terça-feira, setembro 09, 2008

Truman e Bush, de bestas a bestiais? - por João Pereira Coutinho do Expresso


Expresso - 30/08/2008


Texto de João Pereira Coutinho

Só o tempo permitirá um juízo informado sobre Bush. Mas brindo à inteligência de Luttwak em remar contra um rebanho que dispara sem pensar.

Bush prepara-se para sair do palco em Novembro. Quem lhe sucede? Mantenho a minha aposta: McCain, naturalmente. Mas o interessante é auscultar as opiniões do mundo sobre George: opiniões que oscilam entre a risota e a náusea.

Curiosamente, em artigo para a revista «Prospect» (uma revista de esquerda), o analista Edward Luttwak discorda. E discorda citando Truman: em 1952, quando o Presidente declinou candidatar-se à Casa Branca, a América e o mundo eram unânimes em condenar Truman. Perder 54 mil americanos na Coreia e perder a China para o comunismo não eram propriamente medalhas que orgulhassem alguém.
Meio século depois, com a Coreia remetida para os livros de História, Truman é estimado precisamente pela sua política externa: uma doutrina de «contenção» que contribuiu para o declínio e implosão pacíficas da União Soviética.

O mesmo tratamento é dedicado a Bush: para Luttwak, o Iraque será um dia visto como um mero capítulo de uma longa guerra contra o terrorismo islamita que o 11 de Setembro inaugurou. E Bush venceu essa guerra: em termos ideológicos, conseguiu que antigas potências que toleravam ou apoiavam organizações terroristas começassem a pensar duas vezes (o Paquistão é o melhor exemplo); e, em termos humanos e operacionais, a destruição das bases de treino da Al-Qaeda no Afeganistão e a morte ou captura de uma parcela generosa dos seus membros fizeram o resto. A coroar tudo isto, os Estados Unidos não voltaram a acordar com nenhuma outra torre em chamas.

Luttwak tem razão? A questão é absurda porque, precisamente, só o tempo permitirá um juízo informado. Mas brindo à coragem e inteligência de Luttwak em remar contra os plumitivos que, em rebanho, disparam sem pensar. Os exactos plumitivos que, coisa curiosa, nunca mais voltaram a falar na guerra «perdida» do Iraque. Porque será?

Suspeita minha: porque com a debandada da Al-Qaeda e a relativa pacificação das tribos xiita e sunita, talvez o Iraque não esteja assim tão «perdido». Era a suprema ironia.



Comentário:

Eu não brindo à inteligência de Luttwak nem à de João Pereira Coutinho. Ambos pretendem branquear as acções de dois dos maiores criminosos da história mundial (Truman e Bush), e fazem-no de forma desastrada e incompetente. Nada que o rebanho de plumitivos do Jornal Expresso não nos tenha já habituado. Mas passemos aos factos:

Quanto à política externa do estimado Harry Truman (nas palavras de Pereira Coutinho), que foi Presidente dos Estados Unidos desde 12 de abril de 1945 (até 1953), convém lembrar o seguinte:

O jornalista Walter Trohan do Chicago Tribune publicou, no domingo seguinte à vitória sobre o Japão, a 19 de Agosto de 1945, nas primeiras páginas tanto do Chicago Tribune como do Times-Herald de Washington, a recusa pelos Estados Unidos da oferta de paz do Japão em Janeiro de 1945, sete meses antes de terminar a II Guerra Mundial.

O artigo de Trohan revelou como dois dias antes da partida de Roosevelt para a Conferência de Yalta, que teve lugar a 4 de Fevereiro de 1945, o presidente recebeu um memorando de quarenta páginas do general Douglas MacArthur descrevendo cinco propostas diferentes de altas autoridades japonesas a oferecer os termos da rendição que eram virtualmente idênticos àqueles que foram mais tarde ditados pelos Aliados aos japoneses em Agosto de 1945.

O significado das declarações do general MacArthur ao presidente Roosevelt é colossal. O artigo de Trohan mostra que a guerra no Pacífico podia ter terminado no começo da Primavera e que Roosevelt e Truman (este, a apartir de Abril de 1945) enviaram milhares de rapazes americanos para uma morte desnecessária em Iwo Jima e Okinawa. E, pelo mesmo motivo, também desnecessáriamente, Truman incinerou, em Agosto de 1945, centenas de milhares de civis japoneses em Hiroxima e Nagasáqui com o lançamento de duas bombas atómicas.


Quanto à política externa (e interna) do "estimado" George Bush há tanto, mas tanto para dizer:

A principal justificação de George W. Bush para a guerra do Iraque foi de que o Iraque estava a desenvolver armas de destruição maciça. Estas armas, argumentava-se, ameaçavam os Estados Unidos, os seus aliados e os seus interesses. No discurso do estado da União de 2003, Bush defendeu que os Estados Unidos não poderiam esperar até que a ameaça do líder iraquiano Saddam Hussein se tornasse eminente. Após a invasão, no entanto não foram encontradas nenhumas provas da existência de tais armas. Outra justificação para a guerra foi de que existiam indicações de que havia uma ligação entre Saddam Hussein e a Al-Qaeda. Apesar disso não foram encontradas provas de nenhuma ligação à Al-Qaeda.

Quanto a vítimas iraquianas da invasão americana, o Los Angeles Times apontava em Setembro de 2007 para mais de um milhão e duzentos mil mortos iraquianos.

Isto para não falar dos massacres de Faluja, Haditha e de outras localidades iraquianas e das vergonhas civilizacionais das prisões de Abu Ghraib e Guantánamo.

