domingo, fevereiro 01, 2009

Bush lamenta-se no Daily Show: "Porquê eu? Que fardo! Porque é que o colapso financeiro teve de acontecer comigo?"

Jon Stewart, do Daily Show, mostra-nos, com humor, um Bush em fim de festa, a falar-nos dos seus próprios erros, das suas desilusões e do azar que teve em ter logo calhado no seu mandato o colapso financeiro.


Jon Stewart: Ao longo dos últimos oito anos, George Bush deu o seu melhor para permanecer inimputável perante o povo americano. Um número recorde de intervenções na actividade legislativa, recurso a imunidade para assessores. Quarenta e sete conferências de imprensa contra setenta e sete períodos de férias. Se havia homem que devia sair de fininho no fim do mandato, era ele. Mas ao que parece, o nosso George não é assim.

Ao longo das últimas duas semanas, de repente, este presidente fala à imprensa como se no dia 20 de Janeiro saísse um álbum dele. Passou pela ABC, NBC, CNN, Fox News, etc., sempre com uma mensagem importante:

George Bush: Estou orgulhoso dos feitos desta administração. Eu não me preocuparia com a popularidade.

Jon Stewart: Tradução: "Eu sou óptimo. Vocês é que não prestam." Ao que parece, o presidente Bush vai continuar a aparecer nos programas televisivos que forem necessários para nos convencer de que não lhe interessa o que pensamos.

George Bush: Disse muitas vezes que a História decidirá o que seria melhor fazer de outra forma, ou, que erros cometi.

Jon Stewart: Pareceu-me uma reflexão. Estamos a chegar a algum lado. Ele admite que cometeu erros. No caso do Iraque, acha que a História vai relatar o erro de informação pré-guerra ou o erro da falta de planeamento pós-guerra?

George Bush: É evidente que colocar "Missão Cumprida" num porta-aviões foi um erro. Transmitiu a mensagem errada.

Jon Stewart: Acha que a perspectiva da História vai ser a da encenação infeliz? Há mais defeitos que a História possa encontrar?

George Bush: É evidente que alguma da minha retórica foi um erro.

Jon Stewart: É evidente que sim. Mas não podemos culpar um grande homem por deslizes ocasionais. De certeza que não há mais nada que a História possa querer analisar? Sabe que invadimos um país com base no facto de terem armas de destruição massiva quando não tinha, certo? Sabe que fez isso?

George Bush: Houve desilusões. O facto de não terem armas de destruição massiva foi uma desilusão significativa. Abu Ghraib foi uma enorme desilusão.

Jon Stewart: Não! Não! Não! Quando entregam a pizza Meat Lovers sem Crazy Bread, isso é uma desilusão. Abu Ghraib e as armas de destruição massiva são asneiradas de m… internacionais.

George Bush: Estou desiludido com o tom em Washington D.C.

Jon Stewart: Dou-lhe razão nesse aspecto. Mas percebem o que o presidente está a fazer? Está a usar o termo "desilusão". Desilusão é o que sentimos quando os outros cometem erros. Nós desiludimo-lo. Mas não há outro erro, uma coisa que meteu mais água, Sr. Presidente, mais próxima?

George Bush: Pensei muito no Katrina. Será que eu poderia ter agido de forma diferente?

Jon Stewart: Que tal ter mostrado alguma preocupação? Ter voltado de férias e não ter dito ao director do FEMA que estava a sair-se bem? Ou até não ter esse tipo como responsável do FEMA? Ter havido coordenação nas operações de salvamento em vez de fingir que ninguém sabia que os diques podiam ceder? Essas coisas.

George Bush: Será que eu poderia ter agido de forma diferente? Como aterrar o Air Force One (avião presidencial) em Nova Orleães? O problema aí é que as autoridades seriam afastadas da missão e suspeito que as vossas perguntas seriam: "Como foi capaz de levar o Air Force One para Nova Orleães, afastando os polícias necessários para controlar Nova Orleães da sua missão, para o proteger?"

Jon Stewart: Não faz ideia do porquê da revolta das pessoas à volta do Katrina, pois não? Achou que foi por causa do avião? É como o tipo cuja mulher chega a casa e o apanha a papar a irmã dela, e acha que ela está zangada porque ele não lhe disse que ia chegar mais cedo.

George Bush: Porquê eu? Que fardo! Porque é que o colapso financeiro teve de acontecer comigo? Termos pena de nós próprios é uma coisa patética.

Jon Stewart: Acho que alguém precisa de passar algum tempo... a desentorpecer o coração. Mas é bom saber que há alguém que não se sente incomodado com a presidência de Bush.

George Bush: Sei que dei tudo por tudo durante oito anos, e não vendi a alma pela popularidade.

Jon Stewart: Não foi preciso... vendeu a nossa.


Vídeo legendado em português:


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5 comentários:

Helena Simões disse...

A devastação de Nova Orleães pelo furacão Katrina demonstrou que no país mais rico do planeta, a diferença que separa a barbárie da civilização é diminuta. Um colapso social onde ficaram claras as enormes desigualdades sociais e raciais dos Estados Unidos, pois a maioria dos que ficaram para trás em Nova Orleães eram negros e pobres, sem automóvel ou dinheiro para fugir da cidade, e sem força política para pressionar o governo americano.

xatoo disse...

a melhor imagem que guardo do bush é a valente piela que apanhou nos Jogos de Pequim
os seguranças tiveram de o levar em braços em estado de coma alcoólico, quando estava prestes a armar um sururu do caneco. Foi uma boa imagem dos 2 mandatos e uma imagem Icónica para os bushistas, no entanto a cena passou um bocado despercebida aos olhos dos media

xatoo disse...

A impressão que te faz ver toda a gente a bater no Sócrates é porque na verdade se trata de criar uma espécie de fractura como no caso Dreyfus em França no princípio do século XX quando a condenação de 1 Judeu (como era o capitão Dreyfus) relançou pela habitual vitimização a implantação do Sionismo na Europa (ideia sugerida pelo comentador amsf em coment. de 31/1)

O caso Sócrates tem semelhanças, na medida em que é um escândalo que parte emocionalmente o país em 2 facções antagónicas (pró-sócrates e anti-sócrates). E enquanto o zépovinho concordar em continuar a escolher entre duas coisas que afinal são apenas uma - a facção vencedora sai disto com uma força renovada e legitimidade para prosseguir as politicas que muito bem entender.
(e ainda por cima o zépovinho fica aliviado, com a libertação da ideia que não será mais roubado: safa que já nos livrámos do tal ladrão sócrates)

Ana Camarra disse...

Diogo

È triste pensar que a criatura ainda acha que foi tudo uma questão de azar, eu achava que tinha sido deliberado e por maldade e é claro para servir outros interesses.
Mas afinal o fantoche é tão inconsciente que nem tem a noção ou então toma o resto da humanidade pela sua bitola.

Beijos

Zorze disse...

Diogo,

George W. Bush foi uma marioneta nas mãos de poderes ocultos (agora está na moda!), eu diria tenebrosos, com valências que abarcam quase todo o espectro do conhecimento humano.

Abraço,
Zorze