quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Brzezinski - Provocar um atentado nos EUA e culpar o Irão?

Zbigniew Brzezinski, que foi Conselheiro de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter, foi um dos arquitectos chave da rede Al Qaeda, criada pela CIA para o assalto aos soviéticos na guerra afegã (1979-1989). No seu livro The Grand Chessboard escreveu: "... pode considerar-se mais difícil moldar um consenso [na América] sobre questões de política externa, excepto nas circunstâncias de uma ameaça externa directa verdadeiramente maciça e amplamente percebida".


Com excepção do «The Washington Note» e do «Financial Times», os grandes meios de comunicação social decidiram não relatar as afirmações de Zbigniew Brzezinski que perturbam a classe dirigente norte-americana. Numa audição a 1 de Fevereiro de 2007 pela Comissão dos Negócios estrangeiros do Senado, o antigo conselheiro nacional de segurança leu uma declaração cujos termos pesou com cuidado.

Brzezinski indicou: “Um cenário possível para uma confrontação militar com o Irão implica o malogro do processso político iraquiano; seguido por acusações americanas que tornariam o Irão o responsável desse malogro; seguidas por algumas provocações no Iraque ou um acto terrorista em solo americano do qual o Irão seria tornado responsável. Isto poderia culminar com uma acção militar americana “defensiva” contra o Irão que mergulharia uma América isolada num pântano profundo que englobaria o Irão, o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão”

«A plausible scenario for a military collision with Iran involves Iraqi failure to meet the benchmarks; followed by accusations of Iranian responsibility for the failure; then by some provocation in Iraq or a terrorist act in the U.S. blamed on Iran; culminating in a "defensive" U.S. military action against Iran that plunges a lonely America into a spreading and deepening quagmire eventually ranging across Iraq, Iran, Afghanistan, and Pakistan.»

É verdade, o Sr. Brzezinski evocou a possível organização pela administração Bush de um atentado nos Estados Unidos que seria atribuído falsamente ao Irão para provocar uma guerra.

Em Washington os analistas hesitam entre duas interpretações desta declaração. Para uns, o antigo conselheiro nacional de segurança tentou tirar o tapete aos neoconservadores e lançar de antemão dúvidas sobre qualquer circunstância que conduzisse à guerra. Para outros, Sr. Brzezinski quis, além disso, sugerir que no caso de confrontação com os partidários da guerra, poderia reabrir o processo de 11 de Setembro. Seja como for, a hipótese segundo a qual os atentados do 11 de Setembro teriam sido perpetrados por uma facção do complexo militar-industrial para provocar as guerras do Afeganistão e do Iraque - deixa de repente o domínio do tabu para ser discutida publicamente pelas elites de Washington.

9 comentários:

Anónimo disse...

A ideia dos neocons é balcanizar o médio oriente(reduzindo os outros países a minúsculos estados,sem tamanho nem poder para agirem politicamente na região.Ficando,assim,a hegemonia americana e israelita totalmente garantida)de forma a que nenhum país possa constituir uma ameaça para Israel.

Por isso,e sendo o Irão um país com importância e infuência na região,é normal que esteja marcado para abate.Tal como também é possível e normal-já que não acredito que os EUA façam uma invasão terrestre,visto estarem à míngua de tropas-a tentativa de subverter e depor o regime a partir de dentro,pois o Irão é constituido por diversos grupos étnicos:os curdos,os persas(que são a maioria),os baluches, os azeris,etc...
Portanto a melhor maneira de terem sucesso é fragmentar o Irão em pequenos estados:um para cada etnia.E o Irão fica reduzido a uma insignificância num ápice.Agora as outras potências-como a rússia,a china
ou até mesmo a França-é que podem não se limitar a ficar a ver os EUA,tão descaradamente,a açambarcar e dominar, para si só,todo o manancial petrolífero desse país.
Vamos esperar que com esta acção os americanos não estejam a lançar as sementes para um conflito de proporções globais.O que seria deveras devastador,mas com aquele sábio-palerma que está na casa branca nunca se sabe.

Unknown disse...

Um homem de grande visão...e conselheiro de Carter no período de maior declínio geopolitico dos EUA.

