terça-feira, maio 31, 2005

A GALP rumo ao socialismo

Correio da Manhã – 25 de Maio de 2005:



A assembleia geral da petrolífera confirmou o nome de Murteira Nabo como presidente da companhia e reconduziu outros três ilustres socilistas: Pina Moura (em representação dos espanhóis da Iberdrola), José Penedos (presidente da REN) e Eduardo Oliveira Fernandes (ex-secretário de Estado Adjunto do ministro da Economia, Braga da Cruz).

A inclusão do nome do ex-ministro da Administração Interna no Governo de Guterres causou algum espanto e perplexidade entre os quadros da companhia. Tanto mais que, segundo os novos estatutos da petrolífera, a assembleia geral não definiu se o cargo de Fernando Gomes é de administrador executivo ou não executivo. Uma missão que caberá ao conjunto dos membros da administração recém-eleita levar a cabo na próxima segunda-feira.

Se for dado a Fernando Gomes um cargo executivo, o ex-autarca deverá ganhar um salário de 15 mil euros por mês, a que acresce cartão de crédito e outro tipo de ajudas de custo.

Se se mantiver a tabela salarial praticada durante a presidência de Ferreira do Amaral, o novo ‘chairman’ vai ganhar 30 mil euros por mês (200 contos por dia, limpinhos).

De fora da nova administração ficaram o primo de Morais Sarmento, Guido Albuquerque, e o ex-responsável pelo retalho, Nuno Moreira da Cruz.

A nomeação de Fernando Gomes para o cargo de administrador da Galp está a suscitar alguma contestação entre os partidos da oposição.

O maior partido da oposição prefere tomar posição mais tarde. Pedro Duarte, do grupo parlamentar, afirmou ao CM que os sociais-democratas tomarão posição. Mas para já, prefere não tecer comentários, até porque “não conhece o processo”.

O CM tentou obter uma reacção do CDS-PP, mas até ao fecho da edição não foi possível. Já o PCP, considera que já se iniciou “a dança dos administradores”.

Do lado do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã revelou-se surpreendido. “Fico à espera de uma explicação. Não vejo na carreira política ou administrativa do Dr. Fernando Gomes nenhuma ligação à área dos petróleos.


"Fiquei surpreendido com a nomeação para a Galp”. Com estas palavras, Fernando Gomes, deputado socialista e ex-presidente da Câmara do Porto, revelou ontem ao CM que tenciona “abandonar a vida política” e por isso manifestou ao Governo disponibilidade “para ocupar uma função economista em qualquer empresa”.



Em relação à GALP é bom lembrar que em 2004 já tinha havido borrasca da grossa com Durão Barroso (Rádio Renascença a 30 de Abril de 2004):



O Primeiro-ministro desmentiu que o Governo tenha favorecido o grupo norte-americano Carlyle, um dos concorrentes à alienação do capital da GALP, através do financiamento deste consórcio.

A acusação partiu do dirigente do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, durante o debate mensal com o Primeiro-ministro, na Assembleia da República.

"O Governo não deu qualquer indicação ao banco. A Caixa Geral de Depósitos movimenta-se no mercado e toma as suas opções", sublinhou Durão Barroso, condenando "com muita firmeza e indignação" a acusação de Francisco Louçã.

O Primeiro-ministro, que falava no final do debate mensal, acrescentou ainda que os partidos da oposição "têm todo o direito" para questionar o Executivo, mas não para "lançar insinuações sem provas".

"Quando se lançam suspeitas sem provas, está-se a fragilizar o exercício da democracia", frisou o chefe de Governo.

A polémica em relação ao grupo norte-americano Carlyle ocorreu na fase final do debate mensal com Durão Barroso, dedicado ao alargamento europeu.

Louçã justificou a acusação dizendo que a CGD "participa e financia" um dos consórcios que concorrem à alienação de parte do capital da GALP.

O líder BE acrescentou que a CGD "não tem autonomia" para tomar uma decisão desta ordem "sem consultar a tutela", e recordou que o pai do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, é um dos assessores da Carlyle, e que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz "chefia as operações" desse grupo norte-americano em Portugal. Ângelo Correia, dirigente histórico do PSD, é o porta-voz do consórcio para esta operação.

"O grupo Carlyle é também o gestor de negócios da família de Bin Laden no Ocidente", acusou ainda o dirigente bloquista, perguntando a Durão Barroso se é por amizade para com Martins da Cruz, para com George Bush ou por respeito pela família Bin Laden, que a Caixa Geral de Depósitos apoia esta operação.



Comentário:
A GALP está, decididamente, fadada a um destino trágico. Se em 2004, a empresa esteve próxima do imperialismo de Bush, do terrorismo de Laden e da cabala de Carlucci (ex-director da CIA e ex-ministro da defesa norte-americano), a GALP, corre agora, célere, para o abraço fatal do socialismo. Decididamente, há empresas petrolíferas sem sorte nenhuma.

De qualquer forma, saber que os impostos que pago, vão servir para remunerar, ainda que modestamente, um tão ilustre administrador de recursos petrolíferos como Fernando Gomes, enche-me o coração de júbilo e a alma de esperança. Quanto à carteira, que importância tem isso?

segunda-feira, maio 30, 2005

Victor Déficit

Este texto circula na Internet. É muito crítico com Vítor Constâncio. É evidente que não concordo com ele. Mas estou com dificuldade em encontrar o erro de lógica que ele, necessariamente, contém:




Vítor Constâncio propõe o congelamento dos chorudos ordenados dos Funcionários Públicos. Mas Vítor ganha 10 vezes mais que a "média" dos ordenados da Função Pública.

Vítor está preocupado com o estado financeiro do País e com os gastos do Estado. Volta a dizer que estamos de tanga. Vítor está há muito tempo à frente do Banco de Portugal. Em sua casa entram mais de 25.000 euros mensais. O governo do PSD/CDS de Durão Barroso permitiu-lhe que continuasse à frente do Banco de Portugal, desde que viesse de tempos a tempos alertar os portugueses (os que pagam impostos) de que é necessário apertar o cinto. E Vítor cumpriu meticulosamente a sua função, defendendo com unhas e dentes o Discurso da Tanga, versão I, de Durão e Manuela Ferreira Leite. Santana e Bagão mantiveram-no no Poder e ele também cumpriu.

Sócrates fartou-se de prometer de que não haveriam aumentos de impostos, que o emprego iria aumentar e que iriam existir alterações ao Código de Trabalho de Bagão Félix. Mas como Sócrates não quer assumir a responsabilidade da versão 2 do Discurso da Tanga antes das eleições autárquicas, pediu ao seu amigo, Vítor, que viesse a público dizer que a situação está má e apelar ao Presidente da República para convencer os portugueses (os tais que pagam impostos) a apertarem ainda mais o cinto.

Alguém ouviu Vítor apelar a que não construíssem os 10 estádios de luxo no Euro 2004, pagos quase exclusivamente pelo Estado e autarquias e aprovados por Sócrates como Ministro do governo Guterres?

Alguém ouviu Vítor apelar aos governos para que não comprassem submarinos por causa da crise?

Alguém ouviu Vítor pedir aos governos que não comprassem ou adiassem a compra de centenas de blindados e helicópteros de guerra de último modelo?

Alguém ouviu Vítor a chamar a atenção para o facto do TGV ser um luxo inútil de centenas de milhões de contos?

Alguém ouviu Vítor apelar aos governos para serem inflexíveis contra a gigantesca fuga aos impostos dos que mais ganham e que atinge milhares de milhões de contos?

Alguém ouviu Vítor pedir aos governos que acabem com a isenção de impostos sobre os milhões ganhos na especulação bolsista?

Alguém ouviu Vítor apelar aos senhores administradores das grandes empresas, pagos a valores iguais ou superiores aos dos países ricos, para que dêem o exemplo, baixando os seus chorudos vencimentos e prescindindo das dezenas de milhares de contos de prémios anuais?


Não, ninguém ouviu!

Ouve-se agora Vítor a fazer um frete ao amigo Sócrates, por este ter feito promessas que não eram para cumprir, a vir afirmar «isto está pior do que se pensava».

No País mais pobre da U.E., com os mais baixos salários de todos os países, com mais de 2 milhões de pobres, com 200 mil pessoas com fome e o maior fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres nas estatísticas da U.E., o governador do Banco de Portugal apela aos que já estão sobrecarregados de impostos que paguem ainda mais.

Vítor, tente ser um pouco coerente. Apele publicamente aos governos que, devido à crise, o seu salário de vários milhares de contos mensais, deve ser diminuído. Que os carros luxuosos que estão ao seu serviço duram muito mais que 3 anos. Que enquanto a crise perdure, acabem as mordomias de milhares de contos, em cartões de crédito, gasolina, telefones etc.

