Uma surpresa estratégica chinesa
Jornal Expresso - 27 de Janeiro de 2007
«Ao longo dos últimos anos, a política externa chinesa assentou na ideia de que as surpresas raramente são uma boa opção em política externa. Então, o que é que levou Pequim a destruir um dos seus satélites com um míssil balístico no passado dia 11? Depois de um longo e embaraçoso silêncio, Liu Jianchao, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, veio a público no início da semana dizer que “o teste não foi dirigido contra nenhum país nem ameaça nenhum país”. »
«O melhor é começar por dizer o óbvio: o teste foi claramente dirigido contra Washington. O que Pequim fez no dia 11 foi mandar um forte recado estratégico aos decisores políticos e militares americanos. O espaço é absolutamente essencial para o modo americano de manter a paz e fazer a guerra.»
(...)
«O poder e as ambições militares espaciais da China não são, pois, uma novidade. O que é novo é a sua divulgação de uma forma tão pública e destrutiva, depois de anos a apelar publicamente à não-militarização do espaço. Uma preocupação e um sinal ajudam a explicar a surpresa do dia 11. A preocupação tem que ver com a construção de uma série de sistemas de defesa antimíssil pelos EUA. Do ponto de vista político, tecnológico e industrial, 2006 foi um ano extremamente importante nesta área.»
«Pequim teme que os sistemas antimíssil americanos, especialmente se forem apoiados por componentes espaciais, ponham em causa a credibilidade do seu arsenal nuclear estratégico e aumentem ainda mais o relacionamento militar de Washington com o Japão e Taiwan. No caso de ser impossível negociar um tratado que proíba o desenvolvimento e construção de sofisticados sistemas de defesa antimíssil, a China enviou a Washington sinal de que tem os meios para destruir os olhos e os ouvidos militares norte-americanos. O dia 11 de Janeiro lembra-nos que o impressionante crescimento económico chinês não deixará de ter consequências militares.»
Comentário:
Se bem que as preocupações de Monjardino com o poder e as ambições militares espaciais da China sejam genuínas, talvez o reputado escriba do Expresso não fizesse mal em dar uma vista de olhos às ambições militares espaciais dos Estados Unidos:
Na página 55 do documento «Reconstruindo as Defesas da América (Rebuilding America’s Defenses) de Setembro de 2000» está escrito, preto no branco, o seguinte:
«A clara supremacia no espaço de que desfruta hoje os Estados Unidos está a ficar progressivamente em risco. Para que as Forças Armadas norte-americanas continuem a expressar superioridade militar, o controlo do Espaço – definido pelo Comando Espacial como a «capacidade para assegurar o acesso ao Espaço, liberdade de operações no meio espacial, e a capacidade de negar aos outros o uso do Espaço» - deve ser um elemento essencial da nossa estratégia militar.»
De relembrar que no mesmo documento (de 2000), um ano antes do 11 de Setembro, era feito um apelo a "algum evento catastrófico e catalisador, como um novo Pearl Harbor", o qual serviria para galvanizar a opinião pública americana em apoio a uma agenda de guerra" (pág. 51). E foi o que todos nós sabemos!
Jornal Expresso - 27 de Janeiro de 2007
«Ao longo dos últimos anos, a política externa chinesa assentou na ideia de que as surpresas raramente são uma boa opção em política externa. Então, o que é que levou Pequim a destruir um dos seus satélites com um míssil balístico no passado dia 11? Depois de um longo e embaraçoso silêncio, Liu Jianchao, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, veio a público no início da semana dizer que “o teste não foi dirigido contra nenhum país nem ameaça nenhum país”. »
«O melhor é começar por dizer o óbvio: o teste foi claramente dirigido contra Washington. O que Pequim fez no dia 11 foi mandar um forte recado estratégico aos decisores políticos e militares americanos. O espaço é absolutamente essencial para o modo americano de manter a paz e fazer a guerra.»
(...)
«O poder e as ambições militares espaciais da China não são, pois, uma novidade. O que é novo é a sua divulgação de uma forma tão pública e destrutiva, depois de anos a apelar publicamente à não-militarização do espaço. Uma preocupação e um sinal ajudam a explicar a surpresa do dia 11. A preocupação tem que ver com a construção de uma série de sistemas de defesa antimíssil pelos EUA. Do ponto de vista político, tecnológico e industrial, 2006 foi um ano extremamente importante nesta área.»
