quarta-feira, maio 24, 2006

Pacheco Pereira: é de um simplicidade brutal. Ou nós ou os terroristas.

Excerto de um artigo de Pacheco Pereira no Público - a propósito dos atentados de 7 de Julho em Londres - que ele colocou no seu blogue a 15/7/2005:

Algures, perto de si, acabará por explodir uma bomba, flutuar uma doença, fluir um veneno.

É por isso que não basta bater no peito e dizer que “somos todos londrinos” e na volta da esquina já estar a discutir as tenebrosas propostas do Sr. Blair para limitar direitos de privacidade das mensagens porque isso facilita a vida aos terroristas. Na volta da memória, escarnecer o Patriot Act, essa “fascização da América” como já lhe ouvi falar, atacada por tudo que é burocracia bruxelense e suas extensões nacionais, como se, sobre a dupla pressão dos autocarros que explodem, e da insegurança popular, não se tenha também que ir por aí, com a prudência e as cautelas que as democracias têm que ter por tal caminho.

É também por isso que poucas vezes como nos dias de hoje se vê o grau de demissão do pensamento ocidental como nestes momentos. Mário Soares é entre nós o principal “justificador”, introduzindo com displicência, dele, e complacência de muitos, todos os temas dessa culpa auto-punitiva e demissionista.

As únicas explicações que me interessavam, as únicas “causas” que eu queria perceber, eram aquelas que me permitiam derrotá-lo funcionalmente, as que eram instrumentais para acabar com ele e com os seus. É importante perceber que, mesmo nas questões onde o meu pensamento lhe admitia “razão”, essa razão só pode ser defrontada depois da eliminação dele - válido para Hitler, ou Estaline, ou Bin Laden

Voltemos à questão da guerra [ao terrorismo]. Eu bem sei que há quem ache que não está em guerra, e que a expressão “guerra” para caracterizar o que se está passar é enganadora. Talvez valha a pena discutir a terminologia, porque ela tem claras desadequações, como aliás, o quadro legal no direito internacional da guerra, para defrontar este tipo de combate. Mas a mim não me choca chamar guerra a um conflito que tem as características de ser global, da Indonésia, à Índia, à China, às antigas republicas soviéticas da Ásia Central, da Europa toda, aos EUA, que tem objectivos “não negociáveis” por incompatibilidade total de visões do mundo culturais e civilizacionais.

Acima de tudo, não compreendo porque razão um terrorismo apocalíptico, que tenta por todos os meios ter as armas mais pesadas, nucleares, químicas e bacteriológicas, para garantir o seu Armagedão sacrificial, que tem como objectivo a guerra total, ou seja a aniquilação de milhões dos seus adversários, haja os meios para isso, não tem que ser combatido com tudo o que tenho à mão: tropas, polícias, agentes de informações, à dentada diria um velho inglês da Home Guard, daqueles que esperava a invasão da sua ilha e achava que sempre podia levar um “boche” consigo. E aí o “não se limpam armas”, é de um simplicidade brutal. Ou nós ou eles.


Comentário:

Fortes palavras, as de Pacheco Pereira. Há que lhe tirar o chapéu pela determinação, inteligência, coragem e discernimento.

Acontece, no entanto, que, para uma facção crescente da população mundial (americana inclusive), a guerra ao terrorismo é um embuste. Não existe nenhum, terrorismo global. É tudo uma fabricação para levar a cabo o controlo geoestratégico do Médio Oriente e da Ásia Central (nó fulcral para o controlo energético e militar do mundo), por parte dos oligarcas americanos.

A ser assim, Pacheco Pereira, ou é um idiota ou um vendido. E se ele coloca a questão nestes termos: «ou nós ou eles» [a morrer], então que sejam eles – os criminosos e os vendidos. E, a propósito de vendidos, lembro o ditado: ladrão tanto é o que assalta a casa como o que fica à porta. E se ficar à porta, o Pacheco, enfermiço como é, arrisca-se a apanhar uma valente constipação.

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