Queremos ajudá-lo a debelar a crise Vítor. Porque não começar por si? Num caso destes Neil Armstrong diria: «uma pequena diminuição de rendimento para um homem, mas um gigantesco exemplo para todos os contribuintes (e, sobretudo, não contribuintes)».

quinta-feira, maio 26, 2005

Ó Rogeiro, don't worry. São mais os blogues que as nozes



oestebravio.blogspot.com
Nuno Rogeiro
Anda para aí um texto do Nuno Rogeiro – se calhar o original foi escrito na embaixada dos EUA... – com uma lista, incompleta e arbitraria, das misérias do Guterres.
Eu por acaso acho que o governo Guterres foi muito pior do que o Nuno Rogeiro descreve – ou ele ou o controleiro do Partido Republicano que lhe escreve os memorandos.


albardeiro.blogs.sapo.pt
Quase dois anos depois de Colin Powell ter exibido “provas irrefutáveis” de que o Iraque possuía armamento químico e biológico, a trágica verdade vem ao de cima. Que vergonha, que desastre! Principal mote da cimeira da guerra nos Açores, o armamento iraquiano alimentou meses de intoxicação da opinião pública e desabrido ataque a todos aqueles que denunciavam as mentiras made in Washington e as verdadeiras intenções americanas. Onde estão esses corifeus de Bush agora? Quem não se lembra, no caso português, das certezas do nosso ex-primeiro-ministro “desertor” Durão Barroso que, em Londres, junto de Tony Blair, asseverou ter “visto” essas provas. Quem não se lembra do entusiasmo televisivo dos “soldadinhos” de Paulo Portas a comentar o evoluir da movimentação das tropas americanas em solo iraquiano. Quem poderá alguma vez esquecer as maquetes de aviões e carros blindados – como se se tratasse de uma ingénua brincadeira de meninos – apresentadas sem escrúpulos, nem pudor, pelo especialista Nuno Rogeiro nos nossos ecrãs.


antidireitaportuguesa.blogspot.com
Domingo, 14 de Março de 204, foi dia de ataque maciço de GW Bush nas televisões portuguesas
Na SIC o ex?-fascista, pós?-fascista ou fascista pragmático Nuno Rogeiro da Escola do jornal da Extrema-Direita “O Diabo”.


blog-de-esquerda.blogspot.com
A FUNDA DE DAVID. Será que alguém consegue explicar - talvez o Nuno Rogeiro - como é que um camponês iraquiano conseguiu abater, com tiros de carabina, um helicóptero Apache (essa sofisticadíssima máquina de guerra que custa 40 milhões de dólares por unidade)?


laranjamarga.weblog.com.pt
Vi o debate na CNN quase na totalidade - e digo quase porque perdi 3 minutos vendo a SIC Notícias, onde Nuno Rogeiro, João Costa Ribas e Paulo Camacho comentavam e traduziam o debate em tempo real.
Optei pela CNN porque na SIC-N, para além de não deixarem ouvir metade do que os candidatos diziam, ouvi Rogeiro dizer algo como "Kerry não é suficientemente forte e decidido e isso transparece para o povo americano". Rogeiro disse isto a propósito de uma intervenção em que Kerry se refere a Allawi dizendo que foi ele próprio que reconheceu que no Iraque entram todos os dias terroristas aos magotes. A sua ideia era simples: como Allawi nem sequer é um líder legítimo Kerry não devia caucionar nada do que ele diz. A meu ver Nuno Rogeiro não podia estar mais enganado em termos estratégicos.


www.rtp.pt/programas
Moore tem algo a seu favor: desde o início que diz/dá a entender fazer um filme puramente anti-Bush. Com isto mostra pelo menos alguma verdade e, até, honestidade. Sabemos que durante duas horas não vai tentar provar-nos da culpa ou inocência de Bush. Vai, simplesmente, dizer-nos que a sua opinião sobre as coisas é a verdade. Nada de mal nisso, ao contrário do que irónica e iraticamente Nuno Rogeiro possa ter apregoado.


www.blogger.com
Na longa noite das eleições. Algures pelas 3 da manhã, ouvi Nuno Rogeiro dizer que era muito bom para a democracia o facto de o Bush estar à frente e ter a maioria dos votos (!).


www.blogger.com
Todos nós temos os nossos ódios de estimação. Não o neguem! Pessoas que simplesmente não suportamos… seja a sua presença física, cheiro, voz… ou mesmo as ideias preconizadas… eu tenho vários… Nuno Rogeiro por exemplo… não sei se é do corte de cabelo… a voz esganiçada… o ar “olhem-para-mim-que-eu-...


barnabe.weblog.com
Ó Fernando, até o Nuno Rogeiro já condenou o atentado, estás ser ultrapassado pela direita. Tanto sectarismo ainda há-de perder-te, rapaz!


antidireitaportuguesa.blogspot.com
Os iraquianos podem votar «livremente» nos partidos escolhidos pelas petrolíferas norte-americanas.
Na SIC o fascista Nuno Rogeiro, daqueles que faziam a saudação nazi, com o braço direito bem estendido, exulta no apoio à Guerra Colonial de George W Bush. Ele defende a Lei do Primado ABSOLUTO, da Força, a mesma lei que permitiu Auschwitz.
A apologia do Colonialismo, pelo fascista Nuno Rogeiro e pela SIC é um sinal do Portugal actual.



Comentário:
E etc. etc. etc. “ad nauseum”.

segunda-feira, maio 23, 2005

Um terrorista da CIA?

Ann Louise Bardach, jornalista – 9 de Maio de 2005

Um chefe terrorista com grandes ligações às agências de informações norte-americanas está à procura de asilo nos Estados Unidos. O FBI tem provas da sua ligação ao atentado a um avião de passageiros que matou setenta e três pessoas. Estamos a falar de um exilado cubano bastante conhecido: Luis Posada Carriles.



Este homem de 77 anos, ex-operacional da CIA, foi treinado pelo exército americano em Fort Benning na Georgia. Ele tem tentado violentamente causar a queda do governo de Fidel Castro há quatro décadas. Há três semanas entrou nos Estados Unidos após ter estado escondido durante anos na América Central e na Caraíbas.

Posada está ligado à queda, em 1976, de um avião civil que matou 73 passageiros – o primeiro acto de terrorismo no hemisfério Ocidental. Está também ligado a uma série de atentados à bombaa, em 1997, em hotéis, restaurantes e discotecas em Havana, assim como a uma conspiração, há cinco anos, para eliminar Castro. Esteve preso na Venezuela e no Panamá. A última vez que foi visto, foi nas Honduras. No princípio deste mês (Maio de 2005) foi dito que ele tinha dormido em Miami. O seu advogado está agora a pedir asilo para ele. Em resposta, o Supremo Tribunal da Venezuela ordenou que o governo pedisse a sua extradição dos Estados Unidos para ser julgado por terrorismo.

Um funcionário do Departamento de Estado invocou que a administração Bush não tem a certeza se posada está nos Estados Unidos. Afirmou ainda que as afirmações cubanas acerca de Posada “podem ser totalmente fabricadas”. Ao mesmo tempo Noriega disse que os Estados Unidos “não estão interessados em dar-lhe asilo”.

O irmão de um turista italiano morto por uma bomba num hotel em Havana em 1997 afirmou ao Miami Herald: “ É como um habitante de Nova Iorque que perdeu um parente nos ataques do 11 de Setembro, e o cérebro por trás dos actos terroristas está a viver no Canadá. Não estaria preocupado com o governo Canadiano?”

Se Posada ainda está nos Estados Unidos, a administração Bush tem três hipóteses: dar-lhe asilo, prendê-lo por imigração ilegal ou aceder ao pedido de extradição da Venezuela.


Comentário:
As três hipóteses formuladas pela autora do artigo parecem-me um pouco redutoras. Pelo contrário, Bush tem aqui uma oportunidade de sonho para levar a cabo as grandes tarefas que tanto tem propalado, com a vantagem de não ter de pôr os pés fora de casa. Basta, para tanto, agregar os Estados Unidos ao eixo do mal e deitar mãos à obra:

a) Encontrar e destruir armas de destruição maciça. Não há outro sítio no mundo que as possua, em tal quantidade e tão diversificadas e como nos Estados Unidos da América.

b) Encontrar e eliminar terroristas. Não há outro sítio no mundo que, etc.

c) Espalhar a democracia. Garantir que as paródias das eleições de 2000 e de 2004 americanas não se repitam. Obrigar as máquinas de votar electrónicas a darem recibo. Recusar favores de governadores da Flórida (mesmo que sejam irmãos). Porque, como as coisas estão hoje, Thomas Jefferson, redactor da Declaração de Independência Americana, pediria asilo político a Cuba, ao Irão, ou, mais provavelmente, à Coreia do Norte.

domingo, maio 22, 2005

As habilidosas palavras de José Cutileiro

José Cutileiro – Expresso, 21 de Maio de 2005

Dissabores russos

(...) O bilionário Khodorkovski, que enriqueceu com as privatizações, foi preso por querer roubar poder político a Putin mas o povo acha que ele roubou riqueza que antes era de todos. A Rússia é grande e (ainda) forte; enquanto enganos assim durarem será perigosa. Ajudá-la a entrar no bom caminho exige tacto e persuasão mas também firmeza moral. Tolerância pelos seus desmandos será interpretada como fraqueza pelo Kremlin e os desmandos redobrarão.


