Parte da entrevista de João Cravinho à Revista Visão – 4/10/2007
Via «Pedra do Homem»
Sobre o combate à corrupção - "(...) Fui até ao limite do que podia. Após um processo longo e muitas discussões, formei uma ideia sobre as razões das divergências profundas (...) entre mim e a direcção do grupo parlamentar em questões fulcrais. A primeira tem que ver com um juízo político e ético sobre a situação da corrupção em Portugal e o seu efeito corrosivo sobre o funcionamento das instituições democráticas. Penso que é um fenómeno grave, extenso e sem mecanismos de contenção à altura.(...) Mas também não estávamos de acordo sobre a natureza do fenómeno. Prevaleceu no debate uma noção eminentemente policial da corrupção.(...) Só que a corrupção como fenómeno novo, associado à globalização, torna a concepção policial obsoleta. Um dos nossos grandes problemas é a corrupção de Estado, a apropriação de órgãos vitais de decisão ou de preparação da decisão por parte de lóbis.(...) Foi um dos maiores choques da minha vida ver que aquela matéria causava um profundo mal-estar, era como que um corpo estranho no corpo ético do PS.(...)"
Sobre a actuação do Governo - "(...) Há anos que a governação em Portugal é neoliberal, com mais ou menos consciência social. O problema não está nas políticas sociais, mas na adopção da ideologia neoliberal como matriz.(...) Não pode estar a promover-se uma pseuso-economia de mercado, em que o Estado serve de muleta aos grandes e até aos pequenos negócios. Muitos acham que deve ser essa a originalidade do neoliberalismo à portuguesa.(...)"
Sobre as relações Governo-Presidente da República. - "(...) O regime está de tal modo fragilizado que, em certo sentido, o Prof. Cavaco Silva, em conjugação com o Eng.º Sócrates, funcionam como uma cavilha de segurança suplementar da granada em que está a transformar-se o nosso sistema político.(...) Mas o que está a perguntar é se existe uma nova forma de bloco central. De certo modo, sim.(...)"
Ainda sobre a apropriação do Estado por parte dos lóbis privados, temos as palavras de Miguel Sousa Tavares no Expresso:
Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006
«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos [Ota e TGV], [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita.»
«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»
E ainda sobre o mesmo tema, a opinião de Fernando Madrinha no Expresso:
Fernando Madrinha - Jornal Expresso - 1/9/2007:
(…) Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. (…)
(…) Remetem-nos para uma sociedade cada vez mais vulnerável e sob ameaça de desestrutruração, indicam-nos que os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais.
Comentário:
Embora concorde com João Cravinho na tese da apropriação do Estado pelo grande dinheiro, noto-lhe ainda uma tentativa inglória de isentar de responsabilidades o «nosso» Primeiro-Ministro:
Diz Cravinho que «[Cavaco] e Sócrates funcionam como uma cavilha de segurança suplementar da granada em que está a transformar-se o nosso sistema político».
Mas Sócrates está longe de ser uma cavilha de segurança. Pelo contrário, o actual Primeiro-Ministro tem servido como espoleta de poderosos interesses financeiros apostados em estilhaçar a sociedade e o país, tranformando-o numa coutada de pilhagem privada.
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Via «Pedra do Homem»
Sobre o combate à corrupção - "(...) Fui até ao limite do que podia. Após um processo longo e muitas discussões, formei uma ideia sobre as razões das divergências profundas (...) entre mim e a direcção do grupo parlamentar em questões fulcrais. A primeira tem que ver com um juízo político e ético sobre a situação da corrupção em Portugal e o seu efeito corrosivo sobre o funcionamento das instituições democráticas. Penso que é um fenómeno grave, extenso e sem mecanismos de contenção à altura.(...) Mas também não estávamos de acordo sobre a natureza do fenómeno. Prevaleceu no debate uma noção eminentemente policial da corrupção.(...) Só que a corrupção como fenómeno novo, associado à globalização, torna a concepção policial obsoleta. Um dos nossos grandes problemas é a corrupção de Estado, a apropriação de órgãos vitais de decisão ou de preparação da decisão por parte de lóbis.(...) Foi um dos maiores choques da minha vida ver que aquela matéria causava um profundo mal-estar, era como que um corpo estranho no corpo ético do PS.(...)"
Sobre a actuação do Governo - "(...) Há anos que a governação em Portugal é neoliberal, com mais ou menos consciência social. O problema não está nas políticas sociais, mas na adopção da ideologia neoliberal como matriz.(...) Não pode estar a promover-se uma pseuso-economia de mercado, em que o Estado serve de muleta aos grandes e até aos pequenos negócios. Muitos acham que deve ser essa a originalidade do neoliberalismo à portuguesa.(...)"
