quinta-feira, dezembro 07, 2006

A "era de ouro do lucro" - Salários recebem a menor parcela do PIB de sempre

Diário de Notícias - 28 de Novembro de 2006

Manuel Esteves e Sérgio Aníbal

A riqueza produzida nas economias mais desenvolvidas tem vindo a crescer de forma sustentada ao longo dos anos, atingindo níveis nunca antes vistos. Este crescimento reflecte o aumento da produtividade, a inovação tecnológica e a extensão das trocas comerciais. No entanto, a colheita desses tem beneficiado, sobretudo, os detentores do capital, enquanto o bolso da grande maioria - que vende a sua mão-de-obra - está cada vez mais leve.

Dados compilados pela Comissão Europeia revelam que a parcela de riqueza que é destinada aos salários é actualmente a mais baixa desde, pelo menos, 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza que se traduz em lucros, que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta, o que levou o banco norte-americano UBS a falar na "era de ouro do lucro". Esta tendência verifica-se na grande maioria dos países desenvolvidos e é no "Velho Continente" que mais se fez sentir nos últimos anos.

Não há forma de isto ser uma coincidência" defende Stephen Roach, economista-chefe do banco de investimento Morgan Stanley num artigo publicado há alguns meses. O fenómeno é ainda mais impressionante quando nestas três economias se verifica, desde há alguns anos, um aumento do emprego e da produtividade, que serve de barómetro para a evolução dos salários. Num artigo sobre esta matéria, a revista Economist lembrava que, desde 2001, a produtividade nos Estados Unidos cresceu 15%, enquanto os salários caíram 4%. São números que valem mil palavras.


Comentário:

Estes números, que valem mil palavras, traduzem uma realidade muito simples: o fim do emprego. A tecnologia tem vindo paulatinamente a substituir o homem em todas as áreas do processo produtivo, reduzindo a sua importância o seu peso económico, donde a contínua queda dos salários que se tem vindo a verificar nas últimas décadas.

Contudo, o fim do emprego significa também o fim de consumidores com dinheiro para comprar. E não havendo compradores não há vendas. E sem vendas não há empresas privadas. O paradigma económico está a mudar.

29 comentários:

Professor disse...

Desde miúdo que penso que não há virtude nenhuma nos aumentos que os patrões prodigalizam como uma "graça" aos seus pobres servidores (escravos?)
Sempre achei que os aumentos eram a forma expedita de conseguirem aumentar os seus lucros pelo aumento do consumo.
Talvez eles aprendam (quando deixarem de ganhar tanto) que só mantendo salários altos podem ter lucros avultados nos seus negócios. Simultaneamente conservam a fidelidade dos servos!

Manuel disse...

Sofocleto, o teu sublinhar desta realidade é muito importante. Mas, quando falas em "fim do emprego", parece-me que te estás a afastar ligeiramente da questão central. Por enquanto a tecnologia de nada vale sem o homem, basta ver o que se passa numa fábrica de automóveis. É claro que nos encaminhamos para aí, mas parece-me que ainda não chegámos lá. A causa que me parece mais pesada para esta realidade sombria é a deslocalização das empresas para locais onde a mão de obra é mais barata. E nesses locais continua a ser o homem, ainda mais explorado, a oferecer o seu trabalho quase de graça aos ditos "privados".

Quanto à questão da falta de dinheiro nos consumidores, é um facto muito importante que revela bem a vista curta e incapacidade de ver a realidade a longo prazo por parte da maioria desses "privados".

Continua o bom trabalho que tens vindo a fazer neste Blog!

Anónimo disse...

A verdade é que esta festa de aumento de produtividade, inovação tecnologica e intensas trocas comerciais tem por base energia barata proveniente do petroleo, até agora abundante e fácil de produzir.
Agora, quando a produção petrolifera está estagnada há 2 anos, surgem os receios da proximidade do pico petrolifero mundial, o fim da energia barata, o fim do paradigma economico actual.

Deixo aqui um excelente blog sobre energia e o futuro:
http://www.theoildrum.com/

Cumps.

Unknown disse...

