quinta-feira, dezembro 04, 2008

Não é um sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente

20 comentários:

Ana Camarra disse...

Diogo

Isto requer mais tempo do que disponho agora, mas venho ver depois, sim?!

beijos

xatoo disse...

existe neste link uma forma onde presumivelmente se consegue embeber as legendas em português e copiar o video; no entanto não o consegui fazer.
Diogo, como és um gajo jeitoso podias tentar e publicá-lo em português para assim ser visto e melhor compreendido pelo maior número possivel de pessoas

Ana Paula disse...

Ainda estou em choque! Nao e nada que nao saibamos no fundo de nos proprios, o problema é como conseguir reunir as condiçoes para criar este mundo quase perfeito! Excelente video, eu quando criei o meu blog visionei-o so com divertimento, mas nao vou resistir e vou linkar este filme. Obrigada por partilha-lo!

Cumprimentos

Diogo disse...

Ana Camarra, este é um filme a não perder. Explica muito bem a mãe de todas as fraudes - a banca, e aponta soluções para ultrapassar esta escravatura que aceitamos como natural.


Xatoo, há tipos que já o fizeram. Procura no Youtube esse filme legendado em português. Vais encontrá-lo.


Ana Paula, 99,99% das pessoas não sabe de nada disto e dos que vêm estes vídeos há muitos que não acreditam e outros que não percebem. Criar dinheiro a partir do nada e emprestá-lo com juros é demasiado inacreditável para muita gente. Cumprimentos.

MFerrer disse...

ÚLTIMA HORA:
COMUNICADO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
21:00h, 5 de Dezembro de 2008

1 – Chegou hoje ao fim o processo de negociação das medidas tomadas pelo Governo no dia 20 de Novembro para facilitar a avaliação do desempenho dos professores.
2 – Os sindicatos, neste processo, não apresentaram qualquer alternativa ou pedido de negociação suplementar, pelo que o ME dá por concluídas as negociações, prosseguindo a aprovação dos respectivos instrumentos legais.
3 – O ME, mantendo a abertura de sempre, respondeu positivamente à vontade dos sindicatos, expressa publicamente, de realização de uma reunião sem pré-condições, isto é, sem exigência de suspensão da avaliação até aqui colocada pelos sindicatos. Foi por isso agendada uma reunião para o dia 15 de Dezembro, com agenda aberta.
4 – Os sindicatos foram informados que o ME não suspenderá a avaliação de desempenho que prossegue em todas as escolas nos termos em que tem vindo a ser desenvolvida.

Mário Nogueira, dadas as suas declarações nos telejornais d ehoje à noite, é um mentiroso compulsivo e não pode ser um parceiro fiável para nada!
MFerrer

Zorze disse...

Diogo, este documento é importantíssimo. Já o tinha posto no meu blog sem legendas. Existe um vídeo no google vídeo mas tem um corte de 7 mins. Esperemos que proximamente tenhamos o vídeo completo e legendado em português para o incluir por inteiro no blog.

Abraço,
Zorze

Anónimo disse...

Não consigo ver o vídeo. Oxalá que isso não seja já a mão do Gates

Diogo disse...

Experimentei agora o link do vídeo. Ele funciona perfeitamente e com legendas em português.

alf disse...

Estamos perante um video que defende algumas ideias interessantes mas que são banalidades, pois são coisas a que aspiramos, é para chegar a elas que nos esforçamos diáriamente, para conseguirmos uma «sociedade melhor». Aponta essas ideias mas não o caminho para elas, a «solução» que apresenta é uma enormidade. Senão vejamos:

a moeda é apenas um instrumento de intermediação de trocas. Quando compro um bem ou um serviço, estou a fazer uma troca entre algo que eu produzi e algo que eu adquiro - recebo dinheiro pelo que produzo que dou pelo que compro.