Cutileiro:
O bilionário Khodorkovski, que enriqueceu com as privatizações, foi preso por querer roubar poder político a Putin.

Sofocleto:
Khodorkovsky enriqueceu "legal e merecidamente" com as privatizações, mas foi preso "exclusivamente" por querer o lugar do malvado e perverso presidente russo. Não há direito!


Cutileiro:
Mas o povo acha que ele roubou riqueza que antes era de todos.

Sofocleto:
O povo é estúpido, não há nenhuma novidade nisso.


Cutileiro:
A Rússia é grande e (ainda) forte; enquanto enganos assim durarem será perigosa.

Sofocleto:
A que enganos se refere, e que poderes é que a Rússia (ainda) ameaça? Explique-se melhor Cutileiro!


Cutileiro:
Ajudá-la a entrar no bom caminho exige tacto e persuasão mas também firmeza moral.

Sofocleto:
E quem melhor que os Bush, Cheney, Kissinger e Rothschild para executar essa tarefa? Haverá alguém com mais tacto e de maior solidez moral que os supracitados?


Cutileiro:
Tolerância pelos seus desmandos será interpretada como fraqueza pelo Kremlin e os desmandos redobrarão.

Sofocleto:
Tolerância zero Cutleiro, e bengalada, muita bengalada. De qualquer forma, o artigo abaixo talvez possa trazer alguma luz sobre a estupidez persistente do povo russo e a malvadez obstinada de Putin:



Artigo de Jonathan Tennenbaum no Executive Intelligence Review em 22 de Agosto de 2003 – “Porque estão os oligarcas russos sob ataque



Não há dúvida agora, que este caso reflecte uma luta pelo poder na Rússia, que pode não apenas determinar o futuro político do país, mas que tem implicações estratégicas imediatas na situação mundial como um todo. Para colocar o caso num contexto estratégico, é necessário ter em conta os seguintes pontos:

O ataque à Yukos e à Menatep acontece apenas dois meses depois do anúncio (23 de Abril de 2003) do acordo de fusão entre os dois gigantes russos do petróleo, Yukos e Sibnet, que daria a Khodorkovsky o controlo directo sobre a segunda maior reserva de hidrocarbonetos do Mundo (mais do que 19 mil milhões de barris de petróleo e gás), menor que a Exxon/Mobil mas maior que a British Petroleum (BP), a Chevron-Texaco, e a francesa TotalFinaElf. A Yukos-Sibneft tornar-se-ia, assim, de longe, a maior companhia na Rússia, ultrapassando o monopólio do gás natural Gazprom. O acordo Yukos-Sibneft surge à frente da fusão do gigante russo do petróleo Tyumen Oil (TNK) com a BP, selada no princípio de 2003, que era até à altura a maior fusão da história da Rússia.

Tomadas em conjunto as fusões das BP-TNK e das Yukos-Sibneft significam a concentração da maior parte dos recursos petrolíferos russos – incluindo virtualmente todas as reservas na região estratégica da Sibéria Oriental - nas mãos de duas companhias gigantes, ambas estreitamente ligadas a interesses financeiros Anglo-Americanos. (É preciso notar, que os maiores accionistas da Yukos – A Menatep de Lebedev e uma companhia chamada Huller têm uma localização offshore, em Gibraltar e Chipre, respectivamente!). Segundo numerosas fontes, nas semanas que precederam a prisão de Lebedev, Khodorkovsky andou numa roda-viva voando entre Moscovo, Londres e vários locais nos Estados Unidos, negociando a venda de grandes quantidades de acções da Yukos-Sibneft a “investidores estrangeiros”. Estes desenvolvimentos constituíram a ameaça de um enfraquecimento drástico do controlo da Rússia sobre os seus próprios recursos estratégicos, assim como da sua economia em geral.

O próprio Khodorkovsky não fez grande esforço em esconder a sua verdadeira função de testa de ferro Anglo-Americano nos negócios russos e na política mundial. Na administração da sua Fundação Rússia Aberta (Open Russia Foundation), sedeada em Londres e Washington, senta-se, juntamente com o próprio Khodorkovsky, Henry Kissinger, Lord Jacob Rothschild, e o antigo embaixador americano na Rússia Arthur Hartman. À cabeça dos escritórios da Yukos de Khodorkovsky em Londres está o infame Lord David Owen.

Especialmente revelador foi o comportamento de Khodorkovsky a seguir à prisão de Lebedev. No dia seguinte, ele apareceu pessoalmente na festa do Dia da Independência na residência do embaixador americano na Rússia, o neo-conservador Alexander Vershbow, queixando-se abertamente da crueldade das autoridades Russas para com Lebedev. Imediatamente a seguir, Khodorkovsky voou para os Estados Unidos para um encontro organizado pela personalidade de Wall Street Herb Allen, onde Khodorkovsky foi fotografado a rir e a brincar com bilionários amigos como Warren Buffett e Bill Gates, assim como o Mayor de Nova Iorque Michael Bloomberg. Daí voou para Washington, onde se encontrou com o Secretário da Energia Spencer Abraham, e com outras personalidades da Administração Bush.

Mais importante, nos meses que levaram à guerra do Iraque, Khodorkovsky desempenhou o papel central do lado russo no esforço de quebrar a aliança Francesa-Alemã-Russa contra a política de guerra, e para trazer a Rússia para o campo da Administração Bush. Khodorkovsky foi o principal promotor russo do conceito de “aliança estratégica” Estados Unidos - Rússia, segundo a qual a Rússia garantiria fornecimentos de petróleo aos Estados Unidos no caso de uma instabilidade prolongada no Médio Oriente. Enquanto o governo Russo foi seduzido pelas promessas de incontáveis biliões de dólares, do lado americano esta ideia era utilizada para sustentar o argumento do vice-presidente Dick Cheney e de outros falcões da guerra, segundo o qual, os Estados Unidos não iriam sofrer grandes sanções em antagonizar e desestabilizar a Arábia Saudita e outros antigos parceiros Árabes. A 13 de Março de 2003, menos de uma semana antes de as bombas começarem a cair em Bagdade, Khodorkovsky, numa entrevista dada à Business Week intitulada “Um pedido russo para apoiar a América”, argumentou que a “Rússia não deveria perder a sua oportunidade” para uma aliança com os Estados Unidos, distanciando-se dos Europeus numa guerra contra o Iraque.

Os media, que tanto se indignaram com a prisão de Khodorkovsky, esqueceram-se de informar acerca dos vínculos financeiros de Khodorkovsky com a família Bush. O magnata russo é um membro importante do Carlyle Group, uma poderosa sociedade especializada na gestão de fundos e que administra as fortunas dos Bush e da família Bin Laden. Lebedev e Khodorkovsky eram membros da administração do Carlyle Group (Washington Post, 10 de Novembro de 2003).

Por tudo isto fica claro que o ataque das autoridades russas a Khodorkovsky, e a recusa evidente de Putin em intervir a seu favor, possui implicações estratégias profundas, e não pode ser encarado como um mero fait-divers político.



Sofocleto:
Li também, Cutileiro, que o Departamento de Estado Americano, em estreita ligação com o Pentágono e a CIA, montou a sua própria unidade de propaganda "soft-sell" (civil), dirigida pelo subsecretário de Estado para Diplomacia Pública e Negócios Públicos, Charlotte Beers, uma figura poderosa na indústria da publicidade. O seu gabinete no Departamento de Estado destina-se a:

"assegurar que a diplomacia pública (cativar, informar e influenciar audiências públicas internacionais) seja praticada em harmonia com os negócios públicos (estendendo-se a americanos) e com a diplomacia tradicional para promover os interesses e a segurança dos EUA e proporcionar a base moral para a liderança americana no mundo".

A componente mais poderosa da Campanha de Medo e Desinformação (FDI) pertence à CIA, a qual secretamente subsidia autores, jornalistas e críticos por intermédio de uma rede de fundações privadas e organizações patrocinadas pela CIA.


Será que você, Cutileiro, tão bem relacionado no mundo dos media, sabe se existirá algum autor, jornalista ou crítico, subsidiado pelo FDI, a operar no nosso país?

sexta-feira, maio 20, 2005

Uma comédia sem graça nenhuma



O filme que pode muito bem vir a acabar com a carreira, fulgurante, de Manuel de Oliveira. E, também, de todos os outros realizadores, incluíndo os autênticos.

