quarta-feira, dezembro 12, 2007

O novo paradigma do «faça-você-mesmo» numa nova base tecnológica


Rádio Renascença - 7/12/2007:

O presidente da Portugal Telecom (PT), Henrique Granadeiro, avisa que no próximo ano os despedimentos vão continuar na empresa.

Em entrevista à SIC Notícias, Henrique Granadeiro adianta que deverão ser dispensadas mais de 600 pessoas.

"Este ano despedimos 600 pessoas. Corta o coração dizer isto, mas para o ano, provavelmente, despediremos um pouco mais. As tecnologias não criam um desenvolvimento de emprego, criam empregos mais qualificados", disse.


Tese:

Não obstante a "sincera tristeza" com que Henrique Granadeiro encara o despedimento de mais algumas centenas de pessoas, o presidente da PT fez uma afirmação muito curiosa: "as tecnologias não criam um desenvolvimento de emprego, criam empregos mais qualificados", querendo significar com isto que as novas tecnologias, podendo embora produzir um número cada vez menor de empregos muito especializados, vão crescentemente acabar com o emprego. E, neste ponto, estou absolutamente de acordo com ele:

Façamos um recuo de 10.000 anos na história e voltemos ao pré-neolítico (anterior à agricultura). Para o objectivo desta tese vamos subestimar o peso da tecnologia desse tempo. Nessa altura existiam duas grandes forças de trabalho: o homem e a natureza.

Por um lado, a natureza produzia as plantas (árvores que forneciam madeira, frutos, cereais, legumes, erva para os animais, etc.); a natureza produzia os animais (reproduzia-os, alimentava-os e desenvolvia-os); e a natureza produzia os minerais (rochas, metais, cristais, etc.). O homem nada tem a ver com esta produção. É uma produção totalmente autónoma. É a natureza que coloca o fruto na árvore, que faz crescer o cereal, que põe o coelho na toca e o veado na floresta. Tudo isto aconteceria mesmo que o homem não existisse.

Por outro lado temos o trabalho do homem. O homem pega na madeira das árvores e nas pedras e constrói a sua casa. O homem caça o coelho, o veado, o javali e alimenta-se. O homem colhe o fruto, o cereal, o legume e alimenta-se. Com peles de animais e com determinadas plantas tece as suas roupas e cose os seus sapatos. Com madeira e minérios diversos produz os seus utensílios e as suas armas.

Em suma, a natureza produz, de forma totalmente autónoma, determinados bens e o homem recolhe-os e, com mais ou menos alterações, consome-os.

Com o passar da História, a estas duas forças de trabalho (a natureza e o homem), junta-se uma terceira que ganha peso a cada século que passa: a tecnologia.

A civilização vai evoluindo com a tecnologia e surge a escrita, a roda, o moinho, o barco à vela, a carroça, a imprensa, a caldeira a vapor, o caminho de ferro, o motor de combustão interna, as ferramentas eléctricas, o avião, o computador, o software, as telecomunicações e a automação.

Na soma do trabalho total (natureza + homem + tecnologia), esta última entidade vai ganhando cada vez mais peso e autonomia.

Da espada que tinha de ser empunhada e brandida pelo homem, passou-se para o míssil que dispara automaticamente assim que percebe uma ameaça. Da conta feita à mão passou-se ao bilião de cálculos por segundo em computador. Da manufactura básica passou-se à fábrica crescentemente automatizada. Em qualquer processo produtivo a tecnologia tem ganho um peso exponencialmente maior.

A automação e a inteligência artificial têm tido um desenvolvimento avassalador. A máquina, cada vez mais, possui mais dados, tem mais conhecimento e melhor capacidade de decisão. Cada vez é mais inteligente e mais autónoma. E cada vez menos precisa de ser dirigida pelo homem.

Tal como a natureza produzia sozinha há 10.000 anos (e ainda o faz em muitos produtos que hoje utilizamos), também a tecnologia está cada vez mais próxima de produzir sozinha. O desenvolvimento tecnológico é exponencial em todos os campos que se considere. Donde, no binómio homem-máquina na produção, o homem tem cada vez menos peso. Em breve não terá praticamente nenhum e a máquina produzirá sozinha.