Uma sociedade sem moeda é uma sociedade sem trocas. Um sociedade em que eu recebo mas não dou nada, nada produzo. Portanto, é uma sociedade que não precisa de mim e sobre a qual eu não tenho qq poder. Esta situação está farta de ser retratada no cinema, desde filmes do Stalone ao Matrix.

Este video recorre profusamente a meias verdades e a falsidades, o que mostra bem que os seus objectivos não são «honestos». As trapalhadas no que se refere à energia são quase hilariantes.

Acusa o sistema de preversidades que não são do sistema mas do ser humano. E isto é que é preciso ter presente: a raiz de todos os problemas é o ser humano! Se o ser humano fosse «perfeito», todos os sistemas o seriam - até o proposto neste vídeo.

Mas o ser humano é o que é e atribuir ao Sistema as responsabilidades do ser humano é uma técnica muito usada de manipulação de massas.

A corrupção não é do sistema, é das pessoas; as grandes corporações fazem grandes estragos porque as pessoas que trabalham nelas conseguem iludir as regras que o sistema vai criando para o evitar.

E quando digo as pessoas, refiro-me a todos os níveis de pessoas, não apenas aos seus dirigentes - sei de empregados que iam sabotar as máquinas da concorrência depois de sairem do seu emprego para dar vantagem à sua empresa.

Ainda há dias recebi mais um esquema de pirâmide pela internet; as pessoas aderem aquilo sabendo perfeitamente que é uma fraude mas a única coisa que as preocupa é saber se essa fraude irá estoirar para eles ou para quem vier a seguir.

Quanto ao fabrico de dinheiro, é preciso entender o seguinte: o dinheiro em circulação tem de ser proporcional ao fluxo de trocas; ora este é crescente, logo a moeda tem de crescer; e qual a melhor maneira de controlar o seu crescimento do que o volume do crédito?

Quanto às criancinhas que morrem de fome, toda a gente sabe que isso se deve à sobrepopulação, não é verdade? Nas zonas onde não há recursos suficientes continua a existir meia dúzia de filhos por mulher; que já sabem que muitos se destinam a ser vendidos como escravos - não é o sistema monetário que é responsável por isso. Mas parece que nenhuma das milhares de ONGs que existem se preocupa com a natalidade nessas regiões - seria como acabar com a galinha dos ovos de ouro, não é? Sim, porque a pobreza é um negócio muito bom... Porque é que este video atribui a fome dessas crianças à existência de moeda, se ela é mais antiga que a moeda? Desonestidade óbvia e recorrente.

Manter a economia presa ao «lucro» é a melhor forma de a controlar e evitar o crescimento da desigualdade; é por isso que as pessoas estão sempre a inventar maneiras de fugir ao problema do «lucro». Uma maneira é com actividades especulativas, outra é com a ideia dos investimentos «úteis» - vamos investir triliões num comboio de levitação magnética que não é rentável mas é «útil»- assim, não tendo de ser rentável, os seus custos deixam de ter de ser controlados e o dinheiro pode fluir livremente para os bolsos dos espertos por detrás do projecto «útil».

Mas é verdade que precisamos de um novo paradigma económico porque já não vivemos numa sociedade de escassez e este paradigma assenta nela. A minha contribuição para uma mudança de paradigma está nos 3 últimos posts do mês de Julho de 2007 (e no link para «O Suor do Rosto»). E que até correspondem ao que os países nórdicos andam a fazer.

Para fazermos um mundo melhor temos de abrir os olhos ao que o ser humano é. Enfrentemo-nos.

Anónimo disse...

Com agrado que fico a saber da existência duma versão legendada para português.

Vi o filme assim que saiu. Gostei bastante, mas achei notório algo: incompreensão acerca do movimento das sociedades. Mas, caso contrário, o filme (provavelmente) entraria por conceitos muito dados ao marxismo...

Por isso, achei que o caminho referido pelo filme para a supressão dos "males da sociedade", é completamente irrealista. Como se os conhecimentos, e a boa vontade, duma elite de dirigentes fosse suficiente para mudar a sociedade.


