Expresso – 30 de Setembro de 2006
Texto de Miguel Sousa Tavares
«Fátima Campos Ferreira (muitíssimo bem preparada, como sempre), não resistiu a começar pelo Iraque, perguntando-lhe se hoje ele teria tomado a mesma decisão de então, apoiando sem reservas a desastrosa invasão desencadeada por George W. Bush. A isto, o ex-Presidente do Governo espanhol começou por dar a estafada resposta de que o derrube de um ditador como Saddam Hussein era um bem em si mesmo - um argumento que, a ser tornado doutrina coerente e universal, colocaria para aí uns cinquenta países na lista de alvos a invadir, incluindo alguns cujos ditadores mantêm excelentes relações comerciais e políticas com o Ocidente. Depois, deu a resposta que se esperava: que hoje se sabem coisas que então não se sabia, e que, à luz do que ele sabia então, teria tomado a mesma decisão.»
«Mentira despudorada. Não havia nada que Aznar e o “bando dos quatro” das Lajes (Bush, Blair, Aznar e Barroso) soubessem então que lhes permitisse fundamentar a invasão do Iraque, e o que hoje se sabe de novo é apenas a confirmação de que eles mentiram então, quando disseram que tinham provas e relatórios e informações indesmentíveis. Nenhum dos dois principais argumentos que utilizaram para justificar a invasão do Iraque tinha, na altura, a menor sustentação material: nem a existência de armas de destruição maciça nem o aproveitamento do Iraque como santuário do terrorismo islâmico e especificamente da Al-Qaeda. Em três anos de inspecções, progressivamente consentidas por Saddam Hussein, nunca os inspectores da ONU encontraram rasto de quaisquer armas e até ao fim disseram que não poderiam concluir num sentido ou noutro, se não os deixassem terminar a sua tarefa. Por isso mesmo, e antes que eles concluíssem a tarefa e declarassem que não havia quaisquer armas, é que os Estados Unidos se opuseram à continuação das inspecções, declararam a acusação provada graças às suas próprias informações classificadas e precipitaram o desencadear da guerra, à revelia da ONU. A única “prova” que os americanos apresentaram ao mundo foi um relatório exibido por Colin Powell na ONU (mais tfgrtarde viria a declarar ter sido ele próprio enganado) e que o então ministro dos Estrangeiros francês, Dominique de Villepin, classificou tranquilamente de falso e forjado, sem qualquer réplica de Powell. A menos que se aceite a extraordinária tese então defendida aqui no Expresso pelo arq.º José António Saraiva de que só invadindo é que se poderia saber se havia ou não armas, é evidente que o “bando dos quatro” não dispunha de qualquer «casus belli» que, com um mínimo de seriedade política, permitisse tomar uma decisão tão grave quanto a de invadir um país soberano e cujas consequências - como era de prever e foram previstas por muitos - se viriam a revelar de tal forma trágicas, do ponto de vista humano e político.»
A seguir um curto vídeo (1:55m) bastante esclarecedor sobre as «razões» que conduziram à invasão do Iraque:
Comentário:
Ao que parece, o programa «Prós e Contras» tem muitos mais «Prós» do que «Contras». Faz lembrar uma mediática máquina de lavar que dissolve a sujidade e retira as nódoas mais persistentes.
Até quando vamos aceitar que criminosos venham botar faladura na televisão tendo apenas por contraditório as Fátimas Campos Ferreiras?
E quando será que teremos o prazer de ver o bando dos quatro (Bush, Blair, Aznar e Barroso), serem julgados por genocídio por um qualquer tribunal internacional e serem condenados à forca, como aconteceu no julgamento de Nuremberga, por Crimes Contra a Humanidade?
Quanto às «extraordinárias teses» do José António Saraiva, podem continuar a ser seguidas no tablóide «Sol», sobre o qual o arquitecto afirmou: «dentro de três anos, o Sol será o maior e mais influente semanário nacional».
15 comentários:
O Daniel Oliveira no Arrastão:
É preguiçoso procurar efabulações de conspirações sobre o 11 de Setembro. Não servem para coisa nenhuma e afastam-nos dos debates que interessam. Mas Pacheco Pereira devia reparar que, desde que levou a sério a existência de armas de destruição em massa iraquianas sem uma única prova credível, carrega, sem ainda se ter dado conta, um cartaz igualzinho nas costas.
