quinta-feira, julho 31, 2008

Três questões sobre o extravio de uma avioneta em Portugal e a inevitável comparação com os atentados do 11 de Setembro nos EUA


No passado Domingo, 27 de Julho de 2008 às 8:45 da manhã, uma avioneta Piper PA34, pilotada por Luís Carvalho, partiu às 08.45 do Aeroclube de Bragança, tendo um plano de voo autorizado (pelo Centro de Controlo de Tráfego Aéreo de Lisboa) com destino final no Aeródromo de Cernache, perto de Coimbra. O piloto, no seu último contacto via rádio, enquanto sobrevoava a zona de Coimbra, comunicou sentir-se indisposto. A partir daí foi o silêncio total. O despenhamento da avioneta verificou-se cerca das 11h50, a 200 milhas a oeste do Cabo da Roca, quando acabou o combustível.

Sobre o acidente, o porta-voz da FAP (Força Aérea Portuguesa), tenente-coronel António Seabra, afirmou ao Diário de Notícias que:

- Às 09.50, o piloto da avioneta Piper fez o seu último contacto via rádio na frequência civil, dizendo estar indisposto.

- Oito minutos depois, às 09.58, foram accionados dois caças F16.

- Nove minutos depois, às 10.07, os caças F16 partiram da Base Aérea de Monte Real.

- Seis minutos depois, às 10.13, ou seja, vinte e três minutos depois do último contacto via rádio do piloto da avioneta, a 38 milhas de Monte Real, já sobre o mar, os caças F16 interceptaram a avioneta e acompanharam-na...


O porta-voz da Força Aérea tenente-coronel Seabra informou, igualmente, que os dois caças F-16 que anteontem interceptaram a aeronave que se despenhou no mar – a 200 milhas do Cabo da Roca – não tinham autorização para abater o aparelho, caso este se dirigisse para um centro urbano, colocando mais vidas em perigo. "Caso se verificasse essa situação, alertávamos a Protecção Civil".


João Moutinho, piloto, instrutor e professor de aeronáutica, garantiu ao Correio da Manhã que, no caso de um avião descontrolado se dirigir para uma área habitada, os pilotos do F-16 que forem em seu socorro "não têm qualquer hipótese. Só terem conseguido observar o detalhe de o piloto estar inconsciente já é surpreendente", garante, avisando que a velocidade mínima de um F-16 é muito maior do que a velocidade cruzeiro de um Piper. O especialista afirma ainda que, "excepto em casos de terrorismo, ninguém assumiria a responsabilidade de abater um avião".

Disse ainda Moutinho que, qualquer voo tem de ser comunicado às autoridades competentes com pelo menos meia hora de antecedência. Apenas os voos denominados locais – que não estão autorizados a sair da área de controlo do aeródromo de onde partiram – estão livres de o fazer. Enquadram-se neste caso os voos de formação e os de lazer. Ainda assim, estes voos são acompanhados por operadores aéreos civis e militares, sendo que estes últimos podem dar ordens ao piloto a qualquer momento.


Questões:

1 - Se é perfeitamente plausível que os caças F16 tenham decolado 9 minutos após serem accionados e tenham interceptado a avioneta 6 minutos depois, já é difícil compreender que desde o último contacto via rádio com o piloto até ao accionamento dos F16 tenham passados oito (8) longos minutos. Porquê tal demora numa situação de emergência?

2 - Se fosse previsível que a avioneta fosse cair numa área densamente povoada, porque é que "ninguém assumiria a responsabilidade de abater um avião, excepto em casos de terrorismo", como afirmou o piloto e instrutor João Moutinho?

3 - E como é que era possível ter a certeza se que não se tratava de um caso de terrorismo? Pirata(s) do ar não poderiam ter controlado a avioneta sem que os pilotos e os controladores da Força aérea se apercebessem?


De qualquer forma, está de parabéns a Força Aérea Portuguesa. Desde que os caças F16 receberam ordem para decolar, demoraram apenas 15 minutos até interceptar a avioneta extraviada. Notável!

De lamentar apenas a demora de oito minutos para accionar os caças F16. Culpa dos controladores civis ou dos decisores militares? Em que minuto é que os controladores civis informaram os militares da interrupção da comunicação com o piloto da avioneta?

