Aguiar-Branco, ministro da Defesa, em revista a uma parada militar
O secretário-geral da CGTP exigiu que seja feito um inquérito à subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) ao grupo Martifer, por suspeita de favorecimento ao setor privado com este negócio.
Todo o processo é obscuro: a empresa que obteve a concessão [Martifer] tem um passivo maior que os estaleiros; o mesmo Estado que vai pagar 30,1 milhões aos trabalhadores despedidos não tinha três milhões para começar a construir navios já encomendados.
De janeiro a setembro, os resultados líquidos consolidados apresentados pela Martifer ascendem a 48,7 milhões de euros negativos, o que corresponde a um agravamento de 47,7% face aos prejuízos de 33 milhões registados em igual período de 2012.
A Mota-Engil, cujo presidente é Jorge Coelho, é detentora de uma participação de 37,5% na Martifer. E é sabido que a probidade da Mota-Engil e de Jorge Coelho é inquestionável.
A eurodeputada Ana Gomes levantou suspeitas sobre negócios do escritório de advogados do ministro Aguiar-Branco com a Martifer, grupo que ganhou a subconcessão dos Estaleiros de Viana.
O eurodeputado comunista João Ferreira classificou hoje como "mentiroso" o argumento das ajudas públicas invocado para encerrar os estaleiros de Viana, aludindo a uma resposta da Comissão Europeia que diz ainda não ter decidido sobre o assunto. "Aquilo que constatamos é que o argumento invocado para o encerramento é um argumento mentiroso, como já foram os anteriores", afirmou João Ferreira,
Na entrega dos estaleiros de Viana à empresa Martifer, o Estado vai gastar 30,1 milhões de euros para pagar as indemnizações por despedimento dos atuais 609 trabalhadores. Ora, recordou Arménio Carlos, em 2012 o mesmo governo não teve três milhões de euros para comprar a matéria-prima necessária para o início da construção de dois navios asfalteiros encomendados pela Venezuela.
"Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Por um lado há um prejuízo do interesse público com o encerramento dos ENVC, é o governo que é o responsável, e depois o favorecimento ao setor privado, com este negócio", acusou Arménio Carlos.
Por outro lado, a Martifer tem um passivo de 370 milhões de euros, que é superior ao dos estaleiros, que rondará em 2013 os 300 milhões de euros.
"Se isto não é caso para justificar um inquérito e acima de tudo a paragem deste processo, de forma a impedir o encerramento dos ENVC, então o que será necessário fazer mais para que a Democracia funcione", observou o secretário-geral da CGTP.
A comissão de trabalhadores e a Câmara de Viana do Castelo assumiram nas últimas horas posições idênticas, reclamando uma investigação, pelo Ministério Público, a este processo.
Striking down on the minister meathead
Despedir 609 pessoas e oferecer mais uma empresa pública viável a privados. Mais uma sticada fatal no País e nos portugueses...