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sexta-feira, agosto 03, 2012

A edificação do Estado de Israel, ou a criação de uma base militar junto das ricas jazidas petrolíferas do Oriente Médio e do estratégico Canal de Suez



A geopolítica do petróleo tem estado patente nas relações internacionais desde o início do século XX. A indústria petrolífera, a motorização de veículos terrestres e navais e a indústria aeronáutica tinham-se desenvolvido notavelmente nos EUA. As potencialidade militares destas inovações eram evidentes. A actuação das potências industriais ao longo do século XX foi fortemente determinada ou condicionada pelo acesso e controlo dos recursos de hidrocarbonetos, sobretudo o petróleo. A intervenção da Grã-Bretanha no Médio Oriente antes e após a Primeira Guerra Mundial (ocupação da Pérsia e da Mesopotâmia, protectorado do Kuwait); o desenvolvimento de frentes de batalha durante a Segunda Guerra Mundial, na Europa Oriental e no Pacífico, a progressão da presença norte-americana no Golfo Pérsico-Arábico e na Ásia Central (Arábia Saudita, Iraque, etc.), são manifestações da mesma ambição de controlar um bem económico essencial e de elevado valor militar.



Desde a Primeira Guerra Mundial, a prospecção de petróleo e o controlo das correspondentes reservas passou a ter importância estratégica. O Médio Oriente e a Ásia Central, com a bacia do Mar Cáspio e o Golfo Arábico-Persa, acabaram progressivamente por se revelar de longe como a região geográfica mais dotada em recursos petrolíferos.

Com o desencadear da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a corrida ao petróleo acelerou e todas as potências procuraram obter posições vantajosa nesse negócio. A Grã-Bretanha, que antes da Guerra já controlava o petróleo recentemente descoberto na Pérsia (Companhia Petrolífera Anglo-Persa), suspeitava que, por correlação geológica, a vizinha província da Mesopotâmia do império Otomano (Turco), seria igualmente rica em petróleo. Com o fim da Guerra e o colapso do império Otomano, a Grã-Bretanha obteve mandato da Sociedade das Nações para administrar a Pérsia, a Península Arábica e a Palestina. Pôde então determinar que a província da Mesopotâmia (actual Iraque) se tornasse um reino sob protecção britânica.

Na Conferência de Paz de Versalhes, os primeiros-ministros da Grã-Bretanha e da França, Lloyd George e Georges Clemenceau, discutiram sobre a partilha do petróleo da Mesopotâmia; mas estando a Alemanha e a Turquia derrotadas, chegaram secretamente a acordo (Acordo de San Remo, 1920), recebendo a França a parcela anteriormente detida pela Alemanha. Os EUA, por seu lado, exigiram partilhar os despojos da guerra no Médio Oriente, até que finalmente a Grã-Bretanha cedeu (Acordo da Linha Vermelha, 1928).

A existência de petróleo na Mesopotâmia era conhecido desde o princípio do século XX mas só começaria a ser explorado em 1927. A organização da sua exploração foi obra do arménio turco Calouste Gulbenkian, geólogo competente e talentoso homem de negócios, que para o efeito constituiu a Companhia Turca do Petróleo, ainda no tempo do império Otomano (em 1912), com capitais alemães e turcos, a qual não chegaria a operar, mercê do imediato inicio e das vicissitudes da guerra. Após intricadas negociações, a Companhia foi reestruturada para dar lugar à Companhia de Petróleo do Iraque (1928), agora com capitais da Shell (anglo-holandesa), BP (britânica), CFP (francesa, actualmente a Total-Fina- Elf), cada qual com 23,75%, e da Exxon e Móbil (norte-americanas) com 11, 875% cada. Gulbenkian foi premiado pelo seu trabalho com a titularidade de 5% do capital, sendo desde então conhecido por "senhor cinco por cento".




Obtendo o seu nome de Sião (Sion, Zion) que é o nome de um monte nos arredores de Jerusalém, o Sionismo é um movimento político que defende o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado Judaico.

Em 1896, o livro "Judenstaat" ("O estado judaico") de Theodor Herzl, líder do Movimento Sionista, foi traduzido para inglês. Herzl pregava que o problema do anti-semitismo só seria resolvido quando os judeus dispersos pelo mundo pudessem reunir-se e estabelecer-se num Estado nacional independente.

Fundado formalmente em 1897, o sionismo abarcava uma grande diversidade de opiniões sobre onde deveria ser fundada a nação judaica, tendo-se pensado de início estabelecê-la no Chipre, na Argentina e até no Congo, entre outros locais julgados apropriados.

A chamada diáspora judaica, ou seja a dispersão dos judeus pelo mundo, foi o principal argumento de ordem religiosa a reivindicar o estabelecimento da pátria judaica na Palestina. No entanto, o argumento da expulsão [dos judeus da Palestina], é contestado por alguns sionistas, porque que não coincide com os registros históricos que dão como certo que, muito antes das deportações romanas, a grande maioria do povo judeu já se tinha helenizado e migrado espontaneamente ou que nem sequer teria retornado à Palestina após o cativeiro na Babilónia.

A Inglaterra expressou o seu apoio ao sionismo com a Declaração de Balfour, que colocou em prática com a aquisição do mandato sobre a região por ocasião da perda dos territórios pelo Império Otomano como consequência da Primeira Guerra Mundial, dando início a um aumento substancial da migração de judeus para lá durante duas décadas até 1945, migração esta que se acentuou com a "solução final" que levou os nazis a «exterminarem mais de seis milhões de judeus» durante a Segunda Guerra Mundial sob o governo de Hitler.

A Declaração de Balfour


"Caro Lord Rothschild,

Tenho muito prazer em lhe comunicar, em nome do Governo de Sua Majestade, a seguinte declaração de concordância quanto às aspirações Sionistas Judaicas, que foi submetida e aprovada pelo Gabinete (Conselho de Ministros).

O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de uma pátria para o Povo Judeu, e envidará todos os esforços no sentido de facilitar a realização desse objectivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das colectividades não-judaicas existentes na Palestina, nem contra os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país.

Ficaria extremamente grato se encaminhasse esta declaração ao conhecimento da Federação Sionista.

Atenciosamente
Arthur James Balfour"


A Declaração de Balfour consta de uma carta escrita a 2 de novembro de 1917 pelo então ministro britânico dos Assuntos Estrangeiros, Arthur James Balfour, dirigida a Lord Rothschild comunicando-lhe o seu empenho em conceder ao povo judeu facilidades na povoamento da Palestina no caso da Inglaterra conseguir derrotar o Império Otomano, que, até então, dominava aquela região.

A França e a Itália, aliadas de Londres na Primeira Guerra Mundial ratificaram voluntariamente a Declaração de Balfour, evitando que o Oriente ficasse sob administração exclusiva do Império Britânico. Os Estados Unidos aprovaram-na somente em Agosto de 1918.

Observe-se que o objectivo primordial do sionismo, que consistia no estabelecimento de uma pátria judaica, sempre foi bem visto pelos organismos internacionais, de tal forma que a Liga das Nações (Mandato de 1922) assim como a ONU aprovaram desde logo os princípios básicos do sionismo, aliás extensível a qualquer povo da terra. Esta simpatia aumentou, e muito, após a descoberta do genocídio de judeus praticado pelos nazis alemães, sobretudo a partir de 1944, até ao final da Segunda Guerra Mundial.