Caro sofocleto, as suas ideias nesta matéria, são uma pura salgalhada de fraseologias marxistas já enterradas no caixote de lixo da História.
Marx já dizia esse tipo de baboseiras há mais de 100 anos, o fim do capitalismo, o horror, a tragédia, e patati patatá, e veja o que aconteceu:
O marxismo está a fazer cera a 7 palmos de profundidade, e os países mais ricos e prósperos são justamente aqueles onde o capitalismo impera, o comércio é livre, e a tecnologia se desenvolve.
De facto, o mundo está hoje bem melhor do que há 100, 50,30,20,10 anos. E isso deve-se essencialmente à democracia liberal e à economia de mercado.


A realidade é imbatível, meu caro.
Como o próprio Marx dizia, “o capitalismo produziu a democracia burguesa como forma própria de governo”.

E ainda bem!

Quanto à história da falta de emprego, há 150 anos os habituais estultos, diziam isso mesmo confrontados com a revolução industrial e as máquinas, ai Jesus como é que vai ser!

Eram burros e continuam a ser burros...não percebem que a riqueza não é uma coisa dinâmica, que se cria pelo esforço das pessoas, cada uma delas procurando os seus objectivos individuais. Os abrenúncios marxistas pensavam que a riqueza era uma coisa fixa, e que portanto se houvesse gajos com mais riqueza, outros ficavam com menos.

Burrice...

Perde-se emprego nuns sectores, ganha-se noutros. É assim que a coisa funciona. Se um belo dia no reino da utopia, só for necessário que alguns trabalhem para produzir todos os bens necessários,óptimo, porque então estaremos muito melhor. E cada um tratará de fazer o que lhe apetece: uns tentarão ficar ainda mais ricos, outros irão viajar, etc. E sempre que um homem quer uma coisa haverá alguém que lhe quer vender.

Deixe-se pois de profecias bacocas. A suas "descobertas" são velhas de 150 anos.

Mude de alfarrábio.

Quanto ao manuel e à sua condenação da "vista curta" dos privados, creio que a vista curta é a dele.
Cada um procura os seus interesses e é da incessante procura que cada um faz, dentro do quadro legal definido pelo estado de direito, que a sociedade como um todo ganha.
Liberalismo, meu caro. Mão invisível.
Não é perfeita, mas tem provado ser infinitamente superior aos iluminados das burocracias estatais.

Tem dúvidas?
Investigue por exemplo o mecanismo dos preços num mercado livre e a imensa e falhada burocracia do Gosplan, que, na URSS, fazia esse trabalho, com os rsultados que se conhecem.

O que me espanta é que estes zombies, que vivem num espaço de abundância e liberadde, onde podem escolher, não percebam a razão pela qual iso acontece e continuem a babar parvoíces.

Querem saber como é o mundo dirigido por iluminados que sabem melhor do que nós o que é bom para nós?
Vão a Cuba, ou à Coreia do Norte, ou aos países onde o mercado não funciona e onde o Estado de Direito é uma chalaça.

Passem uns dias no Zimbabwe...

Que cambada de trogloditas!

Manuel disse...

"O que me espanta é que estes zombies, que vivem num espaço de abundância e liberadde, onde podem escolher, não percebam a razão pela qual iso acontece e continuem a babar parvoíces."

....

Quem é que estará a "babar parvoíces"?

Anónimo disse...

Supondo que você não seja nenhum aristrocrata burguês rico de heranças, posso lhe fazer uma pergunta ?

Você é mais pobre que os seus pais ?

Os seus pais eram mais pobres que os seus avôs ?

Os seus avôs eram mais pobres que os seus bisavôs ?

Se não percebeu a pergunta, olhe, estude um bocado, começe por ler todos estes relatórios e a evolução ao longo dos tempos:

Human Development Index
The Human Development Index (HDI) is a comparative measure of life expectancy, literacy, education, and standards of living for countries worldwide.

Human Development Report Office
http://hdr.undp.org/

2006 UN Human Development Index ReportPDF
http://hdr.undp.org/hdr2006/pdfs/report/HDR06-complete.pdf

Ou este relatório do Banco Mundial que regista uma diminuição de 500 milhões de pobres no sudoeste asiático entre 1990 e agora.

