sábado, dezembro 19, 2009

José Sócrates: a crise é apenas mais uma razão para fazermos o TGV [orçado em 3,3 mil milhões de euros e cujo bilhete vai custar 100 euros]

Jornal de Negócios: Só para pagar os custos de OPERAÇÃO do TGV que une as capitais ibéricas, seria preciso que todos os 8,3 milhões de portugueses que têm mais de 14 anos fossem a Madrid.


A viabilidade económica do TGV para Madrid


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Jornal de Negócios - 24 Julho de 2008:

[...] O Jornal de Negócios e a Antena 1 passaram os últimos dias a ir à Net, a pedir informação ao Governo, a confrontar fontes e a investigar as contas do TGV e do pacote de estradas. E a primeira conclusão é que nem um nem o outro são, por si só, rentáveis. Seria preciso que todos os 8,3 milhões de portugueses que têm mais de 14 anos fossem a Madrid para pagar os custos de operação (de operação!) do TGV que une as capitais ibéricas. Mas será esta a única discussão que queremos fazer sobre as obras públicas, a do debate financeiro? Evidentemente que não. Foi por causa da obsessão "tem de se pagar a si mesma" que a virtuosa Expo 98 degenerou no ladrilhado Parque das Nações.


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Texto de Miguel Sousa Tavares - Expresso 23/06/2007

O desvario dos socialistas

[...] O que me custa a entender é que se queiram gastar biliões num aeroporto novo cuja necessidade está por provar, e mais uns biliões num TGV para o qual se desconfia que não haverá utilizadores que o justifiquem [...]

Os nossos socialistas 'modernos' têm dois fascínios fatais: as obras públicas e os interesses privados. A simbiose que daqui resulta é a pior possível [...]

Anteontem, na apresentação do TGV, o Governo falou, não para o país ou os seus representantes, mas para uma plateia seleccionada dos grandes clientes privados dos negócios públicos: bancos, seguradoras, construtoras, empresas de estudos, gabinetes de engenharia e escritórios de advocacia. E o discurso foi lapidar: "Meus amigos: temos aqui 600 quilómetros de TGV a construir e dez mil milhões de euros a gastar. Cheguem-se à frente e tratem de os ganhar!".

Temos agora a questão dos TGV. [...] Ninguém sabe para que servirão. Não há estudos sobre a utilização prevista e a relação custo-benefício da sua construção. Depois de tranquilamente nos esclarecerem que, quanto aos custos de construção, a hipótese de a sua amortização ser realizada com as receitas de exploração é "totalmente para esquecer", a própria secretária de Estado dos Transportes duvida de que, por exemplo, a linha para Madrid consiga ser auto-sustentável. Ou seja, depois de um investimento de dez mil milhões de euros a fundo perdido, preparam-se para aceitar tranquilamente um défice permanente de exploração.

Quanto é que ele poderá vir a ser, ninguém sabe, porque não se estudou o mercado para saber se haverá passageiros que justifiquem três comboios diários para Madrid. Mas, para que os privados, que ficarão com a concessão por troços, não se assustem com a vulnerabilidade do negócio, o Governo garante-lhes antecipadamente o lucro, propondo-se pagar-lhes segundo a capacidade instalada e não segundo a capacidade utilizada. Isto é, se num comboio com trezentos lugares só trinta forem efectivamente ocupados, o Governo garante às concessionárias que lhes pagará pelos 270 lugares vazios. Todos os dias, três vezes ao dia para Madrid e eternamente, até eles estarem pagos e bem pagos. Eis o que os socialistas entendem por 'obras públicas' e 'iniciativa privada'!

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12 comentários:

J. Lopes disse...

E fazerem TGVS de dois, três ou quatro andares? Evitavam-se gripes e constipações nos raros casos de passageiros em excesso e multiplicavam-se os lucros das concessionárias nos períodos mortos.

Anónimo disse...

Este imbecil andou a fazer campanha a favor dos xuxas, e agora vem criticar a governação xuxa?!?!... O Miguel andas a dar naquela coisa que põe a malta com a cabeça à roda, não andas?

Sofia disse...

O governo Socratintas fez aprovar um comboio TGV que vai andar quase sempre vazio entre Lisboa e Madrid e cujo custo nos primeiros 20km nos vai custar mais de mil milhões de euros !!! Surrealista, não acham ?

Carlos disse...

O sócrates e o seu governo têm de pagar as dívidas contraídas para poderem ser eleitos. Agora olha, toca a obrar.

Filipe disse...

Em Janeiro, tenho de ir a Londres. Vou através da Easyjet. Paguei cerca de 100 euros, já com taxas. Já contando com esperas em aeroportos, devo demorar umas 5-6 horas no total.

Estou ansioso por ter TGV. Devo pagar - pelo menos - 3 vezes mais, e demorar mais um dia ou assim, mas será tão mais agradável, e excitante.

Já me vejo sentado no comboio mágico, a pensar que ajudei a pagar os milhares de milhões de euros que custou, e que os meus filhos e netos continuarão a pagá-los à banca. Nada paga essa sensação de pertença, de realização, de plena cidadania.

O que é uma viagem de 5-6 horas, a baixo preço, comparada com isso? Não sou nenhum pelintra. Só assim serei moderno, progressivo, realizado... enfim, um OTÁRIO completo.

contradicoes disse...

