Porque é que os BANCOS que estes cavalheiros dirigem, têm garantidos desde já negócios milionários para a próxima década?
Porquê, Sr. Sócrates?
Miguel Sousa Tavares - Jornal Público - 9 de Dezembro de 2005
Delírios de rico em terra de pobres
Depois da Ota, o TGV. A febre dos "grandes projectos" tomou definitivamente conta do país e traz numa roda-viva de entusiasmo sem limites o Governo, as construtoras e os bancos: o primeiro apresenta "obra" e os outros têm garantidos desde já negócios milionários para a próxima década - desde que, como foram adiantando os nossos empresários, o Governo não se esqueça de, sem violar a legislação concorrencial comunitária, apresentar "regras flexíveis" que permitam às nossas empresas ser parte determinante do negócio.
Primeiro que tudo, o que impressiona nisto são os custos. A Ota vai custar, segundo as estimativas do Governo, 3,1 mil milhões de euros, e o TGV Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid 7,6 mil milhões. Se, porém, considerarmos as inevitáveis derrapagens que qualquer, qualquer empreitada pública sempre tem por definição, se considerarmos que o custo público da Ota vai ser sob a forma de venda da ANA ou de abdicação das receitas aeroportuárias por várias décadas, e se levarmos em conta os juros do financiamento bancário, estaremos mais perto da verdade provável se falarmos num custo conjunto nunca inferior a 12 mil milhões de euros. É simplesmente astronómico.
Depois, impressiona esta largueza de vistas, sobretudo quando comparada com outros países, bem mais ricos e desenvolvidos, onde não existem estes cíclicos impulsos faraónicos. Pergunto-me como é que um país que tem como dois hospitais centrais principais, nas duas maiores cidades, o S. João no Porto e o S. José em Lisboa - onde parece não haver sequer dinheiro para tampas de retrete nas casas de banho - já fez coisas como Sines, Cabora Bassa, Alqueva, Euro 2004. Tudo investimentos megalómanos, "desígnios nacionais" como lhes chamaram, e "elefantes brancos", como merecem ser chamados. Por que é que a Holanda e a Bélgica, bem mais prósperos que Portugal, organizaram em conjunto o Euro 2000 e apenas precisaram de sete estádios, dos quais dois novos, e nós, organizando sozinhos, precisámos de dez estádios, dos quais oito novos? Por que é que, em vez do grande Alqueva, gigante adormecido e majestático, não se fizeram antes uma série de médias e pequenas barragens que cobrissem todo o Alentejo e Algarve e retivessem toda a água que inutilmente escorre para o mar? Por que é que Málaga tem um aeroporto que actualmente movimenta o mesmo número de passageiros que a Portela mas que cresce o dobro desta anualmente, com apenas uma pista contra as duas da Portela e ocupando 320 hectares contra os 520 da Portela, e só espera rever as suas condições no ano 2020? Por que é que nenhum país do Norte da Europa, e países tão extensos e tão ricos como a Suécia, a Noruega, a Finlândia, sentiu até hoje a necessidade imperiosa de se dotar de um TGV?
Cinquenta anos depois do mítico "Foguete", equipado com velhas locomotivas Fiat, os moderníssimos Alfa-Pendular demoram somente dez minutos a menos a fazer o Porto-Lisboa. Entretanto, gastaram-se décadas a desmantelar linhas interiores transformando o transporte rodoviário num próspero negócio privado com tremendos custos públicos. Entretanto, gastaram-se 600 milhões de euros para fazer apenas 30 quilómetros de linha compatível com o comboio pomposamente baptizado de pendular, antes de desistir e abandonar o projecto. Entretanto, nada se fez para começar a substituir a linha de bitola ibérica pela de bitola europeia nos percursos internacionais, constituindo, esta sim, a verdadeira causa de marginalidade de Portugal no domínio dos transportes e, uma vez mais, uma excelente oportunidade de negócio para o transporte TIR. Entretanto, dezenas de administrações, raramente nomeadas pela sua competência e antes pela sua dedicação partidária, acumularam prejuízos autenticamente escabrosos na CP, sem que jamais alguém fosse responsabilizado. E agora dizem-nos que tudo se resolve com um TGV para o Porto e outro para Madrid.