Diogo, obrigado pela informação. Amanha já sei o que farei: rever este filme.

contradicoes disse...

Meu caro Diogo simplesmente excelente este video, que traduz a realidade do Mundo em que vivemos e cuja primeira responsabilidade é como todos já sabiamos dos EUA. Eu sou de opinião que deveriamos colocar em todos os nossos blogs este video de forma a que as nossas visitas tivessem conhecimento do seu conteúdo, quanto mais não seja para acordarem do logro de sociedade que estão a ajudar a construir.

contradicoes disse...

Já coloquei o vídeo nos meus dois blogs porque se trata duma revelação de excepcional importância sobretudo para os defensores das políticas norte-americanas.

Anónimo disse...

Alf,

"A cupidez não é tanto um problema individual, mas sim um problema da estrutura de incentivos que gera determinados padrões de comportamneto" JL

alf disse...

Carlos Rocha


Se pensarmos que a cupidez é uma caracteristica natural de todos os humanos, a sua afirmação está certa; não interessa pensar nela como um problema individual, interessa conceber sistemas onde ela não possa actuar; portanto, se ela actua, a responsabilidade é do Sistema - mas porque não a soube evitar, não por ser causa dela.

é esse o erro muitas vezes cometido nas teorias de utopias - a ideia de que os comportamentos predatórios são produzidos pelo sistema.

Quando era novo ouvi muitas vezes dizer que as pessoas nos outros paises eram muito honestas e até pagavam os bilhetes nos transportes publicos sem que houvesse cobrador; até que fui ao estrangeiro (suiça) e percebi porquê: todos os transportes publicos explicavam em letras garrafais as pesadas penalizações a que se sujeitava quem fosse apanhado sem bilhete pelos fiscais que circulavam anonimamente ou quase.

Não digo que as pessoas só são «honestas» se isso lhes for mais vantagoso do que ser «desonesto» (embora assim seja para uma grande parte das pessoas); mas digo que as pessoas têm de ser treinadas na honestidade, não nascem «honestas», isso não é um conceito natural. E esse treino advem de um sistema que penaliza a desonestidade e a combate activamente

Anónimo disse...

Alf,

Vais-me desculpar, mas analisas o que eu transcrevi tomando como referência os "valores" morais do capitalismo com um cheirinho judaico-cristão.
É necessário despir-mo-nos de qualquer conceito ou experiência social e interrogar-mo-nos que tipo de passeio merecemos neste planeta.
Um abraço e muita saudinha para ti!

Diogo disse...

Alf disse... «Estamos perante um vídeo que defende algumas ideias interessantes mas que são banalidades, pois são coisas a que aspiramos, é para chegar a elas que nos esforçamos diariamente, para conseguirmos uma «sociedade melhor». Aponta essas ideias mas não o caminho para elas, a «solução» que apresenta é uma enormidade. Senão vejamos:

a moeda é apenas um instrumento de intermediação de trocas. Quando compro um bem ou um serviço, estou a fazer uma troca entre algo que eu produzi e algo que eu adquiro - recebo dinheiro pelo que produzo que dou pelo que compro.

Uma sociedade sem moeda é uma sociedade sem trocas. Uma sociedade em que eu recebo mas não dou nada, nada produzo. Portanto, é uma sociedade que não precisa de mim e sobre a qual eu não tenho qq poder. Esta situação está farta de ser retratada no cinema, desde filmes do Stalone ao Matrix.»



Diogo: Caro Alf, precisamente este vídeo pressupõe uma produção totalmente automatizada fruto de uma tecnologia mais avançada e, portanto, o fim do trabalho «produtivo». Se as pessoas não precisarem de produzir então não vão trocar o fruto do seu trabalho pelo trabalho de outro. Logo, a moeda, o meio de troca, deixa de ser necessário.



Alf disse... «Este vídeo recorre profusamente a meias verdades e a falsidades, o que mostra bem que os seus objectivos não são «honestos». As trapalhadas no que se refere à energia são quase hilariantes.»


