sábado, novembro 03, 2007

Será Portugal apenas uma reserva privada da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP)?

Fernando Madrinha - Jornal Expresso - 3/11/2007:

O país da CIP

Mais fácil de construir e de mais rápida construção, mais prático, mais perto de Lisboa, mais amigo do ambiente, menos três mil milhões de euros. Pelo mapa do ministro Mário Lino, Alcochete fica à beira do deserto, mas, depois de tudo o que já foi dito e escrito sobre as vantagens que oferece para a construção do novo aeroporto, quem vai ainda defender a Ota? De repente, dois estudos feitos no prazo de poucos meses esmagam toda a argumentação e pulverizam todos os trabalhos dos últimos 40 anos que culminaram na opção Ota. Dúvida primeira: como é que, em tantos anos, ninguém foi a Alcochete? Os dois estudos foram elaborados em tempo-recorde pelos mais reputados especialistas de todas as áreas, pagos por um grupo de empresários inteiramente desinteressados, como jura Francisco Van Zeller, e tão humildes que nem querem ser conhecidos. Dúvida segunda: isto passa-se em Portugal, ou é outro o país da CIP?


Existem ainda outros estudos que Madrinha não refere:


Associação Comercial do Porto diz que Portela+Montijo é viável

Ricardo David Lopes - Jornal de Notícias - 27/10/2007

A viabilidade da solução Portela+Montijo deverá ser a principal conclusão do estudo promovido pela Associação Comercial do Porto (ACP), que estará concluído ainda em Novembro e que aponta a infra-estrutura da Margem Sul como base para voos "low cost" para Lisboa.

Ao que o JN apurou, são vários os argumentos a favor do Montijo como solução complementar à Portela que, aliás, o presidente da ACP, Rui Moreira, já defendeu várias vezes publicamente. O facto de já haver pistas, de não ser preciso fazer terraplanagens nem expropriações, e de também já existirem infra-estruturas para o abastecimento de combustíveis às aeronaves são algumas das razões que tornam esta solução económica e competitiva.

Acessibilidades garantidas

Mas também nas acessibilidades o Montijo apresenta mais-valias a futura linha de alta velocidade deverá passar pelo Pinhal Novo, à qual pode fazer-se uma ligação ferroviária aproveitando uma linha convencional que, apesar de estar desactivada, pode ser retomada. Ora, através do Pinhal Novo, pode fazer-se também a ligação aos comboios da Fertagus, para Lisboa, assim como para o Algarve a Alentejo. E há, também ligações fluviais do Montijo ao Cais do Sodré, em Lisboa.

O investimento na adaptação do Montijo para receber "low cost", garantiram fontes do sector dos transportes ao JN, é reduzido e seguramente inferior ao que está previsto para o Aeroporto de Beja (32 milhões de euros), permitindo criar uma infra-estrutura simples capaz de oferecer aquilo de que as "low cost" precisam baixas taxas aeroportuárias. Os espanhóis, lembram as fontes, vão abrir em 2009 um aeroporto só para "low cost" em Badajoz, cujo investimento foi de apenas 12 milhões de euros.

O Governo, recorde-se, tem insistido que é inviável haver duas infra-estruturas a funcionar em simultâneo, mas a verdade é que as projecções oficiais para o aeroporto de Beja demonstram que viabilizar uma infra-estrutura para "low cost" não é difícil. Segundo as projecções, realizadas pela empresa para o Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (que abre em 2008 como apoio a Faro e implica um investimento de 32 milhões), a infra-estrutura pode estar "paga" em 2026. Como? Partindo do princípio de que receberá um milhão de passageiros/ano a partir de 2015 e que as taxas aeroportuárias por passageiro evoluem de 6 a 8 euros entre 2015 e 2025.

Taxas pagam Montijo

A Portela - onde as taxas rondas os 30 euros - recebe actualmente dois milhões de passageiros/ano de "low cost" (17% do tráfego total), lembram as fontes. Ora, sendo o investimento no Montijo inferior ao de Beja e havendo a garantia de que, logo à partida, há muito mais passageiros que na capital do Baixo Alentejo, "cai por terra" o argumento da inviabilidade económico-financeira do Montijo, dizem as fontes.

Sem "low cost" na Portela, a TAP teria espaço para crescer, assim como outras companhias que usam o aeroporto nas suas rotas regulares. Se, por outro lado, se optar por um aeroporto de raiz, seja na Ota ou Alcochete, as taxas não serão competitivas para o crescimento das "low cost", que poderão "fugir" para Badajoz. Ou, ainda, para o aeroporto Madrid-Sur, para "low-cost", em Ciudad Real que vai "competir" com Barajas, oferecendo taxas mais baixas para estas companhias.

O Montijo, recorde-se, foi também dado como viável por um estudo da ANA - Aeroportos de Portugal em 1994.
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6 comentários:

Anónimo disse...

A Portela está saturadíssima... de slots às moscas!

Anónimo disse...

Por este andar podíamos fazer o aeroprto em Badajoz.

contradicoes disse...

Isto é um jogo de interesses
de que ninguém quer abdicar
uns querem ter várias benesses
que outros tantos estão a reclamar

Tudo isto pouco transparente
neste País em que a corrupção
faz enriquecer muita gente
que fica isenta de condenação

augustoM disse...

Nesta coisa de aeroportos, parece que uns levantam e outros aterram.
Um baraço. Augusto

xatoo disse...

Há um factor muito importante a ter em conta na questão dos custos - que é este: quanto è que custa à chamada "sociedade civil" (deveria de haver outra?) as áreas açambarcadas pelas instalações militares que estão montadas sobre as estruturas dos aeroportos de que agora se fala com tanta insistência?. Se a tropa (e a anafada pleiade de generais até aos sargentos) desaparecessem do Figo Maduro, em que é que isso beneficiaria os (pseudo)investimentos a fazer nas estruturas aeroportuárias?
E quanto é que custa a deslocalização do Campo de Tiro de Alcochete para ouro local? (certamente equipado com as últimas coqueluches da tecnologia dos donos do negócio da "guerra ao terror")

Diogo disse...

Mas Xatoo,

A Portela, tal como está agora, está às moscas. O trabalho do Rui Rodrigues confirma-o. Nem a Portela + 1 era preciso, quanto mais Alcochete.

É o velho truque: apresentam outra solução, aparentemente menos cara do que a primeira (eles vão conseguir gastar o mesmo dinheiro que na OTA), e muita gente vai ficar contente porque o governo «cedeu».

Até o professor Marcelo já deu a entender que o governo vai ficar «sensibilizado».