Anónimo disse...

Ou este relatório do Banco Mundial que regista uma diminuição de 500 milhões de pobres no sudoeste asiático entre 1990 e agora.
http://siteresources.worldbank.org/INTEAPHALFYEARLYUPDATE/Resources/550192-1163436396659/EAP_Update_Final_Nov06.pdf

Anónimo disse...

lidador o comunismo falhou, não há duvidas e não é para repetir, mas que destino estará reservado ao mundo controlado pela "mão invisivel"?

Pertencerá àquele culto que acredita que o crescimento exponencial eterno é possivel num mundo fisico limitado?

Até agora a "mão invisivel" tem-se dado relativamente bem, mas com a progressiva depleção dos recursos energéticos e naturais parece-me que a unica solução que a mão invisel vai arranjar é a destruição de procura e isso não é nada bom.

xatoo disse...

Que estamos a mudar de paradigma (à força) é um facto.
Mas não me parece que analisar a oferta e a procura de emprego, caso a caso, país a país, sem se olhar nem dar conta da macro-estrutura global de dominação, é um lapso suceptivel de causar sérios danos à compreensão do problema.
Na verdade, o sistema capitalista (um sistema que precisa sempre de se expandir exponencialmente sob pena de derrocar, conforme afirmou Marx, e o Anónimo das 12:43 confirmou com a constatação de que "A riqueza que vem de pai para filho, e de avô para pai vai sempre crescendo" na medida em que se baseia na inflação inerente a esse crescimento anómalo - da mesma maneira que é conseguido sempre pela espoliação dos recursos dos mais fracos), na verdade o que inventou na ultima década, sob o embuste da designação de "globalização" (neoliberal- pq o liberalismo é coisa que já não existe), foi transferir o emprego para a chamada via Asiática.
O falta de emprego de que a Europa particularmente se queixa (como o Japão se queixou na crise de 1994), aconteceu porque os grandes investimentos (FDI)foram deslocalizados em massa para a China, onde a mão de obra é paga, no máximo, a 55 cêntimos/hora.
No entanto não é caso para se considerar que a China seja ela só por si o "perigo amarelo" que nos querem fazer crer. Nos indices de riqueza que ainda ontem foram publicados a "riqueza" da China tem um valor irrisório. Além do mais o parque industrial e as transferências dos meios tecnológicos são propriedade das mesmas empresas transnacionais de sempre, onde o imperialismo dos EUA detém a parte de leão (mais de 90% no cômputo global!) (a produção da China com meios próprios não ultrapassa os 11%).
Pois é! certos pândegos "liberais" gostam muito de amandar biscas eruditas perorando sobre a "mão invisivel" como se ela trabalhasse no éter ou as coisas aparecessem feitas sem trabalho. São uns trapaceiros que nem enxergam que a produção de mercadorias não pode ser desligada da propriedade dos meios de produção" (Marx, outra vez) - e o combate ao Imperialismo continua, como é evidente, cada vez mais actual do que nunca.

xatoo disse...

adenda, sobre a divisão internacional do trabalho:
"a produção da China com meios próprios, no plano interno, não ultrapassa os 11%"

inominável disse...

com tantas coisas a mudar, não admira que esta seja só mais uma, pois não? além do mais, parece que estamos a ler a crónica de uma mudança anunciada...

Unknown disse...

Caro earlmist.


Profecias apocalípticas já o Marx fazia há mais de um século.
É da natureza humana...achamos sempre que "antes é que era bom e que vem aí o fim do mundo".

Os pessimismos de cada um revelam apenas a pessoa que os alimenta.

A realidade é outra...vivemos hoje de uma forma como nunca vivemos,como provam os estudos como os que o anónimo indicou.
Claro que há pessoas pior...mas há menos do que havia antes ( se exceptuarmos a Africa, mais por azelhice própria do que outra coisa).
O mundo da perfeição não existe e nunca existirá...só do outro lado do espelho.
Aqui, no mundo real, não há Alices e coelhos brancos.