Sem dúvida que é urgente uma ligação ferroviária Lisboa-Porto em tempo compatível com os dias de hoje, quanto mais não seja para pôr fim à situação de oligopólio concertado que faz da ligação aérea entre estas duas cidades talvez a milha aérea mais cara do mundo. A questão está em saber se, em lugar da Alta Velocidade (AV), cuja construção tem custos assustadores, incluindo até a construção de duas novas pontes sobre o Tejo, não seria suficiente e mais à medida das nossas necessidades e possibilidades a construção de uma linha de Velocidade Elevada (EV), que tem custos incomparavelmente mais baixos e que, no final, gastaria apenas cerca de 25-35 minutos a mais do que os 75 minutos previstos na ligação em AV. Será mesmo imperioso passarmos directamente do oito para o oitenta?
Já quanto ao TGV para Madrid, façam por esquecer toda a propaganda associada: trata-se simplesmente de uma imposição de Madrid, que assim, tal como já sucedeu com a A6, coloca cá, mais depressa e mais baratos, os produtos que esmagam a nossa insípida concorrência. É um TGV para servir Madrid e a única boa notícia, entre os planos divulgados pelo Governo, é que ao menos houve o bom senso de congelar, espera-se que definitivamente, os projectos liquidatários de levar a nossa submissão ao ponto de construir também as linhas Porto-Vigo, Aveiro-Salamanca e Faro-Huelva, que, num acesso de diplomacia "construtiva", Durão Barroso se tinha comprometido com Aznar a levar por diante.
O esquema do Governo é este: a UE pagará entre 20 a 30 por cento dos custos de construção do TGV - os tais 7,6 mil milhões, com a nova ponte Chelas-Barreiro. O resto ficará por conta dos contribuintes portugueses e representa um custo não amortizável em vida das próximas gerações. Aliás, nem há, tecnicamente, forma de o amortizar, visto que os lucros da exploração das linhas ficarão para os privados, em troca da aquisição dos próprios comboios. O Lisboa-Porto é um negócio de lucro garantido à partida: com uma duração de 75 minutos entre as duas cidades, só um idiota é que se lembrará de ir de avião ou de carro. Mais incerto é o negócio Lisboa-Madrid. Para atrair os privados, o Governo estima que haja anualmente cinco milhões de passageiros a circular no TGV de e para Madrid. O número parece, desde logo, absurdo: haverá mesmo 13.700 passageiros por dia a viajar entre Madrid e Lisboa de comboio? Se considerarmos que as estatísticas europeias revelam que o TGV entre duas cidades absorve em média metade de todo o tráfego de passageiros existente no total dos meios de transporte, isso implica a existência de mais de 27 mil pessoas a viajar diariamente entre as duas cidades. Alguém acredita?
Por outro lado, é interessante comparar aqui os números da propaganda do Governo ao TGV com as da propaganda à Ota. Porque a ideia que fica é que estamos perante o clássico dilema do cobertor que ou destapa a cabeça ou destapa os pés. Se, na propaganda do TGV, se sustenta que haverá anualmente cinco milhões de utentes da linha Lisboa-Madrid, é forçoso concluir que o Governo, e logicamente, está a prever que essa ligação "seque" por completo as alternativas aérea e rodoviária. Ou seja, a esmagadora maioria dos passageiros entre as duas cidades optará pelo TGV. Logo, esses cinco milhões devem ser abatidos ao "congestionamento" imaginado para a Portela. E aos cinco milhões devemos acrescentar os 555 mil que actualmente voam entre o Porto e Lisboa. Somando uns e outros, temos que metade do actual trânsito da Portela (dez milhões e meio por ano) desapareceria automaticamente assim que o TGV entrasse ao serviço nas duas ligações. Conclusão: ou o TGV para Madrid assenta em previsões delirantes, que o tornam inútil, ou a Portela não está em vias de ficar saturada e inútil é a Ota.