Diogo: Quais são as trapalhadas em relação à energia?



Alf disse... «Acusa o sistema de perversidades que não são do sistema mas do ser humano. E isto é que é preciso ter presente: a raiz de todos os problemas é o ser humano! Se o ser humano fosse «perfeito», todos os sistemas o seriam - até o proposto neste vídeo.

Mas o ser humano é o que é e atribuir ao Sistema as responsabilidades do ser humano é uma técnica muito usada de manipulação de massas.

A corrupção não é do sistema, é das pessoas; as grandes corporações fazem grandes estragos porque as pessoas que trabalham nelas conseguem iludir as regras que o sistema vai criando para o evitar.

E quando digo as pessoas, refiro-me a todos os níveis de pessoas, não apenas aos seus dirigentes - sei de empregados que iam sabotar as máquinas da concorrência depois de saírem do seu emprego para dar vantagem à sua empresa.

Ainda há dias recebi mais um esquema de pirâmide pela Internet; as pessoas aderem aquilo sabendo perfeitamente que é uma fraude mas a única coisa que as preocupa é saber se essa fraude irá estoirar para eles ou para quem vier a seguir. »



Diogo: É sabido que o ser humano não é perfeito, que o poder corrompe e que a ganância pode ser infinita. Daí precisamente a necessidade de estabelecer um sistema que corrija esses defeitos. Quando se coloca sinalização e polícia de trânsito numa cidade é exactamente para ordenar, dar direitos iguais a todos os condutores e dar o máximo de fluidez ao trânsito. Quanto melhor o sistema, melhor se circula. Quanto pior o sistema, maior o atravancamento e mais horas perdidas.



Alf disse... «Quanto ao fabrico de dinheiro, é preciso entender o seguinte: o dinheiro em circulação tem de ser proporcional ao fluxo de trocas; ora este é crescente, logo a moeda tem de crescer; e qual a melhor maneira de controlar o seu crescimento do que o volume do crédito? »


Diogo: O dinheiro em circulação deve ser proporcional ao fluxo de trocas, de bens e de pessoas, mas os bancos centrais não podem estar em mãos privadas, nem podem existir reservas fraccionais que conduzem à contrafacção de dinheiro que é emprestado com juros. Você ainda não percebeu isto, Alf?



Alf disse... «Quanto às criancinhas que morrem de fome, toda a gente sabe que isso se deve à sobrepopulação, não é verdade? Nas zonas onde não há recursos suficientes continua a existir meia dúzia de filhos por mulher; que já sabem que muitos se destinam a ser vendidos como escravos - não é o sistema monetário que é responsável por isso. Mas parece que nenhuma das milhares de ONGs que existem se preocupa com a natalidade nessas regiões - seria como acabar com a galinha dos ovos de ouro, não é? Sim, porque a pobreza é um negócio muito bom... Porque é que este vídeo atribui a fome dessas crianças à existência de moeda, se ela é mais antiga que a moeda? Desonestidade óbvia e recorrente. »


Diogo: Você próprio respondeu à sua questão: «seria como acabar com a galinha dos ovos de ouro, não é? Sim, porque a pobreza é um negócio muito bom». Como dito acima, enquanto a tecnologia não produzir os bens de que necessitamos, então haverá troca e portanto dinheiro e escravidão.



Alf disse... «Mas é verdade que precisamos de um novo paradigma económico porque já não vivemos numa sociedade de escassez e este paradigma assenta nela. A minha contribuição para uma mudança de paradigma está nos 3 últimos posts do mês de Julho de 2007 (e no link para «O Suor do Rosto»). E que até correspondem ao que os países nórdicos andam a fazer. Para fazermos um mundo melhor temos de abrir os olhos ao que o ser humano é. Enfrentemo-nos. »


Diogo: Evidentemente que precisamos de um novo paradigma económico. Um paradigma sem trabalho, um paradigma sem troca, um paradigma sem dinheiro e um paradigma sem pobreza. São as máquinas que vão trabalhar. O desenvolvimento tecnológico é exponencial.

alf disse...

