Miguel Sousa Tavares
Expresso 05/07/2008
«Manuela Ferreira Leite tem toda a razão, quando denuncia a inutilidade de obras públicas que não são essenciais, que não obedecem a uma estratégia conhecida de desenvolvimento, que são lançadas quando se enfrenta uma crise e se tenta a todo o custo conter o défice, e quando a factura é remetida para os nossos filhos. E tem toda a coragem, quando ousa enfrentar o lóbi das obras públicas, que é o grande financiador dos partidos do ‘centrão’. Caiu-lhe em cima a CIP e a AICCOP, uma das associações do sector, justamente alarmadas.
Diz o presidente desta última que "compete à iniciativa privada assumir-se como motor de desenvolvimento e o que nós pedimos é que o Estado crie as condições para se iniciar um novo ciclo de investimento". Eu traduzo, para o caso de ainda haver alguém que não perceba: eles são iniciativa privada para os devidos fins de respeitabilidade e estatuto; mas só são iniciativa se o Estado lhes garantir as empreitadas e os negócios e só são privados para colherem os lucros, ficando os riscos para o Estado. É assim como se o merceeiro da esquina dissesse: ‘Se o Estado me garantir que compra todo o «stock» que eu não conseguir vender, eu garanto a minha iniciativa privada de comerciante’.»
Comentário:
Como se a Manuela tivesse vontade de enfrentar o lóbi das obras públicas! Como se a Manuela, tal como o Sócrates, não fizesse parte do tal centrão que é financiado pelo dito lóbi.
O Sócrates e a Manuela estão para o lóbi das obras públicas, como o Bush e a Hillary estão para o lóbi militar-industrial americano. Meros "public relations representing business".
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Expresso 05/07/2008
«Manuela Ferreira Leite tem toda a razão, quando denuncia a inutilidade de obras públicas que não são essenciais, que não obedecem a uma estratégia conhecida de desenvolvimento, que são lançadas quando se enfrenta uma crise e se tenta a todo o custo conter o défice, e quando a factura é remetida para os nossos filhos. E tem toda a coragem, quando ousa enfrentar o lóbi das obras públicas, que é o grande financiador dos partidos do ‘centrão’. Caiu-lhe em cima a CIP e a AICCOP, uma das associações do sector, justamente alarmadas.
Diz o presidente desta última que "compete à iniciativa privada assumir-se como motor de desenvolvimento e o que nós pedimos é que o Estado crie as condições para se iniciar um novo ciclo de investimento". Eu traduzo, para o caso de ainda haver alguém que não perceba: eles são iniciativa privada para os devidos fins de respeitabilidade e estatuto; mas só são iniciativa se o Estado lhes garantir as empreitadas e os negócios e só são privados para colherem os lucros, ficando os riscos para o Estado. É assim como se o merceeiro da esquina dissesse: ‘Se o Estado me garantir que compra todo o «stock» que eu não conseguir vender, eu garanto a minha iniciativa privada de comerciante’.»
Comentário:
Como se a Manuela tivesse vontade de enfrentar o lóbi das obras públicas! Como se a Manuela, tal como o Sócrates, não fizesse parte do tal centrão que é financiado pelo dito lóbi.
O Sócrates e a Manuela estão para o lóbi das obras públicas, como o Bush e a Hillary estão para o lóbi militar-industrial americano. Meros "public relations representing business".
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9 comentários:
Seja como for é um disparate ter um aeroporto no centro da cidade. Já há muito tempo que deveria ter sido construído um fora da cidade. Não seríamos os únicos. É assim em Paris (Orly e CDG) , em Londres (Heathrow e Gatwick), Madrid (Barajas), etc. etc. Não temos que optar porque é assim com os outros mas porque é irracional ter um aeroporto no centro da cidade como os outros já tinham chegado à conclusão. Já o TGV é um disparate (embora se tenha que resolver o problema de passar da bitola ibérica para a bitola europeia).
FCR
fcr
comparar Lisboa com Paris é a mesma coisa que comparar este vosso pindérico escriba com o Tony Carreira. Por exemplo, dos cubanos que conheço, nem um vai e vem de Havana sem ser via Paris.
e no entanto, atendendo às horas de voo, daqui devia ser mais vantajoso. Infelizmente temos o tal lobie do "centrão" a quem temos de encher o cu,
boas a todos,
@diogo
um post interessante ainda para mais quando ambos têm razão, apreciei a tua comparação, quanto ao MST, tendo razão creio que ele acredita que as palavras da MFL sejam para ser levadas a sério, infelizmente não creio.
@FCR
estás equivocado, não foi o aeroporto que cresceu dentro da cidade, mas sim a cidade que cresceu para dentro do aeroporto, devido a politicas idiotas das diversas presidencias da CML.
cumps,
rjnunes
O centrão é uma questão importante, talvez, preocupante. Alimentada pela sociedade robotizada.
No domínio económico/financeiro tanto se lhes dá PS ou PSD. Os donativos vão para os dois.