Os trogloditas que argumentam com as profecias de Marx, parece que ainda não entenderam que quem foi o capitalismo que enterrou o marxismo e não o contrário.
Parecem, os protagonistas do filme "The others". Estão mortos, mas não sabem...pensam que estão vivos.

Diga-se o que se disser, profetize-se o que se profetizar, o fim do mundo marxista não aconteceu e como tal o marxismo deu o peido mestre. Só os fanáticos religiosos continuam a acreditar numa parvoeira cujos resultados foram o que foram.

Esta história dos "ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres" é um mero slogan marxista, É como aquelas rezas que as pessoas entoam sem sequer pensar nelas.

É verdade que os ricos estão mais ricos, mas é tb verdade que os pobres estão menos pobres.

E os pobres, o que querem é ficarem ricos. Por isso ´que emigram para a terra do capitalismo. Fogem para cá.
Os zombies tamnbém cá estão, de rabo alapado na abundância, a gozarem os doces frutos da sociedade liberal.
A ver se os vemos e emigrar para os paraísos terrestres do kamarada Chavez, ou Amadinejah, ou Castro...
É o vais.

NO fundo são uns tristes trastes...gostam de se auto-flagelar e de se arraster em uivos de além túmulo, arrastando cadeias.
Masoquismos...

Anónimo disse...

"A realidade é outra...vivemos hoje de uma forma como nunca vivemos,como provam os estudos como os que o anónimo indicou."

Eu não disse o contrário, apenas duvido que o actual paradigma económico perante uma base energética decrescente possa subsistir.

"É da natureza humana...achamos sempre que "antes é que era bom e que vem aí o fim do mundo"."

Volto a perguntar se acredita no crescimento exponencial infinito num sistema com limites. É nisto que se baseia o nosso sistema económico, numa impossibilidade termodinâmica que algum dia vai ceder com elevados custos para a humanidade.
Como dizia Voltaire "Men argue ; nacture acts."

"Os pessimismos de cada um revelam apenas a pessoa que os alimenta."

"pessimism of the intelect, optimism of the will" -Antonio Gramsci

Diogo disse...

Manuel - «É claro que nos encaminhamos para aí, mas parece-me que ainda não chegámos lá»

Caro Manuel, é lógico que ainda não chegámos completamente lá, mas já não falta tudo. Se compararmos a evolução do nada tecnológico à produção totalmente automatizada, com uma viagem de comboio Lisboa – Porto, em que o comboio sai de Lisboa cheio de passageiros (trabalhadores) e chega ao Porto completamente vazio, eu diria que já estamos a norte de Estarreja.

Julgo que a globalização e a deslocalização têm, de alguma forma, escondido o fenómeno do desemprego ligado à tecnologia. No entanto, o certo é que todas as empresas têm procedido ao emagrecimento (downsizing), fruto em grande parte do uso dessas tecnologias. Veja-se os bancos, que não deslocalizam, mas que todos eles vão despedindo todos os anos.

A grande questão é que enquanto esses milagres económicos deviam aproveitar a todos, cedendo às pessoas mais tempos livres e aumentando os salários, mantém-se a velha filosofia de mercado, despedindo, contratando por baixos salários (porque dispõem agora de um exército de desempregados por onde escolher) e deslocalizando para países de mão de obra escrava.

Estes génios da gestão que estão à frente das empresas, olhando apenas para o próprio umbigo, esquecem-se de que são as pessoas que compram os bens que eles produzem. E se as pessoas não tiverem dinheiro, eles não vendem. E se não vendem, não produzem. E por aí fora numa escalada catastrófica para todas as pessoas.

Existem matérias primas, existe capacidade de produção e existem pessoas com necessidades, mas a “economia de mercado” não responde, enredada numa lógica suicida. Quanto mais depressa nos apercebermos deste fenómeno mais cedo nos afastaremos do desastre e menos sofrimento haverá.

Diogo disse...

Anonymous do «Você é mais pobre que os seus pais? Os seus pais eram mais pobres que os seus avôs? Os seus avôs eram mais pobres que os seus bisavôs?»

Posso-lhe dizer, meu caro, que os meus pais tinham melhor nível de vida do que eu (e não me posso queixar muito). O artigo que estamos a discutir é categórico ao afirmar que embora haja crescimento, o “bolso da grande maioria - que vende a sua mão-de-obra - está cada vez mais leve”.