A mim, as efabulações sobre armas de destruição em massa iraquianas parecem-me muito semelhantes às efabulações que atribuíram o 11 de Setembro à Al-Qaeda. O Daniel anda muito preguiçoso. Quase tanto como o Pacheco!
Todos os argumentos utilizados para a invasão eram mentira, e eles sabiam isso muito bem. Esses políticos e os actuais não são incompetentes: são criminosos contra a Humanidade.
Mário:
Não existem diferenças entre Pacheco Pereira e Daniel Oliveira ou qualquer outro político da praça. Podem ter cores diferentes, mas defendem o mesmo sistema político e tentam ocultar a verdade sobre os maiores crimes. Ambos tentam desacreditar as verdadeiras investigações, e tentam impedir-nos de olhar para as evidências e fazer perguntas. Todos diferentes, todos iguais.
Concordo com tudo o que MST escreve nesta peça, excepto os encómios a Fátima. Porque não chega estar bem preparada, para ser televisivamente mastigável.
Surpreendente como Miguel Sousa Tavares pôde escrever o que consta do post no Expresso. E então o bilderberger Balsemão?!!!
Uma nota sobre a "Fatinha": quando Mogais Sagmento chegou ao governo, uma das suas primeiras incumbências (a segunda foi o célebre passeio a Cabo Verde!...) foi a de gueformular a RTP. Nunca mais esqueço a "entrevista" dada pela Fatinha ao Mogais, foi um namoro descarado... que deu frutos: a partir daí a Fatinha sai da posição de medíocre pivot do telejornal, normalmente o da tarde, e é promovida ao posto que ainda hoje detém. Sempre facciosa nas suas intervenções, cortando a palavra aos que têm a coragem de expandir ideias não alinhadas com o governo.
"Até quando vamos aceitar que criminosos venham botar faladura na televisão..."?
Faz-nos cá falta o camarada Pol-Pot para pôr esta malta na linha. Todos para o Campo Pequeno...qual liberdade de expressão qual quê.
"E quando será que teremos o prazer de ver o bando dos quatro (Bush, Blair, Aznar e Barroso), serem julgados por genocídio por um qualquer tribunal internacional e serem condenados à forca"
Só isso? E porque não crucificá-los...e arrancar-lhe os olhos...e desmembrá-los....e arrancar-lhe as tripas e assá-las na frente deles...e chamar o camarada Pol-Pot...ou o camarada Che Guevara, para os fuzilar...e esmagá-los...e mordê-los...e dar-lhe dentadas na cabeça..oh...sim...oh...sim..ahhhhhh.
É verdade Mário e Basílio, as declarações do nosso amigo Daniel Oliveira surpreenderam-me bastante. Será por isso que o deixam escrever no Expresso?
Até quando vamos aceitar que criminosos venham botar faladura na televisão, PAGA por nós, SEM CONTRADITÓRIO digno desse nome?
Prós e Contras nunca tem contras; é só prós-(criminosos).
E o Pol-Pot(II) aí em cima porque é que não emigra para a Coreia do Norte? Lá é que estava bem! Escusava de chamar esse seu camarada de tão longe que ele assim nem o ouve.
Chama o Pol Pot, ressuscita os mortos... Isso está mau! Não te cures não...
O filme esclarece sem margem para dúvidas a mentira que esteve por trás da invasão do Iraque. Porque é que o Zé Manel Barroso não responde sobre isto? Não se trata de gestão danosa, trata-se de genocídio.
O semanário Sol do arquitecto Saraiva quer-nos empurrar para as Trevas Eternas.
Pior que isso, um dos grandes investidores do Sol é o Millenium BCP liderado por Paulo Teixeira Pinto, sucessor de Jardim Gonçalves ambos, segundo consta, com ligações estreitas à Opus Day.
Bastou aparecer o pasquim "SOL", do Saraiva, para começar a debandada. Plutão, um satélite pária, já recusou ser considerado planeta. Esperam-se com expectativa as reacções de Júpiter e Saturno, os dois colossos do sistema. A Terra, pela voz do seu futuro presidente - o Sr. Bush, mostra-se receptiva a uma Nova Ordem Universal. Barroso está confiante num consenso.
Que repongan en el mando a Sadam Hussein
Gostei do último destes comentários, mas fica-me a dúvida: era ironia ou um manifesto político?
El que hizo el comentrio de reponer a Sadam es un "cachondo mental" que escribe en español.....
cimeira das açores: bush, blair.....¿berlusconi?
pinto balsemao, amigo de juan luis cebrian (insidiosa reconquista)
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