Porquê, Sr. Sócrates?
Miguel Sousa Tavares - Jornal Público - 9 de Dezembro de 2005
Delírios de rico em terra de pobres
Depois da Ota, o TGV. A febre dos "grandes projectos" tomou definitivamente conta do país e traz numa roda-viva de entusiasmo sem limites o Governo, as construtoras e os bancos: o primeiro apresenta "obra" e os outros têm garantidos desde já negócios milionários para a próxima década - desde que, como foram adiantando os nossos empresários, o Governo não se esqueça de, sem violar a legislação concorrencial comunitária, apresentar "regras flexíveis" que permitam às nossas empresas ser parte determinante do negócio.
Primeiro que tudo, o que impressiona nisto são os custos. A Ota vai custar, segundo as estimativas do Governo, 3,1 mil milhões de euros, e o TGV Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid 7,6 mil milhões. Se, porém, considerarmos as inevitáveis derrapagens que qualquer, qualquer empreitada pública sempre tem por definição, se considerarmos que o custo público da Ota vai ser sob a forma de venda da ANA ou de abdicação das receitas aeroportuárias por várias décadas, e se levarmos em conta os juros do financiamento bancário, estaremos mais perto da verdade provável se falarmos num custo conjunto nunca inferior a 12 mil milhões de euros. É simplesmente astronómico.
Depois, impressiona esta largueza de vistas, sobretudo quando comparada com outros países, bem mais ricos e desenvolvidos, onde não existem estes cíclicos impulsos faraónicos. Pergunto-me como é que um país que tem como dois hospitais centrais principais, nas duas maiores cidades, o S. João no Porto e o S. José em Lisboa - onde parece não haver sequer dinheiro para tampas de retrete nas casas de banho - já fez coisas como Sines, Cabora Bassa, Alqueva, Euro 2004. Tudo investimentos megalómanos, "desígnios nacionais" como lhes chamaram, e "elefantes brancos", como merecem ser chamados. Por que é que a Holanda e a Bélgica, bem mais prósperos que Portugal, organizaram em conjunto o Euro 2000 e apenas precisaram de sete estádios, dos quais dois novos, e nós, organizando sozinhos, precisámos de dez estádios, dos quais oito novos? Por que é que, em vez do grande Alqueva, gigante adormecido e majestático, não se fizeram antes uma série de médias e pequenas barragens que cobrissem todo o Alentejo e Algarve e retivessem toda a água que inutilmente escorre para o mar? Por que é que Málaga tem um aeroporto que actualmente movimenta o mesmo número de passageiros que a Portela mas que cresce o dobro desta anualmente, com apenas uma pista contra as duas da Portela e ocupando 320 hectares contra os 520 da Portela, e só espera rever as suas condições no ano 2020? Por que é que nenhum país do Norte da Europa, e países tão extensos e tão ricos como a Suécia, a Noruega, a Finlândia, sentiu até hoje a necessidade imperiosa de se dotar de um TGV?
Cinquenta anos depois do mítico "Foguete", equipado com velhas locomotivas Fiat, os moderníssimos Alfa-Pendular demoram somente dez minutos a menos a fazer o Porto-Lisboa. Entretanto, gastaram-se décadas a desmantelar linhas interiores transformando o transporte rodoviário num próspero negócio privado com tremendos custos públicos. Entretanto, gastaram-se 600 milhões de euros para fazer apenas 30 quilómetros de linha compatível com o comboio pomposamente baptizado de pendular, antes de desistir e abandonar o projecto. Entretanto, nada se fez para começar a substituir a linha de bitola ibérica pela de bitola europeia nos percursos internacionais, constituindo, esta sim, a verdadeira causa de marginalidade de Portugal no domínio dos transportes e, uma vez mais, uma excelente oportunidade de negócio para o transporte TIR. Entretanto, dezenas de administrações, raramente nomeadas pela sua competência e antes pela sua dedicação partidária, acumularam prejuízos autenticamente escabrosos na CP, sem que jamais alguém fosse responsabilizado. E agora dizem-nos que tudo se resolve com um TGV para o Porto e outro para Madrid.