Diogo

Há uma ideia básica de paraíso que reside no nosso inconsciente; eu até já estive num local onde essa ideia se concretizava, que era no interior da Guiné-Bissau pouco depois da independencia - as pessoas viviam dos frutos que colhiam das árvores qd tinham fome e, os mais exigentes, tinham uns porcos que se criavam quase sozinhos, à solta, à volta da tabanca. A roupa não era necessária. A água era a única preocupação mas não era muito grande, iam buscá-la a um poço.

Senti-me aí muito bem. Conheci pessoas que se adaptavam de tal modo a esse modo de viver que «regressar à civilização» se tornava impossível - dizia-se que se tinham «cafrealizado».

E não se pense que a vida era «estúpida»; pelo contrário, havia muito tempo para pensar, as pessoas tinham ideias profundas - não tinham nada a ver com o nosso componês habituado a uma vida dura e sem tempo para preocupações esotéricas porque muito ocupado em sobreviver.

Mas isso só é possível enquanto a população é muito baixa. A população cresce, e os frutos das árvores deixam de ser suficientes, é preciso introduzir a agricultura, esta exige a compra de ferramentas, etc, etc.

A ideia é reproduzir esse «paraiso» agora com altos níveis de população recorrendo às máquinas. A tecnologia a substituir a natureza.

Bem, para começar, a nossa tecnologia está muito longe de poder substituir a natureza - as nossa máquinas têm vida curta, é preciso pessoas para as manter e fabricar;

Podemos utopicamente imaginar um momento em que a tecnologia chegava a um ponto que conseguia o mesmo que a Natureza - um sistema de «máquinas» que se autoreproduzia e, utilizando a energia solar, garantia a nossa sobrevivência!

Bom, mas quem disse que um tal sistema poderia ser mais eficiente do que a Natureza? Esse sistema teria a eficiência que a Natureza tem hoje e suportaria uma população de umas... 10 000 pessoas?

é por isso que a humanidade foi expulsa do paraíso pela sobrepopulação - tenho um post que explica isso mesmo, o significado da parábola bíblica, a sobrepopulação é e sempre foi o grande problema (nos tempos antigos confundia-se com sexo)

A miséria que existe hoje no mundo é, antes demais, devida à sobrepopulação.

A forma de construirmos o paraíso, uma vez que não adbicamos de sermos muitos, não é imaginarmos uma sociedade sem trabalho mas uma sociedade onde o trabalho seja paradisíaco.

Esse é o desafio: tornar o trabalho paradisíaco! Acabar com a ideia, talvez judaico-cristã, que o trabalho é castigo e sacrifício. Não tem de ser.

Nos países do norte da europa, e lá tenho de os citar mais uma vez, isso é muito claro. Se as pessoas não se sentirem bem no trabalho mudam imediatamente. Há décadas que produzem livros sobre como conseguir isso.

Note o seguinte: a ideia de viver sem trabalho numa sociedade de abundância não é exequivel. Isso funciona numa sociedade como a que referi onde as pessoas até andavam nuas - nada tinham e nada precisavam. Mas quando há abundância, as pessoas passam a ter; e a querer ter mais. As pessoas são ambiciosas e competitivas, numa sociedade sem nada essas caracteristicas moldam a estrutura social e o estatuto individual; mas numa sociedade com recursos passa a traduzir-se na vontade de ter mais bens do que os outros.

A sociedade da abundância tem de dispensar as pessoas da necessidade de trabalhar mas dar essa possibilidade a quem quiser. Isso é possível, como mostro nos posts que referi no comentário anterior. Mas sabe qual é o problema que surge: é que todas as pessoas (ou quase) vão querer trabalhar!

Porque o trabalho tornou-se factor de autoestima, relacionamento, realização pessoal; poderá dizer-se que isso é agora, porque as pessoas foram habituadas a tal «escravidão»; mas será?

