segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Portugal inteiro trabalha para engordar a banca

Fernando Madrinha - Jornal Expresso - 3 de Fevereiro de 2007

Chuva de milhões

«Todos os anos, por esta altura, muita gente se interroga: que país é este onde a vida é tão dura e deficitária para toda a gente, famílias e empresas, menos para os bancos?»

«Em conferências de imprensa solenes, cada conselho de administração apresenta-se em peso para uma espécie de foto de família, que é também uma encenação do seu imenso poder, para dar ainda mais força à mensagem do respectivo presidente e porta-voz. E essa mensagem, sempre a mesma nos últimos anos, é a de que os lucros não param de crescer. O Millennium bcp, por exemplo: teve 780 milhões de euros de lucros em 2006 - mais 28% do que no ano anterior; o BPI registou 309 milhões - mais 23%; o Banco Espírito Santo anunciou ganhos de 420 milhões - mais 5o%...»



«Tudo estaria bem se esta chuva de milhões sobre os bancos fosse um sinal de pujança da vida económica do país. Mas sabemos bem que não é. E que esses lucros colossais são, afinal, uma expressão da dependência cada vez maior das famílias e das empresas em relação ao capital financeiro. Daí que, em lugar de aplauso e regozijo geral, o que o seu anúncio provoca é o mal-estar de quem sente que Portugal inteiro trabalha para engordar a banca. Ganha força essa ideia de que os bancos sugam a riqueza do país mais do que a fomentam. E, como as próprias instituições de crédito portuguesas estão endividadas e/ou enfeudadas a estrangeiras, apresentam-se-nos cada vez mais como agentes de estratégias que escapam a qualquer controlo nacional. É por isso que a discussão sobre a OPA do BCP ao BPI já cansa. E que as vertentes espanholas dela nos dão cada vez mais a sensação de que estamos perante um jogo de sombras em que o poder de manipulação está do lado de lá da antiga fronteira.»


Comentário:

Madrinha tem razão em afirmar que estamos perante um jogo de sombras em que o poder de manipulação está do lado de lá da antiga fronteira. Mas as sombras pairam muito para lá de Espanha e espalham-se por todos os continentes. São os chamados banqueiros internacionais que puxam os cordelinhos da Reserva Federal Americana, do Banco da Inglaterra, do Banco do Japão, do Banco Central Europeu e de tantos outros.

Tal não obsta, contudo, que façamos a seguinte pergunta aos nossos "governantes":

Porque é que os Bancos pagam 11% de IRC quando todas as outras empresas pagam 25%?

Porquê, Sócrates?

21 comentários:

contradicoes disse...

Tudo isto acontece pelas razões sobejamente conhecidas. A troca de cadeiras entre os ex-titulares de pastas ministeriais com lugares nos Conselhos de Administração dos Bancos. E obviamente que estes favores têm como contrapartida o escandaloso benefício fiscal que a Banca usufrui. Só não vê quem não quer.

Anónimo disse...

Usem o Google e pesquisem pelos nomes completos de ministros/1ºs ministros e por nomes de bancos. Façam uma lista no final, do cargo/instituições que alguns nomes ocupavam antes de serem governantes, no final obteem um resultado interessante. Podem começar pelo BES.

xatoo disse...

Há um ponto primordial a ter em consideração: a maior parte dos capitais dos bancos estão sediados em Off-Shores.
Portanto, se se estabelecesse equidade no IRC para os Bancos isso só ia servir para que os infimos capitais de investimento que por cá sobram emigrassem de também eles de vez.

Isto é um bocado como a velha discussão entre o Socialismo num só país (que acabou como se viu), ou a Revolução mundial (como advogava Trotsky)
enquanto houver sitios para onde os contra-revolucionários possam fugir e prosseguir a sua actividade criminosa, ou é extremamente dificil, ou não vai haver mesmo revolução nenhuma,,,

Anónimo disse...

Este comentário do xatoo é o mais lúcido que li aqui neste blogue.

De facto é mesmo assim...e eu próprio já escrevi isto. A galinha dá um ovo por dia e se se quiser matá-la para ficar com os ovos todos, fica-se sem galinha e sem os ovos.

Esta é a realidade.

