domingo, junho 17, 2007

Miguel Sousa Tavares - As grandes jogadas feitas na sombra pelos «nossos representantes» eleitos

Corrupção ao mais alto nível

Jornal Público – 17 de Junho de 2007







Van Zeller acertou com Sócrates e Mário Lino quem seriam os promotores do estudo sobre o aeroporto de Alcochete

O estudo da CIP – Confederação da Indústria Portuguesa sobre as alternativas à Ota para a construção do novo aeroporto de Lisboa começou, afinal, por ser uma iniciativa tripartida entre essa organização patronal, a Associação Comercial do Porto (ACP) e uma terceira confederação empresarial. Mas tudo mudou depois de uma reunião entre Francisco Van Zeller, José Sócrates e Mário Lino, onde se considerou “conveniente” que apenas a CIP ficasse encarregue da promoção do documento. Outra consequência: o estudo de uma opção Portela + 1, que constava do estudo preliminar e que é considerado essencial pela ACP, acabou também por ficar pelo caminho.

Os bastidores desta iniciativa são contados por Rui Moreira, presidente da ACP, em entrevista ao “Diga lá, Excelência” do PÚBLICO, Rádio Renascença (RR) e RTP 2, e contrariam as declarações de sexta-feira da CIP e Ministério das Obras Públicas sobre a inexistência prévia de negociações entre as duas entidades acerca do documento que foi apresentado na segunda-feira e que apresenta o Campo de Tiro de Alcochete como alternativa à Ota.

“Nós fomos originalmente contactados e não apenas para sermos financiadores do estudo”, recorda Rui Moreira. O contacto foi feito pelo próprio Francisco Van Zeller, presidente da CIP, que explicou o projecto: “Fazer um estudo encomendado pela CIP, pela ACP e por uma outra confederação”, que Rui Moreira recusa revelar por nunca ter falado com essa entidade sobre o assunto.

“[Van Zeller] perguntou se eu estaria disponível. Respondi que achava uma boa iniciativa, louvável, da sociedade civil. Houve uma apresentação no Porto, na ACP, no Palácio da Bolsa, em que estiveram presentes vários empresários que eu convidei. Foi feita uma apresentação de um estudo prévio que apontava para a busca de soluções na margem sul e que apontava para a Portela + 1, ainda que se percebesse por esse estudo uma coisa que também tenho defendido: que a Portela não dará indefinidamente mas se calhar dá para mais 15 anos. E cada ano a mais que der tanto melhor, porque estão a ser investidos lá 500 milhões de euros.”

(…)

Reunião com Sócrates

Mas em poucos dias este alinhamento havia de desfazer-se. “O eng. Francisco Van Zeller contactou-me alguns dias depois, disse que viria ao Porto para falar comigo”, continua o presidente da ACP. Estávamos então no dia 2 de Março. “Nesse dia, o eng. Van Zeller disse-me: ‘Rui Moreira, eu fui falar com o primeiro-ministro e foi entendido como conveniente que o ACE não faz muito sentido e portanto isto vai ser apresentado pela CIP. Mas se a ACP quiser continuar a contribuir como se fosse um empresário…”.

Rui Moreira diz desconhecer se houve ou não negociação entre Van Zeller e o Governo sobre os promotores ou o conteúdo do estudo. Mas garante que, se tivessem ficado no grupo de promotores, “o estudo teria continuado a esgotar a opção Portela + 1 e se a Portela + 1 saísse do estudo eu teria uma explicação para vos dar”.

Que houve uma conversa entre o eng. Francisco Van Zeller, o primeiro-ministro e o ministro das Obras Públicas, houve. O teor da conversa eu não vou revelar. Esta parte revelo porque explica a razão por que nós saímos do estudo”, conclui o presidente da ACP.



Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos [Ota e TGV], [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita.»

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»

10 comentários:

Anónimo disse...

A democracia é apenas formal e a população ignorante vota em políticos corruptos. Tais políticos corruptos, ao adquirirem ou conservarem o poder político, transferem o dinheiro dos cidadãos (seja público, oriundo dos impostos, seja capital privado, em mãos dos cidadãos) para agentes corruptores, normalmente grandes grupos económicos.

Anónimo disse...

Aldrabões, políticos, chulos e vigaristas cabem todos no mesmo saco. Miséria de país.

Unknown disse...

Olá!
Venho agradecer a visita que fez ao http://cegueiralusa.blogspot.com/, bem como o facto de o ter linkado no seu excelente espaço.
Bom Domingo e boas postagens.
Abraço,
José Carreira

Anónimo disse...

Diogo, boa ideia :)

Anónimo disse...

Que dirá o PR desta 'palhaçada' toda? Estou cheio de curiosidade...
Será que vai dizer ou comentar algo? Aceitam-se apostas...
António Essse

contradicoes disse...

Tudo muito bem cozinhado
para incauto comer
neste país governado
por quem não o sabe fazer

Anónimo disse...

PortugalDiário

O Ministério das Obras Públicas considerou «fantasiosas» as notícias sobre a existência de uma «eventual negociação entre o Governo e o presidente da CIP» acerca do estudo sobre Alcochete como alternativa à Ota para o novo aeroporto de Lisboa.

Em comunicado hoje divulgado, o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, liderado por Mário Lino, «desmente formalmente essas notícias e comentários e reafirma que o Governo, como lhe competia, se manteve alheio à diligência do presidente da CIP» (Confederação da Indústria Portuguesa, Francisco Van Zeller).

Anónimo disse...

Os imperadores do mundo, continuam em frente com seus projetos: amealhando fortunas e empobrecendo a lacaios.

Paulo disse...

Há sempre alguém que resiste, como diria o poeta.
Abraço
Paulo

Anónimo disse...

E nao ha dinheiro para a SAUDE! Nao da lucros a esta GENTE.