Nessa altura, a fábrica totalmente automatizada não poderá ser privada. Porque não existirão trabalhadores com salários, e sem salários não há poder de compra. Sem poder de compra não há vendas. Sem vendas não há lucros. Sem lucros não há empresas privadas. Qualquer empresa automatizada, seja o que for que produza, terá de pertencer ao grupo, à sociedade.

Este novo paradigma será um «faça-você-mesmo» numa nova base tecnológica. A cada indivíduo será atribuído um determinado crédito para um certo período e ele poderá servir-se da tecnologia dentro desses parâmetros. Poderá chegar ao pé uma máquina que serve bebidas, pagar e pedir um café. Ou poderá escolher e personalizar a planta da sua futura casa num programa avançado de CAD.


Três exemplos do paradigma «faça-você-mesmo» numa nova base tecnológica:

Exemplo 1 - Há uns anos, se alguém queria meter gasolina, parava o carro na bomba, vinha o empregado, o condutor dizia-lhe quanto queria, o empregado atestava, o condutor pagava-lhe (e dava-lhe uma gorjeta), e arrancava. Tudo sem se levantar do assento.

Agora, o condutor sai do carro, atesta, dirige-se à caixa, paga e arranca. Melhor, com a via verde o condutor sai do carro, digita o código do seu cartão, atesta, tira o recibo e arranca.

Note-se que numa bomba de gasolina (de dimensões médias), foram substituídos vários funcionários por um caixa. A via verde, por seu turno, eliminou a necessidade do caixa.


Exemplo 2 – Há uns anos, dirigíamo-nos a uma mercearia e pedíamos ao merceeiro todos os produtos que necessitávamos. Era o merceeiro que ia buscar os produtos às prateleiras.

Hoje, pegamos num carrinho e vamos nós próprios buscar os produtos de que temos necessidade. Só temos de passar pelo caixa para pagar. Recentemente surgiram métodos que eliminam a necessidade do caixa (Jumbo de Alfragide).


Exemplo 3 – O Multibanco será talvez o caso mais paradigmático desta nova realidade. Para levantar, depositar, fazer transferências, pagamentos e centenas de outras operações, somos agora nós próprios que as realizamos sem recurso ao caixa do banco. Mais uma vez, a empresa (neste caso um banco) automatizou procedimentos e transferiu para o cliente certas tarefas. Mais uma vez temos o «faça-você-mesmo» numa nova base tecnológica.


Isto não é ficção científica. O número crescente de desempregados a par do desenvolvimento exponencial do hardware e do software estão aí para prová-lo. Vamos acelerar a transição ou vamos permanecer agarrados a um passado de emprego que cada vez existe menos? Vamos rumar à mudança ou vamos continuar a apostar no desastre?

É a tecnologia que está a substituir o homem no trabalho. É por isso que o velho paradigma do emprego está moribundo. Vamos criar, com o auxílio da tecnologia, um mundo mais justo, mais redistributivo e mais humano.




Nota 1

Wikipedia - Problemáticas sociais da automação (Social issues of automation)

Uma ironia é que em anos recentes, o outsourcing tem sido considerado culpado pela perda de empregos pelos quais a automação é a mais provável culpada. Este argumento é apoiado pelo facto de que nos EUA, o número de empregos insourced (utilização do pessoal próprio) está a aumentar a uma maior taxa do que o outsourcing (utilização do pessoal externo à empresa). Mais, a taxa de declínio nos EUA do emprego industrial não é maior que a média mundial: 11 por cento entre 1995 e 2002. No mesmo período, a China que frequentemente foi criticada por "roubar" empregos industriais americanos, perdeu internamente 15 milhões de trabalhos industriais (aproximadamente 15% do seu total), comparados com os 2 milhões perdidos nos EUA.

Milhões de telefonistas humanos e respondedores, através do mundo, foram substituídos completamente (ou quase completamente) por painéis de comando de telefone automatizados e secretárias electrónicas (não por trabalhadores indianos ou chineses).

Milhares de investigadores médicos foram substituídos por sistemas automatizados em muitas tarefas médicas de classificadores (screeners) 'primários' em eletrocardiografia ou radiografia, para análises de laboratório de genes humanos, células e tecidos. Até mesmo médicos foram parcialmente substituídos por robots remotos e automatizados e por robots cirúrgicos altamente sofisticados que lhes permitem executar remotamente e com níveis de exatidão e precisão de outra forma não possíveis para o médico comum.
.