A diferença entre o xatoo e aqui este vosso amigo, é que o xatoo é um crente na "Revolução Mundial" e num mundo onde um grupo restrito de indivíduos mandasse em todos nós.
É uma utopia.
Perigosa, como a História já demonstrou, porque a natureza humana é muito mais complexa do que o xatoo pensa e é ela que fez, faz e fará em cacos todas as utopias que qualquer um de nós é capaz de produzir.

É por isso que esta malta é "do contra".
Assenta em modelos irrealizáveis e tende sempre a comparar o real com o ideal.
Claro que o real fica sempre a perder.

Eu próprio sou capaz de imaginar uma utopia às 3 pancadas, sei lá, um mundo onde o sol nascesse a Oeste, onde chovesse apenas no nabal, onde toda a gente fosse bonita, inteligente, elegante, saudável, rica e bem cheirosa e voasse.

Idealizado este mundo, torna-se fácil criticar o que de facto existe.

Bom, mas a realidade é o jogo que estamos a jogar e quem o quer ganhar tem de jogar com as regras reais. Se jogo futebol, tenho de usar as regras do futebol.
Senão perco.

Por isso, o xatoo perde.
Detesta o real e imagina o ideal.

Claro que nunca irá perceber que as utopias de cada um são as distopias de outros e que para tentar a sua utopia teria de forçar e liquidar todos aqueles que não se revêm nela.

Ele imagina um mundo onde toda a gente concorda com ele e vê o mesmo que ele vê.
Mas esse mundo não existe e nunca existirá.

Menelau nunca cederá de boa vontade a sua Helena, para que o Paris possa dar umas quecas.

É biológico...é por isso que somos sapiens e não abelhas.

Anónimo disse...

Sempre soube que os bancos são ladrões. Nunca acreditem em banqueiros, advogados, políticos e delegados de propaganda médica.

Unknown disse...

E diga-me, cara sandra, porque devemos acreditar em si e nos seus conselhos?
Já agora, usa cartão? Cheques? Mete dinheiro no banco? Pede empréstimoss?
Porque razão faz negócios com ladrões?

xatoo disse...

O-Lidador
largue lá a labita das pessoas e tente uma missão impossivel para si, um voyeur par excelence: centrar-se no assunto.
Quando existir uma Alta Autoridade Mundial (um bush/PNAC virado do avesso) que determine pôr termo aos Off-Shores eles acabam.
Imagina um mundo (real, sem ladrões nem proxenetas), onde cada um só pudesse gastar aquilo que ganha baseado nas continhas concretas daquilo que efectivamente produz?
o problema do Neoliberalismo em geral é igual ao do petróleo de Angola: para sustentar a Oligarquia andam a gastar o dinheiro que hão-se ganhar em 2050,,, O que é que este conceito tem de REAL? nada! (mas quem é irrealista são os seus opositores, eheheheh)
Tudo isso, cobrar juros do crédito à cabeça, apropriando-se daquilo que é de outrem, assenta na ideia dos agiotas judeus,,
se concorda c/ isso,Lidador: Vc é judeu? veja lá ao espelho se tem a penca grande

Unknown disse...

Caro xatoo, aqui o seu amigo Lidador aprendeu a teoria dos juros por um livro do Miguel Cadilhe, na Faculdade de Economia do Porto e não pelo Alcorão, na Madrassa de Quetta.

É por isso que estou em condicões de o informar que se um dia emprestar 1000 euros ao seu amigo Sofocleto, não se deve contentar em receber os mesmos 1000 euros daí a um ano.

Porquê?
Em 1º lugar, porque daí a um ano esses mil euros já não compram o que compravam um ano antes..há para aí uma coisa chamada inflação.

Em 2º lugar porque quando lhe empresta os 1000 euros ao Sofocleto, fica um ano sem eles...e não pode investi-los. Perde portanto os provaveis lucros.

Em terceiro lugar, porque,se bem que o Sofocleto seja mais honesto do que o Pinto da Costa, você não tem realmente a certeza disso e até pode acontecer que o zote bata a bota e você tenha de andar depois a gastar dinheiro em telefonemas e gasolina, para que a família lhe devolva a massa. Ou seja, há um certo risco.

Pois o juro é isto, meu caro.

