segunda-feira, abril 16, 2007

Banco Central Europeu - a árvores das patacas da finança internacional

Robin Good - Marco Della Luna e Antonio Miclavez

Porque é que os bancos vendem dinheiro que não possuem? Será o lucro da emissão de dinheiro a verdadeira árvore das patacas?

A «dívida pública» foi literalmente inventada por políticos e banqueiros de forma a enriquecer os corretores de Bancos Centrais.

No passado, os bancos ao emitir dinheiro garantiam-no com os seus activos e as suas reservas, convertendo papel moeda em ouro, e pagando eles próprios os custos da emissão e impressão do dinheiro.

Hoje, contudo, o dinheiro já não é garantido pelo ouro, já não é convertível, as taxas de emissão e impressão são praticamente inexistentes, e representam ganhos para aqueles que emitem e vendem o dinheiro, ou seja, o lucro da emissão de dinheiro tem um valor nominal de 100%.

Quando o Estado pede dinheiro ao Banco Central, paga o custo do seu valor nominal com títulos da dívida pública (e não apenas o custo tipográfico), basicamente comprometendo-se a aumentar os impostos aos cidadãos e às empresas.

Tudo isto acontece através do Banco Central Europeu, um monstro judicial criado pelo Tratado de Maastricht, isento de qualquer controlo democrático, actuando como um estado soberano, acima de tudo e de todos.

Portugal continua a empobrecer à medida que a dívida pública aumenta, conduzindo a uma pressão fiscal muito alta. (DN 27.01.06 - O Estado português deverá registar um montante total de dívida, no final de 2006, de 111,6 mil milhões de euros, um crescimento de 10,4 mil milhões face ao final do ano passado).

Estamos frente a um «senhor» (ECB) que utiliza o Estado, o sistema fiscal e a administração pública para criar um sistema de desinformação constitucional com o objectivo de esconder os seus negócios enquanto cria uma ilusão de legalidade.

É um sistema de poder que foi erigido e mantido na premissa de que será sempre ignorado pela população, especialmente pelos trabalhadores, contribuintes e pessoas com poupanças.

A quem pertence o dinheiro quando é emitido pelo Banco Central? Pertence ao Banco Central, que tem o direito de pedir aos Estados para pagar por ele? Ou o dinheiro pertence ao Estado, ao povo, que por isso não deveria ser obrigado a pagar nem o dinheiro que precisa nem os respectivos juros ao Banco Central?

A prova de que o uso do poder do dinheiro através do Banco Central é um instrumento de poder que os banqueiros têm sobre o Estado, é confirmado pela atitude ambígua e pouco clara das instituições públicas, Parlamento incluído. É o facto do Banco de Portugal vender dinheiro por alto preço que não lhe custa um cêntimo e ao qual o Banco Central não acrescenta qualquer valor, ou seja, poder de compra.

O poder de compra é conferido ao dinheiro através do mercado, das pessoas e da procura real de dinheiro. Os Bancos Centrais não geraram o «valor» do dinheiro que utilizamos, não obstante comportam-se como se fossem donos do dinheiro, vendendo-o aos Estados (e aos bancos comerciais) em troca de títulos do Estado e de outros valores. É paradoxal.

É como se um tipógrafo, que trabalhasse para um clube de futebol, encarregado de imprimir 30.000 bilhetes para um jogo (com os bilhetes a apresentar um valor de 20 euros cada), pedisse como pagamento 600.000 euros pelo facto dos 30.000 bilhetes apresentarem um valor facial de 20 euros cada.

É verdade que cada bilhete vale 20 euros. Mas o valor destes bilhetes não depende do tipógrafo mas antes da organização desportiva que criou a equipa de futebol, que disponibilizou um campo de jogo e que organizou o encontro, suportando todos os custos e criando a procura dos bilhetes, sem as quais os bilhetes não teriam rigorosamente nenhum valor.

Os administradores da organização desportiva sabem isto muito bem, mas o tipógrafo por um lado faz chantagem com eles, e por outro suborna-os prometendo-lhes, caso eles lhe paguem a injusta retribuição, uma compensação monetária e fundos para serem reeleitos nas próximas eleições para o conselho de administração. Se não alinharem o tipógrafo financiará outros candidatos e campanhas na imprensa contras os membros honestos do conselho de administração.

Os poderes bancários comportam-se exactamente como o tipógrafo, e os que estão no governo comportam-se como os membros chantageados e subornados do conselho de administração da equipa de futebol, ao aprovarem ao Banco Central a posse do dinheiro que este emite. Mas não só. Os poderes bancários criam uma injusta e ilógica dívida aos povos dos seus países, aqueles que de facto, com o seu trabalho e as suas necessidades de compra, dão real valor ao dinheiro.