Sem dúvida que é urgente uma ligação ferroviária Lisboa-Porto em tempo compatível com os dias de hoje, quanto mais não seja para pôr fim à situação de oligopólio concertado que faz da ligação aérea entre estas duas cidades talvez a milha aérea mais cara do mundo. A questão está em saber se, em lugar da Alta Velocidade (AV), cuja construção tem custos assustadores, incluindo até a construção de duas novas pontes sobre o Tejo, não seria suficiente e mais à medida das nossas necessidades e possibilidades a construção de uma linha de Velocidade Elevada (EV), que tem custos incomparavelmente mais baixos e que, no final, gastaria apenas cerca de 25-35 minutos a mais do que os 75 minutos previstos na ligação em AV. Será mesmo imperioso passarmos directamente do oito para o oitenta?
Já quanto ao TGV para Madrid, façam por esquecer toda a propaganda associada: trata-se simplesmente de uma imposição de Madrid, que assim, tal como já sucedeu com a A6, coloca cá, mais depressa e mais baratos, os produtos que esmagam a nossa insípida concorrência. É um TGV para servir Madrid e a única boa notícia, entre os planos divulgados pelo Governo, é que ao menos houve o bom senso de congelar, espera-se que definitivamente, os projectos liquidatários de levar a nossa submissão ao ponto de construir também as linhas Porto-Vigo, Aveiro-Salamanca e Faro-Huelva, que, num acesso de diplomacia "construtiva", Durão Barroso se tinha comprometido com Aznar a levar por diante.
O esquema do Governo é este: a UE pagará entre 20 a 30 por cento dos custos de construção do TGV - os tais 7,6 mil milhões, com a nova ponte Chelas-Barreiro. O resto ficará por conta dos contribuintes portugueses e representa um custo não amortizável em vida das próximas gerações. Aliás, nem há, tecnicamente, forma de o amortizar, visto que os lucros da exploração das linhas ficarão para os privados, em troca da aquisição dos próprios comboios. O Lisboa-Porto é um negócio de lucro garantido à partida: com uma duração de 75 minutos entre as duas cidades, só um idiota é que se lembrará de ir de avião ou de carro. Mais incerto é o negócio Lisboa-Madrid. Para atrair os privados, o Governo estima que haja anualmente cinco milhões de passageiros a circular no TGV de e para Madrid. O número parece, desde logo, absurdo: haverá mesmo 13.700 passageiros por dia a viajar entre Madrid e Lisboa de comboio? Se considerarmos que as estatísticas europeias revelam que o TGV entre duas cidades absorve em média metade de todo o tráfego de passageiros existente no total dos meios de transporte, isso implica a existência de mais de 27 mil pessoas a viajar diariamente entre as duas cidades. Alguém acredita?
Por outro lado, é interessante comparar aqui os números da propaganda do Governo ao TGV com as da propaganda à Ota. Porque a ideia que fica é que estamos perante o clássico dilema do cobertor que ou destapa a cabeça ou destapa os pés. Se, na propaganda do TGV, se sustenta que haverá anualmente cinco milhões de utentes da linha Lisboa-Madrid, é forçoso concluir que o Governo, e logicamente, está a prever que essa ligação "seque" por completo as alternativas aérea e rodoviária. Ou seja, a esmagadora maioria dos passageiros entre as duas cidades optará pelo TGV. Logo, esses cinco milhões devem ser abatidos ao "congestionamento" imaginado para a Portela. E aos cinco milhões devemos acrescentar os 555 mil que actualmente voam entre o Porto e Lisboa. Somando uns e outros, temos que metade do actual trânsito da Portela (dez milhões e meio por ano) desapareceria automaticamente assim que o TGV entrasse ao serviço nas duas ligações. Conclusão: ou o TGV para Madrid assenta em previsões delirantes, que o tornam inútil, ou a Portela não está em vias de ficar saturada e inútil é a Ota.