Mas é evidente que você pode seguir o Corão e não cobrar juro quando empresta dinheiro.

E se é assim, saiba que sou desde já candidato a usufruir das suas boas graças...você empresta-me os 1000 euros sem juros, eu empresto-os ao Zé dos Anzóis pelo seu custo real e no fim do ano, devolvo-lhe os 1000 euros, ficando eu com os lucros.


Quanto à Alta Autoridade Mundial, desça da estratosfera e assente as nádegas no mundo real...e verifique como é que a Alta autoridade mundial impediu o genocídio no Ruanda, no Darfur, na Bósnia, etc,etc.

Já que gosta de ficção, refugie-se na leitura...por exemplo, pode começar por ler o "Triunfo dos Porcos" escrito justamente por um ex-comunista que percebeu a realidade a tempo.

Anónimo disse...

Caríssimo,

Eu não estou contra a que as empresas tenham lucros e mesmo muitos lucros desde que obtidos de forma legal. No caso da banca, legal é haver, por exemplo, concorrência perfeita entre os preços praticados. Supondo que tal é o caso, e que não há conluio o que eu estou CONTRA é que não paguem as taxas de impostos sobre os lucros iguais às demais empresas. E o que eu estou MUITO CONTRA, MAS MESMO MUITO CONTRA, é que fujam aos impostos de um modo que está no limite da legalidade (Paraísos Fiscais e outros) e que o legislador não imponha o ESPÍRITO da lei que não é evidentemente usar os Paraísos Fiscais (entre outros) para fugir aos impostos. Se tal não acontecesse, quantos mais lucros fizessem melhor, mais impostos pagariam sobre os lucros e todos tínhamos a ganhar com empresas eficientes.

Um abraço

Anónimo disse...

Esta questão da banca é tratada de forma injusta para alguns governos. A banca pagava menos IRC porque era estatal, quando é privatizada tem a benesse de pagar menos impostos para ganhar meios de se defender de ataques exteriores (a célebre questão dos centros de decisão) e para financiar o crescimento das empresas portuguesas, para dar lastro ao país. No entanto se a banca portuguesa já se modernizou e defendeu, cumprindo parte da razão pela qual pagava menos impostos, por outro lado nunca foi capaz de servir de sector de arrastamento dos outros (mais uma vez defraudando a teoria do arrastamento e mostrando que muitas vezes estas ideias são só wishful thinking). Esta ressalva serve para defender os governos do Dr. Cavaco Silva e do Eng. António Guterres, anos em que de alguma maneira se justificava a protecção; nesta altura não se justifica tal protecção e mais uma vez se demonstra quão mal agradecidos são os empresários portugueses que, sem o mínimo de decência, são incapazes de cumprir desígnios nacionais. A banca devia ter sido capaz de arriscar, financiando empresas, promovendo o risco e a inovação das PME´s portuguesas, em lugar disso garantem os lucros a partir da ruína das famílias e das benesses do Estado. Isto tem de acabar. Mas não é só a banca; a Somague ganhou concursos em Angola graças à intervenção de Durão Barroso, para evitar que os espanhóis entrassem no sector da (re) construção de Angola – dias depois Vaz Guedes vendeu a empresa aos espanhóis, traindo aquilo que tinha sido a intervenção fundamental de um PM português, assim não dá! Temos um empresariado que vende até a mãe, se lhe garantirem uns poucos dinheirinhos.

Anónimo disse...

E como é que vai ser quando toda a população estiver endividada e não puder cumprir com o pagamento das dívidas? E como vai ser se uma guerra à escala mundial ou uma crise como a de 1929 rebentar;e estando as famílias endividadas e as empresas a tentarem recuperar da crise,mas sem capacidade para investir por não terem capital(e os bancos não concederem mais empréstimos enquanto não forem pagas as dívidas)quem e comos se vai resolver esta situação?

Se na primeira guerra criaram a sociedade das nações e na segunda as nações unidas-e todas as instituições que se aproveitaram do pretexto da guerra para se erigirem,tal como o FMI,o Banco Mundial,enfim todas as instituições de Bretton Woods.Na eventualidade de outra dessas crises o que nos vão apresentar para substituir as nações unidas? Um governo mundial,é isso?