Uma Assembleia da República miserável



Com as eleições legislativas de 20/Fevereiro, metade dos 230 deputados não foram eleitos.

Os que saíram regressaram às suas anteriores actividades. Sem, contudo saírem tristes ou cabisbaixos.

Quando terminam as funções, os deputados e governantes têm o direito, por
Lei (por eles formulada) a um subsídio que dizem de reintegração: um mês de salário (3.449 euros) por cada seis meses de Assembleia ou governo.

Desta forma, um deputado, que o tenha sido durante um ano, recebe dois salários (6.898 euros). Se o tiver sido durante 10 anos, recebe vinte salários (68.980 euros).

Feitas as contas aos deputados que «injustamente» saíram, o Erário Público desembolsou mais de 2.500.000 euros (meio milhão de contos).

No entanto, há ainda aqueles que têm direito a subvenções vitalícias ou pensões de reforma (mesmo que não tenham 60 anos). Estas são atribuídas aos titulares de cargos políticos com mais de 12 anos.

Entre os ilustres reformados do Parlamento encontramos figuras como:

- Almeida Santos ....................... 4.400, euros;
- Medeiros Ferreira .................... 2.800, euros;
- Manuela Aguiar ...................... 2.800, euros;
- Pedro Roseta .......................... 2.800, euros;
- Helena Roseta ......................... 2.800, euros;
- Narana Coissoró ....................... 2.800, euros;
- Álvaro Barreto ........................ 3.500, euros;
-Vieira de Castro ....................... 2.800, euros;
- Leonor Beleza ......................... 2.200, euros;
- Isabel Castro ......................... 2.200, euros;
- José Leitão .......................... 2.400, euros;
- Artur Penedos ......................... 1.800, euros;
- Bagão Félix .......................... 1.800, euros.


Quanto aos ilustres reintegrados, encontramos os seguintes:

- Sónia Fortuzinhos - 62.000, euros / 9 anos e meio de serviço;

- Maria Santos - 62.000, euros /9 anos de Serviço;

- Paulo Pedroso - 48.000, euros /7 anos e meio de serviço;

- David Justino - 38.000, euros /5 anos e meio de serviço;

- Ana Benavente - 62.000, euros/9 anos de serviço;

- Mª Carmo Romão - 62.000, euros /9 anos de serviço;

- Luís Nobre Guedes - 62.000, euros/ 9 anos e meio de serviço.

A maioria dos outros deputados que não regressaram, estiveram lá somente na última legislatura, isto é, 3 anos, o suficiente para terem recebido cerca de 20.000, euros cada.


Comentário:
A miserável remuneração dos nossos deputados acaba por traduzir-se, como seria de esperar, numa péssima prestação da Assembleia da República.

Estou convencido que o aumento, tanto do número de deputados (por exemplo, de 230 para 500), assim como dos seus honorários (pelos menos, para o dobro), seria uma medida dinamizadora e estruturante da economia nacional, perfeitamente ao nível da construção de dez novos estádios ou de um TGV (a ligação Amareleja-Vidigueira afigura-se premente, sobretudo para mercadorias vitivinícolas).

quinta-feira, maio 19, 2005

TRÁFICO - Ninguém está inocente

TSF Online - 19 de Maio de 2005

Louçã acusa PSD e PP de «promiscuidade»:

O deputado do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, acusou esta quinta-feira o Governo de Santana Lopes de ter fomentado o abuso de poder e a promiscuidade entre os interesses públicos e privados.

«O Governo Santana Lopes/Paulo Portas promoveu errada e ilegitimamente uma promiscuidade nociva entre o interesse público e privado. Essa atitude merece uma censura política e o lugar para o fazer é neste Parlamento perante o país», disse.

Louçã referia-se ao caso do empreendimento turístico em Benavente que previa o abate de mais de dois mil sobreiros e teve o aval de três antigos ministros do anterior Executivo, sendo que o ex-titular da pasta do Ambiente, Luís Nobre Guedes, foi já constituído arguido neste processo desencadeado pelo Ministério Público.

«O essencial da questão é que os partidos não podem actuar em negócios privados porque esse é o princípio da corrupção, o essencial da questão é que um Governo de gestão não toma decisões que comprometem dinheiros públicos ou interesses públicos desta dimensão, o essencial da questão é que os ministros não falsificam a data dos seus despachos, nem tomam decisões se estas lhes são ditadas pelo interesse privado», acrescentou Francisco Louçã.



PSD e CDS-PP reagem indignados:

A acusação do deputado bloquista foi categoricamente desmentida por Nuno Melo, o líder da bancada do CDS-PP, que o acusou de estar a mentir.

«Desprezamos profundamente os justiceiros, os populistas que apontam o dedo sem culpa formada, que acusam sem conhecerem a prova, que inclusivamente mentem», afirmou.

Também o líder parlamentar do PSD, Marques Guedes, fez a defesa do anterior Governo. «O senhor deputado Francisco Louçã sabe que não ofende quem quer, mas quem pode. Pode ficar seguro que relativamente ao PSD não vai ser com esses seus exercícios hipócritas e desonestos que vai lançar lama sobre o partido social-democrata ou as pessoas que em nome do partido prestaram serviço público ao país. O senhor guarde a lama para si e não a lance aos outros», disse.

Em baixo, algumas das pessoas que em nome do PSD prestaram serviço público ao país, mostrando a sua justificada indignação:




Mas Francisco Louçã reiterou as críticas. «Estou a acusá-los a vocês todos, todos de uma vez. A responsabilidade é completa do PSD e do PP que estiveram no Governo, é uma responsabilidade política. Não sei o que o tribunal decidirá acerca das acusações muito graves sobre o tráfico de influências ou do financiamento partidário, não digo uma palavra sobre isso nem aqui nem em nenhuma circunstância

As declarações do deputado bloquista agitaram, esta quinta-feira, a Assembleia da República.

quarta-feira, maio 18, 2005

Desinformação e DemocraCIA

Texto de de Michel Chossudovsky, professor de Economia na Universidade de Ottawa:

Os arquitectos militares do Pentágono estão perfeitamente conscientes do papel central da propaganda de guerra. Engendrada pelo Pentágono, pelo Departamento de Estado e pela CIA, já foi lançada uma Campanha de medo e desinformação [fear and disinformation campaign (FDC)] . A distorção grosseira da verdade e a manipulação sistemática de todas as fontes de informação constituem uma parte integral da estratégia de guerra. Em consequência do 11 de Setembro, o secretário da Defesa Donald Rumsfeld criou o Gabinete de Influência Estratégia [Office of Strategic Influence (OSI)] , ou Gabinete de Desinformação" ["Office of Desinformation"] como foi rotulado pelos seus críticos:

"O Departamento da Defesa afirmou ter necessidade de fazer isso, e estavam realmente a caminho de espalhar histórias falsas em países estrangeiros — num esforço para influenciar a opinião pública por todo o mundo. (Entrevista com Steve Adubato, Fox News, 26 Dezembro de 2002.)

Um certo número de agências governamentais e informação - com ligações ao Pentágono - estão envolvidas em várias componentes da campanha de propaganda. A realidade é apresentada de pernas para o ar. Actos de guerra são anunciados como "intervenções humanitárias" destinados a uma "mudança de regime" e à "restauração da democracia". A ocupação militar e o massacre de civis são apresentados como "manutenção da paz". A abolição de liberdades civis - no contexto da assim chamada "legislação anti-terrorista" - é retratada como um meio para proporcionar "segurança interna" e promover liberdades civis. E subjacentes a estas realidades manipuladas, declarações sobre "Osama bin Laden" e "armas de destruição em massa", que circulam abundantemente nas cadeias noticiosas, são apresentadas como a base para um entendimento dos acontecimentos mundiais.

Para sustentar a agenda de guerra, estas "realidades fabricadas", canalizadas numa base diária para o interior das cadeias noticiosas devem tornar-se verdades indeléveis, tornando-se parte de um vasto consenso político e dos meios de comunicação. Desta forma, os media corporativos - embora actuando independentemente do aparelho militar de informações - são um instrumento desta evolução totalitária do regime.

Em estreita ligação com o Pentágono e a CIA, o Departamento de Estado montou também a sua própria unidade de propaganda "soft-sell" (civil), dirigida pelo subsecretário de Estado para Diplomacia Pública e Negócios Públicos, Charlotte Beers, uma figura poderosa na indústria da publicidade. Trabalhando em ligação com o Pentágono, Beers foi nomeado para chefe da unidade de propaganda do Departamento de Estado logo após o 11 de Setembro. O seu mandato é "para actuar contra o anti-americanismo no exterior" (Sunday Times, Londres 5 de Janeiro de 2003). O seu gabinete no Departamento de Estado destina-se a:

"assegurar que a diplomacia pública (cativar, informar e influenciar audiências públicas internacionais) seja praticada em harmonia com os negócios públicos (estendendo-se a americanos) e com a diplomacia tradicional para promover os interesses e a segurança dos EUA e proporcionar a base moral para a liderança americana no mundo".