30 comentários:

Anónimo disse...

Com este post eleva novamente o nível de absurdo do seu blog. Sendo a fasquia já tão elevada, é um feito. Felicito-o.

PMS disse...

"a fábrica totalmente automatizada"

E os serviços?
E a produção de conhecimento?
E a produção de arte?

Infelizmente (e digo-o sinceramente), não será nas nossas vidas que veremos esse mundo, onde serão garantidos a todos os bens essenciais.

Mas o emprego não acabará tão cedo. Fosse assim, e já teria acabado. Mas para isso é preciso ter em conta a evolução da produção económica. Já acabou a era do secundário, a era do terciário está no seu auge, mas também no início da sua estagnação, e estamos a entrar no sector quaternário (conhecimento) e no quintenário (inovação, arte, ideologia, espiritualidade).

Anónimo disse...

Não me parece que a generalização do multibanco tenha provocado uma diminuição do número de balcões bancários.

xatoo disse...

"É a tecnologia que está a substituir o homem no trabalho"
Isto será válido para o sector terciário, aqui nio 1º mundo - note-se que só deu exemplos de serviços, de bancos e de se seleccionar produtos em supermercados, abastecimentos de combustivel, etc. Isto não é trabalho na acepção marxista do termo. São serviços incorporados no valor final das mercadorias.
Se formos ao sector primário, à produção (apesar da robótica) veremos que só trabalho cria valor. Se eventualmente fosse possivel o trabalho "acabar" acabaria tb a produção de valor. Pelo contrário, o que tem de acabar são "as relações de trabalho assalariado" (Robert Kurz) o que é uma coisa completamente diferente

Diogo disse...

Menezes,

«Mas o emprego não acabará tão cedo»

Veja os números do desemprego em todo o lado. Inclusivamente entre os licenciados em todos os campos. Em todos os países este fenómeno está a acontecer.

No post dei-lhe três exemplos de serviços. Na produção de conhecimento também está a começar a acontecer. Já há software que produz software.



Xatoo,

«Se formos ao sector primário, à produção (apesar da robótica) veremos que só trabalho cria valor»

Não percebo.

Anónimo disse...

[Veja os números do desemprego em todo o lado.]

Há desemprego. Há automação. Logo, o automação provoca o desemprego. É óbvio.

Resta apenas explicar porque é que o país com mais automação é o que tem menor taxa de desemprego.

contradicoes disse...

Uma excelente análise dum problema candente. Todavia existe um universo vasto de serviços que jamais a máquina no âmbito das novas tecnologias conseguirá substituir o seu humano. E é nisso que deve ser apostada a formação e a qualificação profissional, sob pena de as faculdades continuar a formar futuros desempregados.
Um abraço do Raul

Diogo disse...

luis oliveira disse... «porque é que o país com mais automação é o que tem menor taxa de desemprego»

Ai sim? Qual é?


Raúl,

Existem poucos países no mundo que apostem tanto na «boa formação e a qualificação profissional» como a Alemanha. No entanto, tem um desemprego de 10%.

Anónimo disse...

[Ai sim? Qual é?]

Os EUA, claro. Está a fazer-se de parvo porquê?

Diogo disse...

Luis Oliveira,

The crisis of unemployment and poverty in America continues to worsen. Despite a nominal increase in jobs in recent weeks, what is not reported is what kind of jobs are being created. Manufacturing jobs, the backbone of any economy, continued to be lost for the 37th month in a row in October. For the vast majority of Americans, the days of high quality jobs with decent wages, security, and full health and retirement benefits are a thing of the past. The effect this is having in terms of unemployment, homelessness, and even hunger right here in the US is a devastating indictment of a system which places profits before human need and suffering.

Anónimo disse...

Socialist Appeal???

Desculpe lá, mas o socialism para mim não tem nenhum appeal...

Tudo isso é falso, nunca tantos tiveram tantos empregos e tão interessantes. Já que gosta tanto da retórica marxista, leia Engels (As condições da classe trabalhadora em Inglaterra) e avalie os "high quality jobs" da classe trabalhadora da altura.

