domingo, fevereiro 03, 2008

The War on Terror, ou como há males que vêm por bem


Em Setembro de 2000, poucos meses antes do acesso de George W. Bush à Casa Branca, o "Project for a New American Century" (PNAC) publicou o seu projecto para a dominação global sob o título: "Reconstruindo as defesas da América" ("Rebuilding American Defenses").


O vice-secretário da Defesa Paul Wolfowitz, o vice-presidente Dick Cheney e o secretário da Defesa Donald Rumsfeld adoptaram o projecto PNAC antes das eleições presidenciais de 2000.

O PNAC esboça um roteiro da conquista. Apela à "imposição directa de bases avançadas americanas em toda a Ásia Central e no Médio Oriente" tendo em vista assegurar a dominação económica do mundo, e ao mesmo tempo estrangular qualquer potencial "rival" ou qualquer alternativa viável à visão americana de uma economia de mercado”.

O projecto do PNAC também esboça uma estrutura consistente de propaganda de guerra. Um ano antes do 11 de Setembro, o PNAC fazia apelo a "algum evento catastrófico e catalisador, como um novo Pearl Harbor", o qual serviria para galvanizar a opinião pública americana em apoio a uma agenda de guerra (pág 51)":


"Further, the process of transformation, even if it brings revolutionary change, is likely to be a long one, absent some catastrophic and catalyzing event – like a new Pearl Harbor." - «Mais ainda, o processo de transformação, mesmo que traga transformações revolucionárias, será provavelmente longo, excepto se se produzir algum evento catastrófico e catalizador – como um novo Pearl Harbor

Os arquitectos do PNAC parecem ter antecipado com cínica precisão a utilização dos ataque do 11 de Setembro como "um pretexto para a guerra".


De modo análogo, nas palavras de Zbigniew Brzezinski, no seu livro The Grand Chessboard (1997):

"... it may find it more difficult to fashion a consensus on foreign policy issues, except in the circumstances of a truly massive and widely perceived direct external threat" - "... pode considerar-se mais difícil moldar um consenso [na América] sobre questões de política externa, excepto nas circunstâncias de uma ameaça externa directa verdadeiramente maciça e amplamente percebida".

Zbigniew Brzezinski, que foi Conselheiro de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter, foi um dos arquitectos chave da rede Al-Qaeda, criada pela CIA para o assalto aos soviéticos na guerra afegã (1979-1989).


Bruce Hoffman, vice-presidente da Rand Corporation (o mais importante centro privado de pesquisas em matéria de estratégia e de organização militar em todo o mundo, e a expressão prestigiada do lobby militar-industrial americano), numa conferência publicada pela US Air Force Academy em Março de 2001 (ou seja, seis meses antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001), dirigindo-se a uma audiência de oficiais superiores da força aérea norte-americana, afirmou:

"Estamos a tentar preparar as nossas armas contra a Al-Qaeda, a organização - ou talvez o movimento - associada a Bin Laden (...) Agora, considerem que é possível fazer cair a Torre Norte sobre a Torre Sul e matar 60.000 pessoas [Now, putting aside whether it was possible to actually topple the North Tower onto the South Tower and kill 60,000 people] (...) .


Na sequência do 11 de Setembro as despesas militares dispararam, e por consequência os chorudos contratos do complexo militar-industrial. De 2001 até 2007 o orçamento americano da defesa passou de 404 mil milhões para 626 mil milhões de dólares, um aumento de 55% em seis anos. Abençoado Bin Laden!



Cujos grandes beneficiários foram:



Comentário:

O Complexo Militar-Industrial Americano, graças ao evento catastrófico e catalizador do 11 de Setembro, tem bons motivos para sorrir.

O diagrama seguinte é perfeitamente explícito: as empresas da defesa controlam as televisões, rádios, jornais e, portanto, as campanhas políticas. Estas, por sua vez, fazem eleger para presidentes, senadores e congressistas, os homens de mão da indústria da defesa. Estes agentes, por seu turno, votam sucessivos aumentos nos orçamentos da Defesa. E quando perante a opinião pública se torna impossível justificar tais aumentos em tempo de paz, organizam-se imaginativos eventos catastróficos e catalizadores:

14 comentários:

xatoo disse...

e imaginem quem tem a maior contribuição financeira das empresas do complexo industrial militar? - Hillary Clinton!
mais palavras para quê; we no need voters, neither causcus, to guess who will be the next president

ps: Diogo, gostava que comentasses o meu post sobre os espanhóis do holocausto no campo de Mathausen. Quando tiveres um minuto passa por lá, a ver se tem algum erro.

