Joseph Ratzinger foi proclamado Papa por sufrágio repartido entre Deus (um ser omnisciente, omnipotente e omnipresente, isto é, o Uno Primordial imediatamente a seguir a toda a matéria do cosmos cuja união originou o Big-Bang) e homens (115 cardeais). O novo Papa de 78 anos escolheu o nome de Bento XVI, facto que os analistas vêem com muito bons olhos, já que Bento XV terá sido um Papa muito empenhado em não permitir que a Guerra Mundial I se realizasse, bem como na evangelização e missionação. Parece que os papas não escolhem o seu nome por acaso, e pelos vistos Ratzinger também tem as suas ambições.
Bagão Félix, convidado pela SIC para opinar como católico sobre o fenómeno da escolha recente de um novo Papa, e ainda sem saber qual seria, levou consigo para os estúdios da televisão um dos livros de Ratzinger. E enquanto Margarida Rebelo Pinto afirma que não há coincidências, Bagão disse que está muito feliz com esta escolha e quer que o novo Papa seja o seu pai espiritual, cuja imagem de afabilidade elogia, dizendo que lhe dá conforto; acerca da aparente austeridade e do sobranceiro rigor de Ratzinger, pensa que não ofusca a sua faceta humanista e ecuménica. Bagão Félix também disse que um Papa, por definição, é apenas um homem de Fé, alguém sem uma acção verdadeiramente conotada politicamente. O católico em causa também manifesta uma profunda ignorância voluntária ou ingenuidade propositada ao não reconhecer o papel político que têm tido os Sumos Pontífices ao longo dos tempos. Confrontado com esta evidência, responderia provavelmente que o seu conhecimento da História começa em 1945, com a criação da ONU (Organização das Nações Unidas), ou quiçá, numa perspectiva bastante optimista, em 1919, aquando da criação da predecessora da ONU, a Sociedade das Nações. Antes destes nobres projectos, o Papa era verdadeiramente a instituição reguladora das relações políticas dentro do mundo católico (quase todo o mundo, portanto); o novo analista teológico da SIC parece não se lembrar desse pormenor e do facto de a Igreja não se livrar do Evangelho ‘em três tempos’, tal como não se livra do hábito (ou, sociologicamente falando, do estatuto adquirido) de meter o nariz em assuntos políticos.
Ratzinger, ou Bento XVI, independentemente do que pensam os comentadores, é um homem mediático (tal como o seu antecessor). A comunicação social às vezes é desarmónica: o ex-cardeal recebeu o rótulo de progressista no Vaticano II (apesar de ter ajudado a marginalizar dezenas de teólogos críticos das doutrinas da ICAR - Igreja Católica Apostólica Romana -, cujos contributos poderiam ter sido fulcrais para a adaptação dos preceitos fundamentais da Igreja aos tempos que correm, e fez tudo em favor da ortodoxia da ideologia Católica), mas agora muitos lhe chamam conservador. Pareceu simpático, na bênção Urbi et Orbi. Ter-lhe-ia o poder iluminado o sorriso? Ou será sido abençoado com o dom da espontaneidade?
Afirma-se o brilhantismo do Papa como teólogo e intelectual, facto que não me atrevo a contestar por puro desconhecimento da sua obra e pela consciência de que, efectivamente (desculpem-me pelo uso desta última palavra, mas a desintoxicação das certezas tem de ser feita devagar), não é qualquer pessoa que se torna Papa. É preciso cultura e inteligência (sobretudo para contornar as argumentações antagónicas). Tenho, no entanto, uma espécie de opinião sobre este homem: parece-me demasiado coerente. A coerência é muito bonita na literatura, nos problemas matemáticos, nas amebas e nos extractos bancários. Nos seres humanos é desconfiável. Não quero dizer com isto que Zita Seabra é mulher de muita dignidade. Todavia, a incoerência deve ser admitida apenas como circunstancialmente humana, na pior (ou será melhor?) das argumentações. Exactamente admitida como nossa condição irreversível, contra todas as evasivas. Pois atentemos no Evangelho: coerência significa estarmos conscientes da nossa incoerência e sermos absolutamente dogmáticos em relação a ela.