Muito antes do governo de Hitler ter começado a restringir os direitos dos judeus alemães, os líderes da comunidade judia mundial declararam formalmente guerra à "Nova Alemanha" numa altura em que o Governo Americano e até mesmo os líderes judeus na Alemanha estavam a aconselhar prudência na forma de como lidar com o novo regime de Hitler.



A guerra dos líderes da comunidade internacional judia contra a Alemanha não só provocou represálias por parte do governo alemão mas também preparou o terreno para uma aliança económica e política entre o governo de Hitler e os líderes do movimento sionista que esperou que a tensão entre os alemães e os judeus conduzisse à emigração maciça dos judeus para a Palestina. Em suma, o resultado foi uma aliança táctica entre os Nazis e os fundadores do moderno estado de Israel - um facto que muitos hoje prefeririam ver esquecido.

A primavera de 1933 testemunhou o começo de um período de cooperação privada entre o governo alemão e o movimento sionista na Alemanha e na Palestina (e mundialmente) de forma a aumentar o fluxo de imigrantes judeus-alemães e dinheiro para a Palestina.

Para os líderes sionistas, a tomada do poder por Hitler ofereceu a possibilidade de um fluxo de imigrantes para a Palestina. Antes, a maioria dos judeus alemães que se identificavam como alemães tinham pouca afinidade com a causa sionista de promover o agrupamento da Judiaria mundial na Palestina. Mas os Sionistas compreenderam que só um Hitler anti-semita tinha capacidade para empurrar os judeus alemães anti-sionistas para os braços do Sionismo.

O actual lamento mundial dos partidários de Israel (já para não mencionar os próprios israelitas) sobre "o Holocausto", não ousam mencionar que tornar a situação na Alemanha insustentável para os judeus - em cooperação com Nacional Socialismo alemão - fazia parte do plano.

Este foi a génese do denominado Acordo de Transferência (Transfer Agreement), acordo negociado em 1933 entre os judeus sionistas e o governo Nazi para transferir 60 mil judeus alemães e 100 milhões de dólares para a Palestina Judaica, em troca do fim do boicote mundial judeu que ameaçava derrubar o regime de Hitler.

De acordo com historiador judeu Walter Laqueur e muitos outros, os judeus alemães estavam longe de estar convencidos de que a imigração para a Palestina era a resposta. Além disso, embora a maioria dos judeus alemães tenha recusado considerar os Sionistas como seus líderes políticos, é certo que Hitler cooperou com os Sionistas com a finalidade de implementar a solução final: a transferência em massa de judeus para o Oriente Médio.

Edwin Black, no volumoso livro «O Acordo de Transferência» (The Transfer Agreement) (Macmillan, 1984), declarou que embora a maioria dos judeus não quisesse de forma nenhuma ir para a Palestina, devido à influência do movimento sionista dentro da Alemanha Nazi a melhor forma de um judeu de sair de Alemanha era emigrando para a Palestina.

As denúncias das práticas alemãs contra os judeus para os assustar e obrigarem-nos a ir para a Palestina serviu os interesses sionistas, porque só com o advento de hostilidade alemã para com a Judiaria se poderia convencer os judeus do mundo que a imigração [para a Palestina] era o único escape.

Para todos os propósitos, o governo Nacional Socialista foi a melhor coisa que podia acontecer ao Sionismo na história, pois "provou" a muitos judeus que os europeus eram irreprimivelmente anti-judeus e que a Palestina era a única resposta: o Sionismo veio a representar a grande maioria dos judeus somente por artifício e cooperação com Adolf Hitler.


Israel, o maior e único porta-aviões americano que é impossível afundar

Nalguns aspectos claramente demarcados, o actual apoio dos Estados Unidos ao governo israelita corresponde aos interesses próprios americanos. Numa região onde o nacionalismo árabe pode ameaçar o controle de petróleo pelos americanos assim como outros interesses estratégicos, Israel tem desempenhado um papel fundamental evitando vitórias de movimentos árabes, não apenas na Palestina como também no Líbano e na Jordânia. Israel manteve a Síria, com o seu governo nacionalista que já foi aliado da União Soviética, sob controlo, e a força aérea israelita é preponderante na região.

Como foi descrito por um analista israelita durante o escândalo Irão-Contras, onde Israel teve um papel crucial como intermediário, "É como se Israel se tivesse tornado noutra agência federal [americana], uma que é conveniente utilizar quando se quer algo feito sem muito barulho." O ex-ministro de Estado americano, Alexander Haig, descreveu Israel como o maior e o único porta-aviões americano que é impossível afundar.

O alto nível continuado de ajuda dos EUA a Israel deriva menos da preocupação pela sobrevivência de Israel mas antes do desejo de que Israel continue o seu domínio político sobre os Palestinianos e que mantenha o seu domínio militar da região.

Na realidade, um Estado israelita em constante estado de guerra - tecnologicamente sofisticado e militarmente avançado, mas com uma economia dependente dos Estados Unidos, está muito mais disposto a executar operações que outros aliados considerariam inaceitáveis, do que um Estado Israelita que estivesse em paz com os seus vizinhos.

Israel recebe actualmente três mil milhões de dólares por ano em ajuda militar dos Estados Unidos.


Em suma, não obstante o sofrimento e a morte causados a um incontável número de pessoas de todas os credos e raças, um pequeno grupo de famílias que dominam há mais de um século a alta finança mundial, edificaram uma sólida base militar, sob a forma de um Estado Judaico, junto das maiores reservas energéticas do planeta e do estratégico Canal de Suez.
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sábado, setembro 11, 2010

Há males que vêm por bem...

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Faz hoje 9 anos que aconteceram os atentados do 11 de Setembro de 2001


Em Setembro de 2000, poucos meses antes do acesso de George W. Bush à Casa Branca, o "Project for a New American Century" (PNAC) publicou o seu projecto para a dominação global sob o título: "Reconstruindo as defesas da América" ("Rebuilding American Defenses").


Paul Wolfowitz, Dick Cheney e Donald Rumsfeld

O vice-secretário da Defesa Paul Wolfowitz, o vice-presidente Dick Cheney e o secretário da Defesa Donald Rumsfeld adoptaram o projecto PNAC antes das eleições presidenciais de 2000.

O PNAC esboça um roteiro da conquista. Apela à "imposição directa de bases avançadas americanas em toda a Ásia Central e no Médio Oriente" tendo em vista assegurar a dominação económica do mundo, e ao mesmo tempo estrangular qualquer potencial "rival" ou qualquer alternativa viável à visão americana de uma economia de mercado”.

O projecto do PNAC também esboça uma estrutura consistente de propaganda de guerra. Um ano antes do 11 de Setembro, o PNAC fazia apelo a "algum evento catastrófico e catalisador, como um novo Pearl Harbor", o qual serviria para galvanizar a opinião pública americana em apoio a uma agenda de guerra (pág 51)":


"Further, the process of transformation, even if it brings revolutionary change, is likely to be a long one, absent some catastrophic and catalyzing event – like a new Pearl Harbor."

«Além disso, o processo de transformação, mesmo que traga transformações revolucionárias, será provavelmente longo, excepto se se produzir algum evento catastrófico e catalizador – como um novo Pearl Harbor.»