«Pequim teme que os sistemas antimíssil americanos, especialmente se forem apoiados por componentes espaciais, ponham em causa a credibilidade do seu arsenal nuclear estratégico e aumentem ainda mais o relacionamento militar de Washington com o Japão e Taiwan. No caso de ser impossível negociar um tratado que proíba o desenvolvimento e construção de sofisticados sistemas de defesa antimíssil, a China enviou a Washington sinal de que tem os meios para destruir os olhos e os ouvidos militares norte-americanos. O dia 11 de Janeiro lembra-nos que o impressionante crescimento económico chinês não deixará de ter consequências militares.»
Comentário:
Se bem que as preocupações de Monjardino com o poder e as ambições militares espaciais da China sejam genuínas, talvez o reputado escriba do Expresso não fizesse mal em dar uma vista de olhos às ambições militares espaciais dos Estados Unidos:
Na página 55 do documento «Reconstruindo as Defesas da América (Rebuilding America’s Defenses) de Setembro de 2000» está escrito, preto no branco, o seguinte:
«A clara supremacia no espaço de que desfruta hoje os Estados Unidos está a ficar progressivamente em risco. Para que as Forças Armadas norte-americanas continuem a expressar superioridade militar, o controlo do Espaço – definido pelo Comando Espacial como a «capacidade para assegurar o acesso ao Espaço, liberdade de operações no meio espacial, e a capacidade de negar aos outros o uso do Espaço» - deve ser um elemento essencial da nossa estratégia militar.»
De relembrar que no mesmo documento (de 2000), um ano antes do 11 de Setembro, era feito um apelo a "algum evento catastrófico e catalisador, como um novo Pearl Harbor", o qual serviria para galvanizar a opinião pública americana em apoio a uma agenda de guerra" (pág. 51). E foi o que todos nós sabemos!
6 comentários:
Resumindo:
a "ameaça chinesa" é uma acção defensiva contra uma ameaça maior.
Estão no seu direito.
O seu comentário tem sido o meu cavalo de batalha nestes últimos 6 anos depois da publicação do infame documento do Project for the New American Century e da óbvia fabricação da tragédia que se lhe seguiu, mas infelizmente tenho tido só sucesso muito moderado, especialmente entre Americanos que mesmo na camada que se considera progressista continuam a acreditar na hegemonia que lhes pertence "por direito" (muitos tentam justificar o óbvio do false flag 9/11 Pearl Harbour como tendo sido simplesmente uma coincidência, ao que eu lhes respondo que certamente poderá ser interpretada como tal mas só se fôr corrigida em ordem para coincidir com a sugestão do "Manual" que estabeleceu a permanente global war on terror).
Castro, você por acaso não tem por aí uma cópia do PERFIL PROFISSIONAL E ACADÉMICO DO NOSSO GOVERNANTE?
(Mudei de username. Dantes era Sofocleto)
27 Janeiro, 2007 18:10
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Sofocleto (é o username que continuo a ver no fundo dos seus posts - quando é que começará a ver-se o novo username?). Acho bem! Eu "assino" os meus posts com o meu verdadeiro nome (a.castro - "a" é a abreviatura do nome e "castro" o apelido). Se bem que tenha medo que o sócras mande ao meu blog a "secreta" dele e faça queixa ao Google :(
Quanto à cópia do perfil profissional e académico do nosso governante, não consegui descobrir numa pesquisa que fiz na Internet. Por exemplo, procurei por "José Sócrates, sentado no penico". O Google não devolveu resultados. Então procurei por "José Sócrates sentado na sanita com as calças descidas" e também não consegui nada. Foi por isso que pus no meu post apenas a imagem duma sanita, a única que me deram!...
Pois é caro amigo Sofocleto, estas preocupações são muito interessantes, sobretudo se tivermos em conta que o poder bélico e militar dos EUA não causa qualquer tipo de problema e no entanto veja-se o que aconteceu no Iraque e Afeganistão. Os EUA, Israel, Inglaterra, França, etc., podem possuir todos equipamentos bélicos e militares, que não assusta nenhum deste tipo de comentadores, no entanto, todos os outros países estão ou devem ser impedidos de possuir equipamento militar do mesmo tipo porque esses já representam uma ameaça à paz no Mundo.
Dá vontade de mandar bugiar esta gente.
Um abraço do Raul
DEIXEM DE FALAR DA "ESTRANJA"!
PORTUGAL É UM ABORTO!
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