E mais de parabéns está a Força Aérea Portuguesa se a compararmos com a Força Aérea Norte-Americana (NORAD) no fatídico 11 de Setembro de 2001:

O Relatório da Comissão do 11 de Setembro afirmou (contrariando afirmações anteriores do NORAD), que a FAA (Agência Federal de Aviação Civil Americana) não tinha notificado a Força Aérea Norte-Americana (NORAD) do sequestro dos aviões que embateram na Torre Sul do World Trade Center e no Pentágono, e que, por consequência, esta (NORAD) não tinha enviado caças interceptores e não pode evitar os ataques.

terça-feira, julho 29, 2008

Os atentados ao contribuinte português


Diário Económico Online/Lusa - 20/05/2008:

O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, afirmou estimar que o plano de investimento em infra-estruturas para os próximos dez anos vá aumentar o nível de actividade no sector da construção de sete para 11 mil milhões de euros por ano.

(...) Os projectos de investimento em grandes infra-estruturas lançados pelo Governo para os próximos 10 anos ascendem a quase 40 mil milhões de euros.



Miguel Sousa Tavares (Expresso 07/01/2006)

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos [Ota e TGV], [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita.»

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»
.

sábado, julho 26, 2008

A Odigo de Macover


O quotidiano israelita Ha’aretz revelou que a Odigo, uma empresa líder em matéria de sistemas electrónicos de mensagens, sedeada em Nova Iorque (a dois quarteirões do World Trade Center) e com escritórios em Israel, recebeu mensagens de alerta anónimos informando sobre os atentados do World Trade Center, duas horas antes de eles ocorrerem. Os factos foram confirmados por Micha Macover, director da empresa.

Questionado sobre se podia confirmar que a Odigo tinha recebido mensagens de alerta sobre o ataque ao World Trade Center, o vice-presidente da companhia, Alex Diamandis, responsável pelas vendas e marketing, confirmou que as mensagens de aviso dos ataques foram recebidas mas não quis comentar o seu conteúdo: “Fornecer mais pormenores levaria apenas a mais conjecturas” – afirmou.

Confirmou, também, que logo após os ataques terroristas a Nova Iorque, os funcionários da Odigo comunicaram o facto à direcção, que, por sua vez, contactou os serviços israelitas de segurança. Por seu turno o FBI foi informado das mensagens de alerta.

A Odigo forneceu ao FBI o endereço da Internet do emissor da mensagem de forma a que este pudesse ser encontrado [Deutsche Presse-Agentur 9/26/01]. Dois meses depois foi reportado que o FBI estava ainda a investigar o assunto, mas não se soube mais nada depois disso [Courier Mail 11/20/01].

Um porta voz do FBI disse que “pode ter sido alguém a brincar e, sem querer, acertou”. "It may just have been someone joking and (it) turned out they accidentally got it right," he said.
.

sexta-feira, julho 18, 2008

McCain, Hillay e Barack Obama foram prestar tributo ao lóbi israelita

Jon Stewart, do Daily Show, mostra-nos, com a sua habitual ironia, a ida dos três candidatos à presidência norte-americana à AIPAC (American Israeli Political Activity Committee), a principal representação dos interesses judaicos em Washington. Em suma, John McCain, Hillay Clinton e Barack Obama foram prestar tributo ao lóbi israelita:

Jon Stewart: O virtual candidato republicano John McCain, o virtual nomeado democrata Barack Obama e a PresidenteVirtual Hillay Clinton, foram à conferência da Comissão Israelo-Americana (AIPAC). A AIPAC é o principal grupo de pressão pró-Israel e para um candidato a Presidente é importante fazer uma visitinha e ligar-lhe de vez em quando. Obviamente estes três candidatos são vistos de forma muito diferente pela comunidade judaica. Mccain é visto como um guerreiro no qual se pode confiar. A Senadora Clinton é vista como uma figura política histórica. E Obama, não têm bem a certeza. O gajo é preto? Ou é árabe? Ou é o quê? Não sabem, não fazem ideia.

Barack Obama: Há muito que compreendo o desejo que Israel tem de paz e a necessidade que tem de segurança. Mas isso tornou-se óbvio durante as viagens de que o Lee falou há dois anos quando fui a Israel.

Jon Stewart: Ah, uma visita em pessoa? Um ponto para ele na coluna gimmel. Senadora Clinton?

Hillay Clinton: Desde a minha primeira visita a Israel em 1982, até à mais recente, vi em primeira-mão o que Israel conseguiu.

Jon Stewart (a imitar Hillary): ele (Barack) só lá esteve uma vez! Eu vou lá tanta vez que até tenho cartão de passageira frequente. O McCain vai ver-se à rasca para fazer melhor.

John McCain: Estive recentemente em Jerusalém com o senador Lieberman…

Jon Stewart: Ganhou senador. Mas, sabe, quando se vai a Israel não é preciso levar o nosso próprio judeu. Há lá uma grande variedade por onde escolher. Mas foi um bom toque. Tem um grande amigo que é judeu. Senadora Clinton?