Os arquitectos do PNAC parecem ter antecipado com cínica precisão a utilização dos ataques do 11 de Setembro como "um pretexto para a guerra".


De modo análogo, nas palavras de Zbigniew Brzezinski, no seu livro The Grand Chessboard (1997):

"... it may find it more difficult to fashion a consensus on foreign policy issues, except in the circumstances of a truly massive and widely perceived direct external threat."

"... pode considerar-se mais difícil conseguir um consenso [na América] sobre questões de política externa, a não ser nas circunstâncias de uma ameaça externa directa verdadeiramente maciça e amplamente percebida."

Zbigniew Brzezinski, que foi Conselheiro de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter, foi um dos arquitectos da rede Al-Qaeda, criada pela CIA para combater os soviéticos na guerra afegã (1979-1989).


Bruce Hoffman, vice-presidente da Rand Corporation (o mais importante centro privado de pesquisas em matéria de estratégia e de organização militar em todo o mundo, e a expressão prestigiada do lobby militar-indústrial norte-americano), numa conferência publicada pela US Air Force Academy em Março de 2001 (ou seja, seis meses antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001), dirigindo-se a uma audiência de oficiais superiores da força aérea norte-americana, afirmou:

"We try to get our arms around Al-Qaeda, the organization — or maybe the movement — associated with bin Laden (...) now, putting aside whether it was possible to actually topple the North Tower onto the South Tower and kill 60,000 people, consider the goal (...)"

"Estamos a tentar fazer um cerco à Al-Qaeda, a organização - ou talvez o movimento - associada a bin Laden (...) bom, não discutindo agora se era realmente possível fazer cair a Torre Norte sobre a Torre Sul e matar 60.000 pessoas, considerem tal objectivo (...)"


Na sequência do 11 de Setembro as despesas militares dispararam, e por consequência os chorudos contratos do complexo militar-indústrial. De 2001 até hoje, o orçamento anual americano da defesa passou de 404 mil milhões para quase 900 mil milhões de dólares, um aumento de cerca de 120% em nove anos. Abençoado Bin Laden!

O Complexo Militar-Industrial Americano, graças ao evento catastrófico e catalizador do 11 de Setembro, tem excelentes motivos para sorrir.

O diagrama seguinte é perfeitamente explícito: as empresas da defesa controlam as televisões, rádios, jornais e, portanto, as campanhas políticas. Estas, por sua vez, fazem eleger para presidentes, senadores e congressistas, os homens de mão da indústria da defesa. Estes agentes, por seu turno, votam sucessivos aumentos nos orçamentos da Defesa. E quando perante a opinião pública se torna impossível justificar tais aumentos em tempo de paz, organizam-se imaginativos eventos catastróficos e catalizadores:

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segunda-feira, janeiro 05, 2009

O Mito do «Pico Petrolífero» - O petróleo NÃO é um combustível fóssil

Visto do topo, a sonda de perfuração faz um furo até à jazida de petróleo [a preto na imagem], depois traz o petróleo para a superfície para ser refinado. Todos os geólogos ocidentais acreditaram que o petróleo é formado localmente pela decomposição de matéria orgânica [vida marinha por exemplo], que então migra para cima para a jazida, onde é aprisionado por uma camada de rocha impermeável sobreposta à jazida de petróleo ou gás que impede a migração dos fluidos. Tudo muito simples e fácil de acreditar, mas os russos provaram que os geólogos ocidentais estavam irremediavelmente enganados.

Durante os anos quarenta e cinquenta, os engenheiros de jazidas de petróleo russos aperceberam-se de que, de alguma forma, as suas jazidas se tornavam a encher a partir de baixo, não obstante não existir lá nenhuma matéria em decomposição. Tudo o que existia por baixo era granito e basalto maciços, significando que o petróleo estava a ser produzido no manto da Terra, antes de migrar lentamente entre 100 e 250 quilómetros para a jazida existente em cima.


Por Jerry Mazza

Online Journal - 29/9/2005

(Tradução minha)


«Pico Petrolífero» - É tão simples acreditar nesta ideia. O petróleo contribui grandemente para poluir o ambiente. A era industrial intensificou enormemente o seu uso. Quanto mais o usamos, mais perdemos ar puro, e até o ozono. E, portanto, quase parece uma justiça divina que estejamos quase a esgotar este chamado "combustível fóssil" num período que poderá variar entre as próximas décadas e os próximos duzentos anos, este hidrocarboneto simultaneamente maldito e abençoado que levou milhões de anos a produzir.

E, por isso, até parece que tivemos o que merecemos: uma sociedade movida a petróleo a qual, assim que o petróleo se esgotar, sofrerá aniquilações em massa da população, fome, guerra, desaceleração económica total e um regresso às cavernas. E, portanto, teremos o nosso profeta da Wilderness.com, Michael Ruppert, a predizer isto de forma constante. E o seu livro bíblico, Crossing the Rubicon, terá como subtítulo a ideia: O Declínio do Império Americano e o Fim da Era do Petróleo. Bom, não, nem por isso, de maneira nenhuma.

Para começar, o petróleo não é um combustível fóssil. Esta é uma teoria que foi avançada por cientistas do século dezoito. Passados 50 anos, cientistas alemães e franceses puseram em causa a teoria do petróleo de raízes biológicas. De facto, o petróleo é inorgânico e não o resultado de uma longa degradação de matéria biológica. E o petróleo, para o bem ou para o mal, é uma fonte de energia renovável. Tal como o carvão, e o gás natural, o petróleo torna a encher as suas jazidas a partir de fontes no manto da Terra. É esta a verdadeira e autêntica ciência do petróleo.

De facto, cientistas russos e ucranianos dos anos 50, separados dos abastecimentos de petróleo do mundo ocidental, dedicaram-se ao problema e, por volta dos anos 60, demoliram por completo a ideia de que o petróleo era um "combustível fóssil". Será então de espantar que a Rússia seja um dos maiores produtores de petróleo? O isolamento da Guerra-fria forçou a Rússia e perfurar mais fundo, literalmente, para encontrar petróleo a maiores profundidades na terra em certos lugares, e a procurar noutros lugares onde ninguém pensaria que pudesse jamais existir. Isto enquanto a América, que alegava que a produção e a descoberta de petróleo já tinha atingido o auge e iria desaparecer nas próximas décadas, se sentiu obrigada a fazer a guerra para tirar o petróleo de outros povos: Afeganistão, Iraque, Irão, a Bacia do Cáspio, Sudão, etc.

E para os outros que têm petróleo, a América tem de ameaçar militarmente como o fez na Venezuela ameaçando matar o seu presidente que não cedeu em vender todo o seu petróleo à América. E com os sauditas, tem de protegê-los dos seus próprios terroristas e de algum Saddam que possa aparecer. E a América deita-se na cama com eles desde que consiga ficar com a parte de leão do seu petróleo, e decidir quem fica com o resto. E nisto se estabelece o génio do mal, o secreto e dissimulado ‘Pico Petrolífero’.