A componente mais poderosa da Campanha de Medo e Desinformação (FDI) pertence à CIA, a qual secretamente subsidia autores, jornalistas e críticos por intermédio de uma rede de fundações privadas e organizações patrocinadas pela CIA. A CIA influencia também o âmbito e a direcção de muitas produções de Hollywood. Desde o 11 de Setembro, um terço das produções de Hollywood são filmes de guerra. "As estrelas de Hollywood e os autores de guiões apressam-se a reforçar a nova mensagem de patriotismo, aconselhando-se com a CIA e inspirando-se junto dos militares acerca de possíveis ataques terroristas na vida real". "O Verão de todos os medos" ("The Summer of All Fears") , dirigido por Phil Alden Robinson, que pinta o cenário de uma guerra nuclear, recebeu o endosso e o apoio tanto do Pentágono como da CIA.

A desinformação é rotineiramente "espalhada" pelos operacionais da CIA nas redacções do principais diários, revistas e canais de TV. Firmas de relações públicas externas são frequentemente utilizadas para criar "falsas histórias". Isso foi cuidadosamente documentado por Chaim Kupferbert em relação aos acontecimentos do 11 de Setembro: "Alguns, relativamente poucos, correspondentes bem relacionados forneciam os 'furos de reportagem', que obtinham cobertura nas relativamente escassas fontes de notícias dos principais meios de comunicação, onde os parâmetros de debate são ajustados e a "realidade oficial" é consagrada.

Iniciativas de desinformação encoberta, sob os auspícios da CIA, também são canalizadas através de vários "procuradores" de informação noutros países. Desde o 11 de Setembro essas iniciativas resultaram numa disseminação diária de informação falsa referente a alegados "ataques terroristas". Em virtualmente todos os casos relatados (na Grã Bretanha, França, Indonésia, Índia, Filipinas, etc.) afirmam que os "supostos grupos terroristas" têm "ligações à Al-Qaeda de Osama bin Laden" sem naturalmente admitir o facto (amplamente documentado por relatórios de agências de informações e documentos oficiais) que a Al-Qaeda é uma criação da CIA.



Sofocleto:
È óbvio que o texto acima, que tanto fala de desinformação e manipulação de pessoas, não passa, ele também, de despudorada e desprezível desinformação. Graças a Deus, que nos nossos semanários, autênticos modelos de independência, é sempre possível encontrar jornalistas que põem a nu as maquinações de escribas mal intencionadados (cujas armas de destruição maciça são a caneta, o Word, o Textpad e a mentira). Senão, atentemos neste editorial do Expresso:


O PRESIDENTE americano, George W. Bush, é hoje uma figura odiada em muitos círculos.

O facto de ser republicano, a forma como venceu Al Gore, a decisão de invadir o Afeganistão e sobretudo o Iraque, puseram contra ele toda a esquerda e muitos moderados.

Mas, goste-se ou não de Bush, concorde-se ou não com a presença americana no Iraque, há uma coisa que todos aceitarão: a luta política deve ser séria e leal.

Ora, nos últimos dias, todos os limites foram ultrapassados.

Procurou transmitir-se ao mundo uma ideia sinistra: a de que o Presidente americano poderia ter evitado o 11 de Setembro e não o fez - por negligência ou outra razão qualquer.

(...)

Culpar George W. Bush, ainda que veladamente, por aquilo que se passou, é uma baixeza.

Até porque, ao sugerir-se a responsabilidade do Presidente americano, desresponsabilizam-se de certa forma os terroristas.

É quase como se se dissesse: se Bush não tivesse sido negligente, poderia não ter acontecido nada.

Os culpados não foram, pois, a Al-Qaeda nem os terroristas - o mau da fita foi uma figura hedionda, sinistra, criminosa, irresponsável, que dá pelo nome de George W. Bush.


Sofocleto (outra vez):
A desinformação é de tal ordem que, a contragosto, quase chegamos a concordar com esta última frase do editorialista do Expresso.

terça-feira, maio 17, 2005

Como será a próxima guerra mundial?

A versão portuguesa do semanário Courrier Internacional, de 6 de Maio de 2005, colocava a seguinte questão: Como será a próxima guerra mundial?

Entre os vários artigos, encontrava-se este da autoria de Mark Gaffney e cujo original (na Internet) tem por título: A arma que pode derrotar a América no Golfo.
«The weapon that could defeat the US in the Gulf».

Para quem se interesse pela questão, temos de reconhecer que num domínio importante da tecnologia militar, os Estados Unidos foram eclipsados e que, hoje, outros dispõem de uma vantagem qualitativa: o míssil de cruzeiro antinavios, de fabrico russo, 3M-82, mais conhecido pela denominação da NATO de SS-N-22 Sunburn, face ao qual a Marinha norte-americana está actualmente desguarnecida.



Quando soube da existência deste míssil russo, fiquei chocado. O drama é que estamos a sofrer de um preconceito dos mais comuns e que consiste em acreditar que a Rússia está militarmente enfraquecida. Em certos domínios chave, a tecnologia russa é pura e simplesmente superior à nossa e isso verifica-se especialmente no sector vital da tecnologia dos mísseis antinavios, em que os russos têm pelo menos dez anos de avanço em relação a nós.

Já há muitos anos que os estrategas soviéticos deixaram de desafiar a marinha americana, seguindo os seus passos a cada navio, canhão ou dólar. Não estando em condições de competir no plano orçamental, optaram por uma solução estratégica defensiva. Começaram a procurar fraquezas no adversário e a desenvolver meios relativamente baratos de as explorar, aliás com êxito. Foi assim que desenvolveram vários mísseis terra-terra supersónicos, um dos quais, o SS-N-22, foi descrito como «o míssil mais assassino do mundo».

Quando, em Outubro de 2001, o ministro iraniano da Defesa, Ali Shamkhani, se deslocou a Moscovo, quis assistir a uma demonstração do Sunburn. Ficou tão impressionado que encomendou um número ainda hoje mantido secreto. Com um alcance de mais de 150 quilómetros, o míssil desloca-se a Match 2,1 sendo capaz de efectuar manobras evasivas brutais e de voar rente ao mar. Uma vez adquirido (identificado e designado pelos instrumentos de navegação do míssil), o alvo só tem alguns segundos para tentar reagir.

A única defesa possível para a US Navy seria detectar a aproximação do Sunburn com muita antecedência. Mas os responsáveis da marinha americana que estão a actuar no Golfo, vêem-se confrontados com graves dificuldades neste domínio, relacionadas com a configuração do litoral.

A marinha americana ainda não defrontou um adversário tão extraordinário como o Sunburn. As unidades americanas no Golfo já estão ao alcance dos Sunburn iranianos, para já não falar dos SS-NX-26 Yakhont, igualmente de fabrico russo (velocidade: Mach 2,9; alcance 290 km), que os iranianos também encomendaram. Todos os navios estão expostos e vulneráveis. Quando o cerco se fechar, todo o Golfo se transformará num temível campo da morte.


Comentário:
É assustador imaginar que a actual administração norte-americana possa ser travada na disseminação dos valores democráticos, no combate ao terrorismo e na procura de armas de destruição maciça, tarefas nas quais está espiritualmente tão empenhada.
«Damned you Sunburn, or shall I say, Putin!».

segunda-feira, maio 16, 2005

O embrião, a menina e o pároco.

12 de Maio 2005 na TSF:

O padre Domingos Oliveira da paróquia de Lordelo do Ouro defende que matar uma criança no seio materno é ainda mais violento do que assassinar uma menina aos cinco anos.

«Matar uma pessoa no seio materno é mais grave do que matar uma pessoa que não se pode defender. Uma menina de cinco anos pode reagir, pode chorar, queixar-se», disse.

Este padre considera que «matar é sempre violento e pecado», mas que o aborto pode ser considerado ainda mais grave do que assassinar alguém que tem capacidade de reacção.

As palavras em causa foram pronunciadas pelo padre Domingos de Oliveira, na semana passada, durante a missa de 7º dia de Vanessa Pereira, a menina de cinco anos encontrada morta nas águas do rio Douro.



Comentário:
Estou absolutamente de acordo com raciocínio do padre Domingos Oliveira. Vou até um pouco mais longe: matar uma menina de cinco anos é muito mais grave do que matar um padre, seja ele de Lordelo ou de outra paróquia qualquer. E isto porque enquanto a menina apenas pode chorar, o padre pode pedir perdão a Deus, confessar ou penitenciar o assassino e oferecer a si próprio a extrema unção.

quinta-feira, maio 12, 2005

Latsis pescou um cherne

Na VISAOONLINE, 12 Maio de 2005:



Os eurodeputados vão debater no final de Maio e votar em Junho uma moção de censura à Comissão Europeia. Em causa está a recusa de Durão Barroso em explicar ao Parlamento Europeu as «férias milionárias» passadas em 2004 no iate de um magnata grego.