Hillay Clinton: Estar aqui hoje faz-me recordar uma passagem de Isaías…

Jon Stewart: Ena! Ela conhece um judeu da Bíblia.. Conhece-o no sentido bíblico. Senador Obama, tem de matar o jogo…

Barack Obama: Conheci um conselheiro num campo de férias … que era um judeu americano mas tinha vivido em Israel durante uns tempos.

Jon Stewart: O melhor que arranjas é um judeu num campo de férias há 30 anos? Pior do que isso só dizer – “eh, pessoal, uma vez aluguei o filme Yentl”. Bom, mas uma coisa é verdade, grande parte da amizade por um país como Israel é fazer uma crítica construtiva às suas políticas que poderão não ser positivas para o mundo. Portanto vamos ouvir as críticas dos candidatos às actuais políticas de Israel.

Barack Obama: (silêncio).

Hillay Clinton: (silêncio).

John McCain: (silêncio).

Jon Stewart: Ora, esqueci-me. Não se pode dizer nada de crítico sobre Israel quando se quer chegar a Presidente. O que é engraçado, porque, sabem onde é que se pode criticar Israel? Em Israel.


Vídeo legendado em português (5:24 m):

terça-feira, julho 15, 2008

Ben-Gurion - Devemos usar o terror, o assassínio e a confiscação da terra para libertar a Galileia da sua população árabe

A figura abaixo mostra a divisão da Palestina entre palestinianos e israelitas desde 1946 até 2000. A verde, o território palestiniano e a branco, o território israelita.

Figura 1 – A Palestina em 1946.

Figura 2 – A Palestina em 1947, após a partilha do território pelas Nações Unidas.

Figura 3 – A Palestina em 1967.

Figura 4 – A Palestina em 2000.

(Clicar para ampliar a imagem):


Para melhor compreensão da «evolução na redistribuição» da Palestina entre palestinianos e israelitas, atente-se na opinião de alguns dos principais dirigentes israelitas:

Moshe Dayan (1915 — 1981), foi responsável pelas mais importantes vitórias de Israel nas guerras contra seus vizinhos árabes.

- "Se se tem o Livro da Bíblia, e o Povo do Livro, então tem-se também a Terra da Bíblia – dos Juízes e dos Patriarcas em Jerusalém, Hebron, Jericó e das terras em redor." [If you have the Book of the Bible, and the People of the Book, then you also have the Land of the Bible -- of the Judges and of the Patriarchs in Jerusalem, Hebron, Jericho and thereabouts] - Moshe Dayan, Jerusalem Post, August 10, 1967.

- "Reparem na Declaração de Independência Americana. Não contém qualquer menção a limites territoriais. Nós não somos obrigados a fixar os limites do Estado." [Take the American Declaration of Independence. It contains no mention of territorial limits. We are not obliged to fix the limits of the State.] - Moshe Dayan, Jerusalem Post, August 10, 1967


Menachem Begin (1913-1922) foi um politico israelita, Prémio Nobel da Paz e Primeiro Ministro de Israel.

- "Esta terra foi-nos prometida e nós temos direito a ela." [This land has been promised to us and we have a right to it.] – Afirmação de Menachem Begin em Oslo, Jornal Davar, 12 de Dezembro de 1978.

- "A Terra de Israel será devolvida ao povo de Israel. Toda ela. E para sempre." [Eretz Israel will be restored to the people of Israel. All of it. And for ever.] - Menachem Begin, The Revolt: The History of Irgun, p. 33.

- "O povo Judeu possui um incontestável, eterno, direito histórico à Terra de Israel, a herança dos seus antepassados..." [the Jewish people have unchallengeable, eternal, historic right to the Land of Israel, the inheritance of their forefathers] - (Iron Wall, p. 354-355)


David Ben-Gurion (1886 — 1973), judeu polaco, foi o primeiro chefe de governo de Israel.

- "O status quo não será mantido. Fundámos um Estado dinâmico, empenhado na expansão." [To maintain the status quo will not do. We have set up a dynamic state, bent on expansion.] - Ben-Gurion, Rebirth and Destiny of Israel, p. 419 [Renascimento e Destino de Israel].