Se o petróleo, como o carvão e o gás natural, se restabelece sozinho na natureza, se vamos provavelmente ter mais do que ter menos, como é que se pode continuar a ganhar muito dinheiro com ele? Certamente que não será oferecendo o petróleo a um preço razoável. Depois da Segunda Grande Guerra, o petróleo estava a cerca de 25 cêntimos o galão (3,78 litros) nas bombas de gasolina. Mesmo tomando em conta a espiral inflacionista, em 2005 pagava-se 3,50 dólares o galão em Nova Iorque, um preço 14 vezes maior. Uma semana depois das férias de verão (a estação de maior consumo), o petróleo baixou para os 3 dólares o galão. Muitos já devem ter reparado que o preço do petróleo sobe todos os verões, desce de preço depois do verão acabar, sobe novamente no meio do Inverno quando as contas do aquecimento disparam, e as pessoas velhas e pobres não têm dinheiro para pagar esses aumentos e começam a gelar e a morrer de frio nas suas próprias casas.

Alguém está a servir de isco aos corretores de petróleo americanos, porque o “Pico Petrolífero” é um conceito muito útil para fazer a guerra para o controlo das reservas petrolíferas. Por isso, um barril de crude pode subitamente saltar dos 20 para os 70, para os 100 dólares o barril, ou para duzentos, trezentos ou quatrocentos dólares o barril, dando, portanto, uma expansão exponencial dos lucros às companhias petrolíferas e aos fornecedores de petróleo que apreciam bastante a ideia de ter uma “procura inelástica” para a sua gasolina. O “Pico Petrolífero”, como realça o escritor Dave Mcgowan, pode até levar companhias de petróleo como a Shell a fechar instalações extremamente lucrativas, como aquela que possui em Bakersfield, na Califórnia.

A instalação de Bakersfield, como outras na Califórnia, segue a falha geológica de Santo André, que na sua linha ao logo do Estado está cheia de crude rico em petróleo e campos de gás natural, produtos de infiltração do manto da Terra, das placas tectónicas, ou como diria Dave Mcgowan, a “soltar gases” e barulho à medida que se movem. De facto, o petróleo e a família dos hidrocarbonetos são muitas vezes encontrados em vulcões e falhas geológicas, tal como o são em desertos, fissuras aquosas e bacias marinhas. O assunto deve ser desmistificado.

A verdadeira razão pela qual uma companhia como a Shell Oil encerraria uma instalação como a de Bakersfield seria para a terraplenar, para parar a sua produção, refinação e fornecimento, para fazer subir os preços do petróleo. É terrivelmente simples. E está-se a fazer hoje a mesma coisa no Iraque, terraplenando um país, para controlar e reduzir o seu fornecimento de petróleo. Nunca foi para instalar nenhuma democracia.

Ao mesmo tempo, está-se a levar o apocalipse à população iraquiana, provocando mais de um milhão de mortos, destruindo as suas infra-estruturas, água, esgotos, electricidade, jornais e televisão, hospitais, tudo. Está-se a descentralizar as cidades iraquianas, conduzindo as suas populações para o campo, ou bombardeando-os até regressarem à Idade da Pedra como os generais americanos gostam de dizer. E o Iraque, tal como o Afeganistão, é o paradigma do futuro, na forma como se afundará e destruirão países, cidades, até as americanas, como por exemplo Nova Orleães, cujo golfo é rico em petróleo, e por cujos portos passa uma larga percentagem dos fornecimentos americanos. Os criminosos políticos americanos estão a dizimar a população iraquiana para engordar os lucros dos barões do petróleo como David Rockefeller. Nas palavras de McGowan:

Os dirigentes das grandes companhias de petróleo Rockefeller deviam ir parar à cadeia por venderem de forma fraudulenta produtos com preço tabelado assim como enganarem nos impostos que pagam (devido às reduções de impostos pela ‘cota de exaustão’ que eles sabiam ser mentira). Esta história de petróleo como combustível fóssil é talvez a maior fraude dos últimos 200 anos. Uma aptidão permanente em vender petróleo inorgânico renovável fazendo-o passar por um produto artificialmente escasso, combinada com todas as ideologias necessária para vender o motivo da escassez artificial, todos os milhões que eles já fizeram e continuam a fazer com a fraude, todos os dinheiros públicos que têm roubado, etc, etc, etc.

Neste conceito de ‘Pico Petrolífero’ está o segredo do sistema para manter o mundo refém. Não que não devamos tomar medidas para não usar petróleo de forma exagerada, não que não devamos evitar a preservação, ou mesmo parar de perfurar o planeta e procurar formas orgânicas para viver. Mas agora, já que estamos aqui e existem milhares de milhões de pessoas para sustentar, não devemos permitir que um vastíssimo número dessas pessoas seja prejudicado, assassinado, maltratado, por causa de carências fingidas, economias submetidas por preços escandalosos, que as pessoas que trabalham se vejam em dificuldades para pagar o transporte para o emprego, o aquecimento das suas casas, a preparação dos alimentos e a participação numa sociedade organizada. Não devemos deixar que os monstros, os Bilderbergers, as elites e os oligarcas usem o ‘Pico Petrolífero’ e destruam o mundo.

Acreditar no ‘Pico Petrolífero’ não é um preço a pagar para evitar o custo de procurar petróleo de novas maneiras, para determinar um preço da matéria-prima justo e consistente. O custo em sangue e vidas e o futuro das nações é um preço demasiado elevado para a palermice do ‘Pico Petrolífero’. De facto, compreender que o petróleo é um recurso auto renovável coloca a agenda neoconservadora sob uma nova perspectiva. Em vez de olhar para o ‘Pico Petrolífero’ como os últimos dias de uma civilização tecnológica a perder literalmente o seu poder, devemos considerá-lo como um avanço da manipulação em direcção a um poder fascista e subjugador, ou seja: outra forma de amedrontar o mundo fazendo-o acreditar que os seus recursos estão no fim, e que devemos ser conduzidos para uma e outra guerra que deve ser travada para sobrevivermos.

E não aceitarmos a mentira, a manipulação do ‘Pico Petrolífero’, tal não significa que não procuremos novos sistemas para o desenvolvimento. Basta pôr os barões do petróleo de aviso. Tal dar-nos-á a oportunidade de unir as pessoas, de acabar com a falsa escassez, de partilhar recursos, de ter paz, de aliviar a pobreza com a abundância de recursos de hidrocarbonetos renováveis, assim como com a abundância da imaginação humana. Ou então acabaremos com outra manchete de Ruppert: «Será a China o fim do jogo?», outra obra de paranóia inútil a vender a destruição, outras operações encobertas para uma nova geração de crentes. Mais guerra, guerra sem fim, para enriquecer os que já são ricos, para empobrecer os que já são pobres. Como foi divulgado pelas Energy Information Administration e International Energy Agency: "Não existe escassez de petróleo".

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segunda-feira, setembro 01, 2008

O Hamas é uma criação da Mossad e está ao serviço de Israel

Global Research - Hassane Zerouky (2002)

(Tradução minha)


Graças à Mossad, "Instituto de Informações e Operações Especiais" de Israel (Serviços Secretos Israelitas), foi permitido ao Hamas reforçar a sua presença nos territórios ocupados. Entretanto, o Movimento Fatah de Libertação Nacional da Palestina de Arafat assim como a esquerda Palestiniana foram sujeitos à mais brutal forma de repressão e intimidação.