O autor do projecto de moção de censura é o deputado britânico eurocéptico Nigel Farage, que se insurge contra a recusa de Durão Barroso em explicar ao Parlamento Europeu as «férias milionárias» passadas em 2004 no iate de um magnata grego.

Farage insiste que José Manuel Durão Barroso tem de explicar «como pode ter recebido um presente no valor de muitos milhares de euros de um homem de negócios bilionário que, um mês depois, recebeu luz verde da Comissão» para subsídios regionais no valor de 10 milhões de euros.

A polémica refere-se a um cruzeiro efectuado por Durão Barroso e a mulher, no Verão passado, num iate de um magnata grego, Spiro Latsis, com o presidente da Comissão Europeia a rejeitar tratar-se de um «conflito de interesses» com o cargo que ocupa. Latsis dirige um grupo económico das áreas marítima, financeira e petrolífera.

Com uma fortuna avaliada em 5,8 mil milhões de euros, Latsis tem interesses que vão da banca à navegação marítima, passando pelo petróleo, imobiliário e transportes aéreos. Doutorado em Economia e residindo na Suíça, o magnata ocupa o 54. ° lugar na edição deste ano da lista dos mais ricos do mundo, publicada pela revista Forbes. O seu principal activo é o EFG BankGroup (com sede em Londres), ao qual pertence o segundo maior grupo grego, o EFG EurobankErgasias.

Segundo o seu gabinete, Durão Barroso não incorreu em qualquer conflito de interesses ao aceitar o convite para passar, com a mulher, alguns dias (de 22 a 28 de Agosto) a bordo do iate do seu amigo. Afirma ainda não haver contactos entre a Comissão Europeia e as empresas do milionário helénico.

Latsis tem, porém, ligações aos investimentos comunitários na Roménia e Bulgária, efectuados através do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), do qual a União Europeia é accionista e que goza de autonomia face à Comissão.

Comentário:
Se o cherne e respectiva fêmea já estavam dentro do barco aquando da largada de Mikros, Latsis estará a salvo de processos judiciais por pesca furtiva.

quarta-feira, maio 11, 2005

Apito inútil

No jornal Globo Online de 11 de Maio de 2005:

CIDADE DO VATICANO – O Diabo ainda trabalha no mundo, libertando "energia maléfica", mas Deus será o árbitro final da História, disse nesta quarta-feira o Papa Bento XVI.

Falando durante sua terceira audiência geral desde que assumiu o cargo, no mês passado, o Papa também disse que os países e os líderes tinham que procurar a mão de Deus nos factos passados e aprender com isso.

- A história, na realidade, não está nas mãos das forças obscuras, entregue à sua própria sorte ou apenas escolhas humanas - afirmou ele a milhares de pessoas na Praça de São Pedro.

- Acima da energia maléfica, acima das veementes interrupções do Diabo, acima de tantos flagelos de maldade, ergue-se o Senhor, árbitro supremo da História - disse o Pontífice, reflectindo sobre o Livro das Revelações na Bíblia.

Ele exortou os católicos a procurar e reconhecer o que chamou de "intervenções divinas escondidas na História".



Comentário:

Será que Deus, o árbitro supremo da História, nas palavras do Papa, anda a fazer vista grossa à energia maléfica, às interrupções do Diabo e aos flagelos da humanidade?

Na foto, um lance muito duvidoso da energia maléfica não sancionado pelo Todo Poderoso:


Uma execução em massa de judeus sob a ocupação Nazi da União Soviética. O homem das SS dispara sobre uma mulher judia que está apenas ferida.

Quanto às "intervenções divinas escondidas na História", só por milagre se encontra alguma.

terça-feira, maio 10, 2005

Era uma vez na América



No Globo Online de 9 de Maio de 2005:

MOSCOVO - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e da Rússia, Vladimir Putin, reuniram-se em Moscovo no que se esperava fosse um encontro tenso devido às acusações feitas por Bush no final de semana sobre a "tirania" da União Soviética sobre a Europa Oriental depois da Segunda Guerra Mundial. Putin ficou ressentido por Bush ter imposto a sua agenda internacional, desviando a atenção das comemorações do final da guerra na Europa, que teve um custo bastante alto para a antiga URSS: 27 milhões de mortos e o país arrasado. Os EUA mantiveram seu território intacto e perderam apenas 405 mil homens.

Bush criticou a Rússia várias vezes ao longo da viagem de cinco dias à Europa para as comemorações do final do conflito no teatro europeu. Neste domingo, Bush manifestou preocupação sobre o progresso da democracia na Rússia. Numa entrevista gravada para o programa "60 minutes", da rede americana CBS, Putin disse ao correspondente Mike Wallace, que os Estados Unidos não têm moral para falar sobre a democracia depois da polémica eleição presidencial de 2000, em que houve suspeitas de manipulação da contagem de votos na Flórida que deu a vitória ao actual presidente. O estado é governado por Jeb Bush, irmão do presidente.

"Há quatro anos a vossa eleição presidencial foi decidida num tribunal. O sistema jurídico interveio. Mas não nos vamos intrometer no vosso sistema democrático porque isso cabe ao povo americano," disse Putin que, a seguir, fez o que disse que não ia fazer. "Nos Estados Unidos vocês primeiro elegem os eleitores que votam nos candidatos presidenciais. Na Rússia, o presidente é eleito pelo voto directo de toda a população. Acredito que isto seja mais democrático”. Acrescentou que o sistema democrático americano não vai bem e que, por isso, ele foi contra a invasão do Iraque.


Mas se o sistema democrático americano não esteve bem em 2000, não parece ter estado melhor em 2004.


Dr. David L. Dill, Professor de ciências de computação da Stanford University fala sinteticamente sobre o escândalo das máquinas de votar electrónicas que “atribuíram” a vitória a Bush nas eleições de 3 de Novembro de 2004:

Porque é que me pedem sempre para provar que estes sistemas não são seguros? O ónus da prova deve pertencer ao fornecedor. «"Why am I always being asked to prove these systems aren't secure? The burden of proof ought to be on the vendor.»

Perguntamos-lhes acerca do hardware. “É segredo.” «You ask them about the hardware. "Secret."»

O software? “É segredo.” «The software? "Secret."»

Qual é o código? “Não vos podemos dizer porque isso comprometeria o secretismo das máquinas.” «What's the cryptography? "Can't tell you because that'll compromise the secrecy of the machines."»

Testes federais efectuados? “É segredo.” «Federal testing procedures? "Secret"»

Resultado dos testes? “É segredo.” «Results of the tests? "Secret"»

Basicamente é-nos pedido que tenhamos uma fé cega. «Basically, we are required to have blind faith."»


É caso para lembrar uma máxima de Stalin



"Aqueles que votam não decidem nada. Aqueles que contam os votos decidem tudo."
«"Those who cast the votes decide nothing. Those who count the votes decide everything."»

segunda-feira, maio 09, 2005

Um TGV in«dispensável»



No Expresso na edição de 30 de Abril de 2005, o ex-presidente da CP, Ernesto Martins de Brito afirmava sabiamente:

AS Alterações propostas pelo ex-ministro das Obras Públicas, António Mexia, ao projecto da rede de alta velocidade, são, segundo o ex-presidente da CP, Ernesto Martins de Brito, duplamente negativas para Portugal.

Em primeiro lugar, condenam a utilização da alta velocidade entre Lisboa e Porto, mantendo um troço de 70 quilómetros da actual linha do Norte, por onde circula 85% do tráfego ferroviário nacional, incluindo o de mercadorias e o serviço regional. Em segundo lugar, reduzem o investimento global em cerca de € 6000 milhões, «cortando substancialmente o efeito dinamizador que este projecto teria na economia portuguesa».

Martins de Brito defende que o projecto de alta velocidade deveria ser concretizado na perspectiva de um investimento viável a longo prazo, que dote o país de uma infra-estrutura ferroviária competitiva. «Não faz sentido investir menos, se esse investimento não constituir uma solução de longo prazo», refere, adiantando, por outro lado, que «esses cortes também não fazem sentido se o projecto seguir o modelo de Parceria Público-Privada (PPP). O investimento público ficaria dentro dos valores que podem ser suportados pelo Estado. O restante seria investido por privados».

«Também não acredito que o troço de 70 quilómetros da actual linha do Norte a ser utilizado pela rede de alta velocidade contribua significativamente para a redução de € 6000 milhões, o que colocaria o custo de cada quilómetro de linha construída nos valores mais elevados dos projectos de alta velocidade até hoje realizados, tornando-o mais caro que a linha ferroviária do túnel da Mancha», argumenta Martins de Brito. Outra questão preocupante é a da ligação a Madrid: «Portugal deve garantir que a ligação será feita do lado espanhol com velocidades superiores a 300 quilómetros por hora».