As notícias sobre a situação aflitiva dos jovens (incluindo licenciados) que não podem sair de casa dos pais porque não arranjam em emprego seguro e razoavelmente remunerado que lhes permita comprar uma casa ou carro são bem conhecidas.

Eu sou mais pobre do que os meus pais. E 95% dos jovens licenciados de hoje são mais pobres do que eu. Não tenha dúvidas.

xatoo disse...

Contribuição para um inventário de irracionalidades da cultura rasca de o-Lidador:
Disney Corp:"não há Alices e coelhos brancos"
"os trogloditas argumentam com profecias"
"os paraísos terrestres do kamarada Chavez" (plagiado do director do Público)
a pista americana: "os protagonistas do filme "The others"
Desenvolvimento Sustentável: "a Africa (está mal), mais por azelhice própria"
Determinista:"o fim do mundo marxista não aconteceu"
Conciso:"uma parvoeira cujos resultados foram o que foram"
MBA em Economics: "os pobres, o que querem é ficarem ricos"
sobre Adam Smith: "os zombies tamnbém cá estão, de rabo alapado na abundância"
Investigador de Historia antiga: "vivemos hoje de uma forma como nunca vivemos"

vou desistir porque já estou com soluços,,,aconselho vivamente que se releia o coment do Lidador na integra e,
Já agora, que estamos em maré de citações:
Walter Benjamin dizia que "para se demonstrar uma tese não eram necessárias grandes teorias - bastava que se exibissem as evidências"
e sem dúvida, o Lidador exibiu aqui aquilo que sabe. Bem hajam os clowns que nos divertem

contradicoes disse...

Muito interessante este debate sobre uma matéria cuja realidade deveria fazer reflectir o capitalismo selvagem que se tem vindo a aproveitar da globalização para melhor gerir os seus interesses.
Mas como Sofocleto afirma no post e muito bem, agravando-se a situação social dos povos, o consumo baixa drasticamente e consequentemente também os lucros.
Este modelo de sociedade está efectivamente esgotado e mais dia menos dia sucumbirá, embora a solução também não passe pelo modelo ao defendido Carl Marx.

Anónimo disse...

É mesmo!... Isto vai ter que rebentar por um lado qualquer, qual será esse lado?...

Anónimo disse...

Então contradicoes qual é o modelo que advogas?

Manuel disse...

Parece-me óbvio que o sistema de capitalismo selvagem não é um sistema político que tenha bases suficientes para se aguentar mais que uns poucos séculos. Chamem-me adivinho ou o que quiserem, mas não é óbvio. Tal como a monarquia ou qualquer oligarquia, os presupostos em que se baseiam, a "liberdade" de poder explorar o próximo para garantir a "procura dos interesses individuais" e outras ideias apenas baseadas no individuo e nao na sociedade, nunca irão se aguentar muito tempo.

O exemplo da URSS apenas prova que um sistema para se aguentar também não pode desprezar o individuo, e que a corrupção é o pior dos males para qualquer sistema, ainda pior é quando é fomentada pelo resto do mundo, tal como aconteceu na URSS.

Mas qualquer sistema baseado só e unicamente no individuo e na sua capacidade de se "safar", "explorar para não ser explorado", "sobreviver, espezinhando o próximo", não vai durar muito tempo. E não há "estado de direito" quando as regras só funcionam para alguns e para outros não. Nem me dou ao trabalho de citar casos...

Sofocleto, espero que nos apercebamos do fenómeno o mais depressa possível...

Unknown disse...

Sim Manuel, já percebemos que este sistema que temos (democracia liberal) é o pior que existe, à excepção de qq outro e que não custa nada fazer previsões apocalípticas. Fica bem e até faz a gente parecer inteligente e profunda.


Eu mesmo sou capaz de prever que a longo prazo estamos todos mortos e que a Terra desaparecerá daqui a uns biliões de anos engolida pelo Sol e que daqui a mais umas eras, o próprio universo atingirá o máximo de entropia.

