domingo, janeiro 07, 2007

Quero toda a Terra e mais 5%

Fabian estava entusiasmado enquanto ensaiava mais uma vez o seu discurso que ia apresentar pela manhã para a multidão. Ele sempre desejou prestígio e poder, e agora seus sonhos iam se tornar realidade. Ele era um artesão que trabalhava com prata e ouro, fabricando jóias e ornamentos, mas não estava contente por ter que trabalhar para viver. Ele precisava de entusiasmo, um desafio, e agora o seu plano estava pronto para começar.

Geração após geração as pessoas utilizaram o sistema de troca directa. Um homem mantinha sua família suprindo-a do necessário para viver ou especializava-se em algum tipo de comércio particular. Os bens excedentes de sua própria produção eram trocados pelos excedentes de outras pessoas.

Um dia no mercado era sempre ruidoso e poeirento; no entanto, as pessoas desejavam os gritos e as saudações, assim como o companheirismo. Costumava ser um lugar feliz, mas agora tinha gente demais, discussões demais. Não havia tempo para uma boa conversa. Precisava-se um sistema melhor.

Normalmente, as pessoas eram felizes e desfrutavam os frutos do seu trabalho.

Em cada comunidade, um governo simples tinha sido formado para garantir que as liberdades e os direitos das pessoas fossem protegidos, e que nenhum homem fosse forçado por nenhum outro homem ou grupo de homens a fazer qualquer coisa contra a própria vontade.

Este era o único propósito do governo e cada governador era apoiado voluntariamente pela comunidade local que o havia eleito.

No entanto, o dia de mercado era um problema que não podiam solucionar. Uma faca valia uma ou duas cestas de milho? Uma vaca valia mais do que um carroça?... etc. Ninguém havia pensado num sistema melhor.

Fabian anunciou: "Tenho a solução para nossos problemas de troca directa, e convido todos para uma reunião pública amanhã".

No dia seguinte houve uma reunião na praça da cidade e Fabian explicou para todos o novo sistema que ele chamou de "dinheiro". A idéia parecia boa. "Como vamos começar?" perguntaram as pessoas.

"O ouro que eu uso em ornamentos e jóias é um metal excelente. Não perde o brilho nem enferruja e vai durar muitos anos. Fundirei um pouco do meu ouro em moedas e vamos chamar cada moeda de "um dólar".

Ele explicou como esses valores iam funcionar, e que esse "dinheiro" seria realmente um meio para o intercâmbio - um sistema muito melhor do que o troca directa.

Um dos governadores questionou, "Algumas pessoas podem achar ouro e fazer moedas para si mesmas", disse ele.

"Isso seria muito injusto", Fabian tinha pronta a resposta. "Só as moedas aprovadas pelo governo podem ser utilizadas, e estas vão ter uma marca especial gravada nelas". Isso parecia razoável e foi proposto que se dê a cada homem um número igual de moedas. "Só eu mereço a maioria," disse o fabricante de velas, "Todos utilizam minhas velas". "Não", disse o fazendeiro, "sem alimento não há vida, com certeza nós temos que ter a maior quantidade de moedas". E a discussão continuou.

Fabian deixou eles discutirem durante algum tempo e finalmente disse, "Posto que nenhum de vocês pode chegar a um acordo, sugiro que cada um obtenha de mim a quantidade de que necessitam. Não haverá limite, excepto pela sua capacidade de devolvê-las. Quanto mais dinheiro cada um obtiver, mais deve devolver no final do ano. "E qual é o seu pagamento?" as pessoas perguntaram a Fabian.

"Posto que estou lhes oferecendo um serviço, ou seja, o suprimento de dinheiro, vocês me dão direito a receber pagamento pelo meu trabalho. Vamos dizer que para cada 100 moedas que vocês obtêm, devolvem-me 105 por cada ano que vocês mantêm a dívida. As 5 vão ser meu pagamento, e vou chamar esse pagamento de "juros".

Não parecia existir outra maneira, e aliás, 5% parecia pouco para um ano. "Voltem próxima sexta-feira e vamos começar".

Fabian não perdeu tempo. Fez moedas noite e dia, e no final de semana já estava pronto. As pessoas fizeram fila para entrar na sua loja, e depois das moedas terem sido examinadas e aprovadas pelos governadores, o sistema passou a vigorar. Algumas pessoas pediram só umas poucas moedas e saíram para experimentar o novo sistema.

Acharam o dinheiro maravilhoso, e rapidamente valoraram tudo em moedas de ouro ou dólares. O valor que puseram em cada coisa foi chamado de "preço" e o preço dependia principalmente da quantidade de trabalho requerida para produzir o bem. Se levava muito trabalho o preço era alto mas se o bem era produzido com pouco esforço o preço era baixo.


Numa cidade morava Alan, que era o único relojoeiro. Seus preços eram altos porque os clientes estavam ansiosos por pagarem para obter um dos seus relógios.

Depois outro homem começou a fazer os relógios e os ofereceu com um preço mais baixo para conseguir vendas. Alan foi forçado a baixar seus preços e depois todos os preços caíram, assim os dois homens se esforçaram para dar a melhor qualidade com o menor preço. Essa era a genuína livre competição.

A mesma coisa aconteceu com os construtores, operadores de transportes, contadores, fazendeiros; na verdade, em cada empreendimento. Os clientes escolhiam sempre o que sentiam que era o melhor negócio, tinham liberdade de escolha. Não havia protecção artificial tal como licenças ou tarifas que evitassem que outras pessoas entrassem num determinado negócio. O padrão de vida elevou-se e depois de pouco tempo as pessoas perguntaram-se como podiam ter vivido antes sem dinheiro.

No final do ano, Fabian saiu da sua loja e visitou todas as pessoas que lhe deviam dinheiro. Algumas possuíam mais do que tinham pedido emprestado, mas isso significava que outras pessoas tinham menos, posto que inicialmente tinha sido distribuída só uma quantidade limitada de moedas. Os que possuíam mais do que tinham pedido emprestado, devolveram o empréstimo e mais 5 adicionais para cada 100, mas tiveram que pedir emprestado novamente para poder continuar.

Os demais descobriram pela primeira vez, que tinham uma dívida. Antes de lhes emprestar mais dinheiro, Fabian tomou-lhes em hipoteca alguns de seus activos e assim, cada um saiu mais uma vez para tentar conseguir essas 5 moedas extras que pareciam sempre tão difíceis de encontrar.

Ninguém se deu conta de que o país como um todo jamais poderia sair da dívida até que todas as moedas fossem devolvidas, mas mesmo que isso fosse feito haviam ainda aquelas 5 adicionais para cada 100 que nunca tinham sido postas em circulação. Ninguém além de Fabian podia ver que era impossível pagar os juros - o dinheiro extra nunca tinha sido posto em circulação, e portanto sempre faltaria para alguém.

