A 17 de Outubro de 2003, Vladimir Putin afirmou que a Rússia ainda possuía “quantidades significativas de mísseis balísticos intercontinentais SS-19 que nunca foram colocados estrategicamente, e, portanto, não faziam parte das negociações de desarmamento, que continuam desactivados para uma emergência. “Estes são os mais poderosos mísseis do mundo”, afirmou Putin, acrescentando que seriam as armas ideais para furar qualquer potencial escudo de mísseis defensivos americanos. Rumores não confirmados sugerem que a Rússia possui no mínimo duzentos SS-19 armazenados.
Apenas uma semana depois, a 24 de Outubro de 2003, o Presidente Putin redefiniu os limites dos acessos americanos ao Hemisfério Oriental quando inaugurou uma nova base aérea russa em Kant no Quirguistão, 30 quilómetros a leste de uma base americana alugada em Manas, usada para apoiar operações “contra-terroristas” no Afeganistão. Na mesma altura os chineses movimentaram um esquadrão de aviões de combate Sukhoi 27 para a base aérea de Kashi, que é a mais próxima da fronteira com o Quirguistão.
Na cerimónia de inauguração Putin afirmou: “Ao construir um escudo aéreo no Quirguistão nós desejamos reforçar a segurança nesta região, cuja estabilidade é crescentemente um factor significante,” Putin enfatizou que a base de Kant era agora um dissuasor para terroristas e extremistas de TODOS os tipos (a deterrent for terrorists and extremists of ALL kinds).
25 de Novembro de 2004 – O presidente Vladimir Putin anunciou a semana passada que a Rússia iria desenvolver uma nova geração de armas nucleares que as outras potências ainda não possuem. Putin afirmou numa conferência de oficiais em Moscovo: “Nós continuaremos a persistir na construção consistente das forças armadas, em geral, incluindo a componente nuclear, e novas tecnologias de sistemas de mísseis nucleares que outras potências nucleares ainda não possuem e não possuirão,” e acrescentou “eu quero que todos compreendam isto”.
Depois da Geórgia e da Ucrânia, cujas revoluções constituíram duras derrotas para a diplomacia russa, o Kremlin tenta agora não perder o Quirguistão e passou à ameaça: "O Quirguistão é nosso aliado pelo Tratado de Segurança Colectiva. Penso que a chamada 'oposição' deve ter cabeça e encontrar forças para se acalmar e fazer voltar o desenrolar dos acontecimentos ao campo do diálogo político", declarou Serguei Ivanov, ministro da Defesa da Rússia.
O Tratado de Segurança Colectiva foi assinado por algumas repúblicas da antiga União Soviética (Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão) e prevê o apoio militar a um dos signatários caso seja vítima de agressão.
Comentário:
Após duas derrotas (revolução das "rosas" na Geórgia e "laranja" na Ucrânia), Valdimir Putin disputa uma terceira partida com o campeão mundial Bush. Está a ser uma partida movimentada, pois Bush escolheu uma variante um tanto aguda, ganhando uma capital «Bishkek» mas arriscando-se ao deixar uma base militar no extremo. Putin sacrificou a qualidade complicando a sua situação e conferiu certa instabilidade à posição. Tendo em conta o seu estilo de jogo combativo, tal comportamento é perfeitamente compreensível. Depois de mais um erro de Putin, Bush assume vantagem real, mas comete algumas imprecisões e Putin poderá ainda empatar. Claro que a tensão natural de estar a disputar um título de potência mundial influencia decisivamente os lances, e o presidente com nervos mais sólidos pode sair com uma vantagem considerável. Vamos à partida...
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