quinta-feira, setembro 24, 2009

A falsa saturação do aeroporto da Portela e os seis mil milhões de euros que vão ser gastos no aeroporto de Alcochete

Diario Economico - 31/10/2007

O coordenador da equipa responsável pelo estudo da CIP, José Manuel Viegas, disse hoje que o aeroporto em Alcochete, contabilizando os custos das acessibilidades, custará 6 mil milhões de euros...

Aeroporto de Alcochete com acessibilidades vai custar 6 mil milhões de euros


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TVI - A falsa saturação do aeroporto da Portela



O Estudo referido na reportagem da TVI pode ser descarregado aqui (PDF)

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Bem perguntou Ricardo Araújo Pereira, dos gatos Fedorentos, ao Ministro das Finanças, Teixeira os Santos, no programa "Esmiuçar os Sufrágios" de 23/9/2009:

Ricardo Araújo Pereira: O Sr. Ministro, quando, enfim, essa vida atarefada acabar e sair do Governo, já escolheu em que grande empresa, daquelas que têm negócios com o Estado, é que vai ser Director-Geral? A Caixa [Geral de Depósitos], eu sei lá, a EDP, a Galp, a Mota Engil, o que é que lhe apetece?
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6 comentários:

Carlos Marques disse...

Não se combate a pobreza em benefício da realização de grandes obras inúteis.

Anónimo disse...

Normalmente costumo estar de acordo com uma grande maioria das reflexões aqui escritas, mas não desta vez!

Só o facto de se retirar o aeroporto do _centro_ da cidade já vale a pena. Para este argumento poderia-se responder que é da responsabilidade de quem deixou construir, mas o facto é que já há uma "muralha de betão" onde habita muita gente. Depois, partindo do suposto em que vivemos no mundo em que (infelizmente) vivemos, i.e., o presente capitalismo financeiro, qualquer argumento em torno do não crescimento é absurdo, por isso a portela teria que sempre crescer.

Pode criticar-se este sistema (e eu estou na linha da frente) mas tal transportar-nos-ia para o confronto com outros modelos sociais, onde o crescimento não fosse a regra da estabilidade (e matematicamente este sistema há de explodir algures), mas isto não é o tema do novo aeroporto na nossa sociedade actual.

Não é obra inútil; nem isto nem o TGV (leia-se: preparação de uma infraestura de comboio de alta-velocidade). E vai custar dinheiro? SIM vai. E serão os contribuintes a pagar. Não há outro remédio (lembro, que caso não se avance agora, a probabilidade de captar fundos europeus diminui com o passar do tempo).

E digo que falta ainda mais uma grande obra: um porto gigante, juntamente com o comboio e avião) possa competir com Roterdão.

E enquanto o investimento for em infraestuturas que ficam em portugal, e não m empresas como as quimondas e afins, que logo que podem saltam do barco e fica o contribuinte sem dinheiro, sem emprego e sem investimento, não estamos estão mal quanto isso.

Infelizmente no processo de construção, vai haver gente a fazer muito dinheiro sem fazer nada por isso (compadrios e afins). É um preço a pagar pela sociedade em que vivemos.

Diogo disse...

Caro Anónimo,

Você referiu o único argumento que me poderia convencer a retirar a Portela dali: o facto de estar praticamente no centro da cidade rodeado de casario por todos os lados. Se bem que, em 60 anos de existência, ainda não tenha havido um único acidente (e cuja probabilidade vai diminuindo com o desenvolvimento das tecnologias de controlo aéreo). Por outro lado, é fácil encontrar muitos aeroportos em centros urbanos, tanto na Europa evoluída como nos Estados Unidos.

Quanto ao argumento do «crescimento», tal não significa fazer um aeroporto maior e mais caro, mas distribuir o tráfego por vários aeroportos mais pequenos e mais baratos, muito próximos da cidade, e aproveitando terrenos e infra-estruturas já existentes – caso de aeroporto do Montijo e outros. Os voos low cost já dominam um terço do mercado nacional e a tendência é continuarem o ritmo de aumento, em detrimento das companhias de bandeira, muito mais caras e menos flexíveis. A tendência é distribuir diminuir os custos e não concentrar e encarecer.

Quanto ao TGV (alta-velocidade), é uma obra absolutamente criminosa. Tanto para o Porto (-Vigo), como para Madrid. Os custos das infra-estruturas, os custos das composições e os custos energéticos são o dobro ou o triplo dos comboios de velocidade alta (vulgo pendulares – 200 km/h). Para o Porto já temos uma linha de velocidade alta a que faltam apenas poucas obras para a tornar operacional nessa velocidade em todo o trajecto. Fazer um TGV paralelo, por milhares de milhões, para poupar 10 minutos aos que estiverem dispostos a pagar o bilhete é absurdo.