- "Devemos usar o terror, o assassínio, a intimidação, a confiscação da terra, e o corte de todos os serviços sociais para libertar a Galileia da sua população árabe." [We must use terror, assassination, intimidation, land confiscation, and the cutting of all social services to rid the Galilee of its Arab population.] - David Ben-Gurion, May 1948, to the General Staff. From Ben-Gurion, A Biography, by Michael Ben-Zohar, Delacorte, New York 1978.
.

quinta-feira, julho 10, 2008

Seis milhões de Judeus

(Wikipedia) - O Holocausto é o termo geralmente usado para descrever o genocídio de aproximadamente seis milhões de Judeus Europeus durante a Segunda Guerra Mundial, como parte de um programa de extermínio deliberado planeado e executado pelo regime Nazi na Alemanha liderada por Adolf Hitler.

Curiosamente, em 1939-1945, não foi a primeira vez que seis milhões de judeus foram molestados (neste caso, exterminados pelos Nazis). Já em 1919, um ano depois de terminada a Primeira Guerra Mundial, seis milhões de Judeus estiveram condenados a morrer à fome numa Europa hostil [Revista: "The American Hebrew"]. E mesmo mesmo dezassete anos antes, em 1902, seis milhões de Judeus estiveram a ser sistematicamente humilhados na Rússia e na Roménia [Enciclopédia Britânica].

Na Revista «American Hebrew» de 31 de Outubro de 1919, surgiu um artigo entitulado "A Crucificação dos Judeus Tem de Parar!" [The Crucifixion of Jews Must Stop!], escrito por Martin H Glynn, ex-governador do Estado de Nova Iorque. O artigo foi publicado um ano depois de terminada a Primeira Guerra Mundial, aproximadamente 20 anos antes do rebentar da Segunda Guerra Mundial. O artigo refere por sete vezes o número 'seis milhões de Judeus'.

(Clicar nas imagens para aumentar)


The American Hebrew (1919) - páginas 582 e 601

Do outro lado do mar seis milhões de homens e mulheres pedem a nossa ajuda, e oitocentas mil criancinhas choram por pão.

Estas crianças, estes homens e mulheres são os nossos companheiros da família humana, com a mesma reivindicação à vida, a mesma susceptibilidade ao frio do Inverno, a mesma propensão para morrer perante as garras da fome. Dentro deles residem as ilimitadas possibilidades para o progresso da raça humana como residiriam naturalmente em seis milhões de seres humanos. Não devemos ser os seus protectores mas temos de ser o seu socorro.

Em face da morte, na tortura da fome não há lugar para distinções mentais ou credos, não existe lugar para diferenciações raciais. Nesta catástrofe, quando seis milhões de seres humanos estão a caminhar rapidamente para a sepultura por um destino cruel e inflexível, só a mais idealista persuasão da natureza humana pode influenciar o coração e mover a mão.

Seis milhões de homens e mulheres estão a morrer de carência das coisas mais básicas da vida; oitocentas mil crianças choram por pão. E este destino impende sobre eles embora não tenham culpa disso, embora não tenham transgredido as leis de Deus ou do homem, mas por causa da terrível tirania da guerra e um fanático desejo de sangue Judeu.

Neste ameaçador holocausto de vida humana, são esquecidos os preciosismos das distinções filosóficas, são esquecidas as diferenças da interpretação histórica, e a determinação para ajudar os sem ajuda, dar abrigo aos sem-abrigo, vestir os nus e alimentar os que têm fome torna-se numa religião em cujo altar homens de todas as raças podem rezar e mulheres de todos os credos podem ajoelhar-se. Perante esta calamidade, as modas temporais dos homens desmoronam-se perante as eternas verdades da vida, e acordamos para o facto de que todos somos uma criação de Deus e que todos nos encontraremos perante o tribunal de Deus no dia do juízo final. E quando chegar o dia do juízo final uma mera oração não valerá um tostão; mas obras, simples obras intangíveis, obras que secam as lágrimas do sofrimento e aliviam a dor da aflição, obras que no espírito do Bom Samaritano derramam óleo e vinho nas feridas e encontram alimento e abrigo para os que sofrem e para os aflitos, terão mais peso que todas as estrelas no céu, toda a água dos mares, todas as pedras e metais nos astros que giram no firmamento à nossa volta.

A raça é uma questão de acaso; o credo, é em parte uma questão de herança, em parte uma questão de ambiente, em parte uma questão de raciocínio; mas as nossas necessidades físicas e corporais estão implantadas em todos nós pelas mãos de Deus, e o homem ou a mulher que podem, e se recusam, a ouvir o grito da fome; que podem, e se negam, a prestar atenção aos lamentos dos que morrem; os que podem, e não fazem, estender uma mão amiga àqueles que se afundam sob as ondas da adversidade é um assassino de instintivos mais selvagens, um traidor à causa da família humana e um apóstata das leis naturais escritas em todos os corações humanos pelo dedo do próprio Deus.