Com ideias fantásticas como esta"

"I encouraged the Chinese to support Pol Pot. I encouraged the Thai to help the Khmer Rouge. The question was how to help the Cambodian people. Pol Pot was an abomination. We could never support him. But China could." —1979


O povo do Cambodja agradece-lhe a visão...embora não o possam fazer os 2 milhões de mortos da loucura vermelha.

O povo iraniano tb lhe deve estar grato por ter permitido que Khomeiny se tivesse instalado no poder.

Grandes sucessos...um homem cheio de ideias vitoriosas que a realidade, infelizmente, não faz o favor de apoiar.
Diogo, Diogo, os seus "heróis" têm pés de barro....

Anónimo disse...

A Guarda Revolucionária do Irão testou hoje, quinta-feira, 8 de Fevereiro de 2007, mísseis que poderiam afundar «grandes navios de guerra» no golfo Pérsico, no mar de Omã e no norte do oceano Índico, noticiou a rádio pública iraniana, citando um comandante naval.

JMS disse...

A tua capacidade para o comentário irrelevante, Lidador, é quase magistral. Devias publicar um livro sobre Técnicas de Diversão Estratégica, pois parece ser essa a tua especialidade. Com sorte, ainda vendias ao mel gibson os direitos de adaptação cinematográfica da obra. Pensa nisso.

xatoo disse...

ena Diogo
tivemos os dois a mesma ideia de post no mesmo dia

ps - o livro do Brrezzikrsss não se chama "the Grand(...) mas algo mais sugestivo: "The Eurasian Chessboard"

Diogo disse...

Quanto ao Eurasian Chessboard, no Jornal de Notícias de hoje:

Foram ainda alvo das críticas do presidente Putin os planos de Washington de instalar bases na Polónia e na República Checa, que vão integrar o sistema norte-americano de defesa contra mísseis balísticos. "Nós temos certamente que pensar em como garantir a nossa segurança externa", afirmou Putin, adiantando que as respostas russas vão ser "assimétricas, mas altamente eficazes". De acordo com o líder russo, Moscovo dispõe de sistemas para ultrapassar as defesas antimíssil. "O novo míssil Topol-M está equipado com sistemas desses", afirmou, prometendo o aparecimento de "sistemas da nova geração, sobre os quais as defesas antimíssil desenvolvidas não vão ter nenhum efeito". Por outro lado, o presidente afirmou que os especialistas não acham que as bases americanas na Europa Oriental estejam orientadas para ameaças "do lado do Irão ou de quaisquer terroristas", dado que nem uns nem outros dispõem de mísseis balísticos. "É claro que o caso tem uma relação directa connosco e vai provocar a reacção correspondente", concluiu Putin.

inominável disse...

posso não gostar deste fulano, mas penso que abre a porta à desmistificação de como se prapara uma guerra... e nisso, as palavras do Lidador ajudam a corroborar... o sangue-frio, a premeditação... está tudo nas palavras que citaram...

Unknown disse...

[É claro que o caso tem uma relação directa connosco e vai provocar a reacção correspondente", concluiu Putin. ]

Caro Diogo, os sistemas anti-míssil não ameaçam ninguém...tal como o próprio nome indica, destinam-se a abater mísseis balísticos.
Coisa boa, portanto...não entendo como alguém pode "ser contra" um sistema que almeja funcionar como um escudo.

O problema de Putin é outro...ele sabe muito bem que foi a corrida tecnológica com a América que acabou por expor as fraquezas da URSS.
Neste momento está inchado com o dinheiro da energia que exporta e é por isso que faz este tio de declarações gabarolas, exibindo um músculo que ele próprio sabe que não tem.
Quanto à "tecnologia russa", nem para máquinas de lavar serve...a própria industria aeronautica, o melhor que por ali há, produz aviões que caiem que nem tordos e que nenhuma companhia séria compra...até eu, que sou paraquedista, quando tive que andar em aviões Antonov e helicopteros MI, ia com o diãmetro do olho do cu reduzido a nanodimensões.

Os caniches ladram muito porque têm medo...os rottweilers não fazem escarcéu.

No fundo Putin está apenas a imitar o gesticular dos iranianos como aqueles gorilas que batem no peito para tentar atemorizar pela vista.

Diogo disse...

Vamos ver se os rottweilers não partem os dentes…