Era verdade que Fabian gastava algumas moedas, mas ele sozinho não podia gastar tanto como os 5% da economia total do país. Havia milhares de pessoas e Fabian era só um. Além do mais, ele ainda era um ourives vivendo uma vida confortável.

Nos fundos da sua loja, Fabian tinha um cofre e as pessoas acharam conveniente deixar algumas de suas moedas com ele por segurança. Fabian cobrava uma pequena quantia, dependendo da quantidade e do tempo que o dinheiro permanecia com ele e dava ao dono das moedas um recibo por cada depósito.

Quando uma pessoa fazia compras, normalmente não levava muitas moedas de ouro. Essa pessoa dava ao mercador um dos recibos de Fabian segundo o valor das mercadorias que desejava comprar.

Os mercadores reconheciam o recibo como verdadeiro e aceitavam-no com a idéia de levá-lo depois a Fabian para retirar uma quantidade equivalente em moedas. Os recibos passaram de mão em mão ao invés do próprio ouro. As pessoas confiavam totalmente nos recibos - elas os aceitavam como se fossem tão bons quanto as moedas de ouro.

Em pouco tempo, Fabian notou que era muito pouco frequente que uma pessoa pedisse de volta suas moedas de ouro.

Ele pensou: "Aqui estou eu, na posse de todo este ouro e continuo tendo que trabalhar duro como artesão. Não faz sentido. Há muitas pessoas que ficariam contentes de me pagar juros pelo uso deste ouro que está guardado aqui e cujos donos raramente pedem de volta.

É verdade que o ouro não é meu, mas está em meu poder e é o que interessa. Praticamente não preciso nem mais fazer moedas, posso utilizar algumas das que estão guardadas no cofre."

No início ele era muito precavido, emprestando umas poucas moedas de cada vez e somente quando tinha certeza da sua devolução. Mas aos poucos adquiriu confiança e emprestou quantidades cada vez maiores.

Um dia, pediram um empréstimo bastante grande. Fabian sugeriu, "Em vez de você levar todas estas moedas podemos fazer um depósito em seu nome e então eu lhe dou vários recibos com o valor das moedas". A pessoa que pediu o empréstimo concordou e saiu com um maço de recibos. Ela tinha obtido um empréstimo, no entanto o ouro continuava no cofre de Fabian. Depois que o cliente se foi, Fabian sorriu. Ele podia ter seu bolo e ainda por cima comê-lo. Ele podia "emprestar" o ouro e ainda mantê-lo no seu poder.

Os amigos, os estrangeiros e até os inimigos necessitavam de fundos para continuarem os seus negócios e desde que pudessem garantir a devolução, podiam pedir emprestado tanto quanto necessitassem. Simplesmente escrevendo recibos Fabian podia "emprestar" várias vezes o valor do ouro que havia em seu cofre, e ele nem sequer era o dono do dinheiro. Tudo era seguro, desde que os donos verdadeiros não pedissem a devolução do seu ouro e a confiança das pessoas fosse mantida.

Ele tinha um livro onde registrava os débitos e os créditos de cada pessoa. De fato, o negócio de empréstimos estava se mostrando muito lucrativo.

Sua posição social na comunidade aumentava quase tão rapidamente quanto sua riqueza. Ele estava se tornando um homem importante e requeria respeito. Em matéria de finanças, sua palavra era como uma declaração sagrada.

Os ourives de outras cidades ficaram curiosos sobre suas actividades e um dia chamaram-no para ter uma audiência com ele. Fabian disse-lhes o que estava fazendo, mas ressaltou cuidadosamente a necessidade de manter o segredo.

Se o plano deles fosse exposto, o esquema falharia, assim todos concordaram em formar sua própria aliança secreta.

Cada um voltou à sua cidade e começou a trabalhar como Fabian tinha-lhes ensinado.

As pessoas agora aceitavam os recibos como se fossem tão bons quanto o ouro e muitos recibos foram depositados para mantê-los em segurança da mesma maneira que as moedas. Quando um mercador desejava comprar mercadorias de um outro, ele simplesmente redigia uma nota curta dirigida a Fabian na qual o autorizava a transferir o dinheiro da sua conta para a do segundo mercador. Fabian gastava apenas alguns minutos para ajustar os números no livro.

Esse novo sistema se tornou muito popular e as notas com a instrução de transferência foram chamadas de "cheques".

Mais tarde, numa noite, os ourives tiveram uma outra reunião secreta e Fabian revelou-lhes um novo plano. No dia seguinte, eles convocaram uma reunião com todos os governadores e Fabian começou: "Os recibos que nós emitimos se tornaram muito populares. Sem dúvida, a maioria de vocês, os governadores, estão usando-os e acham que são muito convenientes". Os governadores concordaram, embora se perguntassem qual era o problema. "Bem", continuou Fabian, "alguns recibos estão sendo copiados por falsificadores. Esta prática deve parar".

Os governadores se alarmaram: "O que podemos fazer?" perguntaram. Fabian respondeu, "Minha proposta é: primeiro de tudo, vamos fazer com que seja o trabalho do governo a impressão de novas notas num papel especial com desenhos muito intricados. Cada nota será assinada pelo principal governador. Nós ourives ficaremos felizes de pagar os custos da impressão, por que vai nos poupar o tempo que passamos redigindo nossos recibos". Os governadores pensaram, "Bem, o nosso trabalho é proteger as pessoas contra falsificadores e este conselho de vocês parece certamente uma boa idéia". Concordaram então em imprimir as notas.

"Em segundo lugar," disse Fabian, "algumas pessoas têm feito escavações e estão fazendo suas próprias moedas de ouro. Sugiro que vocês aprovem uma lei, para que qualquer pessoa que encontre pepitas de ouro, deva entregá-las. É claro que essas pessoas vão ser pagas com notas e moedas".

A idéia parecia boa, e sem pensar muito nisso, imprimiram uma grande quantidade de notas novinhas em folha. Cada nota tinha um valor impresso nela de $1, $2, $5, $10 etc. Os pequenos custos de impressão foram pagos pelos ourives.

As notas eram muito mais fáceis de transportar e rapidamente foram aceitas pelas pessoas. Apesar da sua popularidade, essas notas e moedas eram usadas somente em 10% das transacções. Os registros mostraram que o sistema de cheques era utilizado em 90% de todos os negócios.

A etapa seguinte do plano dele começou. Até agora, as pessoas estavam pagando a Fabian para guardar o dinheiro delas. Para atrair mais dinheiro ao seu cofre, Fabian ofereceu pagar aos depositantes 3% de juros sobre seus depósitos.

A maioria das pessoas acreditava que ele estava re-emprestando o dinheiro delas a quem pedisse um empréstimo, com 5% de juros, e que seu ganho era a diferença de 2%. Aliás, as pessoas não lhe perguntaram muito, porque obter 3% era muito melhor do que pagar para depositar o dinheiro num lugar seguro.