Sobre as relações Governo-Presidente da República. - "(...) O regime está de tal modo fragilizado que, em certo sentido, o Prof. Cavaco Silva, em conjugação com o Eng.º Sócrates, funcionam como uma cavilha de segurança suplementar da granada em que está a transformar-se o nosso sistema político.(...) Mas o que está a perguntar é se existe uma nova forma de bloco central. De certo modo, sim.(...)"
Ainda sobre a apropriação do Estado por parte dos lóbis privados, temos as palavras de Miguel Sousa Tavares no Expresso:
Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006
«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos [Ota e TGV], [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita.»
«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»
E ainda sobre o mesmo tema, a opinião de Fernando Madrinha no Expresso:
Fernando Madrinha - Jornal Expresso - 1/9/2007:
(…) Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. (…)
(…) Remetem-nos para uma sociedade cada vez mais vulnerável e sob ameaça de desestrutruração, indicam-nos que os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais.
Comentário:
Embora concorde com João Cravinho na tese da apropriação do Estado pelo grande dinheiro, noto-lhe ainda uma tentativa inglória de isentar de responsabilidades o «nosso» Primeiro-Ministro:
Diz Cravinho que «[Cavaco] e Sócrates funcionam como uma cavilha de segurança suplementar da granada em que está a transformar-se o nosso sistema político».
Mas Sócrates está longe de ser uma cavilha de segurança. Pelo contrário, o actual Primeiro-Ministro tem servido como espoleta de poderosos interesses financeiros apostados em estilhaçar a sociedade e o país, tranformando-o numa coutada de pilhagem privada.
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14 comentários:
o artigo de Vasco Pulido Valente no Público de ontem, que transcrevi lá pró m/blogue, desmonta por completo a natureza corrupta do Bloco Central.
Afinal o VPV vem dizer aquilo que todos por aqui andamos a dizer há mais de3 anos!
Ainda não descobri qual é a finalidade desta "revolta tardia do VPV"; mas quer-me parecer que cheira à possibilidade de um governo de inspiração presidencial dentro em breve, para "pôr fim ao caos" em que os partidos lançaram o país, com um "bidelberger" qualquer como 1º Ministro - se recuarmos no tempo, aprende-se: tb foi assim com o Botas, que veio das Finanças salvar o regime.
Xatoo,
Também li um artigo qualquer, julgo que foi no Expresso, que defende o presidencialismo. Como se isso significasse mudança de fundo! Basta lembrarmo-nos de Bush ou do Sarkozy.
E Cavaco não está também longe de ser essa cavilha de segurança? Foi o 'cabeça pensante' de um partido vocacionado exclusivamente para a tomada de poder pelas oligarquias financeiras. Agora está em repouso e talvez até nem ligue muito ao partido, mas a ideologia ou o que a substitui não desaparece com o afastamento da militância.
"Cavaco foi o 'cabeça pensante' de um partido", eu não diria vocacionado, mas sim comprado por ter demonstrado competência económica neoliberal.
Foi comprado em 1986, com o conhecimento prévio de Soares - estão todos metidos no esquema até ao pescoço. E eles sabem que a maioria do povoléu ão sabe nada deste tipo de coisas. Cavaco foi comprado pela famiglia Bush, em privado, e não apenas "em visita oficial" aos donos, como muito bem se recorda aqui,,, Não é só um esquema de controlo imperialista entre instituições - é um pacto entre mafiosos!
Quando os políticos que exerceram cargos de governação são colocados em lugares como os do senhor Cravinho não se encontram dentro do esquema de corrupção? Moral de espoleta atrasada!
Era só o que nos faltava
voltarmos a essas iniciativas
quando o Presidente determinava
quem exercia acções governativas
CS,
É verdade que Cravinho é (foi?) um homem do sistema e que inclusivamente defende a OTA. Mas este reconhecimento público da podridão política, ainda por cima vindo de um insider, é importante. Façamos circular a notícia. Quanto mais este gesto de Cravinho for comentado, mais insiders (com algum fundo de moralidade) tenderão a seguir-lhe os passos.
O Cravinho defendeu a Ota ? Parece impossível ! Quem defende a Ota não merece viver !! Tenho dito.
Cravinho honesto? É bem possível, por isso foi "corrido" para onde está. Mas como os outros, na hora do aperto, os seus interesses estiveram em primeiro lugar, caso contrário não tinha partido. Há muito que o Estado é coutada capitalista, não pelos lindos olhos dos partidos, que financiam as acampanhas eleitorais. Este é um dos inconvenientes da Democracia, tal como nos é apresentada.
Um abraço. Augusto
Oh Augustom, se fosse vc não partia ?
Ena pá...que conversa de doidos....
Mas vocês andam a snifar crude, ou quê?
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