation campaign (FDC)] . A distorção grosseira da verdade e a manipulação sistemática de todas as fontes de informação constituem uma parte integral da estratégia de guerra. Em consequência do 11 de Setembro, o secretário da Defesa Donald Rumsfeld criou o Gabinete de Influência Estratégia [Office of Strategic Influence (OSI)] , ou Gabinete de Desinformação" ["Office of Desinformation"] como foi rotulado pelos seus críticos:
"O Departamento da Defesa afirmou ter necessidade de fazer isso, e estavam realmente a caminho de espalhar histórias falsas em países estrangeiros — num esforço para influenciar a opinião pública por todo o mundo. (Entrevista com Steve Adubato, Fox News, 26 Dezembro de 2002.)
Um certo número de agências governamentais e informação - com ligações ao Pentágono - estão envolvidas em várias componentes da campanha de propaganda. A realidade é apresentada de pernas para o ar. Actos de guerra são anunciados como "intervenções humanitárias" destinados a uma "mudança de regime" e à "restauração da democracia". A ocupação militar e o massacre de civis são apresentados como "manutenção da paz". A abolição de liberdades civis - no contexto da assim chamada "legislação anti-terrorista" - é retratada como um meio para proporcionar "segurança interna" e promover liberdades civis. E subjacentes a estas realidades manipuladas, declarações sobre "Osama bin Laden" e "armas de destruição em massa", que circulam abundantemente nas cadeias noticiosas, são apresentadas como a base para um entendimento dos acontecimentos mundiais.
Para sustentar a agenda de guerra, estas "realidades fabricadas", canalizadas numa base diária para o interior das cadeias noticiosas devem tornar-se verdades indeléveis, tornando-se parte de um vasto consenso político e dos meios de comunicação. Desta forma, os media corporativos - embora actuando independentemente do aparelho militar de informações - são um instrumento desta evolução totalitária do regime.
Em estreita ligação com o Pentágono e a CIA, o Departamento de Estado montou também a sua própria unidade de propaganda "soft-sell" (civil), dirigida pelo subsecretário de Estado para Diplomacia Pública e Negócios Públicos, Charlotte Beers, uma figura poderosa na indústria da publicidade. Trabalhando em ligação com o Pentágono, Beers foi nomeado para chefe da unidade de propaganda do Departamento de Estado logo após o 11 de Setembro. O seu mandato é "para actuar contra o anti-americanismo no exterior" (Sunday Times, Londres 5 de Janeiro de 2003). O seu gabinete no Departamento de Estado destina-se a:
"assegurar que a diplomacia pública (cativar, informar e influenciar audiências públicas internacionais) seja praticada em harmonia com os negócios públicos (estendendo-se a americanos) e com a diplomacia tradicional para promover os interesses e a segurança dos EUA e proporcionar a base moral para a liderança americana no mundo".
A componente mais poderosa da Campanha de Medo e Desinformação (FDI) pertence à CIA, a qual secretamente subsidia autores, jornalistas e críticos por intermédio de uma rede de fundações privadas e organizações patrocinadas pela CIA. A CIA influencia também o âmbito e a direcção de muitas produções de Hollywood. Desde o 11 de Setembro, um terço das produções de Hollywood são filmes de guerra. "As estrelas de Hollywood e os autores de guiões apressam-se a reforçar a nova mensagem de patriotismo, aconselhando-se com a CIA e inspirando-se junto dos militares acerca de possíveis ataques terroristas na vida real". "O Verão de todos os medos" ("The Summer of All Fears") , dirigido por Phil Alden Robinson, que pinta o cenário de uma guerra nuclear, recebeu o endosso e o apoio tanto do Pentágono como da CIA.
A desinformação é rotineiramente "espalhada" pelos operacionais da CIA nas redacções do principais diários, revistas e canais de TV. Firmas de relações públicas externas são frequentemente utilizadas para criar "falsas histórias". Isso foi cuidadosamente documentado por Chaim Kupferbert em relação aos acontecimentos do 11 de Setembro: "Alguns, relativamente poucos, correspondentes bem relacionados forneciam os 'furos de reportagem', que obtinham cobertura nas relativamente escassas fontes de notícias dos principais meios de comunicação, onde os parâmetros de debate são ajustados e a "realidade oficial" é consagrada.
Iniciativas de desinformação encoberta, sob os auspícios da CIA, também são canalizadas através de vários "procuradores" de informação noutros países. Desde o 11 de Setembro essas iniciativas resultaram numa disseminação diária de informação falsa referente a alegados "ataques terroristas". Em virtualmente todos os casos relatados (na Grã Bretanha, França, Indonésia, Índia, Filipinas, etc.) afirmam que os "supostos grupos terroristas" têm "ligações à Al-Qaeda de Osama bin Laden" sem naturalmente admitir o facto (amplamente documentado por relatórios de agências de informações e documentos oficiais) que a Al-Qaeda é uma criação da CIA.
domingo, outubro 02, 2005
O fim do emprego
Este texto é um excerto de um artigo de Fernando Dacosta publicado na revista Visão 625-24/02/05. Subscrevo-o na totalidade.
Prevê-se que em cada cinco crianças nascidas hoje, três jamais arranjarão emprego estável.
Corrompida, a liberdade imergiu-as em novas (outras) desigualdades, indignidades, como as do crescente, insaciável «triângulo negro» da precarização, escravização, exclusão. Direitos penosamente conquistados (na saúde, na assistência, no trabalho, no ensino, no lazer, na cultura) estão a ser dissolvidos em cascatas de perfumado cinismo light. Os jovens que entram no mundo do emprego fazem-no a prazo, a contrato volátil, vendo-se, sem a mínima segurança, impedidos de construir uma vida própria, entre zappings de subtarefas e de pós-formações ludibriadoras.