A quantidade das poupanças cresceu e com o dinheiro adicional nos cofres, Fabian podia emprestar $200, $300, $400 e as vezes até $900 para cada $100 em notas e moedas que ele mantinha em depósito. Ele teve que ter cuidado para não ultrapassar esta relação de 9 a 1, uma vez que uma pessoa de cada dez queria retirar suas notas e moedas para utilizá-las.

Se não houvesse dinheiro suficiente quando requerido, as pessoas ficariam desconfiadas já que os livros de depósito mostravam o quanto elas tinham depositado. Ainda assim, sobre os $900 que os livros de contabilidade demonstravam que Fabian tinha emprestado redigindo cheques, ele podia cobrar até $45 de juros, ou seja, 5% de 900. Quando o empréstimo mais os juros eram devolvidos ($945), os $900 eram cancelados no livro de débitos e Fabian ficava com os $45 de juros. Portanto, ele estava mais que contente de pagar $3 de juros sobre os $100 depositados originalmente, os quais nunca tinham saído do seu cofre. Isto significava que, para cada $100 que mantinha em depósito, era possível obter um lucro de 42%, enquanto a maioria das pessoas pensava que ele só ganhava 2%. Os outros ourives estavam fazendo a mesma coisa. Criavam dinheiro do nada, apenas com suas assinaturas num cheque, e ainda por cima cobravam juros sobre ele.

É verdade que eles não estavam fabricando dinheiro, o governo imprimia as notas e as entregava aos ourives para serem distribuídas. O único gasto de Fabian era o pequeno custo de impressão. No entanto, eles estavam criando dinheiro de crédito que vinha do nada e sobre o qual faziam incidir juros. A maioria das pessoas acreditava que a provisão de dinheiro era uma operação do governo. Acreditavam também que Fabian estava lhes emprestando o dinheiro que alguém mais tinha depositado, mas era estranho que nenhum depósito decrescia quando Fabian emprestava dinheiro. Se todos tivessem tentado retirar seus depósitos ao mesmo tempo, a fraude teria sido descoberta.

Não havia problemas quando alguém pedia um empréstimo em moedas ou notas. Fabian simplesmente explicava ao governo que o aumento da população e da produção requeria mais notas, e ele as obtinha por pequeno custo de impressão.

Um dia, um homem muito pensativo foi ver Fabian. "Esta cobrança de juros está errada", disse ele. "Para cada $100 que você empresta, você está pedindo $105 em retorno. Os $5 extras não podem ser pagos nunca, já que não existem.

Os fazendeiros produzem comida, os industriais produzem bens e assim fazem todos os demais, mas somente você produz dinheiro. Suponha que existam somente dois empresários em todo o pais, e que nós empregamos o resto da população. Pedimos-lhe emprestado $100 cada um, pagamos $90 em salários e gastos e ficamos com $10 de lucro (nosso salário). Isso significa que o poder aquisitivo total de toda a população é $90 + $10 multiplicado por dois, isto é $200. Mas, para lhe pagar, nós devemos vender toda a nossa produção por $210. Se um de nós tiver sucesso e vender toda a produção por $105, o outro homem só pode esperar obter $95. Além disso, parte dos seus bens não pode ser vendida, já que não restaria mais dinheiro para comprá-los.

Tendo obtido só $95, o segundo empresário ainda deveria a você $10 e só poderia lhe pagar pedindo mais emprestado. Este sistema é impossível".

O homem continuou, "Certamente você deveria emitir $105, ou seja 100 para mim e 5 para seus próprios gastos. Assim, haveria $105 em circulação e a dívida poderia ser paga".

Fabian escutou em silêncio e finalmente disse: "A economia financeira é um assunto muito profundo meu amigo, requer anos de estudo. Deixe que eu me preocupo com estes assuntos e você se preocupa com os seus. Você deve se tornar mais eficiente, aumente sua produção, reduza seus gastos e torne-se um melhor empresário. Sempre vou estar disposto a ajudá-lo nesses assuntos".

O homem se foi sem se dar por convencido. Havia alguma coisa errada com as operações de Fabian e ele sentiu que suas perguntas tinha sido evitadas.

No entanto, a maioria das pessoas respeitava a palavra de Fabian -"Ele é o perito, os demais devem estar errados. Olhem só como é que o pais desenvolveu-se, como a nossa produção aumentou. É melhor nós deixarmos que ele tome conta destas coisas".

Para pagar os juros sobre os empréstimos que haviam pedido, os mercadores tiveram que elevar seus preços. Os assalariados queixaram-se de que os salários eram muito baixos. Os empresários negaram-se a pagar maiores salários, dizendo que quebrariam. Os fazendeiros não podiam obter preços justos pela sua produção. As donas de casa queixavam-se de que os alimentos estavam muito caros.

E finalmente, algumas pessoas declararam-se "em greve", algo do qual nunca se tinha ouvido falar antes. Outros haviam sido afectados pela pobreza, e seus amigos e parentes não tinham dinheiro para ajudá-los. A maioria tinha esquecido a verdadeira riqueza ao seu redor: as terras férteis, os grandes bosques, os minerais e o gado. Só podiam pensar no dinheiro, que sempre parecia faltar. Mas nunca questionaram o sistema. Eles acreditavam que o governo o estava controlando.

Alguns poucos tinham juntado seu dinheiro em excesso e formaram companhias de empréstimos ou "companhias financeiras". Podiam obter 6% ou mais, desta maneira, o que era melhor do que os 3% que Fabian pagava, mas só podiam emprestar o dinheiro que possuíam - não tinham o estranho poder de criar dinheiro do nada simplesmente registrando números num livro.

Estas companhias financeiras de alguma maneira preocupavam Fabian e seus amigos, então eles logo formaram as suas próprias companhias. Na maioria dos casos, compraram as outras companhias antes de que começassem suas operações. Em pouco tempo, todas as companhias financeiras ou pertenciam a eles ou estavam sobre o controle deles.

A situação económica piorou. Os assalariados tinham certeza de que os patrões estavam tendo muito lucro. Os patrões diziam que os trabalhadores eram muito preguiçosos e não estavam cumprindo honestamente seu dia de trabalho e todos culpavam a todos. Os governantes não podiam achar uma resposta, e além disso, o problema imediato parecia ser combater a crescente pobreza.

O Governo empreendeu então esquemas de previdência e fizeram leis forçando as pessoas a contribuírem com eles. Isto fez com que muitas pessoas ficassem irritadas - elas acreditavam na velha idéia de ajudar o vizinho voluntariamente.

"Estas leis não são mais do que um roubo legalizado. Tirar uma coisa de uma pessoa contra sua vontade, independente do propósito para o qual vai ser usado, não é diferente de roubar."

