quarta-feira, outubro 01, 2008

Na sequência do conflito na Geórgia, Portugal deixa um claro aviso a Moscovo



Miguel Sousa Tavares

Expresso 20/09/2008

Consta que vamos mandar três polícias para a Geórgia. Não vão para dirigir o trânsito nem caçar multas por excesso de velocidade: vão, por mais ridículo que isto seja, para mostrar o nosso compromisso para com o objectivo da NATO de conter o “expansionismo russo” no Cáucaso. Ora, recapitulemos:

- a Geórgia é um dos países que se separaram da órbita da ex-URSS e que, em decorrência da perigosa estratégia de cerco à Rússia, logo recebeu a ajuda do imbecil do Bush para se tornar um satélite dos Estados Unidos, sob uma das três modalidades habitualmente propostas: receber mísseis americanos, aderir à NATO ou ser declarada protegida desta;

- entretanto, o novo país instalou-se sobre um poder formado por seitas mafiosas, totalmente corruptas e criminosas, autêntico paradigma do que é suposto não serem os “valores morais” do Ocidente;

- do novo país fazem parte as regiões autónomas da Abkhazia e Ossétia do Sul, de maioria russa, e que ficaram como enclaves da Geórgia, da mesma forma que o Kosovo, de maioria albanesa, ficou como enclave da Sérvia;

- quando, há meses, os Estados Unidos, a NATO e a UE promoveram a irresponsável declaração de independência unilateral do Kosovo, contra a ONU e com o único fundamento de que a maioria da sua população não era sérvia, Moscovo avisou que estavam a abrir uma caixa de Pandora e todos perceberam que sim e, todavia, foram em frente;

- escorada na protecção dos Estados Unidos e da NATO, a Geórgia resolveu romper o «statu quo» e forçar a anexação pela força das suas zonas russófonas: invadiu a Ossétia, matou indiscriminadamente, bombardeou, destruiu, provocou centenas de milhares ou milhões de refugiados: uma forma muito estranha de tratar o ‘seu povo’. Mas os EUA, a NATO, a UE, mantiveram-se calados. E só reagiram quando Moscovo enviou o Exército em defesa das populações russas e, obviamente, a seguir passou a promover a declaração de independência de ambas as regiões - tal qual como o Kosovo fez. Então, sim, as boas e idiotas almas que nos governam desataram a gritar: ‘Socorro, que o urso está de volta!’.


Comentário:

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, defendeu, em Bruxelas, que a NATO deve definir uma posição «firme», sem «agressividade», sobre a crise entre a Rússia e a Geórgia.

Para já, o ministro Luís Amado, parece, ele próprio, mais apostado numa atitude inerte, desengonçada e, aparentemente, desarticulada. Dir-se-ia preso por arames...

11 comentários:

J. Lopes disse...

A Geórgia acusou a Rússia de armar e treinar os rebeldes ossetas. Quando os americanos e grande parte da Europa reconheceram a independência do Kosovo, o governo russo em retaliação, ameaçou reconhecer a independência de duas regiões separatistas da Geórgia: a Abcásia e Ossétia do Norte.

xatoo disse...

uns policias no cravo, umas empresas de construção na ferradura!
ali ao lado, na estância balnear de Sochi (a menos de 20km da fronteira da Abecazia com a Russia) um grupo português anda a investir milhões num mega-empreendimento turístico.
a malta perde tempo com estes futebóis (de quem "apoia quem) mas os diversos poderes interpenetram-se e jogam numa multiplicidade de tabuleiros

Ana Camarra disse...

Pois que hei-de eu escrever, tudo isso me mete um profundo nojo....

beijos

Diogo disse...

Xatoo: «a malta perde tempo com estes futebóis (de quem "apoia quem) mas os diversos poderes interpenetram-se e jogam numa multiplicidade de tabuleiros»


Também sei disso. O petróleo ainda é a força mais importante destas interpenetrações. Tudo fogos fátuos mas que fazem milhares de vítimas. Essas, bem verdadeiras.

alf disse...

pois eu cá acho que o governo português esteve muito bem em não reconhecer o Kosovo e também na questão da Geórgia. Até me surpreendeu. Além de que mandar três portugueses para lá chega perfeitamente, sabem bem o que os portugueses valem rsrsrs.. A sério, acho que foi uma decisão acertada, não é preciso «gritar» para marcar claramente uma opinião. Vocês o que fariam?

xatoo disse...

o "governo" português não reconheceu o Kosovo por uma mera questão de cinismo e hipocrisia: na verdade nem é um problema que diga respeito ao "governo" mas ao comandante supremo das Forças Armadas e/ou a sua excelência o PR que desde há muito estão envolvidos no negócio de envio de tropas, desde os bombardeamentos da NATO e o desmembramento da ex-Jugoslávia.
Eu fico abismado Alf com a pueril inocência de certos cmentários

alf disse...

xatoo, eu sou um ET!! Ando aqui apenas a ver se percebo os humanos!

Mas afinal, o que deveria o governo ter feito para merecer a sua aprovação? A ver se entendo...

Anónimo disse...

Pior de tudo é que o Vitorino, num programa coisa Revista da Imprensa, disse que a Rússia cometeu um erro tremendo, aliás dois, e ele, Vitorino, é que não vai salvá-la. Ai, imprescindível na economia, na política e senso deste pobre mundo, vá que ainda não o ouvindo nós sabemos que aí vela, ao lado, agora quem não o tem por seguro, que pode fazer se não rezar e pedir aos anjinhos protecção? E a pessegada, lá, olhou pò gajo como se fosse a filha da sibila, o importante de m... que falou.

Zorze disse...

Alf, é por isso que acredito em ET's (concordo com o teu comentário). A sério.
E há os que já percebem tudo isto há muitos, muitos anos.
Vivemos na mais completa vigarice política e económica.
Às vezes penso que só um meteorito muito bem direccionado que tivesse uma espécie de GPS avançado com a capacidade de separar o joio do trigo.

Abraço,
Zorze

P.S.: acho que o MST, também é um ET.

Anónimo disse...

boas,

por vezes o MST diz umas quantas coisas acertadas é pena é que tal como com o Medina Carreira, ninguém o ouve.

todas estas trapalhadas são bem explicadas pela leitura do livro do sr Zbigniew Brzezinski, the grand chessboard.

http://ovigia.wordpress.com/2008/08/22/quem-colocou-na-presidencia-e-controla-o-presidente-da-georgia/

cumps

rjnunes

yanmaneee disse...

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