Não esqueçamos que foi Israel que de facto criou o Hamas. Segundo Zeev Sternell, historiador da Universidade Hebraica de Jerusalém, "Israel pensou que era uma táctica astuciosa para empurrar os islamistas contra a Organização de Libertação da Palestina (OLP). "

Ahmed Yassin, o líder espiritual do movimento islamista na Palestina, ao regressar do Cairo nos anos setenta, fundou uma associação de caridade islâmica. A Primeira Ministra de Israel, Golda Meir, viu nisto uma oportunidade para contrabalançar o crescimento do movimento Fatah de Arafat. Segundo o semanário israelita Koteret Rashit (Outubro de 1987), "As associações islâmicas tal como a universidade foram apoiadas e encorajadas pela autoridade militar israelita" responsável pela administração civil da Cisjordânia [West Bank] e pela Faixa de Gaza. "As associações islâmicas e a universidade foram autorizadas a receber dinheiro do estrangeiro."

Os islamistas organizaram orfanatos e clínicas de saúde, bem como uma rede de escolas, fábricas que criaram emprego para mulheres bem como um sistema de ajuda financeira aos mais pobres. E em 1978, criaram uma "Universidade Islâmica" em Gaza. "A autoridade militar israelita estava convencida que estas actividades iriam enfraquecer tanto a OLP como a organizações esquerdistas em Gaza." Nos finais de 1992, existiam seiscentas mesquitas em Gaza. Graças à Mossad israelita, foi permitido aos islamistas reforçarem a sua presença nos territórios ocupados. Entretanto, os membros da Fatah (Movimento para a Libertação Nacional da Palestina) e a esquerda palestiniana foram sujeitas às mais brutais formas de repressão.

Em 1984, Ahmed Yassin foi preso e condenado a doze anos de prisão, depois da descoberta de um depósito de armas escondido. Mas um ano depois, foi colocado em liberdade e retomou as suas actividades. E quando a Intifada (insurreição) começou, em Outubro de 1978, que apanhou os islamistas de surpresa, o Xeque Ahmed Yassin respondeu criando o Hamas (O Movimento de Resistência Islâmico): "Deus é o nosso princípio, o Profeta o nosso modelo, o Corão a nossa constituição", declara o artigo 7 dos estatutos da organização.

Ahmed Yassin estava na prisão quando os acordos de Oslo (Declaração de Princípios de um Governo Interino) foram assinados em Setembro de 1993. O Hamas rejeitou os acordos completamente. Mas nesse tempo, 70 % dos palestinianos condenaram os ataques aos civis israelitas. Ahmed Yassin fez tudo quanto estava ao seu alcance para sabotar os acordos de Oslo. Ainda antes da morte do Primeiro Ministro israelita Yitzhak Rabin (1995), Yassin tinha o suporte do governo israelita. Yassin estava muito relutante em implementar os acordos de paz.

O Hamas lançou então uma campanha de ataques contra civis israelitas, um dia antes do encontro entre os negociadores palestinianos e israelitas, relativamente ao reconhecimento formal por Israel do Concelho Nacional Palestiniano. Estes acontecimentos contribuíram largamente para a formação para a formação do governo israelita de direita que se seguiu às eleições israelitas de Maio de 1996.

Inesperadamente, o Primeiro Ministro Netanyahu deu ordens para que o Xeque Ahmed Yassin fosse libertado da prisão ("por motivos humanitários") onde estava a cumprir uma pena de prisão perpétua. Entretanto, Netanyahu, com o Presidente Clinton exerciam pressão sobre Arafat para controlar o Hamas. Na realidade, Netanyahu sabia que podia contar, mais uma vez, com os islamistas para sabotarem os acordos de Oslo. Pior ainda: depois de ter expulso Ahmed Yassin para a Jordânia, o Primeiro Ministro Netanyahu permitiu o seu regresso a Gaza, onde foi recebido triunfalmente como um herói em Outubro de 1997.

Arafat estava impotente face a estes acontecimentos. Mais ainda, como tinha apoiado Saddam Hussein durante a Guerra do Golfo de 1991, (enquanto o Hamas prudentemente se absteve de tomar posição), os Estados do Golfo decidiram cortar o financiamento à Autoridade Palestiniana. Entretanto, entre Fevereiro e Abril de 1998, O Xeque Ahmad Yassin foi capaz de recolher centenas de milhões de dólares, desses mesmos países. Diz-se que o orçamento do Hamas era maior do que o da Autoridade Palestiniana. Estas novas fontes de financiamento permitiram aos islamistas continuar efectivamente as suas actividades caritativas. Estima-se que cada um em três palestinianos recebe ajuda financeira do Hamas. E neste aspecto, Israel não fez nada para travar o fluxo de dinheiro para os territórios ocupados.

O Hamas conseguiu tornar-se forte através dos seus vários actos de sabotagem do processo de paz, de uma forma que era compatível com os interesses do governo israelita. Por seu lado, este último procurou de várias formas impedir a aplicação dos acordos de Oslo. Por outras palavras, o Hamas estava a cumprir as funções para as quais foi originariamente criado: impedir a criação de um Estado palestiniano. E sobre isto, o Hamas e Ariel Sharon, estão absolutamente de acordo; estão exactamente no mesmo comprimento de onda.


Israel, o maior e único porta-aviões americano que é impossível afundar

Nalguns aspectos claramente demarcados, o actual apoio dos Estados Unidos ao governo israelita corresponde aos interesses próprios americanos. Numa região onde o nacionalismo árabe pode ameaçar o controle de petróleo pelos americanos assim como outros interesses estratégicos, Israel tem desempenhado um papel fundamental evitando vitórias de movimentos árabes, não apenas na Palestina como também no Líbano e na Jordânia. Israel manteve a Síria, com o seu governo nacionalista que já foi aliado da União Soviética, sob controlo, e a força aérea israelita é preponderante na região.

Como foi descrito por um analista israelita durante o escândalo Irão-Contras, onde Israel teve um papel crucial como intermediário, "É como se Israel se tivesse tornado noutra agência federal [americana], uma que é conveniente utilizar quando se quer algo feito sem muito barulho."

O ex-ministro de Estado americano, Alexander Haig, descreveu Israel como o maior e o único porta-aviões americano que é impossível afundar.

O alto nível continuado de ajuda dos EUA a Israel deriva menos da preocupação pela sobrevivência de Israel mas antes do desejo de que Israel continue o seu domínio político sobre os Palestinianos e que mantenha o seu domínio militar da região.

Na realidade, um Estado israelita em constante pé de guerra - tecnologicamente sofisticado e militarmente avançado, mas com uma economia dependente dos Estados Unidos - está muito mais disposto a executar operações que outros aliados considerariam inaceitáveis, do que um Estado Israelita que estivesse em paz com os seus vizinhos.

Israel recebe actualmente três mil milhões de dólares por ano em ajuda militar dos Estados Unidos.
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segunda-feira, março 31, 2008

Richard Perle - Não há fases. Isto é guerra total



Richard N. Perle é um conselheiro político e lobista americano que trabalhou para a Administração Reagan como assistente do ministro da Defesa e, também, no Conselho do Comité Consultivo da Política da Defesa [Defense Policy Board Advisory Committee] de 1987 a 2004. Foi igualmente Presidente desse Conselho de 2001 a 2003 sob a Administração Bush.

