terça-feira, maio 31, 2005

A GALP rumo ao socialismo

Correio da Manhã – 25 de Maio de 2005:



A assembleia geral da petrolífera confirmou o nome de Murteira Nabo como presidente da companhia e reconduziu outros três ilustres socilistas: Pina Moura (em representação dos espanhóis da Iberdrola), José Penedos (presidente da REN) e Eduardo Oliveira Fernandes (ex-secretário de Estado Adjunto do ministro da Economia, Braga da Cruz).

A inclusão do nome do ex-ministro da Administração Interna no Governo de Guterres causou algum espanto e perplexidade entre os quadros da companhia. Tanto mais que, segundo os novos estatutos da petrolífera, a assembleia geral não definiu se o cargo de Fernando Gomes é de administrador executivo ou não executivo. Uma missão que caberá ao conjunto dos membros da administração recém-eleita levar a cabo na próxima segunda-feira.

Se for dado a Fernando Gomes um cargo executivo, o ex-autarca deverá ganhar um salário de 15 mil euros por mês, a que acresce cartão de crédito e outro tipo de ajudas de custo.

Se se mantiver a tabela salarial praticada durante a presidência de Ferreira do Amaral, o novo ‘chairman’ vai ganhar 30 mil euros por mês (200 contos por dia, limpinhos).

De fora da nova administração ficaram o primo de Morais Sarmento, Guido Albuquerque, e o ex-responsável pelo retalho, Nuno Moreira da Cruz.

A nomeação de Fernando Gomes para o cargo de administrador da Galp está a suscitar alguma contestação entre os partidos da oposição.

O maior partido da oposição prefere tomar posição mais tarde. Pedro Duarte, do grupo parlamentar, afirmou ao CM que os sociais-democratas tomarão posição. Mas para já, prefere não tecer comentários, até porque “não conhece o processo”.

O CM tentou obter uma reacção do CDS-PP, mas até ao fecho da edição não foi possível. Já o PCP, considera que já se iniciou “a dança dos administradores”.

Do lado do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã revelou-se surpreendido. “Fico à espera de uma explicação. Não vejo na carreira política ou administrativa do Dr. Fernando Gomes nenhuma ligação à área dos petróleos.


"Fiquei surpreendido com a nomeação para a Galp”. Com estas palavras, Fernando Gomes, deputado socialista e ex-presidente da Câmara do Porto, revelou ontem ao CM que tenciona “abandonar a vida política” e por isso manifestou ao Governo disponibilidade “para ocupar uma função economista em qualquer empresa”.



Em relação à GALP é bom lembrar que em 2004 já tinha havido borrasca da grossa com Durão Barroso (Rádio Renascença a 30 de Abril de 2004):



O Primeiro-ministro desmentiu que o Governo tenha favorecido o grupo norte-americano Carlyle, um dos concorrentes à alienação do capital da GALP, através do financiamento deste consórcio.

A acusação partiu do dirigente do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, durante o debate mensal com o Primeiro-ministro, na Assembleia da República.

"O Governo não deu qualquer indicação ao banco. A Caixa Geral de Depósitos movimenta-se no mercado e toma as suas opções", sublinhou Durão Barroso, condenando "com muita firmeza e indignação" a acusação de Francisco Louçã.

O Primeiro-ministro, que falava no final do debate mensal, acrescentou ainda que os partidos da oposição "têm todo o direito" para questionar o Executivo, mas não para "lançar insinuações sem provas".

"Quando se lançam suspeitas sem provas, está-se a fragilizar o exercício da democracia", frisou o chefe de Governo.

A polémica em relação ao grupo norte-americano Carlyle ocorreu na fase final do debate mensal com Durão Barroso, dedicado ao alargamento europeu.

Louçã justificou a acusação dizendo que a CGD "participa e financia" um dos consórcios que concorrem à alienação de parte do capital da GALP.

O líder BE acrescentou que a CGD "não tem autonomia" para tomar uma decisão desta ordem "sem consultar a tutela", e recordou que o pai do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, é um dos assessores da Carlyle, e que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz "chefia as operações" desse grupo norte-americano em Portugal. Ângelo Correia, dirigente histórico do PSD, é o porta-voz do consórcio para esta operação.

"O grupo Carlyle é também o gestor de negócios da família de Bin Laden no Ocidente", acusou ainda o dirigente bloquista, perguntando a Durão Barroso se é por amizade para com Martins da Cruz, para com George Bush ou por respeito pela família Bin Laden, que a Caixa Geral de Depósitos apoia esta operação.



Comentário:
A GALP está, decididamente, fadada a um destino trágico. Se em 2004, a empresa esteve próxima do imperialismo de Bush, do terrorismo de Laden e da cabala de Carlucci (ex-director da CIA e ex-ministro da defesa norte-americano), a GALP, corre agora, célere, para o abraço fatal do socialismo. Decididamente, há empresas petrolíferas sem sorte nenhuma.

De qualquer forma, saber que os impostos que pago, vão servir para remunerar, ainda que modestamente, um tão ilustre administrador de recursos petrolíferos como Fernando Gomes, enche-me o coração de júbilo e a alma de esperança. Quanto à carteira, que importância tem isso?

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