Ah, e claro, continua por explicar como o país com maior nível de automação tem simultaneamente uma baixíssima taxa de desemprego, abaixo mesmo da taxa normal, o que está em flagrante contradição com a sua nova fantástica teoria. Fico a aguardar mais links. Esteja também à vontade para argumentar, relacionar, comparar, etc.

Anónimo disse...

Já que está com a mão na massa explique-me também porque é que há tanta gente disposta a arriscar-se a morrer dentro de um contentor para ir para essa terra da automação/desmprego. Maluquinhos, certamente. Ou devem ir ao engano...

Anónimo disse...

O diogo afirma, e bem, que automatização tem aumentado exponencialmente. Afirma também, embora sem o demonstrar que existe uma relação de causalidade entre o nível de automação e nível de emprego.

Ora bem, tendo a automatização aumentado exponencialmente nos EUA desde 1980 e sendo a taxa de desemprego hoje METADE do que era nessa data, e uma vez que existe a relação de causalidade mencionada, a conclusão inescapável, partindo das suas premissas, é de que A AUTOMAÇÃO FAZ DIMINUIR A TAXA DE DESEMPREGO!

Ou estarei a pensar mal!? Se for o caso agradeço links correctivos (ou na sua falta argumentos, mas espero que não tenha de chegar a tanto).

xatoo disse...

"só o Trabalho cria Valor"
- tens 10 sementes de couve no valor de 1 cêntimo cada que plantas no teu quintal. Depois do teu trabalho incorporado e da colheita vendes cada couve por 10 euros.
- podias optar por promoveres as sementes, embrulhá-las em papel de lustro, empregares vendedores e vendê-las no mercado a 1 euro cada
- Na 1ª hipótese lucras 9,9o €, ou seja crias esse valor com Trabalho produtivo
- Na 2ª hipótese realizas os mesmos dez euros, mas não realizaste trabalho produtivo. Deduzindo os custos dos salários, o valor do papel de lustro, etc. existe apropriação de lucro, mas não houve criação de Valor.
Isto e mais o que Marx chamou de "trabalho alienado" - fazem a diferença para o Trabalho produtivo

ps: essas discussões com o Oliveirinha tb são trabalho improdutivo. Giram sempre à volta das mesmas hipérboles

Anónimo disse...

De toda a maneira este nicho de mercado das teorias sociais e económicas aberrantes está um bocado saturado, já há o chico louçã, o daniel arrastão e milhentos outros sempre a debitar as mesmas baboseiras.

Acho que tinha vantagem em dedicar-se àquilo que sabe fazer melhor, ou seja a promoção das teorias de conspiração clássicas (o lobby judaico, a negação do holocausto, os money masters, o 11/9, etc, vc sabe...), onde se implantou, e com toda a justiça, como blog de referência.

Estas patacoadas socialistas são tão ridículas e ultrapassadas que acho que, sinceramente, nem vc acredita nelas.

xatoo disse...

Oliveirinha, corrige lá aí: cada couve 1 eurox10 (preço para amigos)

Anónimo disse...

[há o chico louçã, o daniel arrastão ]

E o xatoo, claro, desculpe a omissão!

Trabalho produtivo vs trabalho alienado. Essa é de algibeira, pois claro. Qualquer estudante de economia do primeiro ano da faculdade sabe a diferença...

Como é que vais essa matemática? Progressos?

Anónimo disse...

[Como é que vais essa matemática? Progressos?]

[Oliveirinha, corrige lá aí: cada couve 1 eurox10 ]

LOL!

alf disse...

A tecnologia exige cada vez mais trabalho qualificado; por outro lado, uma pessoa qualificada pode desenvolver um leque de actividades muito mais vasto que uma pessoa menos qualificada.

Portanto, o problema do desemprego não se poe para quem é qualificado;

Numa sociedade muito equilibrada socialmente, o nivel de qualificação pode ser todo alto e não há desemprego - é o que acontece na Dinamarca.

Numa sociedade com grande diferenças sociais, como a portuguesa, os filhos das classes mais pobres não têm acesso à qualificação - os pais não têm condições para assegurar o seu desenvolvimento intelectual nos criticos primeiros anos de vida, não há assistência social para colmatar isso, e a consequência é que só uma parte da população atinge os niveis de qualificação que a tecnologia actual exige.

Uma sociedade desigual vai assim implicar cada vez mais uma taxa de cidadãos sem emprego, sem motivação, sem integração social e, em consequência propensa à delinquência.