E assim, no espírito que tornou a oferenda em cobre da pobre viúva em prata, e a prata em ouro quando colocado no altar de Deus, é feito um chamamento ao povo deste país para santificar o seu dinheiro com a dádiva de 35 milhões de dólares em nome da humanidade de Moisés aos seis milhões de homens e mulheres famintos.

Seis milhões de homens e mulheres estão a morrer – oitocentas mil crianças estão a chorar por pão. E porquê?

Por causa de uma guerra para derrubar a Autocracia e dar à Democracia o ceptro dos justos.

E nessa guerra pela democracia 200,000 rapazes judeus dos Estados Unidos combateram sob a bandeira americana. Só na 77ª Divisão havia 14,000 deles, e na floresta de Argonne esta divisão capturou 54 peças de artilharia alemã. Isto mostra quem em Argonne os rapazes judeus dos Estados Unidos combateram pela democracia tal como Joshua lutou contra os Amalequitas nas planícies de Abraão. Num discurso ao denominado "Batalhão Perdido" [Lost Battalion] comandado pelo coronel Whittlesey de Pittsfield, o general de divisão Alexander mostrou de que fibra eram formados estes rapazes judeus. Por qualquer motivo o comando de Whittlesey foi cercado. Tinham poucas rações. Tentaram comunicar com a retaguarda dando conta da sua luta. Tentaram e voltaram a tentar, mas os seus homens nunca conseguiram. A paralisia, a estupefacção e o desespero fizeram-se sentir. E no momento mais difícil e quando tudo parecia perdido, um soldado adiantou-se e disse ao coronel Whittlesey: "Vou tentar furar o cerco." Ele tentou, foi ferido, arrastou-se e rastejou, mas conseguiu passar. Hoje usa a Cruz por Serviços Excepcionais [Distinguished Service Cross] e o seu nome é Abraham Krotoshansky.

Por causa desta guerra pela Democracia seis milhões de Judeus, homens e mulheres estão a morrer de fome do outro lado do mar; oitocentos mil bebés Judeus estão a chorar por pão.

Em nome de Abraham Krotoshinsky que salvou o "Lost Battalion," em nome dos outros cento e noventa e nove mil, novecentos e noventa e nove rapazes Judeus que combateram pela Democracia sob a bandeira americana, vocês não dariam cobre, ou prata, ou ouro, para manter a vida nos corações destes homens e destas mulheres; para manter o sangue nos corpos destas crianças?

Na guerra mundial o Judeu ajudou toda a gente excepto o Judeu. "Além" ajudou no acampamento, no conselho e no conflito. "Acolá" ajudou a Cruz Vermelha, a Associação de Jovens Cristãos [Y.M.C.A.], os "Knights of Columbus" [Cavaleiros de Colombo - organização católica], a Maçonaria [the Masons], o Exército de Salvação e toda a gente. Portanto agora é a altura de todos ajudarem o Judeu, e Deus sabe que é agora que ele precisa.

Das trevas desta guerra, todas as outras raças, salvo uma ou duas, teve direito a um raio de sol. Mas entre as trevas circundantes não houve luz para o Judeu "para vós me guiardes". A guerra acabou para todos menos para o Judeu. O punhal ainda está na sua garganta e uma ânsia, velha de um século, irracional e absurda por sangue Judeu abre-lhe as veias. O Judeu na Roménia, Polónia e Ucrânia é feito o bode expiatório da guerra. Desde que o armistício foi assinado, milhares de Judeus na Ucrânia foram oferecidos como sacrifícios vivos a ambições diabólicas e a paixões fanáticas – as suas gargantas cortadas, os seus corpos rasgados membro a membro por bandos assassinos da soldadesca ciumenta. Na cidade de Proskunoff, há poucas semanas atrás, a madrugada viu a porta de cada casa onde vivia um Judeu marcada para um massacre.