13 comentários:
Às vezes fico assim meio irritado com certas "pontificações" do Miguel Sousa Tavares (ao fim e ao cabo perdoáveis porque o homem é brilhante) mas neste caso concordo 1000% com o raciocínio e as conclusões dele.
só pelo e para o lucro dos "distintos cavalheiros" a ota tem justificação....
Quem anda a construir a Ota não são os portugueses - é a burguesia transnacional a quem a nossa burguesiazita vendeu a quinta para servir de plataforma giratória para exploração das neo-"nossas" Áfricas e Brasil
Já pelo TGV sou a favor - presume-se que estejamos embarcados na mesma nau da Europa?
ou não estamos?
Se calhar somos apenas uma excrecência da Base das Lajes,,,
Já viu que desta vez não bufou de odio e não cuspiu insultos aos estados unidos? Está um passo mais próximo da cura
Xatoo,
O TGV é o maior roubo que se vai fazer a este país, mais absurdo e dezenas de vezes mais caro que os estádios do Euro 2004.
1 – Estudos já efectuados indicam que as distâncias mínimas e máximas para um TGV variam entre os 400 km e os 900 km. O Lisboa-Porto não cumpre este requisito. E com as paragens intermédias previstas (Ota, Leiria, Coimbra, Aveiro), o TGV nem teria espaço nem tempo para acelerar.
2 – Faltando pouco para terminar as obras da linha do Norte de modo a ter, de facto, um pendular de velocidade alta (220 km/h), não faz qualquer sentido construir uma linha de milhares de milhões de contos para poupar 26 minutos de viagem. Seríamos aliás o único país do mundo com duas linhas paralelas de grande velocidade: AV - alta velocidade (330 km/h) e VA - velocidade alta (220 km/h). Isto no país mais pobre da Europa.
3 – Para Madrid não existe tráfego que justifique um TGV (330 km/h). O lógico seria ter um pendular de velocidade alta (220 km/h). A diferença de tempos entre os dois comboios na parte portuguesa seria apenas de 18 minutos.
4 - O TGV NÃO nos liga à Europa. Ninguém irá para Paris, Milão ou Lion de TGV, viagens que demorariam cerca de doze horas. Outras capitais – Viena, Berlim ou Copenhaga seriam uma eternidade.
5 - Não é por acaso que os países mais avançados da Europa não têm TGVs (330 km/h), mas sim comboios de velocidade alta (220 km/h). Nos Estados Unidos, com grandes cidades separadas por grandes distâncias, também não existem TGVs.
6 – O crescimento exponencial dos voos «low cost» arrumam de vez com os TGVs, permitindo viagens extremamente baratas para todas as distâncias. Vejam-se os preços para Madrid, Barcelona e para o resto da Europa. Os «low cost» também arrumam a OTA. Com menores exigências tornam perfeitamente viáveis as pistas de Alverca, Montijo e Tires.
Nos últimos dias tenho visto nos telejornais indivíduos que me lembro bem de os ter visto como membros dos governos anteriores. Esses fulanos podem até ter sido imcompetentes a governar, mas uma coisa nunca falha: logo que saem do Governo são colocados a comandar as maiores empresas. Nos casos da OTA e TGV vai ser a mesma coisa. Para esses "empreendimentos indispensáveis" o Governo não se importa de gastar dinheiro, porque vai roubá-lo aos contribuintes. E depois já tem mais uns "jobs for the boys"...boys esses que estão ansiosamente à espera para encher o bandulho (fui ao dicionário conferir e essa palavra existe, por isso não me podem prender. Diz assim: parte mais larga do estômago dos ruminantes.)
Alguma vez teríamos de estar de acordo Sofocleto.