Mas cada homem sentia-se indefeso e temia a ameaça de ir para a cadeia se falhasse em pagar. No inicio, estes esquemas de previdência deram algum alívio, mas com o tempo o problema da pobreza agravou-se novamente e então era preciso mais dinheiro para a previdência. O custo destes esquemas elevou-se mais e mais e o tamanho do governo aumentou.

A maioria dos governantes eram homens sinceros tentando fazer o melhor possível. Eles não gostavam de pedir mais dinheiro ao seu povo e finalmente, não tiveram outra opção a não ser pedir dinheiro emprestado a Fabian e seus amigos. Eles não tinham idéia de como fariam para pagar esse empréstimo. A situação piorou, os pais já não podiam pagar professores para seus filhos. Não podiam pagar médicos e as empresas de transporte estavam falindo.

O governo foi forçado a assumir o controle desses serviços um por um. Professores, médicos e muitos outros tornaram-se servidores públicos.

Poucas pessoas estavam satisfeitas com os seus empregos. Recebiam um salário razoável mas perderam sua identidade. Converteram-se em pequenas engrenagens de uma maquinaria gigante.

Não havia espaço para a iniciativa pessoal, muito pouco reconhecimento para o esforço, sua renda era fixa e somente podia-se ascender quando um superior se aposentava ou morria.

Desesperados, os governantes decidiram pedir o conselho de Fabian. Consideravam-no muito sábio e parecia saber como resolver assuntos de dinheiro. Fabian os escutou explicarem todos os seus problemas, e finalmente respondeu, "Muitas pessoas não podem resolver seus próprios problemas - eles precisam de alguém que o faça por eles. Com certeza, vocês vão concordar que a maioria das pessoas tem direito a ser feliz e a ter o básico para viver. Um de nossos grandes ditados populares é "Todos os homens são iguais" - Não é verdade?

Bem, a única maneira de equilibrar as coisas é tomar o excesso de riqueza dos ricos e dá-lo aos pobres. Organizem um sistema de impostos. Quanto mais um homem tem, mais deve pagar. Arrecadem os impostos de cada pessoa segundo sua capacidade e dêem a cada um segundo sua necessidade. As escolas e os hospitais devem ser gratuitos para aqueles que não puderem pagá-los."

Ele lhes deu uma longa palestra sobre grandes ideais e concluiu dizendo: "Ah, a propósito, não se esqueçam de que me devem dinheiro. Estiveram me pedindo emprestado por muito tempo. O mínimo que posso fazer para ajudar, é que vocês só me paguem os juros. Nós deixaremos o capital como dívida, apenas me paguem os juros".

Saíram, e sem pensar muito sobre as filosofias de Fabian, introduziram o imposto gradativo sobre a renda: quanto mais você ganha, mais alta é a sua dívida fiscal. Ninguém gostou disso, mas ou pagavam os impostos ou iam para a cadeia.

Os novos impostos forçaram os comerciantes novamente a subirem os seus preços. Os assalariados exigiram salários mais altos o que causou que muitas empresas falissem, ou que substituíssem homens por maquinaria. Isso resultou em mais desemprego e forçou o governo a introduzir mais esquemas de previdência e mais seguros de desemprego.

Foram introduzidas tarifas e outros mecanismos de protecção para resguardar algumas indústrias, de maneira que mantivessem suas ofertas de emprego. Algumas pessoas perguntaram-se se o propósito da produção era produzir mercadorias ou simplesmente proporcionar empregos.

No entanto, as coisas ficavam cada vez piores. Tentaram o controle de salário, o controle dos preços, e toda classe de controles. O governo tentou conseguir mais dinheiro com impostos sobre as vendas, os salários, etc. Alguém observou que no caminho desde a colheita do trigo até a mesa nos lares, havia cerca de 50 impostos sobre o pão.

Muitos "peritos" se apresentaram e alguns deles foram escolhidos para governar, mas depois de cada reunião anual voltavam sem ter alcançado quase nada, excepto pela notícia de que os impostos deviam ser "reestruturados", mas sempre a quantidade total de impostos aumentava.

Fabian começou a exigir seus pagamentos de juros, e uma porção cada vez maior do dinheiro dos impostos era necessária para pagá-lo.

Então veio a política partidária - as pessoas discutiam sobre que grupo de governadores poderia solucionar da melhor maneira seus problemas. Discutiram sobre as personalidades, idealismo, os slogans... Sobre tudo excepto o problema real. Os Conselhos estavam com problemas.

Numa cidade os juros da dívida excederam a quantidade de impostos que foram arrecadados num ano. Em todo o pais os juros que não foram pagos continuaram aumentando - juros foi cobrado sobre os juros não-pagos.

Gradualmente, muita da riqueza real do pais foi comprada ou controlada por Fabian e seus amigos e com isso veio um maior controle sobre as pessoas. No entanto, o controle ainda não estava completo. Eles sabiam que a situação não estaria segura até que cada pessoa fosse controlada.

A maioria das pessoas que se opunha ao sistema era silenciada por pressão financeira, ou sofria o ridículo público. Para atingir isto, Fabian e seus amigos compraram a maioria dos jornais, televisão e estações de rádio. E escolheram cuidadosamente as pessoas que iam operá-las. Muitas destas pessoas tinham um desejo sincero de melhorar o mundo, mas nunca se deram conta de como eram usadas. Suas soluções sempre lidavam com os efeitos do problema, nunca com a causa.

Havia vários jornais diferentes - um para a ala direita, um para a ala esquerda, um para os trabalhadores, um para os patrões, e assim por diante. Não importava muito em qual você acreditasse desde que você não pensasse no problema real.

O plano de Fabian estava quase no final - o pais inteiro devia-lhe dinheiro. Através da educação e dos Media, ele tinha o controle da mente das pessoas. Podiam pensar e crer apenas no que ele queria que pensassem.

Uma vez que um homem tem muito mais dinheiro do que ele pode gastar para seus prazeres, que desafio resta para excitá-lo?. Para aqueles que têm uma mentalidade dominante, a resposta é o poder - poder puro e completo sobre outros seres humanos. Colocaram idealistas nos meios de comunicação e no governo, mas os controladores reais que Fabian procurava eram os que tinham mentalidade de classe dominante.

A maioria dos ourives seguiram este caminho. Conheciam a sensação de grande abundância mas já não os satisfazia. Precisavam de desafios e emoção e o poder sobre as massas converteu-se num grande jogo.

Acreditaram que eram superiores a todos os demais. "É o nosso direito e nosso dever governar. As massas não sabem o que é bom para elas. Precisam serem dirigidos e organizados. Governar é o nosso direito de nascimento".

Por todo o pais Fabian e seus amigos possuíam muitos companhias de empréstimos. Na verdade, eram de propriedade privada e de diferentes donos. Na teoria competiam umas com outras mas na verdade trabalhavam juntas. Depois de convencer alguns dos governadores, instalaram uma instituição que chamaram de Reserva Central de Dinheiro. Nem sequer usaram seu próprio dinheiro para fazer isto -criaram crédito contra uma parte dos depósitos das pessoas.