Mas as minhas previsões, ao contrário das suas, têm uma base científica. As suas "conclusões" são apenas ideológicas.

Não sabe porquê,mas odeia o sistema civilizacional que o fez nascer, o enquadra e lhe dá garantias que mais nenhum lhe poderá dar.
E, como só está bem onde não está e só quer ter o que não tem, poe-se a uivar à lua e a comparar o real com o ideal que existe na sua cabeça.

O real fica sempre a perder..
Eu próprio sou capaz de imaginar um mundo melhor..um mundo onde todos tenham um Aston Martin e asas nas costas....um mundo onde as mulheres sejam todas bonitas, simpáticas e disponíveis..um mundo todos (mas especialmente eu), possam comer caviar beluga quando lhes apetecer, regado com um bom Moet Y Chandon...um mundo de abelhinhas contentes, onde não haveria guerra de Tróia e o Paris pediria naturalmente ao Rei de Esparta que lhe emprestasse a Helena por uns dias e o Menelau, com ar sorridente, ceder-lha-ia com a maior das naturalidades e tocando harpa.....um mundo onde todos cheirem a flores, ninguém se peide e haja paz e florzinhas e passarinhos e patati patatá.

Não sou só eu aliás a poder imaginar um mundo assim.
A própria Miss Bombarral é capaz de o fazer...de facto todas o fazem quando questionadas.

Será que o Manuel aspira a ser Miss Bombarral, ou tem intenções de usar melhor o conteúdo cinzento da caixa craniana?

xatoo disse...

caro "contradições"
isto:
"embora a solução também não passe pelo modelo ao defendido Karl Marx"
é uma coisa que não será muito correcto afirmar. Marx não deixou nenhum modelo de socialismo pronto-a-vestir. (suponha que nas purgas dos anos 30 Trotsky ganhava a Estaline e era o seu modelo que prevalecia? - o modo de perceber o marxismo hoje seria diferente?, não?)
O que Marx nos deixou foi um método de análise, que é dialéctico - logo, que é susceptivel de evoluir na mesma medida da evolução do sistema capitalista.
Marx quando nos legou a "teoria do valor" nos primórdios da Revolução Industrial, não podia ter previsto que pela evolução tecnológica dos meios de produção, o sistema iria ser criar o "antivalor" pelo lado do consumo aleatório que é induzido pelo marketing. No caso em apreço, quer se queira quer não, é esse consumo que vai ter de ser regulado. A resolução racional do problema passa pelo decrescimento e pela regulação por forma a que só seja produzido aquilo que seja necessário. ("de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades" recorda-se? - ora isto é o que está cada vez mais próximo do "mundo gratuito" imaginado pelo nosso Agostinho da Silva). Mas para que isso seja possivel é urgente que se deixe de produzir desperdicio.
Será que não estamos todos de acordo que é melhor deixar de produzir primeiro Astons Martin`s, armamento e equipamentos militares, falcons particulares, etc?
O problema está em descobrir qual é o Poder que vai destruir o Poder daqueles que determinam que o mundo actual seja assim,,,
(e quer-me parecer que pelos votos que nomeiam "representantes" num sistema baseado em mentiras e que se apoia na ignorância generalizada, não iremos lá,)

Anónimo disse...

Bem hajam os clowns que nos divertem

Nãoooooooooo!!! por favor!!!!

Em apenas meia dúzia de posts tropeçar duzentas vezes com as mesmas fases feitas, os mesmos chavões, as mesmas graçolas, é demais! Tirem-nos destes ramakes!!!
Que grave um CDrom e depois é só indicar aqui a faixa onde está a piada nº1 ou a citação nº3 que quem quiser vai lá ver. É muito mais justo para todos, até para o próprio.

Unknown disse...

A resolução racional do problema passa pelo decrescimento e pela regulação por forma a que só seja produzido aquilo que seja necessário

Caro Xatoo, gostaria que me explicasse quem é que determina aquilo que é necessário para si.
Não se acha capaz de o fazer você mesmo?
Delega em mim essa responsabilidade?
E quem lhe garante que a minha noção de "necessidade" é igual à sua?

Manuel disse...