Em Portugal existia 1% de licenciados por alturas do 25 de Abril.

A tecnologia vai exigir a igualdade de oportunidades duma forma como nunca aconteceu. Os paises que não a conseguirem estão destinados a ter grandes problemas sociais.

Em Portugal a taxa de desemprego é muito mais baixa do que seria de esperar de uma população tão pouco qualificada; em parte isso deve-se à emigração. De certa forma, a emigração é um mal, porque esconde um problema que doutra forma já teria sido enfrentado com mais vigor.

Ashera disse...

E quem vai comprar os produtos? os robots?
Parabéns pelo "post"
Tenhas um bom dia
Beijos
Ps nos hiper-mercados já podes pagar as tuas compras dispensando os "senhores caixas".

Anónimo disse...

Diogo, o seu blog é muito interessante, voçe apresenta aqui muitos temas que foram "esquecidos" pela historia corrente. mas por amor de deus, este post em particular nao tem pes nem cabeça.

para ver o ridiculo no seu argumento peço-lhe que pense no caso de portugal. Há 50 anos mais de metade das pessoas dedicavam-se á agricultura. o Progresso tecnologico permitiu passar hoje em dia a criar toda a comida que precisamos com 3% da força de trabalho. todas as pessoas que deixaram de ser agricultores passaram para outros sectores, o que nos permite ter a vida que hoje temos.

O progresso tecnologico permite-nos criar mais productos com menos custos, permitind-nos ser cada vez mais productivos. Naturamlmente, no curto prazo gera-se desemprego, mas essas pessoas a médio prazo mudam-se para outros sectores.

o que é verdade para a agricultura tambem e verdade para a industria. ë bom que a industria necessite de cada vez menos pessoas, é sinal de que é cada vez mais productiva.

E quanto a desemprego nao se preocupe, o sector dos serviços sempre criará novos empregos, pois a necessidade humana de caprixos é infinita. Quem nao gustaria de ter um massagista pessoal ou um barbeiro pesoal. Que luxo! reduzindo ao absurdo claro.

Ps: Diogo, para quando um post sobre a fraude do Aquecimento Global?

PMS disse...

"Se formos ao sector primário, à produção (apesar da robótica) veremos que só trabalho cria valor."

Qual quê. Pode ficar parado e basta ir lá recolher. Tudo valor criado pela terra. O trabalho não cria valor, apenas custos. Se eu perder 3 horas a fazer desenhos que ninguém quer comprar, qual o valor? Zerinho. O valor vem da utilidade.

"Veja os números do desemprego em todo o lado. Inclusivamente entre os licenciados em todos os campos. Em todos os países este fenómeno está a acontecer."

Seguramente não é na europa, onde o desemprego tem decrescido. De resto, essa teoria foi também defendida pelo Jesse James, mas sem grande sucesso. O desemprego gerado é rapidamente reabsorvido. Sempre foi assim, e sempre será.

Não devemos ser profetas da desgraça, encontrando em qualquer dado de curto prazo uma justificação para teorias "inovadoras". A tecnologia tem evoluido constantemente nos últimos 200 anos. O desemprego tem-se mantido sempre nos mesmos níveis, quer analize para os últimos 200, 100, 50, 30 ou 15 anos. Analize no longo prazo.

Anónimo disse...

O comentário do Alf acerta em cheio no alvo, não sei pq os Oliveirinhas não se lhe referiram...Ou talvez saiba... É porque arranjaram um «clube» para brincar às ideologias como outros ao futebol...

Um Homem das Cidades

xatoo disse...

P.M.Simoes
carissimo, "fazer desenhos que ninguém quer comprar" não é trabalho.(como eu disse ali acima) É "trabalho alienado"
Vc parece mesmo não querer ler nada que entre em rota de colisão com as suas ideias preconcebidas - e moita carrasco.

ps: à sua frase "Analize no longo prazo", respondeu Keynes em tempo: "no longo prazo estaremos todos mortos"
A única apreciação possivel para o problema do desemprego é que este acontece porque a produção em grande parte foi ou está a ser deslocalizada para os paises de mão de obra barata, a par com grandes investimentos de capitais ocidentais nesses paises. Só sobram hipóteses de emprego a quem tenha formação especifica no sector de serviços ou a quem se disponha a emigrar como proletário qualificado nesses novos projectos transnacionais. É esta a causa dos nossos males, e não outra.