Aníbal Rodrigues, jornalista do Público, escreveu a 17 de Dezembro de 2003:

Manuel Queiró acredita que o traçado do TGV, anunciado na Cimeira Ibérica do mês passado, "não é um projecto do Governo", mas sim de "um grupo exterior". "Este não é um projecto de um Governo, é um projecto de um grupo exterior que se impôs sucessivamente aos dois [últimos] Governos", denunciou o dirigente do CDS/PP, anteontem à noite, em Coimbra, num debate onde foi discutido o impacte do transporte ferroviário de grande velocidade na região centro.

"É de um grupo exterior que não tem rosto, que não aparece ou só dá a cara fugazmente", reforçou o ex-deputado centrista, sem contudo nomear responsáveis. Intervindo na qualidade de membro da assistência, Manuel Queiró considerou que o projecto do TGV, "sendo o mais estruturante, será porventura o mais anti-nacionalista que poderíamos ter." Na sua opinião, "é o menos transparente do ponto de vista político, [uma vez que] não foi apresentado à opinião pública, ao Parlamento e nem sequer ao Conselho de Ministros."

Na opinião do antigo parlamentar do CDS/PP o conjunto de traçados dado a conhecer na Cimeira Ibérica realizada na Figueira da Foz (Porto-Vigo, Aveiro-Vilar Formoso, Lisboa-Porto, Lisboa-Badajoz e Évora-Faro-Huelva) "foi apresentado ao país como um facto consumado; três dias depois foram aprovados os fundos comunitários."
Circunstâncias que o levaram a considerar: "Isto é uma 'blitzkrieg' [guerra relâmpago]."

Prevendo que "a história vai emitir um julgamento muito severo sobre isto", Queiró manifestou-se esperançado pelo facto de dois dos oradores convidados, o socialista Henrique Neto e o especialista em transportes, Manuel Tão, terem também criticado a solução preconizada pelo Governo. "Os participantes que estão na mesa dão-me alguma esperança de que ainda haja alguma reacção no país", disse, acrescentando: "Os espanhóis já tiveram aquilo que queriam e nós escusamos de fazer mais asneiras do que aquelas que já fizemos."

Para Manuel Queiró, outro erro seria a construção de mais uma ponte sobre o rio Tejo: "Fazer uma asneira seria gastar os fundos comunitários que nos restam numa terceira travessia sobre o Tejo, que tornaria a estação do Oriente obsoleta." Por último, o político deixou o repto aos cerca de 70 participantes no debate: "É preciso começar a actuar para emendar a asneira - se não for possível parar esta asneira, é sinal de que já não há cidadania."

Em declarações ao PÚBLICO após o debate, Manuel Queiró apelou a uma "reacção construtiva" por parte das regiões da faixa atlântica portuguesa, nomeadamente Castelo Branco, Santarém e Leiria, que classifica como "as mais sacrificadas no novo esquema ferroviário", mas também Coimbra, Aveiro e Porto, "já que a opinião generalizada dos técnicos é a de que não haverá nem mercado nem recursos para mais do que uma ligação transversal a Espanha".

O facto de criticar uma terceira ponte sobre o Tejo prende-se com a convicção de que é possível manter o acordo com Espanha e a linha de Lisboa a Madrid pelo Alentejo e Badajoz, "através da ponte 25 de Abril e utilizando a estação do Oriente, fazendo ao mesmo tempo as adaptações necessárias às conexões com o Centro e Norte do país". Só que, para isso, advoga, "é preciso não consumir os recursos disponíveis numa nova ponte e numa nova estação em Lisboa, e aplicá-los antes nas conexões com Badajoz da linha do Porto a Lisboa e da restante rede ferroviária portuguesa".



Comentário:
Existem poucas dúvidas de que o TGV vai estruturar, dinamizar e consolidar as contas bancárias de uma dúzia de empreiteiros e de alguns políticos camaradas. Será possível que não surja quase ninguém a questionar a obra mais absurda desde a construção de dez estádios de futebol?

sexta-feira, maio 06, 2005

Ataque suicida faz mais de 50 mortos no Iraque

4 Maio de 2005



Um dia depois da tomada de posse do novo governo iraquiano, a violência regressou em força ao país. Pelo menos 50 pessoas morreram na sequência de um atentado contra um centro de recrutamento da polícia

A sede do Partido Democrata Kurdo , em Irbil , a cerca de 350 quilómetros a norte de Bagdad, a funcionar como centro de recrutamento da polícia foi o alvo do ataque suicida desta manhã. Segundo as agências internacionais há a registar, pelo menos, 50 vítimas mortais e dezenas de feridos, na sua maioria iraquianos que aguardavam para se alistar. As forças policiais iraquianas, bem como os centros de recrutamento têm sido alvos frequentes de atentados, uma vez que são vistos pelas guerrilhas como colaboradores dos norte-americanos.

O ataque desta manhã foi o mais mortífero desde 28 de Fevereiro, quando um camião armadilhado explodiu junto a um centro de recrutamento da guarda nacional, na cidade de Hillah . Na altura, morreram 110 pessoas e outras 133 ficaram feridas.





Eu não sou especialista na forma como os iraquianos pensam, porque eu vivo na América, onde é bonito e seguro e onde não há perigo.” - George W. Bush, Washington, D.C., 23 de Setembro de 2004.

"I'm not the expert on how the Iraqi people think, because I live in America, where it's nice and safe and secure." — George W. Bush, Washington, D.C., Sept. 23, 2004.

quarta-feira, maio 04, 2005

Ex-líderes do CDS - Os ditos e os ditosos

A 21 de Dezembro de 2002 o Expresso noticiava:

FREITAS do Amaral não desiste da sua cruzada contra os atropelos da administração Bush ao Direito Internacional e publicou um livro - «Do 11 de Setembro à Crise no Iraque» -, onde avisa que a Europa «tem, pelo menos, o dever de tentar a travagem do belicismo americano na Primavera de 2003».

Compara também os métodos do actual Presidente dos EUA aos de Hitler, Salazar, Franco e outros «ditadores extremistas que colocam a soberania nacional acima do Direito Internacional».
Aos aliados europeus, Freitas deixa um desafio: que tenham «coragem e espinha dorsal suficientes para não se sujeitarem a ser mandados».

«Pode ser-se estruturalmente pró-americano e conjunturalmente anti-Bush», lembra Freitas, que se situa a si próprio «numa linha intermédia, quiçá centrista», caracterizada por dois elementos fundamentais: «Um sentimento permanente de amizade e admiração pelos EUA; e uma atitude crítica bastante forte contra a política externa e de segurança do Presidente Bush».

Freitas parte da sua experiência pessoal nos Estados Unidos para relatar como então se apercebeu da existência de uma «extrema-direita legal» na América - a ala mais radical do Partido Republicano -, que se encontra hoje na Presidência e no Governo americano.

«São nacionalistas exacerbados», acusa Freitas do Amaral, passando a elencar-lhes os pecados: advogam não deverem os EUA respeitar o Direito Internacional -– «o mesmo pensavam e faziam o fascismo italiano e o nazismo alemão»; acreditam ter a missão histórica de dominar o mundo - «o mesmo pensava e tentou Hitler»; desprezam em absoluto a ONU, a menos que esta lhes apoie a política externa - «o mesmo pensava o doutor Salazar»; rejeitam decisões de organismos internacionais contrárias à vontade dos EUA - «assim agem todos os ditadores e extremistas que colocam a soberania nacional acima do Direito Internacional»; recusam dar aos talibãs e guerrilheiros da Al-Qaeda o estatuto de prisioneiros de guerra que as Convenções de Genebra lhes garantem - «o mesmo pensava Hitler dos judeus».

aponta ainda o dedo aos atentados à liberdade de expressão numa América onde o Presidente «pressionou, sabe-se lá por que meios, a imprensa de referência e os principais canais de televisão a não publicarem mensagens de Bin Laden e a aceitar a censura prévia dessas mensagens por razões de segurança».

À Europa, Freitas do Amaral lança um aviso e deixa um recado. Primeiro: «O Presidente Bush já se permite olhar para nós, europeus, de cima para baixo, dizendo: nós decidimos, depois informaremos, pressioná-los-emos; e, se não aceitarem, avançaremos sozinhos». Segundo: «Uma Europa muito fraca, que apenas esboça tímidas críticas mas não é capaz de dizer 'não' quando chega a hora da verdade» arrisca-se «a descer o plano inclinado da conciliação ao seguidismo, deste ao servilismo, e deste último à servidão».


E, por falar em seguidismo, servilismo e servidão, eis que dois anos e tal depois:



O anterior ministro da Defesa Paulo Portas vai ser condecorado no Pentágono, em Washington, na quarta-feira (4 de Maio de 2005), pelo secretário da Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld.