Igualmente criminoso é o TGV para Madrid. Dever-se-ia fazer simplesmente um pendular. A «ligação à Europa» é uma falácia infantil. Ninguém vai de TGV de Lisboa para Paris, Milão, Berlim ou Estocolmo. O tempo de viagem e os custos seriam proibitivos. E o crescimento acelerado dos voos low cost torna o TGV ainda mais absurdo. Os países mais ricos da Europa não têm TGVs. A Suécia não tem TGVs (mas tem pendulares). A Inglaterra, tirando o ramal que liga Londres ao túnel do Canal da mancha, não tem TGVs. Mas tem três companhias de pendulares a circular entre as grandes cidades inglesas que têm dado muito boa conta de si.

E precisamos de um porto gigante para quê? Portugal situa-se numa das extremidades da Europa. Faz algum sentido desembarcar os contentores de mercadorias que vêm de navio a 50 km/h e despachá-las para o centro da Europa a 300 km/h? Já viu o absurdo disto em todos os sentidos, a começar pelos custos? A Europa tem muitos portos de águas profundas muito mais próximas do seu centro geográfico. O transporte de contentores por via marítima é muitíssimo mais barato. Porquê descarregá-los numa das pontas da Europa e transportá-los (por um preço incomportavelmente maior) para o centro?

Abraço

Anónimo disse...

Face aos pequenos aeroportos: não acho muito inteligente ter de se criar "N" acessos. Para alem disso: "se um aeroporto junto à cidade é um disparate, N aeroportos muito mais". Não percebo como é possível pensar que "tirar um aeroporto" é inteligente e depois colocar N. Se o tráfego aumenta (e é suposto aumentar) a probabilidade de acidente também aumenta.

Já agora, e pode verificar com os dados recentes: as quedas dos aviões não estão relacionadas com o tráfego mas sim com falta de manutenção adequada. O que está relacionado com o tráfego é o caudal. Isto é podemos operar 1000 vezes mais aviões sem que eles choquem no ar. No entanto não garantimos que nenhum deles não caia por si próprio. Mais, os cálculos de probabilidades são feitos em horas de voo. Ao haver mais horas de voo perto da cidade a probabilidade de falha _matematicamente_ aumenta.


Face ao porto: a razão do porto tem que ver com Portugal ser uma porta de entrada quem vem do atlântico e não quer passar pelo canal da mancha (local de navegacao muito complexa)

http://en.wikipedia.org/wiki/English_Channel#Shipping


Face ao TGV: desde que temos comboio em portugal que carregamos o peso das invasões francesas, e a correspondente bitola anti-napoleao. BASTA! É um atraso de vida a península ibérica estar desconectada do mundo. É por isto - não pelo comboio de grande velocidade de pessoas - que a linha do TGV é importante. Face às máquinas: lamento muito (não lamento nada) mas entramos para a UE. E isso não significa só receber auto-estradas; significa comprar-lhes os comboios e afins, ou vocês julgavam que esse dinheiro vinha de borla?? Por isso amigo, e vou particularizar nesta campanha e falar à político: "É pura demagogia prometer" que o TGV é para parar. Os lobbies europeus encarregar-se-ao de forcar a compra das maquinas.

Anónimo disse...

Faltou-me aqui um elo importante: se por acaso houver falta de petróleo - que curiosamente é único para os monstros barcos, não faltará a electricidade. Por isso: o comboio tem tendência para custar menos e o barco (e avião) mais (admitindo que há interesses comerciais europeus no eixo EUA-Brasil e/ou países da costa ocidental africana) é uma aposta que também abarca o futuro.

Uma vez mais reforço: é uma questão de apostar em infraestruturas no lugar de "vaporware financeiro"

E qualquer pessoa que compreenda o nosso sistema monetário (exponencial com juro), não deve preocupar-se com o défice, porque inevitavelmente o sistema irá rebentar, e nessa altura... bom as consequências serão de tal forma imprevisíveis que pelo menos ainda ficámos com a linha de comboio.

Diogo disse...

A Portela está às moscas. Poderia, com facilidade, receber um tráfego 100 vezes maior. Veja AQUI o nº de slots disponíveis na Portela comparados com os de Gatwick ou de Heathrow.

Portanto, falávamos do perigo de ter um aeroporto no centro da cidade. O que eu sugiro é que se substitua a «grande Portela» por dois aeroportos menores em extremidades da cidade, aproveitando a Base Aérea do Montijo. Observe a maioria dos aeroportos por essa Europa fora e reparará que estão situados numa ponta da cidade (o aeroporto de Barajas em Madrid, por exemplo).


Quanto ao porto, continuo a afirmar que não faz qualquer sentido descarregar ou carregar contentores numa das pontas da Europa, quando há um sem-número de portos de águas profundas muito mais próximos do centro da Europa.


Quanto ao TGV, os custos são absurdos. Concordo com a Velocidade Alta dos pendulares (200 – 220 km/h), mas não com a Alta Velocidade dos TGVs (300 – 350 km/h). Só existem dois TGVs que não dão prejuízo (nem lucro) – o Paris-Lyon e o Tóquio-Osaca (se não entrarmos com a amortização da infra-estrutura).