Quanto aos soldados americanos, já morreram até hoje 4.152 militares, e se os "Estados Unidos não voltaram a acordar com nenhuma outra torre em chamas" (como diz acertadamente Coutinho), o número de soldados americanos mortos no Iraque equivale ao número de vítimas que resultaria do desabamento de três torres semelhantes às do World Trade Center.


E quanto ao próprio 11 de Setembro há demasiada coisa a explicar: é importante perceber como é que quatro aviões são desviados da rota delimitada e se dirigem em direcção a Washington e a Nova Iorque. Onde estava o FBI, a CIA e a Força Aérea? Há demasiadas interrogações. Quem está por trás? Porque é que os computadores estiveram avariados meia-hora na altura do ataque? Porque é que não interceptaram os aviões? Porque desabaram as três torres do WTC?

E como afirma o Professor Boaventura de Sousa Santos: "A acumulação recente de mentiras e a revolução nas tecnologias da informação e da comunicação explica o que, à primeira vista, seria impensável: o intenso debate em curso sobre a verdadeira causa do ataque às Torres Gémeas (estaria o governo envolvido?), sobre o colapso das Torres (resultado do impacto ou de explosivos pré-posicionados nos andares inferiores?) sobre o ataque ao Pentágono (avião ou míssil?). O debate envolve cientistas credíveis e cidadãos do "movimento para a verdade do 11 de Setembro", e ocorre quase totalmente fora dos grandes media e sem a participação de jornalistas. Será que a internet, os vídeos e os telemóveis tornam a mentira dos governos mais difícil?"
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11 comentários:

Anónimo disse...

"Será que a internet, os vídeos e os telemóveis tornam a mentira dos governos mais difícil?"

Ou mais fácil. Basta pagar a uma boa equipa de lançadores de boatos, e acabas por ter na NET uma tal salgalhada que não sabes para onde te virares.

Anónimo disse...

boas diogo,

excelente post.

quando comecei a ler o post, interroguei-me como pode alguém como essa coisa a que chamam jornalista escrever num jornal.

depois lembrei-me que é o expresso, assistimos pois à habitual lavagem cerebral da NWO, o patrão amigo e principal personagem do Bilderberg em Portugal, deve encomendar estes textos carregados de mentiras.

cumps,

rjnunes

Zorze disse...

Sempre fui da opinião quanto mais informação mais desinformação.
O que antes se escondia hoje se dá em doses maciças. E havendo experts da manipulação...
Quem tem a capacidade de separar o trigo do joio?

Abraço,
Zorze

Anónimo disse...

"Já te esqueceste, Loureiro?"

Olha, e o Loureiro continua a saga de apagar coments que não lhe agradam, liberal, o justiceiro.

Que os russos estão quase de retirada do Iraque, aonde foram de passeio, contra todo o direito, por roubar o pitroil e pilhar museus de arte, antigos, enquanto amesquinhava milhões de gente.

E há-de haver assim burros servis, todo o sempre.

Anónimo disse...

Bah, caqueles seus olhinhos espertos e marotos do retrato, o João Coutinho está mesmo no ponto truz de se comer como um bijou, lá isso está, e faz que reparem nele, está certo.

Diogo disse...

Zorze: « E havendo experts da manipulação...Quem tem a capacidade de separar o trigo do joio?»

Temos de ser nós, com a nossa inteligência, o nosso bom senso e com uma Internet onde haja liberdade de publicar tudo. Nunca será com os Mérdia que nos impingem.

Abraço

Anónimo disse...

Hoje, Jean-Marie Bigard, humorista francês de renome, sucumbiu à pressão mediática falsamente escandalizada. Depois de há dias ter afirmado que o 11/9 tinha sido planeado pelo governo americano, veio hoje retractar-se e pedir desculpas publicamente.

Aqui o pedido de desculpas (com o registo das declarações que o provocaram num video abaixo):

http://jeanmarcmorandini.tele7.fr/article-18659.html

Diogo disse...

Bom link Filipe Abrantes!

Cada vez mais gente sabe o que aconteceu. O que significa que cada vez mais gente saberá. O Merdia estão a perder a batalha. Cada vez menos gente vê os telejornais ou lê jornais. Os mentirosos encartados estão a ser mandados à merda.

Anónimo disse...

De notar que o tal Bigard nem é um perigoso esquerdista. Apoiou o agora presidente Sarkozy e tem posições algo à direita em geral.

Eu nem sequer tenho posição sobre esse assunto, mas é grave o clima anti-liberdade de expressão que se está cada vez mais a viver.

Registe-se o tom desta frase humorista: "Je ne parlerai plus jamais des événements du 11 septembre. Je n'émettrai plus jamais de doutes. J'ai été traité de révisionniste, ce que je ne suis évidemment pas"

NUNCA mais falará sobre o 11/9! Nunca! Assim como "nunca mais mostrará dúvidas". Extraordinário.
Deve ter ouvido das boas por parte do agente.

xatoo disse...

onde é que eu já ouvi isto: "nunca tenho dúvidas"?
acho que originalmente era uma frase da agora Baronesa Tatcher:
http://www.timesonline.co.uk/tol/news/politics/article4599199.ece

Anónimo disse...

Ai meu amigo Diogo
Hoje estou em dia "NÂO" e só me apetece "vomitar"! São náuseas que nos dão quando estamos a caminho da exaustão.
Muito obrigada pelos sempre teus admiráveis e imperdíveis esclarecimentos!
Beijos no teu coração
Ashera