O problema não tem no sistema vigente, o que poucos ousam admitir, solução visível. Enquanto isso há quem, para se confundir (confundir), culpabilize por ele a baixa taxa de natalidade e, lestamente, se proponha incentivá-la – incentivá-la para aumentar o número de crianças abandonadas?, para disparar a percentagem de jovens sem ocupação?, para renovar de carne fresca e farta os canhões, as camas, os catecismos, os esclavagismos? Prevê-se, com efeito, que em cada cinco crianças nascidas hoje em Portugal, três jamais arranjarão emprego estável.
A queda, por exemplo, de descontos para a Previdência (que tanta ondulação provoca) não advém da falta de trabalhadores com vontade de fazê-los – aos descontos; advém, sim, da falta de trabalho para serem feitos. Há já mais de 600 mil desempregados «seniores» e de 80 mil jovens à procura do primeiro emprego (40 mil licenciados), sem que ninguém, ao que se observa, se dinamize com isso. Nesta fase, as teses «coelheiras» só iriam agravar, não resolver, os problemas demográficos existentes.
Subir a idade da reforma para os 70 anos (aos 50 um trabalhador começa a ser tratado pelos superiores e colegas como um estorvo), aumentar os horários laborais ( a produção tornou-se não insuficiente mas excessiva para o mercado), congelar os salários líquidos (enquanto a inflação os baixa) como defendem certos especialistas (que preservam, no entanto, para si retribuições e reformas milionárias) apenas desarticulará o mecanismo social que a humanidade vem, penosamente, construindo no sentido de tornar a existência mais digna e solidária.
As velhas gerações, a sair de cena, agarram-se às influências que julgam, julgavam, manter, merecer. Disfarçando desesperos, socalcam sem resultados patéticas vias sacras de cunhas, súplicas, empenhos, hipotecas, tráficos. As crispações que não sentiram quando, décadas atrás, iniciaram as suas carreiras (eram de outro tipo as, então, sofridas) experimentam-nas agora em relação à insegurança inquietante dos filhos e netos. Ingénuas, acreditaram que bastava, como no seu tempo, um curso superior para se ficar protegido, promovido. Fizeram os seus tirá-lo sem reparar que as universidades se transformaram de clubes VIP em fábricas massificadoras, cada vez mais vazias de elitismos internos e poderes externos.
Só os filhos-família de famílias dominantes (na direita, no centro e na esquerda, na economia, na política e nos lobbies) dispõem de privilégios garantidos, defendidos.
Prevê-se que em cada cinco crianças nascidas hoje, três jamais arranjarão emprego estável.
Corrompida, a liberdade imergiu-as em novas (outras) desigualdades, indignidades, como as do crescente, insaciável «triângulo negro» da precarização, escravização, exclusão. Direitos penosamente conquistados (na saúde, na assistência, no trabalho, no ensino, no lazer, na cultura) estão a ser dissolvidos em cascatas de perfumado cinismo light. Os jovens que entram no mundo do emprego fazem-no a prazo, a contrato volátil, vendo-se, sem a mínima segurança, impedidos de construir uma vida própria, entre zappings de subtarefas e de pós-formações ludibriadoras.
O problema não tem no sistema vigente, o que poucos ousam admitir, solução visível. Enquanto isso há quem, para se confundir (confundir), culpabilize por ele a baixa taxa de natalidade e, lestamente, se proponha incentivá-la – incentivá-la para aumentar o número de crianças abandonadas?, para disparar a percentagem de jovens sem ocupação?, para renovar de carne fresca e farta os canhões, as camas, os catecismos, os esclavagismos? Prevê-se, com efeito, que em cada cinco crianças nascidas hoje em Portugal, três jamais arranjarão emprego estável.
A queda, por exemplo, de descontos para a Previdência (que tanta ondulação provoca) não advém da falta de trabalhadores com vontade de fazê-los – aos descontos; advém, sim, da falta de trabalho para serem feitos. Há já mais de 600 mil desempregados «seniores» e de 80 mil jovens à procura do primeiro emprego (40 mil licenciados), sem que ninguém, ao que se observa, se dinamize com isso. Nesta fase, as teses «coelheiras» só iriam agravar, não resolver, os problemas demográficos existentes.
Subir a idade da reforma para os 70 anos (aos 50 um trabalhador começa a ser tratado pelos superiores e colegas como um estorvo), aumentar os horários laborais ( a produção tornou-se não insuficiente mas excessiva para o mercado), congelar os salários líquidos (enquanto a inflação os baixa) como defendem certos especialistas (que preservam, no entanto, para si retribuições e reformas milionárias) apenas desarticulará o mecanismo social que a humanidade vem, penosamente, construindo no sentido de tornar a existência mais digna e solidária.
As velhas gerações, a sair de cena, agarram-se às influências que julgam, julgavam, manter, merecer. Disfarçando desesperos, socalcam sem resultados patéticas vias sacras de cunhas, súplicas, empenhos, hipotecas, tráficos. As crispações que não sentiram quando, décadas atrás, iniciaram as suas carreiras (eram de outro tipo as, então, sofridas) experimentam-nas agora em relação à insegurança inquietante dos filhos e netos. Ingénuas, acreditaram que bastava, como no seu tempo, um curso superior para se ficar protegido, promovido. Fizeram os seus tirá-lo sem reparar que as universidades se transformaram de clubes VIP em fábricas massificadoras, cada vez mais vazias de elitismos internos e poderes externos.
Só os filhos-família de famílias dominantes (na direita, no centro e na esquerda, na economia, na política e nos lobbies) dispõem de privilégios garantidos, defendidos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)