Londres 7-7-2005
Uma forma de chegar à verdade é perguntar: Qui bono? Quem beneficia? Para qualquer observador imparcial é evidente que os muçulmanos, no Ocidente ou no Oriente, nada ganharam com os recentes acontecimentos em Londres. Por outro lado, governos ocidentais e empresas, em particular no campo do armamento, da segurança, e do petróleo, foram as primeiras a beneficiar desta tragédia.
Para além das acções unilaterais, o 11 de Setembro trouxe-nos os vários estádios do Patriot Act, a base de Guantanamo e muitas outras anulações dos direitos democráticos. Mas não asfixiou o debate nem as pessoas se sujeitaram, ainda, a perder a liberdade de expressão.
Houve intermináveis tentativas para controlar a Internet e para reduzir todos os Ocidentais a uma dieta de info-entertenimento da CNN, assim como existiram tentativas para banir a difusão de informação por satélite que não devia ser servida ao público americano, mas ainda não ultrapassaram os movimentos de liberdades civis. A esperança de que os atentados de Londres alterem este estado de coisas são grandes. A intercepção de e-mails é uma das grandes prioridades nas medidas contra-terroristas, e faz parte da agenda da Organização para a Segurança e Cooperação Europeia (OSCE).
Até agora o governo Britânico pensou que uma população assustada por um ataque terrorista “inevitável” era suficiente, mas foi ridicularizado e acusado de vendilhão de terror. Uma série de televisão, «The Power of Nightmares», questiona se estes avisos terroristas não serão de origem política.
Londres precisava de um autêntico atentado terrorista de forma a paralisar suficientemente a população de forma a aprovar legislação que não tinha sido capaz de aprovar antes do seu fiasco eleitoral. Imediatamente após o ataque houve incursões e evacuações do centro da cidade, e a França e a Itália foram rápidos a prender alegados suspeitos. A farsa da democracia podia ser suspensa e o governo e a oposição podiam restaurar-se.
Políticos americanos anseiam que estes acontecimentos travem a tendência europeia de permitir oposições às políticas governamentais e os una (os governos) na “aventura americana”. Sacrificar alguma da sua população não constitui um preço elevado a pagar: A ex-secretária de estado, Madeleine Albright, achou que a morte de meio milhão de crianças iraquianas (devida às sanções aplicadas ao Iraque) foram um preço que valeu a pena pagar.
Infelizmente para os politiqueiros americanos e britânicos, as críticas não foram silenciadas tão facilmente como aconteceu no 11 de Setembro. Alguns até deitaram as culpas para a exploração ilegal dos imigrantes por parte do governo. A maioria dos britânicos não sente inclinação para a maquinações.
Comentário:
Vamos ver se a rapaziada deste "jardim à beira-mar plantado", à imagem de uma boa parte dos habitantes da "Velha Albion", não se deixa maquinar. E maquinistas por cá, sob a fuligem do embuste, não faltam. Basta ir a algumas colunas do Expresso, do Público, do Abruto (sem p), da Sic Notícias (24 sobre 24 horas), etc.
4 comentários:
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