Durante quatro dias, do nascer ao pôr do sol, fanáticos utilizaram a navalha como demónios do inferno, parando apenas para comer, ébrios com o sangue das vítimas Judias. Mataram os homens; foram menos misericordiosos com as mulheres. Violaram-nas e depois mataram-nas. De um objectivo a uma loucura, de uma loucura a um hábito, aconteceu esta matança de Judeus, até que em quatro dias as ruas de Proskunoff ficaram vermelhas como sarjetas de um matadouro, até que as suas casas se tornaram na morgue de milhares de seres humanos assassinados cujos feridas abertas gritaram por vingança e cujos olhos ficaram empedernidos com os horrores a que assistiram. Como disse o honorável Simon W. Rosendale, parafraseando apropriadamente o pensamento de Bobby Burns no seu discurso recente, é a velha história da "desumanidade de uns homens para com outros que colocam incontáveis milhares de luto". Assim como aconteceu em Proskunoff, o mesmo aconteceu em centenas de outros lugares. A história sangrenta repete-se ad nauseum. É a mesma história manchada de lágrimas – sempre a velha mancha sobre o brasão da humanidade. Realmente, Byron estava certo quando escreveu:

Tribos dos pés errantes e do peito fatigado
Para que lugar devem fugir para estarem em descanso?
O pombo selvagem tem o seu ninho, a raposa a sua toca,
A humanidade os seus países, Israel apenas a sepultura.

[Tribes of the wandering feet and weary breast
Whither shall ye flee to be at rest?
The wild dove hath her nest, the fox his cave,
Mankind their countries, Israel but the grave
.]

[Ilegível] para um lugar ao sol, e a crucificação dos Judeus tem de parar. Dizemo-lo novamente, a guerra acabou para todos menos para os Judeus. Como Isaac com a faca na garganta, mas ao contrário de Isaac, nenhum poder é capaz de parar o aço da avidez pelo seu sangue. Mas algum poder no mundo tem de se levantar para impedir o extermínio de uma raça digna. Em nome da paz no mundo temos de ter uma Liga das nações por todos os meios; mas pela Humanidade no Mundo, para fazer justiça ao Judeu e a outros povos oprimidos na terra, deixem-nos ter as Tréguas de Deus!

****************************

Mas já dezassete anos antes da publicação do artigo anterior na revista «The American Hebrew», também na Enciclopédia Britânica, em 1902, já se denunciava as provações de seis milhões de Judeus:

Na página 482 de um artigo sobre Anti-semitismo na 10ª edição da Enciclopédia Britânica (1902) encontram-se as palavras: "Enquanto existem na Rússia e na Roménia seis milhões de Judeus que estão a ser sistematicamente humilhados... [While there are in Russia and Rumania six millions of Jews who are being systematically degraded...]. Estas palavras surgem no último parágrafo da coluna da esquerda da imagem seguinte e precedem a referência aos Seis Milhões das vítimas Judias da Segunda Guerra Mundial em aproximadamente 40 anos:

Enciclopédia Britânica (1902): [While there are in Russia and Rumania six millions of Jews who are being systematically degraded...] "Enquanto existem na Rússia e na Roménia seis milhões de Judeus que estão a ser sistematicamente humilhados..."
.

terça-feira, julho 08, 2008

Lóbi das obras públicas, o grande financiador dos partidos do ‘centrão'

Miguel Sousa Tavares

Expresso 05/07/2008

«Manuela Ferreira Leite tem toda a razão, quando denuncia a inutilidade de obras públicas que não são essenciais, que não obedecem a uma estratégia conhecida de desenvolvimento, que são lançadas quando se enfrenta uma crise e se tenta a todo o custo conter o défice, e quando a factura é remetida para os nossos filhos. E tem toda a coragem, quando ousa enfrentar o lóbi das obras públicas, que é o grande financiador dos partidos do ‘centrão’. Caiu-lhe em cima a CIP e a AICCOP, uma das associações do sector, justamente alarmadas.

Diz o presidente desta última que "compete à iniciativa privada assumir-se como motor de desenvolvimento e o que nós pedimos é que o Estado crie as condições para se iniciar um novo ciclo de investimento". Eu traduzo, para o caso de ainda haver alguém que não perceba: eles são iniciativa privada para os devidos fins de respeitabilidade e estatuto; mas só são iniciativa se o Estado lhes garantir as empreitadas e os negócios e só são privados para colherem os lucros, ficando os riscos para o Estado. É assim como se o merceeiro da esquina dissesse: ‘Se o Estado me garantir que compra todo o «stock» que eu não conseguir vender, eu garanto a minha iniciativa privada de comerciante’.»


Comentário:

Como se a Manuela tivesse vontade de enfrentar o lóbi das obras públicas! Como se a Manuela, tal como o Sócrates, não fizesse parte do tal centrão que é financiado pelo dito lóbi.

O Sócrates e a Manuela estão para o lóbi das obras públicas, como o Bush e a Hillary estão para o lóbi militar-industrial americano. Meros "public relations representing business".
.

segunda-feira, julho 07, 2008

TVI - É falso um dos argumentos centrais do Governo para fechar o Aeroporto da Portela


Notícia TVI - 2008-06-06

Aeroporto da Portela tem afinal muitos espaços livres

A falta de espaços para os aviões aterrarem e descolarem é muito mais problemático na grande maioria dos aeroportos de outras capitais europeias.