Quando as vicissitudes da história demonstrarem que todo o sistema financeiro só é confiável pelo simples facto da confiança que os, digamos,utentes depositam no sistema e naqueles que o controlam.Quando se tornar óbvio que os banqueiros internacionais são tão confiáveis quanto os administradores da Enron,então já será tarde de mais.Nessa altura estaremos todos a trabalhar de escravos para pagar o que devemos a esses senhores.
Bem-vindos ao maravilhoso mundo do neofeudalismo.
E se pensam que uma sociedade com certas características de feudalismo e capitalismo não é possível,olhem para a emergente Índia com o seu sistema de castas.É perfeitamente possível, resultado das tecnologias de controlo que actualmente existem -e que George Orwell tão bem retratou no seu livro 1984-a implantação de uma sociedade deste tipo.Só é preciso que a realidade fictícia que nos é dada a experimentar(através da tv,do cinema e outros veículos culturais)não reflicta a realidade real,mas antes nos mantenha entretidos,alheados e sobretudo ignorantes do que se passa em nosso redor de forma a que não pensemos muito nas dificuldades do dia a dia.Para alguma coisa serve todo o telelixo e produtos de cultura e arte tão medíocres que nos são vendidos nos dias de hoje!

xatoo disse...

É isso mesmo, um governo Mundial que regule os recursos do planeta que são finitos, e que faça zelar para que só se produza, em regra, localmente o que é estritamente necessário para ser consumido localmente - assim se acaba com a inflação, pelo "crescimento eterno" que é uma anomalia só necessária para manutenção do status quo. Claro que também se terá de passar pela regulamentação demográfica.
Digam o que disserem, isto vai ser assim. Os recursos são finitos - feito pelos Neocons conduzirá a outra grande conflagração mundial porque a maioria das populações se recusam a ser escravizadas pelos 4% das élites que se apoiam na ideia judaica da Banca,,,
a outra alternativa seria a de uma democracia participativa - que será forçosamente implementada para consertar os cacos desta desgraça vigente

augustoM disse...

A resposta é simples. A riqueza só se manifesta perante a pobreza, pois ela vive a conta desta. Quanto maior for a pobreza maior será o ganho da riqueza. Sempre foi assim, porquê agora deveria ser diferente?
Um abraço. Augusto

Unknown disse...

"democracia participativa - que será forçosamente implementada "

Creio que o xatoo, na sua ânsia de imitar o profeta Jeremias, não se apercebe do paradoxo...

Quanto ao "Governo Mundial", o xatoo gaba a ideia de Trotsky e dá largas ao ódio aos judeus.
Para além do primarismo dese tipo de "ideias", mais uma vez, não se apercebe do paradoxo...é que Trotsky era judeu...bem como o Marx.

Que chatice...

xatoo disse...

el Lidl:
há uma pequena minudência que lhe desacredita o comentário:
Nem Marx nem Trostsky ficaram conhecidos por serem teóricos da banca

JMS disse...

LIDADOR, não sei se o Xatoo defende um mundo "onde um grupo restrito de indivíduos mandasse em todos nós" ou se és tu que pretendes "desacreditar" todos os anseios de mudança e de revolução fingindo acreditar que a mudança não é possível porque "as pessoas são assim". e DIZ-ME LÁ, MEU SÁBIO, ONDE É QUE FOSTE BUSCAR A IDEIA DE QUE AS PESSOAS "SÃO ASSIM" E DE QUE MENELAU NÃO SEI QUÊ? O último refúgio do conservadorismo é essa treta do real, da inevitabilidade ou necessidade filosófica do "é assim". Isso é apenas o whisful thinking de que está bem com a Situação. Segundo a lógica do "a realidade é assim" ainda viveriamos numa monarquia absolutista. Burke também achava que as pessoas "são assim": frágeis, estúpidas, idólatras de deus e da autoridade, incapazes de decidirem por si mesmas, inferiores intelectual e moralmente, etc. Burke defendia que a menoridade intelectual dos seres humanos (vituperada pelos iluministas) era algo de constitutivo, de incontornável. Lá o Burke é que sabia tudo, porque tivera a sorte de nascer um génio, como o Lidador. Tu criticas o suposto dirigismo político defendido pelo xatoo, mas no fundo julgas-te um magister só porque leste quatro livros, e achas que a ralé (intelectual, moral) será sempre a ralé. Aquilo que tu defendes, meu jeitoso, não é a Liberdade e tal, são os teus privilégios e o status quo que os garante.