Também acho que o TGV é um investimento faraónico e desnecessário.
Aliás nem sei como é que países miseráveis como a Irlanda, a Austria, a Suécia, a Noruega, etc, conseguem sobreviver sem TGV.
A diferença é que eu acho que a culpa disso é a irracionalidade económica do Estado.
Como nos saca demasiado dinheiro dos impostos, tende a malbaratá-lo em obras de "regime", que ficarão para a "posteridade".
Eu tenho a certeza que utilizaria melhor a parte que me foi e vai continuar a ser sacada. Por exemplo, para viajar mais vezes até Madrid, ajudando a criar uma procura que estimula a oferta das "low cost".
Infelizmente, temos um estado com tiques comunistas, que ainda pensa que a economia se molda com planos quinquenais.
Lidador,
É com prazer que constato que estamos de acordo de que o TGV não passa de um mamute branco pago a peso de ouro.
O que nos separa neste assunto é que, onde você vê um governo com tiques comunistas a malbaratar o nosso dinheiro em planos quinquenais, eu vejo um governo constituído por indivíduos a soldo dos bancos (sem o apoio dos quais nunca teriam chegado a cargos de poder), e para quem o acto de governar significa transferir o dinheiro dos bolsos dos portugueses para os cofres do poder financeiro monopolista.
Não é por acaso que este poder financeiro paga 11% de IRC (em vez de 25%), que faz aprovar obras faraónicas onde vai buscar 1/3 em juros e tem o beneplácito governamental para levar a cabo mil outras aldrabices.
Quem quer continuar no poder tem de agradar aos poderosos, o resto que se lixe.
Um abraço. Augusto
Lá está, o Sofocleto em vez de tentar compreender as perversões de um sistema em que o Estado se mete em asssuntos em que não se devia meter, prefere aparelhar-se de D. Quixote e ir à procura de conspiradores moinhos de vento.
Ainda não percebeu que os moinhos de vento, fazem sempre o mesmo estejam onde estiverem: giram com o vento...
É por isso que se chamam moinhos de vento.
São úteis para muitas coisas.
O que não devia acontecer, era que fosse o Estado a soprar o vento, ainda por cima com o fôlego que nos tira todos os meses.
Aí é que está o problema.
Quanto aos moinhos, alguém tem de moer o cereal...
para qualquer incauto, diria que o Lidador e o Sofoclto tinham lavado o cesto das suas diferenças até às próximas vindimas...
Sofocleto
quando os combustiveis ficarem escassos e a custos exorbitantes, (a actual crise é já por causa disso), as low-costs mudam de designação para "high-costs"; e o TGV já passa a a ter clientes.
Por isso é que eu disse que concordava com o TGV, mas apenas para Madrid, para nos ligar à Europa, que já usa essa bitola.
Portanto, essa assumpção assim de caras pelas low-costs não é assim tão linear
Xatoo,
Os TGVs (330 km/h) gastam mais 50% de energia do que os pendulares (220 km/h). Como a maior parte da energia eléctrica que se consome provém do petróleo, os TGVs passam de high-costs para super-high-costs.
Principais fontes da energia consumida no mundo:
39% - Petróleo
27% - Carvão
24% - Gás Natural
7% - Nuclear
3% - Hidroeléctrica
Ainda por cima, os TGVs implicam infraestruturas caríssimas feitas de raiz, que os aviões não precisam, porque o comboio vai por terra e o avião vai pelo ar. Pior, os TGVs espanhóis não levam mercadorias, apenas passageiros. Por último, O TGV não nos liga à Europa, porque ninguém vai gastar 12 horas de TGV de Lisboa a Paris enquanto de avião demora apenas duas horas.
O futuro do transporte de passageiros a médias e longas distâncias está decididamente nos aviões. Onde se vai de ter de poupar radicalmente é no transporte rodoviário. Quanto aos comboios, tal como fazem os países nórdicos, os pendulares (220 km/h) de passageiros e mercadorias são a solução mais lógica.
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