Quanto à energia, a quantidade de energia necessária a fazer os sistemas capazes de captar a energia das ondas é menor do que a que esses sistemas são capazes de produzir? Pois, faltou entrar com os «custos» em todos esses raciocínios.. uma desonestidade óbvia.

Depois há um problema ignorado: a electricidade é dificilmente transportável. A tecnolgia de baterias que existe não serve. Os carros híbridos não são carros eléctricos, não têm autonomia, a electricidade é um mero complemento, com vantagens mas não como substituto dos combustíveis fosseis.

As baterias de Lítio que se usam em electrónica são muito boas para os telemóveis mas têm um problema: podem explodir. Ao nível das utilizações de electrónica isso não é um problema, mas ao nível do automóvel é. Os novos automoveis eléctricos como os da renault ou da GM usarão baterias que ainda não foram inventadas, andam a trabalhar nelas mas está dificil porque, para ultrapassar os inconvenientes das actuais é necessário recorrer a metais tóxicos e raros. O Hidrogénio tb ainda não é viavel, a fusão nuclear muito menos... há muito trabalho pela frente...

Por último: a sociedade que este vídeo defende já está disponível hoje, pelo menos para muitas pessoas. Aí pelos 50 anos já se tem acesso a reformas antecipadas, por exemplo. Claro que se fica a receber metade do ordenado; mas isso não chega para levar a vida simples que se defende no video? Há imensa gente que opta por isso toda a vida, basta ir à serra de Monchique ou a outros locais deste pais para encontrar estrangeiros que assim vivem. Mas quem optar apenas pela reforma a partir dos 50 anos, ganha o suficiente para ter uma casinha e um nível de vida muito melhor do que provavelmente os seus pais tiveram. E pode ainda ir viver para áfrica - e há gente a fazer isso mesmo, uma pequena reforma daqui é mais do suficente para lá. Ou seja, essa opção já existe; então qual a necessidade de apelar à destruição do sistema actual, que tornou isso possível? Mais, apelar à sua destruição nesta altura em que a tecnologia nem de perto permite satisfazer o que se promete?

Em minha opinião, este vídeo é um trabalho «religioso», prometendo, como qualquer religião, um paraíso aparente; a única diferença das religiões clássicas é que promete o paraíso na Terra, iludindo-as com as capacidades da tecnologia. Abusa do nosso desejo de felicidade e isso é uma manipulação indecente das pessoas. Porque a nossa razão bloqueia perante tais promessas.

E para quê? Ora, todas as «igrejas» que se vão continuamente criando por este mundo geram grandes benefíos para os seus mentores... como a população de «ateus» tem crescido muito, imagino que haja quem tente aplicar aos ateus as técnicas que se usam para os crentes... porque, no fundo, como tenho dito, somos todos, de uma maneira ou doutra, «crentes», apenas escolhemos acreditar em coisas diferentes.

Foi muito bem ter post isto no seu blogue, eu já tinha sido confrontado com vários esquemas de estabelecer «religiões para ateus» mas este é dos mais sofisticadas; temos de ir acompanhando a sua evolução para não sermos apanhados de surpresa

Diogo disse...

Caro Alf,

Há um factor que você está a menosprezar. A tecnologia está a evoluir exponencialmente. Na informática, na genética, nas telecomunicações, na robótica, nos novos materiais, etc. A inteligência artificial está a evoluir de uma forma insuspeitada. Que pensa você que irá acontecer daqui a duas dúzias de anos?

Voltaremos à Guiné dos novos tempos. A tecnologia produzirá tudo o que quisermos com inteligência, força, velocidade e destreza biliões de vezes superiores à nossa.

O planeta Terra é muito grande. Hoje somos 6 mil milhões? Amanhã poderíamos ser 6 mil biliões. Todos cá cabíamos. A decisão é nossa.