Motim disse...

Cortes de cabos submarinos: Sabotagem ao Irão?

augustoM disse...

É um paradoxo, mas a América nunca viveu tão bem como enquanto durou a Segunda Guerra Mundial. Na lógica dos impérios, a guerra é o seu principal motor, desde a defesa, a paz, até à conquista. O que se poderia dizer a este respeito.
Um abraço. Augusto

Castanheira disse...

Discurso de Eisenhower a 17 de Janeiro, 1961. -

"Nos conselhos governamentais, devemos precaver-nos contra a aquisição de uma influência ilegítima, procurada ou não, por parte do complexo militar-industrial.

Existe e continuará a existir o risco do desenvolvimento desastroso de um poder usurpado.

Nunca deveremos permitir que o peso dessa conjunção ameace as nossas liberdades ou o processo democrático. Nada devemos considerar como adquirido.

Somente uma vigilância e uma consciência cívicas poderão garantir o equilíbrio entre a influência da gigantesca maquinaria industrial e militar de defesa e os nossos métodos e objectivos pacíficos, por forma a que a segurança e a liberdade possam crescer lado a lado."

Em suma, não se precaveram.

Anónimo disse...

O mais engraçado é que eu tive em New York em Setembro de 2000. Coincidências. Garanto que não tive nada a ver com o assunto. Teorias da conspiração existem aos montes. E agora quem tem razão ? Sei é que houve pessoas que ficatam com os seus passivos liquidados. Pois a sede ficava nas twin towers.
http://extrafisico.blogspot.com

xatoo disse...

Diogo
aquele bétinho a quem estávamos a tentar elucidar acerca do "holocausto", zangou-se.
O gajo disse que "não há esquerda sem moral" - mas, se calhar, com mentiras assimiladas já pode haver,,
eh ehe heeh

Diogo disse...

Xatoo, ele não percebeu o sentido da tua frase. Soou-lhe a uma desumanidade insuportável. Não percebeu e amuou.

António de Ramalho Rijo disse...

http://malhorijo.blogspot.com/

Anónimo disse...

isto só lá vai com uma bala em cada capitalista-nazi-sionista

Anónimo disse...

És um doente muito sério, um caso patológico muito grave, numa nação com os EUA um indíviduo da tua estirpe era internado em guantanamo. Vai te foder paneleiro rasca.

Diogo disse...

Desprezogays,

Agradeço o seu comentário, a sua crítica avisada, o seu discernimento e a sua inteligência.

É sabido que os que desprezam gays têm normalmente uma faceta menos viril. Estou convencido que não será o seu caso. De qualquer forma, não lhe aconselho a carreira militar.

Anónimo disse...

não lhe aconselho a carreira militar.
...

orora, lá, dizem que há sempre umas boazonas capazes de c'um apêndice levarem ao céu o fulano mais doce e mais teso.

Anónimo disse...

Diogo, explica-mw sff, o PNAC é uma organização oficial do governo dos usa ou alguém mandato por eles?

Diogo disse...

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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O "Projeto para o Novo Século Estadunidense" ou em inglês PNAC (Project for the New American Century) é um grupo ideológico e político estabelecido em Washington D.C. Foi fundado em 1997 como uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de promocionar a "liderança mundial dos EUA".

A PNAC é uma organização polêmica. Muitos afirmam que esse projeto propõe uma dominação suprema, militar e econômica, da Terra, do espaço e do ciberespaço por parte dos Estados Unidos, assim como o estabelecimento da intervenção nos problemas mundiais.

O nome PNAC procede da expressão "O Novo Século Estadunidense", baseando-se na idéia de que o século XX tem sido o "Século Estadunidense", e que a situação deve continuar durante o século XXI. Alguns especialistas concluem que a Guerra do Iraque de 2003, con o nome chave de "Operação Liberdade Iraque", é o primeiro grande paso para a consecução desses objetivos.