Se, por infelicidade, o ex-presidente do Banco Português de Negócios, Oliveira e Costa, ao invés de 1.800 milhões de euros tivesse desviado apenas 1.800 euros, quantia um milhão de vezes menor, o resultado poderia ter sido bem mais funesto.
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O assalto de 7 de Agosto de 2008 à dependência bancária do Banco espírito Santo em Campolide, Lisboa, culminou na morte de um dos dois sequestradores. Ainda antes da entrada dos elementos da PSP, ouviram-se tiros disparados por 'snipers' do Grupo de Operações Especiais. Um assaltante morreu e o outro ficou ferido em estado grave.
Diário de Notícias
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Acção da PSP foi 'aviso' ao crime
O desfecho do assalto à dependência do BES, em Campolide, em Lisboa, foi considerado por muitos como um "aviso" ao mundo do crime e aos criminosos. Fontes policais contactadas pelo DN afirmam mesmo que "este acto deve ser entendido como um reforço da autoridade policial". Pelo lado da banca, a mensagem terá sido entendida da mesma maneira. A partir de agora, "quem se aventurar numa situação destas pensa duas vezes", comentaram ao DN fontes de várias instituições.
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Quem não se sentiu minimamente avisado nem terá pensado duas vezes foi o ex-Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Oliveira e Costa. O ex-governante terá alegadamente desviado cerca de 1.800 milhões de euros do Banco Português de Negócios (BPN), do qual era presidente.
Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN, em prisão preventiva
RTP - 5/2/2009
O antigo presidente executivo do Banco Português de Negócios (BPN) José Oliveira e Costa vai permanecer em prisão preventiva, decidiu esta quinta-feira o Tribunal da Relação de Lisboa, que considerou a medida de coacção "proporcional e adequada".
O juiz de instrução criminal Carlos Alexandre decretou a prisão preventiva "por considerar fortemente indiciada a autoria dos ilícitos (...) e verificados os perigos aduzidos pelo Ministério Público".
O inquérito criminal coordenado pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal incidiu sobre "factos susceptíveis de integrarem a prática de crime de burla qualificada, abuso de confiança agravado, fraude fiscal qualificada, falsificação, infidelidade, aquisição ilícita de acções e branqueamento de capitais".
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Como se já não bastasse o gesto impensado do presidente do BPN, Oliveira e Costa, são ainda arrastados para este lamaçal os nomes de Vítor Constâncio, que, sem se perceber porquê, não supervisionou, e do ministro Teixeira dos Santos, que, incompreensivelmente, nacionalizou:
Os rácios de 9 por cento de Constâncio:
DianaFM - 25/9/2008
Vítor Constâncio defende Banco de Portugal no caso BPN e denuncia "linchamento do supervisor"
"O Banco de Portugal tem sido alvo de calúnias", disse ainda o governador, lamentando que ele próprio esteja a ser alvo de uma "perseguição profissional". "Temos sido alvo de acusações caluniosas e totalmente injustas", denunciou, lembrando que "não descobrir operações ocultas não significa que tenha existido falha na supervisão". "É bom que os portugueses continuem a confiar no Banco de Portugal, onde nunca houve suspeitas de corrupção ou de fraude", acrescentou o responsável. Vítor Constâncio garantiu ainda que nenhum banco foi tão seguido de perto pelo supervisor como o BPN, ao longo dos últimos anos, com inspecções periódicas e critérios mais exigentes. Prova disso é que "o BPN foi o único banco a que o Banco de Portugal impôs rácios de capital de 9 por cento, em 2000, quando o mínimo legal era 8 por cento", disse Vítor Constâncio.
O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, rejeitou qualquer responsabilidade em relação ao que aconteceu no BPN, afirmando que não se demitirá.
"Nada me pesa na consciência em termos de ter cometido qualquer acto para ter contribuído para esta situação", afirmou Vítor Constâncio.
Vítor Constâncio defende Banco de Portugal no caso BPN e denuncia "linchamento do supervisor"
"O Banco de Portugal tem sido alvo de calúnias", disse ainda o governador, lamentando que ele próprio esteja a ser alvo de uma "perseguição profissional". "Temos sido alvo de acusações caluniosas e totalmente injustas", denunciou, lembrando que "não descobrir operações ocultas não significa que tenha existido falha na supervisão". "É bom que os portugueses continuem a confiar no Banco de Portugal, onde nunca houve suspeitas de corrupção ou de fraude", acrescentou o responsável. Vítor Constâncio garantiu ainda que nenhum banco foi tão seguido de perto pelo supervisor como o BPN, ao longo dos últimos anos, com inspecções periódicas e critérios mais exigentes. Prova disso é que "o BPN foi o único banco a que o Banco de Portugal impôs rácios de capital de 9 por cento, em 2000, quando o mínimo legal era 8 por cento", disse Vítor Constâncio.
O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, rejeitou qualquer responsabilidade em relação ao que aconteceu no BPN, afirmando que não se demitirá.
"Nada me pesa na consciência em termos de ter cometido qualquer acto para ter contribuído para esta situação", afirmou Vítor Constâncio.