Esta instituição tinha a aparência de regular a fonte do dinheiro e ser uma instituição pertencente ao governo, mas estranhamente não se permitiu a nenhum governador ou servidor público ingressar na Junta Directiva.

O governo deixou de pedir emprestado directamente de Fabian, mas começou a usar um sistema de Bónus contra a Reserva Central de Dinheiro. A garantia oferecida era a renda estimada dos impostos do ano seguinte. Isto ajustava-se com o plano de Fabian - afastar as suspeitas de sua pessoa e desviar a atenção para uma aparente instituição do governo. Por baixo do pano, ele ainda tinha o controle.

Indirectamente, Fabian tinha tal controle sobre o governo que este era obrigado a seguir suas instruções. Fabian costumava gabar-se: "Deixem-me controlar o dinheiro de uma nação e não me importo com quem faz suas leis". Não interessava muito que partido era eleito para governar. Fabian tinha o controle do dinheiro, o sangue vital da nação.

O governo obtinha o dinheiro, mas o juros foram se acrescentado sempre em cada empréstimo. Cada vez mais se gastava dinheiro em esquemas de previdência e em seguros de desemprego, e não muito tempo depois, o governo se viu com dificuldades até para pagar os juros, sem falar do capital.

No entanto, havia mais pessoas que se perguntaram: "O dinheiro é um sistema feito pelo homem. Com certeza pode-se ajustar o sistema para pô-lo a serviço das pessoas, e não que as pessoas estejam a serviço do dinheiro". Mas cada vez havia menos pessoas que se faziam essa pergunta e suas vozes se perderam na louca procura do dinheiro inexistente para pagar os juros.

Os governos mudaram, os partidos políticos mudaram, mas as políticas de base continuavam. Sem importar que governo estava no "poder", o objectivo final de Fabian aproximava-se mais e mais cada ano. As políticas das pessoas não significavam nada. As pessoas pagavam com esforço os impostos, não podiam pagar mais. Amadurecia o momento para o movimento final de Fabian.

Dez por cento do dinheiro ainda estava sob a forma de notas e moedas. Isto tinha de ser eliminado de tal maneira que não despertasse suspeitas. Enquanto, as pessoas utilizassem dinheiro de contado, seriam livres de comprar e vender como quisessem -as pessoas ainda tinham algum controle sobre suas próprias vidas.

Mas não era sempre seguro carregar notas e moedas. Os cheques não eram aceitos fora da comunidade local, e portanto, procurou-se um sistema mais conveniente. Fabian tinha a resposta outra vez. Sua organização deu um pequeno cartão plástico a cada um onde mostrava-se o nome da pessoa, a foto e um número de identificação.

Em qualquer lugar onde esse cartão fosse apresentado, o comerciante telefonaria para o computador central para controlar o crédito. Se tinha crédito, a pessoa poderia comprar o que desejasse; até certa quantidade.

No início, permitira-se que as pessoas gastassem uma quantidade pequena em crédito, e se ele era pago dentro do mesmo mês, não incidia juro nenhum. Isto estava bem para os assalariados, mas o quê aconteceria com os empresários?. Eles tinham que instalar máquinas, fabricar as mercadorias, pagar os salários etc. e vender todas suas mercadorias e logo depois pagar o crédito. Se excediam a um mês, eram taxados em 1,5% por cada mês que a dívida era acumulada. Isto chegava a 18% ao ano.

Os empresários não tinham nenhuma opção aliás de acrescentar 18% sobre o preço de venda. Mas todo esse dinheiro ou crédito adicional (18%) não tinha sido emprestado a ninguém. Em todo o pais os empresários tinham a impossível tarefa de pagar $118 por cada $100 que pediram emprestados -mas os $18 adicionais nunca tinham sido criados no sistema. Não existiam.

Fabian e seus amigos elevaram ainda mais sua posição social. Eram considerados pilares de respeitabilidade. Suas declarações em finanças e economia eram aceitas com convicção quase religiosa.

Sob a carga de impostos cada vez maiores, muitas pequenas empresas derrubaram-se. Licenças especiais eram necessárias para várias operações, de maneira tal que para as empresas restantes fosse muito difícil participar. Fabian possuía e controlava todas as grandes companhias que tinham centenas de subsidiárias. Estes pareciam competir entre si, no entanto Fabian controlava todas elas. Eventualmente, todos os outros competidores foram forçados a fechar suas portas. Os canalizadores, os carpinteiros, os electricistas e a maioria das indústrias pequenas sofreram igual destino -foram tragados pelas companhias gigantes de Fabian que tinham protecção do governo.

Fabian queria que os cartões plásticos substituíssem as notas e as moedas. Seu plano era que quando todas as notas fossem retiradas, somente os negócios que utilizassem o sistema de cartões ligados ao computador central poderiam funcionar.

Ele planejou que se alguém eventualmente perdesse seu cartão, estaria impossibilitado de comprar ou vender qualquer coisa até que se demonstrasse sua identidade. Ele queria impor uma lei, que lhe desse um controle total -uma lei que obrigasse a todas as pessoas a terem seu número de identificação tatuado na mão. O número seria visível somente sob uma luz especial, ligada a um computador. Cada um desses computadores estaria conectado ao computador central gigante e assim Fabian poderia saber tudo sobre todos.

A propósito, a terminologia usada no mundo financeiro para este sistema é "Reservas bancárias" (Fractional Reserve Banking). (É um sistema onde os bancos privados e o banco central têm o monopólio do poder para gerar moeda corrente. O valor total dos depósitos num banco, e portanto a quantia total de moeda que pode ser gerada por um banco, está limitado por um múltiplo das suas reservas. O banco central supervisiona os bancos privados para garantir que as reservas serão mantidas no nível requerido ou por cima dele.



A história que você acaba de ler, evidentemente, é ficção.

Mas, se você achar que é preocupantemente real e quer saber quem é Fabian na vida real, um bom começo seria um estudo das actividades dos ourives ingleses nos séculos XVI e XVII.

Por exemplo, o Banco da Inglaterra começou em 1694. O rei Guilherme de Orange estava em dificuldades financeiras como resultado de uma guerra com a França. Os ourives "emprestaram-lhe" 1,2 milhões de libras (uma quantidade impressionante naqueles dias) sob determinadas condições:

Os juros seriam 8%. Lembre-se que a Carta Magna indicava que cobrar juros era crime passível de morte. O Rei devia conceder aos ourives uma carta para o Banco que lhes dava o direito de emitir crédito.

Antes disso, suas operações de emitir recibos por mais dinheiro do que tinham depositado eram totalmente ilegais. A carta do rei tornou-as legais.

Em 1694 William Patterson obteve a carta para o Banco da Inglaterra.