É falso um dos argumentos centrais do Governo para fechar o Aeroporto da Portela. O actual aeroporto de Lisboa continua com tempos disponíveis para os aviões aterrarem e descolarem praticamente durante todo o dia.

A falta de slots, o nome que os técnicos dão aos horários livres, é muito mais problemático na grande maioria dos aeroportos de outras capitais europeias.

Este facto pode ser verificado numa simples consulta à Internet. O Aeroporto da Portela está muito longe de ter necessidade de recusar voos por falta de disponibilidade de slots.

Desfazer esta mentira é algo que está ao alcance de todos. Se se for ao Google e pesquisar pela expressão slots na Portela aparece um estudo publicado online pelo especialista em transportes Rui Rodrigues.

Com esse estudo aprende-se a consultar o site da Coordenação Internacional de slots.

Se se atender à semana de 8 de Agosto, período por excelência de saturação de tráfego aéreo, o mapa de disponibilidades do Aeroporto da Portela mostra que, na maioria das horas, continuam disponíveis dezenas de tempos de descolagem e aterragem. Só há alguns problemas entre as 07:00 e as 08:00. Mesmo assim sem a disponibilidade do aeroporto não chega a estar esgotada.

No mapa de disponibilidades do Aeroporto de Gatwick, em Londres, a mesma semana de Agosto está quase toda ocupada. Noutro aeroporto da capital britânica, em Heathrow, são ainda mais os horários onde não há espaço para aterrar ou descolar um único avião a mais.

A empresa coordenadora de slots de Portugal confirma que não há recusa de slots na Portela, porque o aeroporto procura disponibilizar horários alternativos às companhias aéreas. A empresa argumenta com os constrangimentos ao estacionamento de aviões e das infra-estruturas de passageiros.

João Soares, ex-presidente da Câmara de Lisboa, garante que só por má vontade é que não se resolve o problema com os terrenos disponíveis.

Torna-se assim muito mais difícil perceber por que insiste o Governo em fechar a Portela. O pior é que o novo aeroporto pode tornar-se um «elefante branco». O custo estimado de 3 mil milhões de euros terá de ser pago ou pelos contribuintes ou pelos utilizadores. Por isso, é previsível que as taxas aeroportuárias a pagar pelos passageiros sejam elevadas, o que afastaria os voos das companhias low cost, que cada vez conquistam mais mercado.

Os aeroportos portugueses cobram agora o dobro em taxas do que, por exemplo, os espanhóis. O aeroporto de Girona cobra 17 euros por cada passageiro que viaja para o Porto mas, no regresso, esse passageiro tem de pagar o dobro, quase 30 euros, para utilizar o aeroporto do Porto.

O Aeroporto da Portela também cobra o dobro do aeroporto de Madrid. Os espanhóis, apesar de terem folga orçamental, optaram por construir aeroportos baratos, que servem de base às companhias low cost, que cada vez oferecem ligações directas para mais cidades europeias.




Reportagem TVI - 2008-07-04

Aeroporto da Portela tem espaço para crescer

A uma hora de ponta, em pleno Verão, chega a passar meia hora sem que se movimente um único avião.


É do senso comum e pode comprovar-se à vista desarmada que o aeroporto da Portela não está mesmo esgotado. A TVI filmou o aeroporto a uma hora de ponta, em pleno Verão, e verificou que chega a passar meia hora sem que se movimente um único avião. As previsões oficiais para este Verão também provam que a Portela é dos aeroportos com maior folga na Europa.

A TVI confrontou o presidente da TAP com estes factos e Fernando Pinto acabou a explicar que, afinal, o grande problema é a falta de espaço para o estacionamento de aviões. Mas uma análise simples aos terrenos da Portela demonstra que o aeroporto ainda tem muito espaço para crescer e só não é ampliado porque parece não haver vontade política para isso.

O encerramento da Portela representa por outro lado uma ameaça grave para o turismo. Os operadores turísticos têm medo que aconteça em Lisboa uma verdadeira «tragédia grega». Os gregos fizeram um aeroporto novo em Atenas, grande e caro, que afastou os turistas e levou muitas empresas do sector à falência.