Sr. Anónimo, auto-intitulado "O-Lidador".

Lamento desapontá-lo mas não vou perder mais tempo consigo...
Que viva feliz no seu mundo e não perca mais tempo com essas graçolas tristes...

Ainda assim, não resisto a deixar-lhe três farpas antes de me despedir de si definitivamente:

1- Notei que o seu blogue é uma cópia antitética deste blogue, “Um homem das Cidades”. Caro anónimo, onde está a criatividade nesse mundo pleno de iniciativa individual?

2- Uma brincadeira que o vai baralhar: pergunte a alguém na rua quem foi Marx e pergunte à mesma pessoa quem foi Thomas Friedman.

3- Para terminar, que tal aprender a escrever Português?
Apenas nestes seus comentários encontrei as seguintes preciosidades:

"parece que ainda não entenderam que quem foi o capitalismo que enterrou o marxismo e não o contrário. "

"fazia esse trabalho, com os rsultados que se conhecem."

"que vivem num espaço de abundância e liberadde"

"gostam de se auto-flagelar e de se arraster em uivos de além túmulo"

"um mundo todos (mas especialmente eu), possam comer caviar beluga quando lhes apetecer"

" os pobres, o que querem é ficarem ricos."

Adeus e até nunca!

xatoo disse...

calma que o Lidador agora deu uma de sério; merece resposta:
Quem define as necessidades do individuo é a comunidade.
É impossivel ao Homem viver sem ser em comunidade. (há-de reparar nisso - se fizer uma pausa na leitura dos bonecos d`"O Capitalismo Karaoke))

Unknown disse...

Caro xatoo, teóricamente é a comunidade que define as "necessidades" do indivíduo em Cuba e na Coreia do Norte e era também a "comunidade" que fazia tal trabalho nos países comunistas.
Essas "necessidades" traduzem-se num cabaz básico a que o indivíduo tem acesso por via das senhas de racionamento.

Na China, Mao (a "comunidade") achava que 1500 calorias diárias bastavam.
Os indivíduos pareciam achar que não.
Na URSS, o GOSPLAN (a "comunidade" ) determinava tudo. Os indivíduos achavam que era pouco e tratavam de baratinar a alta sabedoria da "comunidade", fazendo biscatos por fora, etc,etc.
De vez em quando a "comunidade" achava que os indivíduos não eram suficientemente "comunitários" e mandava reeducá-los, ou reciclá-los.

Em Cuba, a "comunidade" considera que papel higiénico não faz parte das "necessidades" o indivíduo e exclui tal luxo das senhas de racionamento.
Mas há indivíduos e indivíduos, nos paraísos "comunitários".
Nem todos os cus são iguais.
Desculpe o meu cepticismo mas, embora não ande a inspeccionar o cu do Fidel, não acredito que esse particular indivíduo limpe o cu às pedras.

Tem problemas na tripa, é verdade, mas palpita-me que não é por falta de uso.

Portanto caro xatoo, parece que a "comunidade" tem algumas dificuldades em acertar com as necessidades de cada indivíduo. E só estámos a falar das básicas.

Se entrarmos na Pirâmide de Maslow, a coisa complica-se.

E afinal o que é a "comunidade"?
Um grupo de anjos? Bruxos? Gajos como eu e você?

Se são gajos como eu e você, creia que me parece mais lógico que seja eu a decidir por mim mesmo o que são as minhas "necessidades" e você a decidir as suas.

É que, caso não tenha ainda notado, pertencemos à espécie "homo sapiens"..somos como somos,não somos abelhinhas "comunitárias" e muito menos "homo novus".

Anónimo disse...

Assim que andamos a fazer profecías?

Ai vai uma também para repensar:

"somos um imperio benevolo único. Nao se trata de uma mera autoalabança; é un feito que se manifesta nas formas em que os demais dizem nos welcome ao nosso poder".

Atençao a data: Charles KRAUTHAMMER, jornalista neocon no Weekly Standard, 4/6/2001

Anónimo disse...

Notei que o seu blogue é uma cópia antitética deste blogue

Ah, mas aquilo é um blogue?
Pensei que fossem os briefings do Departamento de Estado USA.