Bagão Félix, convidado pela SIC para opinar como católico sobre o fenómeno da escolha recente de um novo Papa, e ainda sem saber qual seria, levou consigo para os estúdios da televisão um dos livros de Ratzinger. E enquanto Margarida Rebelo Pinto afirma que não há coincidências, Bagão disse que está muito feliz com esta escolha e quer que o novo Papa seja o seu pai espiritual, cuja imagem de afabilidade elogia, dizendo que lhe dá conforto; acerca da aparente austeridade e do sobranceiro rigor de Ratzinger, pensa que não ofusca a sua faceta humanista e ecuménica. Bagão Félix também disse que um Papa, por definição, é apenas um homem de Fé, alguém sem uma acção verdadeiramente conotada politicamente. O católico em causa também manifesta uma profunda ignorância voluntária ou ingenuidade propositada ao não reconhecer o papel político que têm tido os Sumos Pontífices ao longo dos tempos. Confrontado com esta evidência, responderia provavelmente que o seu conhecimento da História começa em 1945, com a criação da ONU (Organização das Nações Unidas), ou quiçá, numa perspectiva bastante optimista, em 1919, aquando da criação da predecessora da ONU, a Sociedade das Nações. Antes destes nobres projectos, o Papa era verdadeiramente a instituição reguladora das relações políticas dentro do mundo católico (quase todo o mundo, portanto); o novo analista teológico da SIC parece não se lembrar desse pormenor e do facto de a Igreja não se livrar do Evangelho ‘em três tempos’, tal como não se livra do hábito (ou, sociologicamente falando, do estatuto adquirido) de meter o nariz em assuntos políticos.
Ratzinger, ou Bento XVI, independentemente do que pensam os comentadores, é um homem mediático (tal como o seu antecessor). A comunicação social às vezes é desarmónica: o ex-cardeal recebeu o rótulo de progressista no Vaticano II (apesar de ter ajudado a marginalizar dezenas de teólogos críticos das doutrinas da ICAR - Igreja Católica Apostólica Romana -, cujos contributos poderiam ter sido fulcrais para a adaptação dos preceitos fundamentais da Igreja aos tempos que correm, e fez tudo em favor da ortodoxia da ideologia Católica), mas agora muitos lhe chamam conservador. Pareceu simpático, na bênção Urbi et Orbi. Ter-lhe-ia o poder iluminado o sorriso? Ou será sido abençoado com o dom da espontaneidade?
Afirma-se o brilhantismo do Papa como teólogo e intelectual, facto que não me atrevo a contestar por puro desconhecimento da sua obra e pela consciência de que, efectivamente (desculpem-me pelo uso desta última palavra, mas a desintoxicação das certezas tem de ser feita devagar), não é qualquer pessoa que se torna Papa. É preciso cultura e inteligência (sobretudo para contornar as argumentações antagónicas). Tenho, no entanto, uma espécie de opinião sobre este homem: parece-me demasiado coerente. A coerência é muito bonita na literatura, nos problemas matemáticos, nas amebas e nos extractos bancários. Nos seres humanos é desconfiável. Não quero dizer com isto que Zita Seabra é mulher de muita dignidade. Todavia, a incoerência deve ser admitida apenas como circunstancialmente humana, na pior (ou será melhor?) das argumentações. Exactamente admitida como nossa condição irreversível, contra todas as evasivas. Pois atentemos no Evangelho: coerência significa estarmos conscientes da nossa incoerência e sermos absolutamente dogmáticos em relação a ela.
[Ah!, a propósito: Ratzinger tem um clube de fãs na net, que conheci hoje através do Público... um paraíso do merchandising!]
2 comentários:
Tais são a oportunidade, a inteligência, a luminosidade e a graça deste texto que um gajo é levado a supor que o Espírito Santo, arrumado o conclave, veio, directo, soprar neste blogue.
Obrigado, caríssima Diletante, por me teres redimido o dia.
D.
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