A condecoração premeia «serviços públicos distintos» e esta é «a primeira vez que um ministro da Defesa português» recebe a medalha, raramente atribuída a estrangeiros.

Os fundamentos da distinção serão conhecidos após a cerimónia reservada de condecoração.

A manutenção do comando da NATO em Oeiras, o empenho de Paulo Portas no alargamento da Aliança Atlântica, a opção por duas fragatas norte-americanas no reequipamento das Forças Armadas e a posição portuguesa na guerra do Iraque são razões apontados pelo colaborador de Paulo Portas para justificar a condecoração.


Comentário:
Portas demonstrou que, ao contrário de Freitas, pode-se ser estruturalmente pró-Bush e também estruturalmente anti-europeu. Portas mostrou-se ainda brilhante na opção que tomou por duas fragatas norte-americanas no reequipamento das Forças Armadas Portuguesas (200 milhões de Euros em duas fragatas com mais de 20 anos de uso), e no apoio à guerra do Iraque.

No entanto, dada a enorme disparidade de posições dos dois ex-líderes do CDS, somos levados a pensar que um deles poderá estar equivocado. Ou será que não?

terça-feira, maio 03, 2005

Orgia sem sodomia?

Tony Jenkins, correspondente em Nova Iorque do Jornal Expresso de 30 de Abril de 2005:

Democracia fica em causa nos ESTADOS UNIDOS com a nomeação de juízes de extrema-direita para o Tribunal da Relação

Em causa está a determinação do Presidente George W. Bush em nomear alguns dos juízes mais conservadores do país para o Tribunal da Relação e a determinação dos democratas em se oporem a ele.

Alguns analistas avisam que a independência do poder judicial está ameaçada. Chamam a atenção para as recentes declarações de Tom DeLay, o líder republicano e ultraconservador da Câmara dos Representantes: «Nós instituímos os tribunais. Nós podemos destituí-los. Temos o poder do dinheiro». Por outras palavras, está disposto a travar o financiamento governamental para os tribunais cujas decisões não lhe agradem. Também falou da possibilidade de impugnar juízes.

Por seu lado, o líder republicano do Senado, Bill Frist, juntou-se a um grupo de dirigentes cristãos fundamentalistas, no domingo, que decidiram classificar as acções dos democratas como «uma campanha contra as pessoas de fé». Um dos apoiantes religiosos de Frist, James C. Dobson, disse: «O Congresso pode simplesmente privar de direitos um tribunal. O que têm a fazer é dizer que o tribunal já não existe e tudo fica resolvido».

Alguns dos juízes propostos por Bush estão muito distantes da política convencional. Um deles condenou repetidamente a legislação do «New Deal» do Presidente Roosevelt que, em 1930, lançou os pilares do moderno Estado Social: pensões de reforma e cuidados de saúde para os idosos. Estes preceitos são «socialistas», diz o juiz, e devem ser destruídos. Outro opõe-se a quase todas as normas de protecção ambiental, classificando-as como equivalentes a uma desapropriação da propriedade privada. Um terceiro argumentou no Supremo Tribunal do Texas que os actos homossexuais equivalem à «prostituição, adultério, necrofilia, bestialidade, posse de pornografia infantil e mesmo incesto e pedofilia».



Antonin Scalia

Antonin Scalia é o baluarte conservador do Supremo Tribunal dos EUA, um favorito do presidente Bush, e um parceiro de caça do vice-presidente Chenney. Atacou acaloradamente o direito ao aborto, e defendeu leis anti-sodomia.

Mas veio a saber-se que existe uma outra faceta no juiz Antonin Scalia: ele acha que os americanos deviam fazer mais orgias.

Desafiado sobre as suas opiniões em relação à moral sexual, o juiz Scalia surpreendeu a sua audiência na universidade de Harvard, dizendo-lhes: "eu mantenho que as orgias sexuais eliminam tensões sociais e deveriam ser incentivados."

Bush prometeu nomear mais juízes como Scalia para o Supremo.


Comentário:
Concordo em absoluto com Scalia. Uma boa orgia desde que desprovida de prostituição, adultério, necrofilia, bestialidade, incesto, pedofilia e sodomia, pode perfeitamente constituir o melhor remédio para as tensões crescentes que se fazem sentir em todo o Mundo, em especial, no Médio Oriente e arredores.

Pressente-se em Scalia que os truísmos jurídicos não conseguem abafar a sua origem romana. Orgia Nostra!

segunda-feira, maio 02, 2005

Habemus papa? Onde?

O cardeal alemão Joseph Ratzinger, de 78 anos, foi eleito a 19 de Abril, o 265º papa da história. Considerado o braço-direito de João Paulo II, ele adoptou o nome de Bento XVI.



Pouco antes das 17h (de Portugal), o fumo branco saiu da chaminé da capela Sistina, levando à euforia os milhares de fiéis no Vaticano. Minutos depois, os sinos da basílica de São Pedro confirmaram. Por volta das 17h40, o protodiácono anunciou "Habemus Papam" (temos papa). O alemão, então, apareceu numa janela do Vaticano e pronunciou o "urbi et orbi" (bênção a Roma e ao mundo), vestido com os trajes brancos tradicionais de seda e lã e com o solidéu (gorro) na cabeça.

«Temos papa» afirmou o protodiácono. Infelizmente, o mesmo não podem dizer milhões de pessoas em todo o Mundo. Essa papa nem necessitaria de vir embrulhada em panos brancos de seda e lã, nem tapada com um solidéu. Bastaria uma simples tijela.



A cada sete segundos, morre uma criança de fome no Mundo. Quanto a Deus, esse Ser omnipotente, omnisciente, omnipresente e infinitamente bom, continua, pelos vistos a ressonar a sono solto.

domingo, maio 01, 2005

Elucubrações estapafúrdias

Encontrei este artigo na Net.



Imediatamente após os atentados de 11 de Setembro de 2001 começaram a surgir teorias aparentemente estapafúrdias que apontavam o próprio governo americano como, se não responsável por, pelo menos conivente com os ataques. Naturalmente, tais elucubrações foram logo tachadas de loucura conspiratória. No entanto, após os últimos desdobramentos do caso, com implicações sérias dentro da própria estrutura de poder nos EUA, volta à baila o assunto. E nesse turbilhão, reergue-se a voz de um autor de três livros sobre o tema. Recentemente entrevistado num programa de rádio, o autor, dentre outras, fez as seguintes bombásticas afirmações:

• "Quase houve em golpe de estado nos EUA em 2002."

• "Os pilotos dos aviões comerciais envolvidos no 11 de Setembro não tinham controle sobre as aeronaves. [...] Todo mundo a bordo estava inconsciente. [...] Não havia sequestrador nenhum a bordo de nenhuma das aeronaves dos atentados. [...] Tudo foi feito por controle remoto. [...] Aliás, nenhum piloto resistiria às acelerações de 5 a 8 forças-G envolvidas nas manobras de precisão que foram executadas."

• "Donald Rumsfeld faz parte de um grupo de neoconservadores que já vinha planeando o evento de 11 de Setembro há anos."

• "70% dos militares de alta patente nos EUA estariam prontos para um levantamento contra a hierarquia civil instalada."

• "Israel usou mini-armas nucleares contra o Iraque em 1991."

• "O ataque ao Hotel Rashid no centro de Badgdad a 26-10-2003 teria tido como alvo o próprio Paul Wolfowitz. Os responsáveis teriam sido militares americanos amotinados."

• "O vice, Dick Chenney, era quem realmente mandava no país a 11 de Setembro, e foi ele que ordenou, do interior do seu bunker, que a Força Aérea ficasse quieta, no solo, [...] enquanto os aviões comerciais dos atentados já estavam no ar há cerca de uma hora, fora de seus percursos, em velocidades fora das previstas e sem contacto por rádio."

• "O que atingiu o Pentágono não foi um avião comercial e sim um míssil."

• "O voo 93 da United Airlines, que caiu na Pennsylvania, foi derrubado por dois mísseis da guarda aérea de Dakota do Norte. Eu conheço o piloto que disparou [...] é um velho amigo meu. Aliás, ele foi condecorado por isso um ano depois."

• "O próximo passo será contra a Síria, mas envolverá inteiramente as forças da NATO."

• "Essas pessoas da hierarquia civil só entendem um ingrediente: a força. E é por isso que o golpe vai emanar dos militares, e isso vai acontecer através dos tribunais militares, que vão assumir o controlo. E Dick Chenney, como eu já disse, será um dos primeiros a cair."


Tudo isso consta da longa entrevista no programa de rádio de Alex Jones concedida em 2004-02-25 pelo coronel reformado Donn de Grand-Pre, do exército americano.


Comentário:
Um coronel americano, com declarações deste calibre, pondo em causa um governo legitimamente eleito, deveria ser, no mínimo, despromovido a sargento-ajudante.

Quanto a Chenney e a Rumsfeld serão seguramente os últimos a cair. Trust me!