© Larry Hannigan, Australia

23 comentários:

BellaMafia disse...

oh caro sofocleto,

estes seus últimos posts são alguma tentativa de investimento em um qualquer prémio do World Guiness of Records? tipo para o maior post da blogoesfera? aguardo para ver!

os maiores cumprimentos.

Diogo disse...

Caro LaBellaMafia,

Não, não pretendo ganhar o prémio do maior post da blogosfera. Simplesmente procuro explicar os mecanismos pelos quais, durante os últimos duzentos anos, algumas famílias se apoderaram do controlo de praticamente todos os países do planeta, fomentando guerras e depressões económicas.

O assunto não é simples e não pode ser explicado em meia dúzia de linhas. Há poucos textos traduzidos para português e não existem documentários em vídeo legendados na nossa língua. Penso que os dois «grandes» posts que coloquei são extremamente elucidativos sobre o assunto. Há várias questões que mesmo pessoas com sólida formação económica desconhecem completamente.

Portanto, meu caro, leia o post com atenção e faça um comentário mais abalizado. É capaz de ficar surpreendido com o que vai descobrir.

Unknown disse...

Você pode não acreditar Sofocleto, mas tenho cá em casa uma revista de 1943, versão portuguesa da Revista do partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NAZI), onde está um artigo muito parecido com este que você aqui postou.

O artigo nazi defende o conceito de "autarchia", em que, no Reich dos Mil Anos o capitalismo não existiria, o liberalismo seria finalmente destruído e os espaços vitais (lebensraum) seriam autosuficientes sendo desnecessárias as trocas comerciais e, em consequência, tornando irrelevante a circulação monetária.

É incrível como a falta de cultura de uma certa esquerda tonta, a leva a defender e advogar conceitos como este.

O Sofocleto devia ler mais umas coisas. Mete alguma pena vê-lo chafurdar na asneira por pura ignorância.

xatoo disse...

costumavamos discutir entre colegas essa coisa de quais seriam as classes (ou pessoas) determinantes que decidiam quem e como se daria a cada homem um número igual de moedas"; esse "só eu mereço a maioria" era, para nós, qualquer coisa de auto-adquirido, na medida que como arquitectos definiamos e projectavamos o espaço público, outros diziam que seriam os médicos porque sem eles não haveria segurança da Vida, outros diziam ser os engenheiros porque sem eles não haveria forma de transpor os obstaculos da natureza, enfim, o chefe interrompia o interminável debate e, por volta da hora do almoço, afirmava peremptório: "a classe fundamental que deve ter supremacia sobre todas as outras é a dos Cozinheiros!"

e, até hoje, ainda estou para saber se isso não é verdade,,,

Diogo disse...

Lidador,

Você leu mal. O artigo explica como é que meia dúzia de gajos se apoderaram do controlo da emissão de moeda e dos chamados «Bancos Centrais». O artigo defende que o controlo da moeda deve ser do Estado e que a circulação monetária é uma das melhores coisas que já aconteceu às sociedades.

Em vez de regurgitar as patacoadas do costume, leia o artigo todo com olhos de ver. Gostava de o discutir consigo.

Unknown disse...

O controlo da moeda deve ser do estado?

Você percebe tanto de economia como eu de renda de bilros.
Há cerca de 2000 anos, já Diocleciano se viu nos piores lençóis inflacionários por cunhar moeda em excesso.

Essa lição já toda a gente a aprendeu...é justamente por isso que os países desenvolvidos e ricos adoptaram todos o monetarismo e têm Bancos Centrais independentes cuja missão mais importante é justamente controlar a inflação.

Sempre que um governo aumenta a quantidade de moeda (e todos o fazem, porque têm vantagens imediatas) segue-se mais tarde ou mais cedo um episódio inflaccionista que empobrece as pessoas, especialmente aquelas que recebem salários.

O Sofocleto, para além, chafurdar na ignorância fazendo-se porta-voz de teorias nazis e comunistas que o tempo mostrou terem apenas conduzido à miséria e à chacina, parece não entender que o keynesianismo já deu o que tinha a dar, esgotou os seus limites, encontrou as suas contradições e que a síntese que daí resultou foi justamente o monetarismo.

Se reparar,todos os países onde vale a pena viver e onde você aliá gosta de viver, são monetaristas.

Quer um exemplo de um país onde é o governo quye controla a massa monetária?
O Zimbawe.
Sabe qual é a taxa de inflação?
Está perto dos 1000%

Vamos lá Sofocleto, estude.
Enquanto persistir em lambuzar-se com panfletos nazis e comunistas, continuará a escrever para o grande prémio do ridículo.

Diogo disse...

Lidador,

O problema é que os Bancos Centrais não são independentes. São propriedade de meia dúzia de famílias extremamente ricas que procedem à emissão de moeda (cobrando juros por ela), e controlam a totalidade da massa monetária em circulação criando inflação e deflação consoante os seus interesses.

Isto nada tem a ver com monetarismo ou keynesianismo. Tem a ver com roubo a uma escala planetária levado a cabo pelos chamados «international bankers».

Carroll Quigley:
The powers of financial capitalism had (a) far-reaching aim, nothing less than to create a world system of financial control in private hands able to dominate the political system of each country and the economy of the world as a whole. This system was to be controlled in a feudalist fashion by the central banks of the world acting in concert, by secret agreements arrived at in frequent meetings and conferences. The apex of the systems was to be the Bank for International Settlements in Basel, Switzerland, a private bank owned and controlled by the world's central banks which were themselves private corporations. Each central bank...sought to dominate its government by its ability to control Treasury loans, to manipulate foreign exchanges, to influence the level of economic activity in the country, and to influence cooperative politicians by subsequent economic rewards in the business world.

Anónimo disse...

Caro Sofocleto

Muito bem como quase sempre.

Agora note numa coisa, o senhor reparou na lexiviação cerebral a que o seu comentador (o-lidador) anterior foi sujeito, alias como quase toda a gente, as pessoas intriorizaram de tal maneira que a sociedade só pode funcionar desta maneira que se indignam ao ponto de o bridarem com alguns adjectivos que no minimo são ... inconvenientes.

Estes são dos tais que não terão problema algum em implantar um chip debaixo da pele, quando algum banco se lembrar disso.

Não conseguem vislumbrar até que ponto são manipulados, controlados e aceitam como verdades tudo o que são noticias dos media corporativos.

Acreditam na SIDA, na culpa do homem no aquecimento global e que o buraco na camada de ozono é uma coisa que acontece devido aos CFCs, sem sequer se questionarem se será assim mesmo que as coisas se passam.

"Dá na televisão, é porque é verdade"

Só mais uma coisa.
Quanto ao sistema financeiro actual delineado numa pequena localidade do estado do Wisconsin num hotel chamado Breton Woods em 1944.

