Miguel Sousa Tavares
Expresso 25/10/2008
«... mais parecendo um menino divertido com os seus brinquedos sem perceber que a casa está a arder, temos Mário Lino, o infatigável ministro das Obras inúteis. Encontrei-o há dias num restaurante a almoçar, e ele, simpático como sempre, confessou-me que se tem “fartado de rir” com as “asneiras” que eu digo, em particular aquela de que basta olhar para o céu, no aeroporto da Portela, para perceber que ele não está saturado, ao contrario do que juram. De facto, eu acho que a história da saturação do Aeroporto da Portela é a mentira da década, destinada a vender-nos um aeroporto novo, inútil. Assim como acho inútil e ruinoso o TGV para Madrid ou para Vigo ou as novas auto-estradas em concurso. Mais inútil ainda, e esse altamente lesivo do interesse público, é o contrato com a Liscont para o terminal de contentores de Alcântara - a última asneira do ministro Mário Lino e objecto do último texto aqui.»
«Asneira por asneira, a diferença é que as minhas, a serem reais, são inofensivas, e as dele não. De Janeiro a Julho, eu trabalho exclusivamente para proporcionar ao Estado o dinheiro de que ele necessita para fazer obras públicas. E achar que parte significativa delas são inúteis e se destinam apenas a alimentar uma clientela empresarial que não vive sem o Estado, não me dá vontade nenhuma de rir. Ainda se isto fosse a feijões...»
Comentário:
Mas não é a feijões, é a milhares de milhões. Andamos todos a trabalhar, de Janeiro a Julho, para encher os bolsos a banqueiros, a empresários de obras públicas e a subservientes amigos políticos. Como afirmou o mesmo Miguel Sousa Tavares no Expresso de 07/01/2006:
«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita.»
«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro - há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»
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8 comentários:
o MST arranjou um grupo de acção popular para impedir legalmente a ampliação do terminal de contentores de Alcântara. Corre por aí uma petição; vou assinar, porque aquilo é uma vergonha mesmo ali ao lado da Ponte, uma das entradas nobres na cidade e uma das vistas mais lindas do mundo para uma capital -que agora ficará atulhada com o dobro dos contentores actualmente existentes; ampliando a área para o dobro e atingindo a altura de prédios de 6 andares. Além do mais, economicamente corrupta, ali anda "mão de coelho"!
Diogo
Pois, é verdade tudo verdade, vamos a ver em que banco ou que grande construtora o Sr. Lino se irá enquadrar quando acabar o seu desmando no governo.
Entretanto também acho essa treta de Alcantara uma aberração, até porque gosto muito da entrada em Lisboa pela Ponte 25 de Abril, muito mais bonita do que a Vasco da Gama.
beijos
boas,
mais um óptimo post.
gostaria imenso que a TVI me explicasse, embora eu saiba a resposta, porque raio sendo o MST comentador dela, dizia, porque raio não colocam ele e o Perez Metelo a falar sobre estas aldrabices, adorava ouvir falar o PMetelo, é que ele tem sempre explicações para tudo.
e porque não faz a tvi um debate com o MST, PMetelo, e Medina carreira dum lado e os banqueiros do outro?
tipo prós e contras mas a sério!
cumps,
Diogo
Esclarece o que querias dizer com o "Último Adeus"?
Obrigado
Meu caro Diogo. Na conjuntura actual de forte crise económica local e mundial, deixei de estar preocupado com a intenção deste executivo levar por diante a sua ideia absurda de realizar obras que orçarão em muitos milhares de milhões de euros. E digo com toda a sinceridade que deixei de estar preocupado com a megalomania das obras públicas deste Governo porque pura e simplesmente não vai haver nenhum grupo económico ou consórcio bancário que consiga reunir verbas tão avultadas para tornarem exequível a realização destes projectos, ainda como se prevê a sua execução demore vários anos. É do meu ponto de vista absolutamente idiota um governante pensar possível na actual crise financeira internacional em que estamos mergulhados concretizar ainda que num médio-longo prazo obras públicas desta envergadura.
Daí achar que se vão gastar inutilmente até porque como sabe os projectos das Obras Públicas são em termos de honorários sempre muito dispendiosos por a tabela a aplicar é uma percentagem que não é tão baixa como isso sobre o valor previsto para a adjudicação da obra e não se conseguirá passar disso. Ou seja quando estiverem se é que irão alguma vez estar concluídos os projectos para lançamento a concurso público internacional para adjudicação destes projectos estará o PS tal como se prevê, já no final do 2º. mandato de governação após as eleições de 2009. De resto e para confirmar o meu raciocínio basta atentar-mos no facto de imediatamente assim que este governo entrou em funções que manifestou a sua intenção de realizar estas obras megalómanas e veja-se está quase a concluir o seu 1º. mandato e ainda praticamente não passou do processo de intenções.
Caro Raúl,
Não tenho assim tanta certeza. Para obras inúteis os bancos arranjam sempre dinheiro. Aliás, há falta de dinheiro? Para onde foi ele? Sabemos que as prestações das famílias e das empresas aumentaram brutalmente. Onde está esse dinheiro?
Amigo Diogo
Cada vez há mais "lavagem" de dinheiro.
Este teu "post" está fabulástico, como sempre, superas-te a ti mesmo.
Parece que é preciso acabar com grande parte da humanidade...ficam os "Tios" e meia dúzia de escravos e salvam o planeta e tudo...
Ai! não há paciência para tanta corrupção global!!!!
Boa semana
Beijos no teu coração
Obrigada pelo teu blog
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