É como jogar na roleta no vermelho ou preto e ganhar sempre.
Abraço,
Zorze
boas zorze, infelizmente essa técnica é usada um pouco por todo o mundo todos têm as mesmas ideias, afinal todos estão minados pelos bilderbergs, CFR, trilateral etc etc, as politicas são sempre as mesmas no caminho da NWO.
cumps,
rjnunes
MSTavares tem a caracteristica de concorrer como Mr de la Palisse e de perder em toda a linha . Mr. era, de longe, ainda menos esperto e arrivista.
MSTavares acumula uma vaidade sem limites, uma ignorãncia obscena e um atrevimento olímpico!
Devia escrever só para si próprio . Nós somos indignos das suas letras.
MFerrer
1. Com o mal dos outros posso eu bem.
2. A Portela não está (ainda) às moscas. 3. Não seriam dois Aeroportos porque a Portela seria desactivada.
A razão de eu ter posto a (ainda) no ponto 2 é a minha dúvida se o tempo das viagens baratas não terá acabado. Por um lado, o aumento do preço dos combustíveis e por outro o empobrecimento generalizado das populações até agora (mais ou menos) opulentas. No entanto, uma cidade desenvolvida à volta do Aeroporto seria vantajoso porque descongestionaria Lisboa, uma cidade que não foi desenhada de raiz para ser uma grande metrópole. Que eu gostava de ver o Aeroporto longe de Lisboa, gostava, mas é preciso saber quais os custos de oportunidade e um sério estudo de custos e benefícios.
Neste momento existe uma santa aliança entre os esquerdistas e a direita contra o Governo. Se ele dissesse que não se devia fazer, viriam logo dizer que se devia fazer e vice-versa. De um modo geral este Governo tentou, e estou a ver que não vai conseguir, pôr um pouco de ordem no desgoverno deste povo. E EU APROVO-O. E embora seja contra o voto por listas e jurasse que nunca mais votava neste país enquanto não se implementassem os círculos uninominais irei votar para tentar reeleger o Sócrates. Tem defeitos, é verdade, mas tem menos que os outros. Mas tem uma virtude, não teve medo de dar tapona “aos direitos adquiridos” sem medo de perder o poder. Parece que a maioria do povo assim o entende de acordo com as sondagens. Só há um outro politico que também não tem medo: o Rui Rio. Primeiro teve a audácia de afrontar o Pinto da Costa. Depois foi aquela malta que queria fazer espectáculos que ninguém ia ver no Rivoli à conta do dinheiro do Estado. Correu com eles. E depois os empregados da Câmara que tinham descoberto um direito adquirido que o 26 de Dezembro era feriado. Toca a trabalhar. Estou convencido que estes dois políticos vão dominar a cena politica portuguesa nos próximos anos. Espero que tomem as decisões que mais convêm para o desenvolvimento do país sem comprometerem nem o presente nem o futuro. Já houve más decisões: construção de 10 estádios de futebol, e (espero que não se concretize) o TGV. Quanto ao Aeroporto estou indeciso. Entretanto, prefiro de longe o Sócrates ao Rui Rio porque, PARA MIM, há uma grande diferença entre o centro esquerda (fustigado pelos esquerdistas) e o centro direita (apoiado pelas correntes mais reaccionárias e retrógradas).
FCR
Relativamente ao novo aeroporto e à
perspectiva do custo dos combustíveis não abrandar bem pelo contrário continuar a aumentar significativamente e tendo em vista que a própria TAP com vista a minorar os seus prejuízos vai reduzir vários vôos. Atendendo a que duma maneira geral as grandes companhias aéreas internacionais estão em situação económica difícil tendo algumas como a VARIG, entre outras falido com passivos elevadíssimos, o preço dos bilhetes de avião face à actualização provocada pelo aumento dos combustíveis vai-se tornar incomportável para muita gente que hoje ainda se desloca de avião, deixar de o fazer. Igualmente o uso do transporte rodoviário individual vai para muita gente deixar de ser possível a sua utilização face ao custo dos combustíveis e a incapacidade financeira da maioria das pessoas que até agora circulavam de carro.
Por isso e tal como já em abordagem no meu blog, sugeria aos actuais governantes suspender quer o concurso público para a edificação do aeroporto de Alcochete porque daqui a alguns anos não se justifica porque o tráfego aéreo vai decair, julgo que, com excepção de algumas rodovias que são necessárias no interior do País, é de ficar por aí. E incentivar urgentemente a ferrovia, que será o único transporte público que poderá assegurar a alternativa daqueles que estão ultimamente a ser forçados a deixar de andar de automóvel.
De acordo, caro Raul, mas comboios pendulares em vez de TGVs, como na Inglaterra e nos países nórdicos. E apostar a fundo no tele-trabalho, pondo fim a estes vai-e-vens diários de automóvel, demorados, dispendiosos, irritantes e ambientalmente conspurcadores.
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