Ai se criaram as instituições que hoje governam o mundo e que são as culpadas do maior e mais rapido desenvolvimento a todos os niveis que a humanidade já conheceu até hoje, incluindo ai a pobreza que hoje varre o nosso planeta.

Por traz dessas instituições estavam e ainda continuam, os mesmos de sempre. Aqueles que seguem Zoroastro e Manés.

Um abraço a todos

Zéi

xatoo disse...

"o chip debaixo da pele, quando algum banco se lembrar disso"
já está em marcha:
a Wallmart a maior multinacional do mundo está em vias de fundar o seu Banco próprio e a "Verizon" está a tratar dos chips implantáveis.
Se bem se recordam, foi a Wallmart (a Hillary Clinton foi administradora, sabiam?) quem vulgarizou (globalizou) a utilização dos cartões de Crédito - o primeiro passo na implantação das politicas neoliberais - que alteraram a divisão internacional de trabalho desde a fundação do Consenso de Washington - a mesma politica que desregulamentaram de vez a emissão da moeda (Reagan-Tatcher)

Unknown disse...

Sofocleto você fala de conspirações, acredita em conspirações e depois cita como prova das conspirações outros gajos que acreditam em conspirações.
É sempre o mesmo labirinto.
Exactamente como os fanáticos religiosos que acreditam nas suas "verdades" e depois citam os versículos dos seus livros sagrados, para provar essas "verdades".
É uma pescadinha de rabo na boca.

Os bancos centrais são independentes dos governos e por boas razões. Os resultados não são maus, uma vez que o nível de vida nos países monetaristas é incomparavelmente superior aos outros e melhor do que alguma vez foi na história do sapiens.
Você e os outros orfãos das utopias totalitárias acham que podia ser melhor, mas as únicas soluções que apontam, passam pelo regresso a receitas derrotadas que falharam estrondosamente, mormente conceitos nazis e comunistas.

De facto os bancos têm proprietários. Claro que podem fazer cartel e isso é mau, mas para isso é que importa fazer leis anti-cartel.

Vivemos na terra, não vivemos no Céu e deste lado as coisas são sempre de alguém.
O seu carro é seu, a minha casa é minha.
Como queria que fosse?
Que as coisas fossem decididas por uma nomenklatura de burocratas em vez de pessoas com liberdade para fazer as suas escolhas?
Mas você não percebe que foi isso mesmo que aconteceu na URSS, na China maoista, na Alemanha "Demokratika", na Alemanha Nacional-Socialista, etc?
São esses os seus modelos?
Você tem aí na sua cabeça um carro fantástico, o modelo marxista-leninista-maoísta-nacional-socialista, o melhor do mundo, que vai ganhar nas calmas todas as corridas.
Mete-o na mão de dezenas de pilotos, uns mais consagrados que outros, em corridas em várias partes do mundo.
Ao fim de algumas voltas, quase todos os “carros maravilhosos”, se estampam na primeira curva, mataram uma série de espectadores e os únicos que ainda estão em prova perdem terreno e estão quase nos últimos lugares.

Qual a explicação lógica, o factor comum em todos os acidentes?
O carro, claro!
Qual a explicação do fóssil religioso, que se recusa a aceitar que o carro é uma merda?
Os condutores eram todos maus, gajos corruptos, egoístas, etc.

O que faz então o típico fóssil?
Mantém a fé no carro, mas decide que necessita de criar um “condutor novo”, um condutor que tenha um corno debaixo do nariz, e um rabo com dois orifícios.
E inventa umas escolas próprias (Gulags, killing fields, etc) para criar o tal “condutor novo”, que se adapte ao carro.

Entretanto, a escuderia capitalista, cria um carro democrático liberal, que se adapta ao condutor tal como ele é, e não como ele “deveria ser”.
E, com mais ou menos solavancos, vai ganhando as corridas, dando sucessivos bigodes ao “carro maravilhoso”.

Os gajos espertos, percebem que o “carro maravilhoso” nunca vai funcionar porque a malta é teimosa e recusa-se a ter um corno debaixo do nariz e 2 buracos no rabo.
Mas o fóssil acredita…tem fé…é muito religioso…e berra, azedo, contra o carro capitalista, dizendo que tem riscos na pintura, que o assento não é forrado a pele genuína, que atropelou um gato, etc,etc.

Bolas pá, desça à terra!

Diogo disse...

Lidador,

«Sofocleto você fala de conspirações, acredita em conspirações e depois cita como prova das conspirações outros gajos que acreditam em conspirações. É sempre o mesmo labirinto»

Sobre este assunto já citei (e vou continuar a citar) Presidentes do Estados Unidos, Congressistas, Presidentes de bancos e homens da alta finança, ou seja, exactamente aqueles que se considera o oposto das teorias da conspiração.

Já lhe disse que os bancos centrais são independentes dos governos mas inteiramente dependentes das grandes fortunas e que estão ao seu serviço. Porque é que você não lê as coisas com atenção? Com inteligência? Porque é que não investiga um bocadinho?

Aquilo que voce considera «pessoas com liberdade para fazer as suas escolhas» são funcionários dos Rothschields, dos Morgan, dos Rockfellers e de outros. Páre com a verborreia vazia e seja mais concreto nos raciocínios e nas afirmações.

Diogo disse...

Caro Zéi,

Achei piada à sua frase: "Dá na televisão, é porque é verdade". Isto, porque tenho um colega que quando lhe falo nas impossibilidades da versão oficial do 11 de Setembro ele responde-me exactamente dessa forma: "Na televisão [e nos jornais] ninguém fala nisso".

Quanto ao sistema financeiro actual delineado numa pequena localidade do estado do Wisconsin num hotel chamado Breton Woods em 1944, acrescento que já em 1941 (antes do ataque japonês a Pearl Harbor que teve lugar a 7 de Dezembro de 1941) estrategos financeiros americanos tinham começado a planear uma reintegração no pós-guerra da economia mundial, de acordo com linhas mais favoráveis aos Estados Unidos.

Na conferência de Bretton Woods, efectuada em 1944 sob a liderança americana, quarenta e quatro nações concordaram em criar duas estruturas integradoras-chave: o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. O FMI obrigou as nações membros a alinhar a sua moeda pelo dólar americano ou pelo ouro – a maior parte do qual pertencia as Estados Unidos. (Em 1948, os Estados Unidos possuíam 72% de todas as reservas mundiais de ouro.) O FMI fixou assim as relações básicas das principais moedas do mundo.

Apareça mais vezes. Os bons comentários são sempre bem aparecidos.

Unknown disse...

O seu problema, Sofocleto, é que tem uma obsessão avassaladora: os EUA.

Pesca aqui e ali as histórias mais disparatadas que encontra no vasto mar da web, mas fixa-se apenas naquelas que estão de acordo com a sua obsessão.
E cita, todo ufano, convencido que é um águia do caraças, que vê coisas que mais nenhum outro mortal consegue ver e que a sua missão divina é comunicar a boa nova.