O jornalista John Pilger entrevistou Richard Perle em 1987, quando este era conselheiro do presidente Reagan e falava sobre guerra total. Nessa altura, Pilger pensou que ele era louco. Recentemente Perle usou novamente esse termo sobre a «guerra ao terrorismo»

Richard Perle, presidente do Conselho do Comité Consultivo da Política de Defesa do Pentágono, comentou, em finais de 2002, os planos da administração Bush na guerra ao terrorismo:

- «Não há fases. Isto é guerra total. Estamos a lutar contra uma série de inimigos. São imensos. Esta conversa toda acerca de irmos primeiro tratar do Afeganistão, depois, do Iraque, de seguida olharmos em volta e vermos em que pé estão as coisas. Esta é a maneira mais errada de fazer as coisas... se deixarmos a nossa visão do mundo ir para a frente, se nos dedicarmos totalmente a ela, e se deixarmos de nos preocupar em praticar diplomacia elegante, mas simplesmente desencadearmos uma guerra total... daqui a uns anos os nossos filhos cantarão hinos em nosso louvor.»
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quarta-feira, fevereiro 20, 2008

A História Secreta do Sionismo


Ralph Schoenman
: Se a colonização da palestina tem sido caracterizada por uma série de depredações, devemos examinar a atitude do movimento Sionista não apenas contra as vítimas palestinianas mas também contra os próprios judeus.


A perfídia Sionista – a traição das vítimas do Holocausto – foi o culminar da tentativa de identificar os interesses dos judeus com aqueles da ordem estabelecida. Hoje, os Sionistas juntam o seu estado ao braço do imperialismo norte-americano – desde os esquadrões da morte na América Latina às operações secretas da CIA nos quatro continentes.

Esta história sórdida tem origem na desmoralização dos fundadores do Sionismo, que rejeitaram a possibilidade de ultrapassar o anti-semitismo através da luta popular e revolução social. Moses Hess, Theodor Herzl e Chaim Weizmann escolheram o lugar errado da barricada – o do poder do estado, da dominação de classe e da regra exploradora. Propuseram uma disjunção putativa entre emancipação da perseguição e a necessidade de mudança social. A total compreensão de que o cultivo do anti-semitismo e a perseguição dos judeus eram o trabalho da mesma classe dominante a quem eles bajulavam e pediam favores.

Ao procurarem eles próprios o patrocínio dos anti-semitas, revelaram vários motivos: o culto do poder ao qual associam força: um desejo de acabar com a "fraqueza" e vulnerabilidade judaica, deixando de ser os eternos intrusos.

Esta sensibilidade foi um curto passo para a assimilação de valores e ideias dos que odiavam os judeus. Os judeus, escreveram os Sionistas, eram na verdade indisciplinados, subversivos, gente dissidente e merecedores do desprezo que receberam. Os Sionistas alimentaram desavergonhadamente o racismo dos que odiavam os judeus. Venerando o poder, apelaram ao desejo anti-semita de von Plehves e de Himmler de se verem livres de um povo vítima, há muito radicalizados pela perseguição, um povo que encheu as fileiras dos movimentos revolucionários e cujo sofrimento conduziu as suas melhores mentes para a ofensiva intelectual contra os valores estabelecidos.

O sujo segredo da história Sionista é que o Sionismo foi ameaçado pelos judeus. Defender o povo judeu das perseguições significou organizar resistência contra os regimes que os ameaçavam. Mas estes regimes incorporavam a ordem imperial que abrangia a única força social com vontade ou apta a impor uma colónia estrangeira sobre o povo palestiniano. Portanto, os Sionista precisaram de perseguir os judeus para persuadi-los a serem colonizadores numa terra distante, e precisavam de perseguidores que patrocinassem a iniciativa.

Mas os judeus europeus nunca manifestaram qualquer interesse em colonizar a Palestina. O Sionismo foi sempre um movimento marginal entre os judeus, os quais aspiravam a viver nos países de nascimento livres de descriminação ou escapar às perseguições emigrando para democracias burguesas vistas como mais tolerantes.

O Sionismo, portanto, nunca pôde responder às necessidades ou aspirações dos judeus. O momento da verdade chegou quando a perseguição deu lugar à exterminação física. Em face do maior e único teste da sua relação com a sobrevivência judaica, os Sionistas não somente falharam em liderar a resistência ou defender os judeus, mas sabotaram activamente os esforços judaicos para sabotar a economia nazi. Eles procuraram, mais ainda, a responsabilidade dos assassínios em massa, não somente porque o Terceiro Reich parecia suficientemente poderoso para impor uma colónia Sionista, mas porque as práticas nazis estavam em consonância com as concepções Sionistas.

Existia um denominador comum entre os nazis e os Sionistas, expressa não apenas na proposta na Organização Militar Nacional (NMO) de Shamir para formar um estado na Palestina numa "base nacional totalitária". Vladimir Jabotinsky, no seu ultimo trabalho, «A Frente de Guerra Judaica» (1940), escreveu acerca dos seus planos para o povo palestiniano:

"Visto que temos esta grande autoridade moral para encarar calmamente o êxodo dos árabes, não precisamos de observar a possível partida de 900.000 com horror. Herr Hitler tem recentemente promovido a popularidade de transferência de população." [Brenner, The Iron Wall, p.107]

A extraordinária declaração de Vladimir Jabotinsky em «A Frente de Guerra Judaica» sintetiza o pensamento Sionista e a sua falência moral. O massacre dos judeus forneceu ao sionismo "grande autoridade moral". Para quê? - "para encarar calmamente o êxodo dos árabes." A lição da destruição dos judeus pelos nazis foi que era permissível agora aos Sionistas submeter ao mesmo destino a inteira população palestiniana.

Sete anos depois, os Sionistas seguiram os passos dos nazis, cujo apoio procuraram e às vezes conseguiram, e cobriram a sangria na Palestina com múltiplos Lidices (Lídice é uma pequena cidade da antiga Checoslováquia, que foi totalmente destruída e a grande maioria de seus habitantes assassinados pelos alemães como vingança pela morte de seu comandante, o SS nazi, Reinhard Heydrich), conduzindo 800.000 pessoas para o exílio.

Os Sionistas aproximaram-se dos nazis no mesmo espírito de Von Plehve, agindo com a noção perversa de que o ódio aos judeus era útil. O seu objectivo não era salvar, mas forçar a conscrição de alguns seleccionados (para a Palestina) – e os restantes abandonados à sua sorte agonizante.

Os Sionistas quiseram pessoas para colonizar a Palestina e preferiram cadáveres judeus aos milhões do que qualquer salvamento que pudesse instalar os judeus em qualquer outro lado.

Se alguma vez se esperar que um povo possa entender o sentido da perseguição, o sofrimento de ser refugiado perpétuo e a humilhação da calúnia, esse povo só pode ser o judeu.

Em lugar da misericórdia, os Sionistas celebraram a perseguição de outros, ao mesmo tempo que primeiro traíram os judeus e depois os humilharam. Seleccionaram as vítimas do seu próprio povo às quais infligiram um propósito de conquista. Colocaram os judeus sobreviventes face a um novo genocídio contra o povo palestiniano, escondendo-se a si próprios, com selvagem ironia, na mortalha colectiva do Holocausto.