Você chama a isto religião? Os meu avô paterno nasceu em 1890 (já morreu há anos). O que é que você pensa se lhe dissessem em 1910 (tinha ele 20 anos) que daí a uns anos milhões de pessoas iriam viajar a 10 km de altura, à velocidade de mil quilómetros à hora? Que haveriam fábricas que trabalhavam, praticamente sozinhas? Que haveriam máquinas que fariam biliões de cálculos por segundo? Que se poderia transplantar ossos, medulas, córneas, faces, mãos, corações, pulmões, rins, fígados, pâncreas, pénis, pele, baços, úteros, etc? Que poderíamos estar a falar e a ver em tempo real com outra pessoa do outro lado do mundo?

Isto não é religião, Alf, é realismo.

alf disse...

Diogo

Todas essas coisas maravilhosas exigem imenso trabalho. Um trabalho que tem de começar logo na infancia para a pessoa poder aprender todos os conhecimentos e capacidades necessárias a lidar com as capacidades tecnológicas. Um trabalho tão intenso que muitas pessoas não são capazes de o fazer. E isso é um grande problema.

Por outro lado, as capacidades tecnológicas não são como você julga. Os nossos robots, para fazerem alguma coisa, têm de ser concebidos para essa tarefa e programados para ela. Para cada tarefa um robot, a não ser que seja um robot de «brincar». E isso exige trabalho de pessoas muito especializadas.

Fantasia-se muito com as capacidades tecnológicas - por exemplo, usar um chip para aumentar a nossa memória. Isso é um disparate. Ainda há pouco tempo calcularam que a capacidade de processamento do nosso olho era igual à soma das capacidades de todos os computadores existentes no mundo. Uma minuscula célula é duma capacidade transcendente ao pé de tudo o que somos capazes de fazer. Pode crer que de tecnologia percebo bastante; e sei tanto as coisas fantásticas que ela pode fazer como as coisas que lhe são inacessíveis.

E, acima de tudo, está a esquecer as necessidades dos humanos. Esse é o erro fatal de muitas teorias políticas. Para começar, a necessidade de reconhecimento; e essa obtem-se através de actos heróicos, abnegados, ou do trabalho. O trabalho, como ele é encarado hoje em várias sociedadas avançadas, fornece os mecanismos de integração social e de realização pessoal.

Claro que as actuais tendencias liberais estão a destruir essa vertente do trabalho, ao abusar do conceito de «man power». mas aí trata-se de discutir que tipo de trabalho queremos, não de acabar com ele.

a maior parte das pessoas quer trabalho. POde não querer ser empregado, aturar um patrão chato, como ainda há muitos em portugal, mas quer trabalhar, sentir-se integrado numa equipa que tem objectivos, que faz coisas.

Conheço vários reformados que desde que se reformaram não param, agora andam muito mais ocupados do que estavam antes - a diferença é que seguem agora os seus projectos pessoais.

Acabar com o trabalho? Isso pode ser uma opção para alguns, mas não para a generalidade. Sejamos claros: o paraíso católico deve ser uma chatice; e o muçulmano, sempre a coisar com virgens? Isso só seria bom na primeira semana; e depois?

Nã. nós humanos, precisamos de interagir com o exterior, ter sonhos, projectos, ambições,criarmos,aventurarmo-nos no desconhecido, correr riscos, sofrermos, rirmos, sermos derrotados, vencedores, abraçarmo-nos, lutarmos. O trabalho, como o desporto, são processos que nos dão sentido à vida. Estamos programados para testar as nossas capacidades aos limites.


Aquele paraíso na Guiné foi um momento, não uma opção de vida. Aquelas pessoas sentiam-se felizes, é um facto, mas eu não me contento com tão pouco rsrsrs... a pensar assim podiamos fazer uma operação ao cérebro que nos deixasse felizes e tontinhos... ou injectarmo-nos de manha à noite...

Não digo que esse mundo não possa surgir como sedutor para algumas pessoas. Mas não para todas. Eu não o quero.

Anónimo disse...

cool blog