Faz lembrar aqueles tolinhos que se passeiam nas ruas de New York, com cartazes pendurados no corpo, a anunciar o fim-do-mundo e a exortar os transeuntes a verem o que só eles vêm, porque têm ligação directa com o altíssimo.

Sabe,as citações descontextualizadas servem para "provar" tudo e o seu contrário.

Por exemplo, posso "provar que o cristianismo é pacífico citando Jesus
"amai-vos uns aos outros"

Mas também posso provar que não é pacífico citando Jesus
"não vim trazer a paz, mas a espada".

POr isso deixe-se de "raciocínios" primários e falaciosos, até porque aquilo que você acredita serem os "seus" raciocínios, não passam de impulsos primários, tendências mórbidas, complexos e ideias feitas.
Tudo isso amalgamado com uma profunda ignorância que lhe permite sentenciar, resolver, e condenar, com um autoritarismo e uma ferocidade que nenhuma hesitação abranda.

Anónimo disse...

Teorias da conspiração há muitas, tais como http://olidador.blogspot.com/2007/01/al-andalus.html


O Bin Laden anda por parte incerta. Quem nos vai dizendo coisas sobre o Al-Andaluz é o al-Zawahiri e o Nasrallah.

Barão da Tróia II disse...

Este mundo é um jogo, parece que só os peões, (a maioria) não o percebem. Boa semana.

Anónimo disse...

Não comungo de muitas das ideias do o-lidador, mas reconheço que o homem sabe defender e os seus pontos de vista.

Diogo disse...

Lidador,

Eu não tenho nenhuma obsessão antiamericana. Procuro apenas entender a mecânica das coisas: o que leva governos a atentarem contra os próprios cidadãos; o que leva países a invadirem outros com base em mentiras elementares; o que leva orçamentos da Defesa a disparar em direcção às estrelas sem qualquer justificação; o que leva banqueiros a apoderarem-se dos organismos de emissão de dinheiro de tantos países, aumentando e diminindo o volume de moeda em circulação a seu belo prazer e em seu benefício, etc.

Todos estes fenómenos acontecem em inúmeros países. Não há nada de antiamericano nisto, antes pelo contrário.

Deixo-lhe aqui mais uma citação descontextualizada:

"Whosoever controls the volume of money in any country is absolute master of all industry and commerce... And when you realise that the entire system is very easily controlled, one way or another, by a few powerful men at the top, you will not have to be told how periods of inflation and depression originate." - James Garfield (assasinated within weeks of release of this statement during first year of his Presidency in 1881)

Unknown disse...

”Eu não tenho nenhuma obsessão antiamericana.”
E eu também me chamo Teresa de Calcutá

“Procuro apenas entender a mecânica das coisas”
Sem sucesso, a avaliar pelas suas mirabolantes “teses”. Devia talvez ler umas coisas de História e de Teoria das Relações Internacionais, em vez de tolices de OVNIS e conspirações “sionistas”. O fast-food ideológico não lhe faz nada bem.
“o que leva governos a atentarem contra os próprios cidadãos”
O problema é sempre o mesmo: os cidadãos dos países democráticos escolhem governos maus, porque o único governo bom, que nunca iria atentar “contra os seus próprios cidadãos” seria aquele em que o Sofocleto mandasse. O Pol-Pot tinha exactamente a mesma certeza, bem como o Estaline, e qualquer borra-botas a quem se meta um microfone à frente: o Zé acha sempre que os outros são uns sacanas e que “isto” ia era se se aplicassem as suas receitas. Uma vez que há biliões de Zés, e cada um acha que a sua receita é a que lava mais branco, fazemos vénias ao Zé Sofocleto, autonomeado árbitro da universal sabedoria.
Somos todos ouvidos: que propõe? Que sejamos governados por Deuses Sofocletos?
E onde é que eles nascem?
E como os escolhemos?
E como os derrubamos?
E quem lhe disse que eu quero um Deus Sofocleto para mandar em mim?

“o que leva países a invadirem outros”
A História pode ajudá-lo a perceber: interesses, legítima defesa, antecipação, vontade de conquista, rapina, ajuda, glória, gajas, raivas, ciúmes, etc.
Tudo isto é causa de guerras desde que o sapiens despontou. E vai continuar a ser, apesar das prodigiosas “descobertas” sofocléticas, pescadas ao acaso em pueris navegações na web.

“o que leva orçamentos da Defesa a disparar em direcção às estrelas sem qualquer justificação”
E é você o supremo julgador das “justificações”?
Se eu compro uma arma, é porque acho que preciso dela. Se gasto dinheiro num alarme para o carro, é porque acho que se justifica. O que é que você tem a ver com isso? Se acha que comprei a arma para lhe dar um tiro a si, então o que acha que deve fazer para se proteger e à sua família, num mundo hobbesiano onde não haja polícia a quem recorrer?
O seu problema é de facto a História….está convencido que é olímpico, que está no culminar da História e que sabe o futuro.
Desengane-se. A civilização que o sustenta pode ruir em menos de um fósforo...basta uma catástrofe, como se viu em New Orleans, ou apenas uns chuviscos, como se viu em Paris.
A guerra e o conflito são imanentes à espécie.
A barbárie está sempre à esquina, embora você pense que a civilização é tão certa como o diário nascimento do sol. Está enganado.
O mundo é tão hobbesiano como sempre foi: canhões apontados às fronteiras uns dos outros. E quem os não tem, acaba como o saudoso pássaro dódó.
Extinto!

Anónimo disse...

Por jupiter, estas aboboras não são dignas das suas prelecções, professor lidador

xatoo disse...

foda-se!
o Lidador lê aquilo que os outros não disseram, interpreta-o consoante a sua real gana, passa bilhetes de estupido ao outro, reconhece que não deve haver limites para o livre arbitrio de escumalha nem para os instintos mais reles da espécie - e por fim, pede uma solução ao interlocutor,,,
tudo isto assente sobre uma pseudo-filosofia generalista absolutamente demagógica
é obra!
Deve ir com o Sócrates à China a ver se fica consukltor duma daquelas escolas de circo e contorcionismo

inominável disse...

muito bom post e muito boa discussão... os pontos de vista equilibram-se bem e, se querem saber, acho que deveriam discutir aquilo que vos une, e não aquilo que vos separa...

injúrias e ofensas à parte, apreciei os dois pontos de vista... como disse alguém já, O Lidador defende-se bem e sabe atacar... é assim que se combate a inacção e as ideias feitas... e o Sofocleto sabe do que fala...

gostei tanto do post como da discussão, portanto...

Flávio Gonçalves disse...

Opa, isto tem de ir directamente para o www.eco-anarquista.org

Anónimo disse...

Parece que Lidador é um dos Ourives...