E as imparidades de Teixeira:
RTP - 5/2/2009
Teixeira dos Santos - Imparidades "reforçam argumento da nacionalização"
Em resposta às críticas dos deputados sobre as opções do Executivo para o Banco Português de Negócios e o Banco Privado Português, o ministro das Finanças sustentou que o montante das imparidades detectadas pela actual equipa de administração do BPN "reforça o argumento da nacionalização".
Os administradores nomeados pela Caixa Geral de Depósitos encontraram imparidades no valor de 1.800 milhões de euros, o que, alegou Teixeira dos Santos, "revela bem quão grave era a situação financeira do banco e justifica a oportunidade e a razão da sua nacionalização".
Comentário:
Na sequência do assalto à dependência do Banco Espírito Santo (BES), que poderia ter talvez rendido mil e tal euros, um brasileiro foi morto com um tiro na cabeça por um operacional dos GOE.
Na sequência do assalto ao Banco Português de Negócios (BPN), que terá rendido 1.800 milhões de euros, um ex-governante calcorreará livremente os tribunais durante meia dúzia de meses, até à completa prescrição do processo.
Fica entretanto por apurar se com a nacionalização do BPN, e entre rácios e imparidades, não terá igualmente havido um assalto descomunal ao contribuinte português...
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Teixeira dos Santos - Imparidades "reforçam argumento da nacionalização"
Em resposta às críticas dos deputados sobre as opções do Executivo para o Banco Português de Negócios e o Banco Privado Português, o ministro das Finanças sustentou que o montante das imparidades detectadas pela actual equipa de administração do BPN "reforça o argumento da nacionalização".
Os administradores nomeados pela Caixa Geral de Depósitos encontraram imparidades no valor de 1.800 milhões de euros, o que, alegou Teixeira dos Santos, "revela bem quão grave era a situação financeira do banco e justifica a oportunidade e a razão da sua nacionalização".
Comentário:
Na sequência do assalto à dependência do Banco Espírito Santo (BES), que poderia ter talvez rendido mil e tal euros, um brasileiro foi morto com um tiro na cabeça por um operacional dos GOE.
Na sequência do assalto ao Banco Português de Negócios (BPN), que terá rendido 1.800 milhões de euros, um ex-governante calcorreará livremente os tribunais durante meia dúzia de meses, até à completa prescrição do processo.
Fica entretanto por apurar se com a nacionalização do BPN, e entre rácios e imparidades, não terá igualmente havido um assalto descomunal ao contribuinte português...
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11 comentários:
E muito fácil desviar (roubar) e qualquer um o sabe fazer. A justiça é que é culpada, e os governantes são os piores.
Bom post! Na mouche.
Diogo
È claro que houve, chamam-lhe outras coisas é uma questão semântica, mas o termo é roubo.
beijos
quem rouba pouco é ladrão
quem rouba muito é barão
Os poderosos apossaram-se do Estado. A política desses partidos é facilitar a vida aos ricos, dar impunidade aos grandes para explorar os pobres, e os oprimir, transformá-los em descartáveis, precários para os fazer ajoelhar, pedir como esmola ou favor aquilo que é deles e para o qual trabalharam... Sou um daqueles a quem o estado rouba os seus direitos, chamando empresário, mas trabalhando a recibo verde, 12 por ano, há 8 anos, sem direito a férias nem 13.0s, nem segurança social, nem subsídio de desemprego e sujeito a pagar Iva ainda por cima. Se me queixo vou para a rua.
O ministro das finanças voltava a fazer o mesmo, e mais não vai preso, disse-o há dias.
E todos dos dois partidos fariam o mesmo, se não pior hoje, depois do que vêem que tolos são quantos se fazem de honestos zezinhos.
Mas é Portugal assim atirado às feras, famelga a lembrar aqueloutras do Sul da Itália até à Sicília.
Na altura achei a reacção da policia exagerada, aquilo parecia-se um recado do poder para o pagode, não para o descansar mas para o por na linha. Muitos me caíram em cima, que se fosse eu o refém ou familiar meu não falava assim, mas já lá vai. Hoje foi dado mais um recado, os elementos do bando das " boinas" foram condenados a 16 e 20 anos de prisão. Fizeram uns quantos assaltos, nunca magoaram ninguém e naturalmente que roubaram menos do que desapareceu do BPN. Não devem faltar em Portugal exemplos de crimes de sangue com penas muito mais leves.
Visitem o meu blog
http://geoalj.blogspot.com/
Falo sobre a NBA, os NO Hornets e o futebol algarvio!
PS: Desculpem a publicidade!
boas a todos,
diogo, é o mesmo de sempre, é a velha frase de "matas dois ou três és um assassino, matas milhões és um conquistador"
aqui aplica-se na mesma, "roubas umas dezenas de euros és um ladrão, roubas milhões és um senhor"
abraço
rjnunes
A justiça neste país só pune quem rouba tostões, porque os que roubam milhões estão obviamente protegidos pelos galifões.
Diogo,
Já tinha lido este teu post. Mas volto para dar os parabéns pela pertinácia de momentum do post. Simplesmente brilhante, meu caro.
Abraço,
Zorze
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