É por este motivo, além do princípio de soberania constitucional dos povos, que no momento em que o dinheiro é impresso, o seu valor deveria ser gerido pelo estado como propriedade das pessoas. O Estado nunca deveria colocar-se a si e à sua população sob o jugo de um Banco Central, público ou privado, para obter o dinheiro de que necessita. Mas infelizmente é exactamente isso que acontece.

Mas existe outra coisa ainda pior: o Banco Central, ou seja os seus accionistas, não só se apropriam do valor do dinheiro que o Banco Central emite, com imenso prejuízo para o Estado e a população, como o Banco regista este valor não como uma entrada activa mas como um custo passivo, imitando uma dívida e evitando por isso a necessidade de pagar impostos no que é apenas um aumento puro de capital que deveria, portanto, ser taxado na sua totalidade.

Se o dinheiro constituísse de facto um custo passivo, uma dívida, porque é que o estado o compra pagando-o com títulos da dívida pública que constituem um crédito para quem os recebe? Já viram alguém pagar a outrem para comprar uma dívida?

Mas o dinheiro também não é de forma nenhuma uma dívida para o banco que o imprime. Se fosse uma dívida, essa dívida poderia ser paga ao portador no banco, através da conversão em ouro. Dantes era assim, quando os possuidores de cheques ou notas podiam converter o seu dinheiro em ouro no banco emissor.

É natural que nenhum Governo se dê ao luxo de responder honestamente a todas estas questões porque isso seria admitir que a sua verdadeira função consiste em defraudar os próprios cidadãos e votantes para enriquecer uma elite financeira que controla o verdadeiro poder.

Tudo o que foi dito é apenas a ponta do icebergue, já que a maior parte do dinheiro existente em circulação, cerca de 85%, não é dinheiro autêntico, impresso pelos Bancos Centrais, mas dinheiro criado através do crédito. Isto significa dinheiro baseado no crédito que os bancos comerciais criam a partir do nada. Tais bancos, com a criação contínua de dinheiro baseado no crédito, tornam-se donos do total poder de compra da população mundial.


Comentário:

As sanguessugas, firmemente alapadas à árvore das patacas, continuam com razões para sorrir:

12 comentários:

Anónimo disse...

As sanguessugas têm todos oculos. Há aqui um padrão? Pelo sim pelo não a primeira medida revolucionaria do diogo assim que chegar ao poder é arrecadar todos os caixas de boculos na prisão. Acho bem

Diogo disse...

Caro dlm,

O artigo é muito bom. Leia-o com atenção. A comparação entre o Banco Central Europeu e um tipógrafo que cobra o valor facial dos bilhetes que emite é absolutamente verídica. Esse valor, conseguido graças à colaboração de políticos corruptos, entra directamente nos cofres dos banqueiros internacionais. É o roubo do milénio.

Anónimo disse...

Um velhote barricou-se numa agência bancária em Gaia para evitar que as sanguessugas lhe ficasem com a casa. Quantas pessoas não estarão em situações semelhantes?

Anónimo disse...

A forma organizada e estruturada da circulação monetária na economia é assegurada pelos bancos onde estes desempenham um papel fundamental. No entanto usam e abusam de movimentos contabilísticos duvidosos para camuflarem os seus lucros.

Anónimo disse...

Os bancos são verdadeiros vampiros sem misericórdia! Roubam-nos biliões. Os Bancos são autênticos proxenetas de quem precisa deles.

Anónimo disse...

Que tal se fazer uma campanha para que todos retirem o dinheiro dos bancos?

Anónimo disse...

fazer-se

augustoM disse...

Quem manda? Quem manda? Quem manda pode, porque o deixam poder. E a malta?, a tal que dizem que tem o poder, é que fica a perder.
Um abraço. Augusto

Diogo disse...

Nicolaias,

É necessário que os bancos centrais sejam sejam públicos (um novo poder, como o judicial ou o legislativo), que emitam o dinheiro necessário ao funcionamento das economias sem cobrar rigorosamente nada por isso (excepto o custo da impressão), e que se acabe com as reservas mínimas dos bancos comerciais (fractional reserve system), que lhes permitem criar dinheiro do nada, emprestá-lo e cobrar juros.

Diogo disse...

Augusto,

A malta que tem o poder é a malta que tem o dinheiro. E portanto é a malta que tem os jornais, as televisões, os políticos e os legisladores. O resto da malta não faz nada porque não sabe.

Abraço

a.castro disse...

E que tal se as sanguessugas colocassem à entrada dos Bancos que se fartam de roubar várias Seigniorages para dar um aspecto mais airoso àqueles que são roubados?...

Anónimo disse...

Deixa-me lá ver se entendi bem:
o que se propõe aqui é a nacionalização da banca, certo?