O receio é maior porque o turismo de Lisboa nunca viveu tão bem, graças aos voos das companhias aéreas de baixo custo. No Algarve, por exemplo, os hoteleiros até pagam a essas companhias para aterrarem em Faro.

quinta-feira, julho 03, 2008

Anti-semitismo: Hitler versus Churchill, Eisenhower e de Gaulle



Expresso - 28/06/2008


Texto de João Pereira Coutinho

É a clandestinidade de «Mein Kampf» na Alemanha que alimenta os neonazis. Uma edição crítica destinada a explicar Hitler é a atitude correcta


«A Segunda Guerra foi um acontecimento desnecessário na história contemporânea? Pat Buchanan, em livro que tem alimentado debates ferozes (Churchill, Hitler, and the Unnecessary War), defende que sim. A Segunda Guerra não se explica sem a profunda injustiça do Tratado de Versalhes, que destroçou uma Alemanha de joelhos. E não se explica sem o desejo bélico de Churchill, que arrastou os Estados Unidos para a dança e recusou a paz possível com a Alemanha. E, como conclusão, Buchanan acrescenta: se dúvidas houvesse sobre a inutilidade e a imoralidade da guerra, bastaria citar o Holocausto. O extermínio de seis milhões de judeus, mais do que um produto do anti-semitismo, foi sobretudo uma consequência lógica do conflito.

Não cabe aqui uma crítica aos argumentos de Buchanan, que aliás não constituem propriamente uma novidade entre os «revisionistas». Importa apenas dizer que, sobre o último ponto, uma das formas mais eficazes de mostrar a inevitabilidade do Holocausto passa pela publicação e leitura do livro (ou, em rigor, dos dois livros) que Hitler publicou antes de chegar ao poder. Trata-se de Mein Kampf e não deixa de ser estranho que a obra, disponível em todo o mundo, esteja banida na Alemanha até 2015. O Estado da Baviera, que detém os direitos, impede a publicação integral do texto porque acredita que o livro de Hitler é um convite à propagação de ideias neonazis e um insulto às vítimas do Reich.

É contra esta proibição que os historiadores alemães têm marchado. Duplamente marchado. Primeiro, porque é a clandestinidade do livro, e não a sua livre publicação, que alimenta o fanatismo neonazi. E, depois, porque é importante uma edição crítica antes de 2015, ou seja, antes do dilúvio editorial; uma edição destinada a explicar e a desmontar a mentalidade expansionista, revolucionária e anti-semita de um homem que acabaria por assombrar a Humanidade.

É a atitude correcta. Porque, ao contrário do que escreve Buchanan, as ideias precedem os actos. E as más ideias, os piores actos.»


Comentário:

Afirma João Pereira Coutinho que «uma das formas mais eficazes de mostrar a inevitabilidade do Holocausto passa pela publicação e leitura do Mein Kampf que Hitler publicou antes de chegar ao poder e que está banido na Alemanha até 2015». E defende ainda Coutinho a publicação de uma edição prévia destinada a explicar e a desmontar a mentalidade expansionista, revolucionária e anti-semita de um homem (Hitler) que acabaria por assombrar a Humanidade.

Mas talvez ainda mais importante que o esclarecimento do anti-semitismo do Mein Kampf, seria uma explicação racional para a completa omissão sobre as câmaras de gás nazis, sobre o genocídio de judeus e sobre as seis milhões de vítimas judaicas, nas obras pós-guerra de Eisenhower, Churchill e de Gaulle.



Três das mais conhecidas obras sobre a Segunda Guerra Mundial são a «Cruzada na Europa» do General Eisenhower (Crusade in Europe - New York: Doubleday [Country Life Press], 1948), «A Segunda Guerra Mundial» de Winston Churchill (The Second World War - London: Cassell, 6 vols., 1948-1954), e o «Memórias da Guerra» do General de Gaulle (Mémoires de guerre - Paris: Plon, 3 vols., 1954-1959). Nestas três obras não há uma única referência às câmaras de gás nazis.

A «Cruzada na Europa» de Eisenhower é um livro de 559 páginas; os seis volumes de «A Segunda Guerra Mundial» de Churchill têm um total de 4.448 páginas; e o «Memórias da Guerra» do General de Gaulle possui 2.054 páginas. Em nenhuma destas três obras, publicadas entre 1948 e 1959, se encontra uma única referência às câmaras de gás nazis, ao genocídio de judeus, ou às seis milhões de vítimas judaicas da Guerra.

As câmaras de gás, utilizadas para assassinar milhões de Judeus não mereceriam nem que fosse apenas uma referência passageira, nas obras de Eisenhower, Churchill ou de Gaulle?

O que será mais anti-semita? O Mein Kampf de Hitler que sugere "ab anteriori" o Holocausto judeu, ou o silêncio "a posteriori" dos grandes estadistas ocidentais?
.