Também me parece um completo disparate a insistência neste projecto quando é sabido que o transporte ferroviário dá um prejuízo enorme ao erário público. Os comboios da CP ou andam quase vazios no longo curso ou andam cheios ou quase cheios nas épocas natalícias e pascais sendo que parte dos passageiros são familiares dos ferroviários que têm direito a viajar à borla, algo que nunca percebi muito bem porquê.
De resto fica mais barato a uma família de por exemplo 4 pessoas viajar de automóvel de Lisboa ao Porto do que utilizar o comboio, com a vantagem de sairem da porta da casa e chegarem ao destino onde pretende ficar. Escolher o comboio para uma viagem longa tem vários inconvenientes um dois quais é chegar com bagagens à estação de partida e depois da chegada à estação de destino ter de andar com elas as costas. Daí que muita gente pondera tudo isso e abdica de utilizar viajar de combóio optando por usar o transporte privado. Por isso não aceitar esta disparatada opção que vai contribuir ainda mais para o aumento do nosso endividamento e os nossos netos não têm necessáriamente de serem sacrificados com dívidas assumidas por políticas erradas.
Um abraço

Diogo disse...

JLopes – O governo garantir às concessionárias o pagamento dos lugares vazios é um roubo ao país a uma escala descomunal.


Anónimo – O Miguel revelou esta antes de começar a campanha pelos xuxas.


Sofia – Sócrates há-de responder por isto.


Carlos – Sócrates é um corrupto funcionário a soldo da banca. Esta troca de favores há-de sair-lhe cara.


Filipe - A solução será não pagar nada, destruindo os bancos comerciais.


Raul – O comboio faz sentido nos grandes eixos para transporte de pessoas e mercadorias. Mas é o pendular (de 200 km/h), não o TGV de (300 km/h). O primeiro aproveita as linhas já existentes e é muitíssimo mais barato. É o que têm a Suécia e a Inglaterra, por exemplo.

xatoo disse...

mst, é o problema da bitola, estúpido!
a bitola portuguesa de CF é diferente da totalidade da rede europeia, o que encarece e praticamente inviabiliza a rentabilidade nas exportações. A ligação de TGV deverá incluir o transporte de mercadorias.
Quanto aos primeiros 20 km de linha é também preciso não esquecer que terão uma utilização intensiva na ligação com o novo aeroporto através de um shuttle directo a Lisboa e a placa giratória de mercadorias já em construção perto, no Pinhal Novo.
Se assim fôr, regra geral tendo a concordar com este conjunto de obras, que serão muito importantes para colocar Portugal no centro dos negócios com os paises de lingua portuguesa do hemisfério sul
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Manolo Heredia disse...

O povo português não é estúpido. Sabe que quem manda em Portugal não são os portugueses, são os Bancos Credores da Dívida Portuguesa (BCDP). São os BCDP que põem e dispõem políticos, altos magistrados judiciais e altos cargos militares.
Era bom que Socras saísse rápido, só por causa da situação inestética que Portugal apresenta na gestão da coisa pública. É grande desprestígio para quem olha de fora.
Quando ele sair será substituído por outro que vai fazer a mesma política, que é como quem diz que, se a Nelita F Leite quiser governar, tem que ter jogo de cintura suficiente para dar o dito por não dito e a seguir governar à là Sócrates, para os BCDP. Não sejamos ingénuos!
Por isso, gente incrédula, acreditem que os BCDP não punham aqui o seu dinheirinho se o TGV não fosse viável economicamente, até porque eles têm umas lentes muito melhores que as nossas, as da raia miúda, vêem muito mais longe. Se calhar o petróleo vai encarecer muito e faz com que o preço da EasyJet ultrapasse o dos comboios de alta velocidade.

simon disse...

Este ministro, primeiro, quer mesmo ficar na estória, como se já não lhe pesasse casos de tanto nome adverso, e por força vai levar à frente o TGV que há-de enriquecer banqueiros e patos bravos, bem se importando que, para ir a Madrid, metade dos portugas, de Leiria ao Porto, pega o IP5 ou A5 direito a La Castellana, enquanto mais a Norte toma a A7, direito a Valladolid e logo ao Corte Inglês, aos saldos.
Mas lá quer saber de Geografia, um que quer deixar nome, vaidoso?...

alf disse...

De vez em quando o Xatoo diz coisas com as quais estou completamente de acordo.

Olhando para trás, olhando para as obras que têm sido feitas desde o 25 de abril e que foram todas sempre alvo de intensa contestação, quais é que não deveriam ter sido feitas (os estádios de futebol não contam, são uma história à parte)?

O progresso é sempre obra de um número reduzido de pessoas; a esmagadora maioria só quer que tudo fique sempre como está. Claro que há sempre um risco em fazer, de vez em quando pode sair asneira, mas nada é pior do que não fazer.

O Portugal de há um século estava mais atrasado do que no tempo dos romanos; por falta de «obra».

Temos de aprender com os nossos enganos, com as vezes que criticamos a obra que se pretendia fazer e depois verificamos que a obra foi boa. Eu já andei no papel de crítico, já disse muita asneira, mas já aprendi.

Na verdade, até tenho um «barómetro» infalível: as grandes causas dos media e da maioria dos seus comentadores são sempre asneira. Vidé aquecimento global

Anónimo disse...

alf,
xatoo,


eu :)