Comentário:

Em suma, não obstante o sofrimento e a morte causados a um incontável número de pessoas de todas os credos e raças, um pequeno grupo de famílias: Rothschild, Rockefeller, Morgan, Montagu, Harriman, Kuhn, Loeb, Warburg, Lehman, Schiff, Pyne, Sterling, Stillman, Lazard, etc, que dominam há mais de um século a alta finança mundial, edificaram uma sólida base militar, na forma de um Estado Judaico, junto das maiores reservas energéticas do planeta.
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domingo, fevereiro 10, 2008

Bin Laden, a Exxon e o petróleo a 100 dólares o barril

Bin Laden quis barril de petróleo a 100 dólares

Em finais de 2004, o Jerusalem Center for Public Affairs divulgava o conteúdo de uma cassete de Osama bin Laden, onde este terrorista dava claras intenções de golpear as economias ocidentais fazendo disparar os preços do petróleo:


Jerusalem Center for Public Affairs: «A 15 de Dezembro de 2004, numa gravação áudio, Osama bin Laden afirmou "os preços do petróleo deviam estar pelo menos a 100 dólares o barril," e apelou aos militantes do Golfo Pérsico para que fizessem um esforço para evitar que o Ocidente recebesse petróleo árabe, atacando instalações petrolíferas em toda a região. Esta foi a primeira vez que a liderança da Al-Qaeda divulgou abertamente a sua estratégia de atingir a economia ocidental desorganizando os abastecimentos de petróleo e fazendo os preços dispararem. No dia seguinte, no NYMEX (bolsa de petróleo de Nova Iorque), o crude subiu 5% para 46.28 dólares o barril.»


TRÊS ANOS DEPOIS

A 2 de Janeiro de 2008, a BBC noticiou a realização do «sonho de Osama bin Laden»: o barril de petróleo, tal como o líder terrorista previra três anos antes, chegara finalmente aos 100 dólares o barril:



Mas, como diz o ditado: «não há mal que bem não traga». Paradoxalmente, o terrorismo de Osama bin Laden trouxe lucros descomunais às quatro grandes irmãs do petróleo - Exxon, Chevron, BP e Shell. Vejamos, em particular, o caso da Exxon:


«Exxon bate recorde de lucros»:

«Nova Iorque (CNNMoney.com) – a Exxon Mobil fez história na Sexta-Feira reportando os maiores lucros trimestrais e anuais de sempre de uma companhia norte-americana, aumentados em grande parte pela subida dos preços do crude.»

«A Exxon, a muito publicitada maior empresa comercial de petróleo do mundo, informou que os resultados líquidos do quarto trimestre de 2007 aumentaram 14%, para 11,66 mil milhões de dólares, ou 2,13 dólares por acção. A companhia ganhou 10,25 mil milhões de dólares, ou 1,76 dólares por acção no período de um ano (2007).»

«O lucro ultrapassou o prévio recorde trimestral da Exxon de 10,7 mil milhões de dólares, alcançado no quarto trimestre de 2005, que foi também o maior de sempre de uma empresa americana.»

«"A Exxon pode distribuir alguns valores espantosos e este é um desses casos," afirmou Jason Gammel, analista sénior da Macquarie Securities de Nova Iorque.»

«A Exxon alcançou também um recorde anual de lucros ganhando 40,61 mil milhões de dólares no ano passado – ou cerca de 1300 dólares por segundo em 2007. Isto excedeu o anterior recorde de 39,5 mil milhões de dólares em 2006.»



Comentário:

Se bem que o terrorismo global, e sobretudo a partir dos funestos atentados de Setembro de 2001, se tenha revelado em muitos aspectos uma tragédia para o Ocidente, certos nichos económicos, mormente as indústrias americanas do armamento e do petróleo, dificilmente terão razões de queixa:

domingo, fevereiro 03, 2008

The War on Terror, ou como há males que vêm por bem


Em Setembro de 2000, poucos meses antes do acesso de George W. Bush à Casa Branca, o "Project for a New American Century" (PNAC) publicou o seu projecto para a dominação global sob o título: "Reconstruindo as defesas da América" ("Rebuilding American Defenses").


O vice-secretário da Defesa Paul Wolfowitz, o vice-presidente Dick Cheney e o secretário da Defesa Donald Rumsfeld adoptaram o projecto PNAC antes das eleições presidenciais de 2000.

O PNAC esboça um roteiro da conquista. Apela à "imposição directa de bases avançadas americanas em toda a Ásia Central e no Médio Oriente" tendo em vista assegurar a dominação económica do mundo, e ao mesmo tempo estrangular qualquer potencial "rival" ou qualquer alternativa viável à visão americana de uma economia de mercado”.

O projecto do PNAC também esboça uma estrutura consistente de propaganda de guerra. Um ano antes do 11 de Setembro, o PNAC fazia apelo a "algum evento catastrófico e catalisador, como um novo Pearl Harbor", o qual serviria para galvanizar a opinião pública americana em apoio a uma agenda de guerra (pág 51)":


"Further, the process of transformation, even if it brings revolutionary change, is likely to be a long one, absent some catastrophic and catalyzing event – like a new Pearl Harbor." - «Mais ainda, o processo de transformação, mesmo que traga transformações revolucionárias, será provavelmente longo, excepto se se produzir algum evento catastrófico e catalizador – como um novo Pearl Harbor

Os arquitectos do PNAC parecem ter antecipado com cínica precisão a utilização dos ataque do 11 de Setembro como "um pretexto para a guerra".


De modo análogo, nas palavras de Zbigniew Brzezinski, no seu livro The Grand Chessboard (1997):

"... it may find it more difficult to fashion a consensus on foreign policy issues, except in the circumstances of a truly massive and widely perceived direct external threat" - "... pode considerar-se mais difícil moldar um consenso [na América] sobre questões de política externa, excepto nas circunstâncias de uma ameaça externa directa verdadeiramente maciça e amplamente percebida".

Zbigniew Brzezinski, que foi Conselheiro de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter, foi um dos arquitectos chave da rede Al-Qaeda, criada pela CIA para o assalto aos soviéticos na guerra afegã (1979-1989).


Bruce Hoffman, vice-presidente da Rand Corporation (o mais importante centro privado de pesquisas em matéria de estratégia e de organização militar em todo o mundo, e a expressão prestigiada do lobby militar-industrial americano), numa conferência publicada pela US Air Force Academy em Março de 2001 (ou seja, seis meses antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001), dirigindo-se a uma audiência de oficiais superiores da força aérea norte-americana, afirmou:

"Estamos a tentar preparar as nossas armas contra a Al-Qaeda, a organização - ou talvez o movimento - associada a Bin Laden (...) Agora, considerem que é possível fazer cair a Torre Norte sobre a Torre Sul e matar 60.000 pessoas [Now, putting aside whether it was possible to actually topple the North Tower onto the South Tower and kill 60,000 people] (...) .


Na sequência do 11 de Setembro as despesas militares dispararam, e por consequência os chorudos contratos do complexo militar-industrial. De 2001 até 2007 o orçamento americano da defesa passou de 404 mil milhões para 626 mil milhões de dólares, um aumento de 55% em seis anos. Abençoado Bin Laden!



Cujos grandes beneficiários foram:



Comentário:

O Complexo Militar-Industrial Americano, graças ao evento catastrófico e catalizador do 11 de Setembro, tem bons motivos para sorrir.