Anónimo disse...

[qual o valor? Zerinho. O valor vem da utilidade.]

Precisamente. Utilidade e marginalismo, são os conceitos que é preciso dominar para entender a teoria do valor. Não são muito complicados mas não constam no Kapital...

A teoria de valor do Marx não tem pés nem cabeça, a crítica do Nozick p. ex. é demolidora. Vou ver se encontro isso.

Anónimo disse...

Algo está podre no Reino da Dinamarca:

But what we see in Denmark today - and especially in the last 5 years with a right wing government - is an undermining of the one side of the flexicurity - the security side. And this undermining is to a large degree inspired of or directly instructed by the EU. I will give you some examples:

Wages on the labour market were earlier almost always decided by the collective bargaining between the trade unions and the employers. That meant that workers having the same kind of job on the same working place got the same wages. But now this has changed. A system of so-called ‘individual’ wage negotiations has been introduced. This means that the employer and the individual employee shall negotiate about the wage, while the role of the trade union has become much smaller. And such negotiations can never be equal, as the individual worker does possess the power that the trade unions could have. The result is nothing but underpaid workers on the one side and a few lucky on the other. The holy EU-right of competition has been imposed to the labour class!

For the unemployed a system of activation has been established - a system that EU is looking forward to import. The Danish politicians describe the system as an active employment policy, which ensures that the unemployed are available for work.

The idea is that the unemployed can receive unemployment benefit - but they have to work for the benefit. So the unemployed are sent to poor jobs not covered by the collective agreements on the labour market. If such an activated worker gets sick or something other happens, the result can be a loss of the unemployment benefit. On the same time the period, where you can receive unemployment benefit, has been shortened down several times. More strict control of the unemployed has been introduced.

For unemployed who are not a member of the unemployment fund but is living on social assistance, the situation has become even worse, as the government very often has found new ways of reducing the social assistance. Especially brutal the government has been in cutting down social assistance to the immigrants. A result has been a rapid growth of real poverty in Denmark.

On the same time the system of activation has been abuse by the employers to get cheap labour. For the employer it is profitable to fire a normal paid worker and hire a cheaper worker on activation.

http://www.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=29969&Itemid=466

PMS disse...

Xatoo,
eu faço 3 desenhos.
Um vendo por 10€. O segundo por 5€. O terceiro não consigo vender.

Portanto, o primeiro é trabalho, o 2º é trabalho meio alienado, e o 3º é trabalho completamente alienado. ok, já percebi. Agora...para que é que o conceito me serve? Não basta um tipo estar a trabalhar para nada, ainda tem que ser chamado de alienado?


ps: à sua frase "Analize no longo prazo", respondeu Keynes em tempo: "no longo prazo estaremos todos mortos"

Qual é a sua sugestão? Tirar conclusões de longo prazo olhando para dados do curtissimo prazo? Se no longo prazo estamos mortos, para quê discutir o fim do emprego? Se é a sua opinião, diga isso ao Diogo, não a mim.

Anónimo disse...

[Portanto, o primeiro é trabalho, o 2º é trabalho meio alienado, e o 3º é trabalho completamente alienado. ... Não basta um tipo estar a trabalhar para nada, ainda tem que ser chamado de alienado?]

LOL!

[Se no longo prazo estamos mortos, para quê discutir o fim do emprego? Se é a sua opinião, diga isso ao Diogo, não a mim.]

LOL!

Não sei se já assistiu ao diogo e ao xatoo a afirmar que estão completamente de acordo e a dizerem coisas completamente opostas. É também hilariante.

diogo: isto é branco

xatoo: completamente de acordo, é preto como breu

diogo: exacto, xatoo, mais branco e parecia um urso polar no polo norte.

xatoo: sintonia total, diogo, é tão preto como o universo antes do big bang

etc...


A lógica da argumentação para este pessoal é irrelevante, o que interessa é se aparenta ou não estar do mesmo lado das suas imaginárias barricadas (burricadas?).

Eurico Moura disse...

Titanic ao fundo e os palermas continuam a tocar. Viva a Música!

Estamos de acordo Diogo....

Eletrochave disse...

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