Unknown disse...

JMS: [não sei se o Xatoo defende um mundo "onde um grupo restrito de indivíduos mandasse em todos nós" ]

Claro que sabe… é só ler o que ele escreve. É é evidente que ele se vê como fazendo parte dessa nomenklatura de iluminados.

JMS: [és tu que pretendes "desacreditar" todos os anseios de mudança e de revolução]

O JMS, na sua ânsia de opinar, confunde duas coisas muito diferentes. Mudança é tudo o que somos e nos rodeia, como escrevia Camões…”todo o mundo é composto de mudança”.
Revolução é outra coisa e sim, é algo que, em democracia e estados de direito deve ser “desacreditado”, porque a “democracia liberal é o fim da história”, como postulava Hegel, e não apresenta contradições internas suficientes para que se possam constituir em antítese.
Porque todas as revoluções são arrogantes e pretendem começar de novo a história. São incontinentes e na sua ânsia de reivindicar direitos, acabam sempre por violar o mais fundamental dos direitos do homem: o direito a continuar a sê-lo!
“A continuidade é um direito do homem e é isso que o distingue da besta” (Dupont-White, 1860).

Na verdade, caro JMS, um chimpanzé é sempre o 1º chimpanzé, como se não tivesse sido precedido por milhões de chimpanzés.
O homem, pelo contrário, chega à existência sobre uma enorme montanha de passado, a cultura e a memória dos erros, decantadas ao longo das gerações que o precederam. Mudar é natural e é por isso que a montanha cresce.
A revolução quer começar de novo, fazer tábua rasa do passado, numa patética tentativa de imitar o chimpanzé.

JMS:[ONDE É QUE FOSTE BUSCAR A IDEIA DE QUE AS PESSOAS "SÃO ASSIM" E DE QUE MENELAU NÃO SEI QUÊ?]

Um pouco de cultura clássica, faz sempre bem….Menelau, Helena, Paris são personagens da Guerra de Tróia e excelentes metáforas para quem aspire a compreender o carácter intemporal da natureza humana.
Não parece ser o seu caso…lamento ter dado pérolas a porcos..

JMS:[O último refúgio do conservadorismo é essa treta do real]

O real será uma treta, mas é o melhor que temos e é sempre mais sábio que as pessoas se agarrem a bocados de terra autênticos em vez de se fixarem em vistas imaginárias do céu, servidas aos tontos por aqueles que os querem manipular. Claro que haverá sempre tontos, (o JMS está aqui para demonstrar a veracidade desta minha tese), e é por isso que a banha de cobra se vende tão bem, a IURD tem tantos fiéis e o F. Louça, esse Savonarola caseiro, é ouvido por tantos patetas embevecidos.
No “Triunfo dos Porcos”, “Napoleão”, o porco totalitário que emerge da “Revolução”, tem também uma visão do céu que utiliza para distrair a atenção dos outros animais da miserável realidade em que os obriga a viver: a “Montanha de Açúcar”.
Para eles, explorados até ao osso, o real é uma treta, quando comparado com a Montanha de Açúcar que o ditador lhes aponta.

JMS disse...

Nós já vivemos - acorda! - num mundo onde um grupo restrito de pessoas manda em todos nós. Não se chama Politburo, mas que importa a designação? Ou achas que decides alguma coisa quando escolhes entre Sócrates-Mendes ou Bush-Gore?

Eu também sou pelo reformismo. Mas há épocas em que as coisas só avançam de empurrão. Olha a Rev. Inglesa, a Americana, a Francesa. Reafirmo: sob a tua perspectiva, estávamos melhor com o Sr. Luis XVI, ou o Sr. D. Miguel. Sem bulícios nem acelerações bruscas, num suave e lento esmagamento das liberdades, até que o poder decidisse abdicar um poucochinho dos seus privilégios. Ahhh..pois era.

A História acabou!! Essa tá bem tirada! E diz-me lá, quem foi que mandou encerrar a história? Terá sido o Hegel? É ele o proprietário da História? Não fazia ideia. Pensava que a história só encerrava quando se extinguisse a última comunidade humana. Pelos vistos não. Tá bem. Ficamos então com a democracia burguesa. Mas achas ao menos que esta pode ser melhorada? Ou está bem assim e assim será até ao fim dos tempos?
Não apresenta suficientes contradições internas, a democracia liberal! Tu és um Pangloss, Lidador! Eu seria capaz de enunciar um ror de gritantes contradições internas, mas como estou convencido de não falamos a mesma língua (de que "liberdade", "justiça", "direito", etc tem significados diferentes na tua e na minha língua) nem me dou a esse trabalho.

Não te iludas: cultura clássica is my middle name. Se quiseres fazemos já aqui um certame sobre o assunto e o vencedor leva para casa um busto do Péricles.

O problema não está em começar de novo. Está apenas no que se pretende com esse recomeço e nos meios que se está disposto a empregar. Há lá coisa mais humana do que recomeçar! A não ser que se ache que o homem e as sociedades se definem pelo imobilismo.

É fixando os olhos em "vistas imaginárias do céu" que as coisas progridem na terra. Sempre foi assim. Todas as conquistas sociais foram arrancadas ao poder. Se não fossem os "visionários" e os revolucionários do século XVIII e XIX, ainda hoje estavas a trabalhar doze horas por dia numa fábrica. Para que o mundo evolua é imprescindível a crítica do que existe, a crítica do real ou da situação. Não se trata de propalar fantasias nem moralismos (até porque a fantasia de ontem é a realidade de hoje e a fantasia ou utopia de hoje pode bem ser o real de amanhã), mas de desejar a mudança. Tu não desejas a mudança porque te sentes confortável com o existente. Parabéns. Deus queira que nunca tenhas que viver com 500 euros por mês, ou com dois dólares por dia. Se te visses nessa situação, deixarias imediatamente de achar que "as coisas são mesmo assim". Mas como te sabes um privilegiado (como eu sou também) e te falta imaginação para conceber o sofrimento e a miséria dos outros, não queres que nada mude. Lidador, o teu discurso inçado de ideias-feitas, é do mais TÍPICO que há. És típico, Lidador. Limitas-te a engolir uma cassete, diferente da dos comunistas, é verdade, mas uma cassete ainda assim.

JMS disse...

Nós já vivemos - acorda! - num mundo onde um grupo restrito de pessoas manda em todos nós. Não se chama Politburo, mas que importa a designação? Ou achas que decides alguma coisa quando escolhes entre Sócrates-Mendes ou Bush-Gore?

Eu também sou pelo reformismo. Mas há épocas em que as coisas só avançam de empurrão. Olha a Rev. Inglesa, a Americana, a Francesa. Reafirmo: sob a tua perspectiva, estávamos melhor com o Sr. Luis XVI, ou o Sr. D. Miguel. Sem bulícios nem acelerações bruscas, num suave e lento esmagamento das liberdades, até que o poder decidisse abdicar um poucochinho dos seus privilégios. Ahhh..pois era.

A História acabou!! Essa tá bem tirada! E diz-me lá, quem foi que mandou encerrar a história? Terá sido o Hegel? É ele o proprietário da História? Não fazia ideia. Pensava que a história só encerrava quando se extinguisse a última comunidade humana. Pelos vistos não. Tá bem. Ficamos então com a democracia burguesa. Mas achas ao menos que esta pode ser melhorada? Ou está bem assim e assim será até ao fim dos tempos?
Não apresenta suficientes contradições internas, a democracia liberal! Tu és um Pangloss, Lidador! Eu seria capaz de enunciar um ror de gritantes contradições internas, mas como estou convencido de não falamos a mesma língua (de que "liberdade", "justiça", "direito", etc tem significados diferentes na tua e na minha língua) nem me dou a esse trabalho.

Não te iludas: cultura clássica is my middle name. Se quiseres fazemos já aqui um certame sobre o assunto e o vencedor leva para casa um busto do Péricles.

O problema não está em começar de novo. Está apenas no que se pretende com esse recomeço e nos meios que se está disposto a empregar. Há lá coisa mais humana do que recomeçar! A não ser que se ache que o homem e as sociedades se definem pelo imobilismo.

É fixando os olhos em "vistas imaginárias do céu" que as coisas progridem na terra. Sempre foi assim. Todas as conquistas sociais foram arrancadas ao poder. Se não fossem os "visionários" e os revolucionários do século XVIII e XIX, ainda hoje estavas a trabalhar doze horas por dia numa fábrica. Para que o mundo evolua é imprescindível a crítica do que existe, a crítica do real ou da situação. Não se trata de propalar fantasias nem moralismos (até porque a fantasia de ontem é a realidade de hoje e a fantasia ou utopia de hoje pode bem ser o real de amanhã), mas de desejar a mudança. Tu não desejas a mudança porque te sentes confortável com o existente. Parabéns. Deus queira que nunca tenhas que viver com 500 euros por mês, ou com dois dólares por dia. Se te visses nessa situação, deixarias imediatamente de achar que "as coisas são mesmo assim". Mas como te sabes um privilegiado (como eu sou também) e te falta imaginação para conceber o sofrimento e a miséria dos outros, não queres que nada mude. Lidador, o teu discurso inçado de ideias-feitas, é do mais TÍPICO que há. És típico, Lidador. Limitas-te a engolir uma cassete, diferente da dos comunistas, é verdade, mas uma cassete ainda assim.

Unknown disse...

JMS: [Mas há épocas em que as coisas só avançam de empurrão. Olha a Rev. Inglesa, a Americana, a Francesa.]

Acho que não leu o que eu escrevi: “ Revolução é algo que, em democracia e estados de direito deve ser “desacreditado”.
Repito, Revolução é inadmissível em democracia e estados de direito. Ou acha que não?
Então explique a sua lógica, por favor….até ao ponto em que ache que um grupo de indivíduos tem o direito de, por meios violentos, impor as suas convicções à maioria.

JMS: [A História acabou!! Essa tá bem tirada! ]

Não tresleia…o que acabou foi a história das ideias políticas, uma vez que a democracia e o estado de direito não encontram nenhuma ideia melhor. A não ser que você tenha inventado alguma.
Desembuche!
A humanidade está pendente das suas revelações!

JMS: [Eu seria capaz de enunciar um ror de gritantes contradições internas]

Seria,mas pelo vistos não é.
Venham elas.
Usemos a dialética hegeliana. A democracia liberal é a tese…qual a antítese que o JMS lhe opõe?
A aristocracia?
A oligarquia?
A força?
A anarquia?
Uma coisa nova? Qual? Diga-me então como é que, na sua opinião, e de forma pragmática, o poder deve ser exercido, regulado, legitimado e controlado nas sociedades humanas…uma vez que existe e é necessário.

JMS: [cultura clássica is my middle name]

Modéstia desvanecedora…é pena que tenha sido obrigado a explicar-lhe a subtileza de uma metáfora simples com o Menelau e a Helena.

JMS:[A não ser que se ache que o homem e as sociedades se definem pelo imobilismo.]

Está a ouvir-se a si próprio.
Repito-lhe o que disse:
”Mudança é tudo o que somos e nos rodeia, como escrevia Camões…”todo o mundo é composto de mudança”.

JMS:[Todas as conquistas sociais foram arrancadas ao poder.]

Isso é a mais básica fraseologia marxista. Luta de classes e patetices do género...a medicina forense não é o meu forte. Nunca tive estômago para dissecar cadáveres.
Principalmente aqueles que ainda pensam estar vivos...

JMS: [Para que o mundo evolua é imprescindível a crítica do que existe, a crítica do real ou da situação]

De acordo…mas quando se critica é de bom-tom ter uma ideia melhor, ou então não passam de uivos à lua e isso até o meu cão faz sem resultados visíveis no movimento do satélite.

JMS: [conceber o sofrimento e a miséria dos outros]

A trampa moralista é o zeitgeist do século.
Poupe-me a tão confrangedora narrativa.

JMS:[És típico, Lidador.]

A discussão das minhas características pessoais é capaz de ser muito interessante, mas não me parece que venha a propósito.
Acho que deve arrefecer essas indignações e economizar nos adjectivos tremendos.

Anónimo disse...

J.P. Morgan......¿Caballero blanco del Banesto del Banquero Gallego Mario Conde en 1993?