O diagrama seguinte é perfeitamente explícito: as empresas da defesa controlam as televisões, rádios, jornais e, portanto, as campanhas políticas. Estas, por sua vez, fazem eleger para presidentes, senadores e congressistas, os homens de mão da indústria da defesa. Estes agentes, por seu turno, votam sucessivos aumentos nos orçamentos da Defesa. E quando perante a opinião pública se torna impossível justificar tais aumentos em tempo de paz, organizam-se imaginativos eventos catastróficos e catalizadores:

sábado, dezembro 29, 2007

Dois palhaços da SIC Notícias ridicularizados por um humorista dos Monty Python


A dupla Buxa e Estica, da SIC Notícias (Martim Cabral - Nuno Rogeiro), entrevistou o humorista dos Monty Python, Terry Jones, no programa "Sociedade das Nações".

Martim Cabral e Nuno Rogeiro, os grandes arautos da "Guerra ao Terrorismo" na SIC, trouxeram à baila, evidentemente, a intolerância religiosa islâmica, o Iraque, o 11 de Setembro e o terrorismo em geral.

Terry Jones, de sorriso no lábios, explicou-lhes, candidamente, que a "Guerra ao Terrorismo" constitui um excelente negócio para a indústria do armamento, e que certos governos fazem dela um motivo para criar o caos no Médio Oriente, para que haja um estado permanente de guerra. Contou-lhes, ainda, que Bush é um presidente patético ao serviço das grandes empresas do armamento.

A SIC Notícias passou, prudentemente, esta entrevista às 20:10 (à hora dos telejornais) do dia 28/12/2007, e às 3:30 da madrugada do dia 29/12/2007, porque, como afirma Alcides Vieira, Director de Informação da SIC, este canal o que pretende é que "quando um telespectador olha para a informação da SIC, veja que todos os jornalistas que aparecerem no ecrã estão a falar verdade e não estão ao serviço de um interesse. Porque essa é uma marca da SIC."



Os principais momentos da entrevista a Terry Jones:

Terry Jones: Quando fizemos "A Vida de Brian" lembro-me de ter dito ao resto da equipa: "Sabem que isto pode ser muito perigoso. Podemos ter um fanático religioso a fazer de nós alvos." E eles responderam: "Não há problema." Mesmo nessa altura em 1978, achei que seria uma área potencialmente perigosa de abordar. Mas acho que não hesitava em retratar a vida de Maomé.


Martim Cabral: Acha que alguém o apoiaria? Não acha que existe uma atmosfera internacional em que ninguém considera sequer fazer este tipo de paródia, especialmente se recordarmos os problemas que houve devido aos cartoons de uma revista norueguesa?

Terry Jones: Sim, seria quase impossível obter apoio, mas não pensei em fazer isso. Não vejo o Islão como a grande fonte do Mal, como as pessoas dizem e como Bush quer fazer parecer. Em 1998… Não, em 1990, antes da primeira Guerra do Golfo, li uma revista interna da indústria do armamento, chamada "Weapons Today", que tinha grandes caças na capa. Era uma revista interna da industria do armamento e o editor-chefe escreveu: "Graças a Deus que Saddam existe." O editorial dizia que, com a queda do comunismo, o sector do armamento estava a atravessar uma crise. Não havia encomendas. "Mas agora temos um inimigo ao qual ninguém põe objecções, que é Saddam Hussein." Depois o editorial sugeria: "No futuro, podemos esperar que o Islão substitua o comunismo, porque haverá mais encomendas de armas." E podem apostar que, desde 1990, o sector do armamento tem promovido um conflito entre o Cristianismo e o Islão e é isso que temos visto desde então.


Martim Cabral: Já não é divertido nem legítimo fazer sátiras sobre religião, no ambiente em que vivemos actualmente.

Terry Jones: Concordo, mas não sei se esta situação se deve ao Islão ou à nossa indústria do armamento, que atiça e provoca o Islão.


Rogeiro: É curioso porque Chesterton, que era católico, comentou: "A superioridade de uma religião reflecte-se no facto de podermos satirizar com ela." Se pudermos gozar com ela, então, é uma religião superior.

Terry Jones: É um bom argumento para o Catolicismo.


Rogeiro: O que o irrita mais na conjuntura mundial actual? Sei que a questão do Iraque é algo que lhe custa a digerir.

Terry Jones: Sim, acho que o Iraque é o verdadeiro… Antes de invadirem o Iraque… A reacção ao 11 de Setembro foi completamente estúpida.


Rogeiro: O que significou, para si, o 11 de Setembro?

Terry Jones: Para mim, o 11 de Setembro resumiu-se a umas quantas pessoas que desviaram uns aviões para... Acho que o 11 de Setembro teve origem devido à situação no Médio Oriente com a Palestina, aquilo que os israelitas estão a fazer à Palestina, com a protecção e o aval dos Estados Unidos. O 11 de Setembro resumiu-se a isso. Claro que foi uma oportunidade imperdível para que os neo-conservadores norte-americanos transformassem isso numa cruzada contra o Islão.


Martim Cabral: Se fosse presidente dos Estados Unidos, como reagiria a um ataque como o das Torres Gémeas? O que faria? Como reagiria?

Terry Jones: Quando se é um presidente patético ao serviço das grandes empresas e do sector do armamento transformamos isso em algo politicamente vantajoso e fazemos disso um motivo para criar o caos no Médio Oriente, para que haja um estado permanente de guerra. Cria-se um estado permanente de guerra contra o "terror". É uma guerra que nunca pode ser vencida.


Martim Cabral: Mas o que faria? Imagine que está na Casa Branca.

Terry Jones: Foi um acto criminoso. Não podíamos apanhar os culpados porque estavam mortos. Tinha de haver operações secretas para descobrir os mentores. Não se fazem anúncios públicos, do género: "Achamos que estão escondidos no Afeganistão. Vamos bombardear-vos daqui a três semanas, está bem?" Isso dá à Al-Qaeda tempo suficiente para sair do Afeganistão e ir para outro local. Só então é que se bombardeia o Afeganistão.


Rogeiro: Escreveu no "The Guardian" que a gramática é vítima da guerra, penso eu, e defende que é impossível combater algo abstracto.

Terry Jones: Sim, na guerra contra o terror, estamos a enfrentar um substantivo abstracto.


Rogeiro: O terrorismo, além de ser abstracto, é algo muito concreto que mutila pessoas, que destrói vidas e cidades.

Terry Jones: Mas precisamos de um inimigo. Não podemos combater um conceito abstracto. É impossível combater o terrorismo. É como a luta contra a droga. É um conceito abstracto. Temos de saber quem vamos enfrentar. Temos de descobrir quem está por detrás disso para depois os capturar. Não se anuncia ao mundo onde estão os suspeitos para depois bombardear esses locais e criar ainda mais animosidade contra nós. É essa a intenção. A ideia não é salvar o Iraque, mas sim criar animosidade contra o Ocidente, para que haja um estado permanente de guerra.


Rogeiro: Porque acha que os britânicos reelegeram Tony Blair, depois de ele se ter envolvido na questão do Iraque?

Terry Jones: Porque reelegeram Tony Blair? Não faço ideia. Há muita… Até sei, mas não devia dizer isto. Acho que muita gente rema conforme a maré. Não sei.


Martim Cabral: Correndo o risco de sermos os três alvos de uma fatwa, não acha que Osama bin Laden seria uma personagem ideal para os Monty Pyton? Seria impossível inventar uma personagem como ele.


Terry Jones: Acho que ele (Osama bin Laden) deve ter sido influenciado pelos Monty Python.



A entrevista completa a Terry Jones, aqui: