terça-feira, julho 19, 2005

Gastos milionários na GALP




Expresso, 16 de Julho 2005

UM QUADRO superior contratado pela Galp quando António Mexia assumiu a administração, em 2002, recebeu uma indemnização de 290 mil euros para sair da empresa, apenas dois anos depois de ter entrado. Este quadro acompanhava Mexia desde que este era responsável pela Gás de Portugal - e negociou o contrato com vários anos de antiguidade, que acabaram por lhe dar direito ao elevado montante. Poucos dias depois de Mexia sair da Galp para o Governo, o mesmo quadro foi admitido (com a indemnização no bolso) na Refer, uma empresa tutelada pelo seu ex-patrão.

Este é um dos muitos exemplos de contratações em condições invulgares por parte da Galp, nos últimos anos, principalmente no mandato de António Mexia, algumas das quais envolvendo figuras directa ou indirectamente ligadas à política. Freitas do Amaral é quadro da Galp Energia desde Julho de 2004, admitido ainda no mandato de Ferreira do Amaral, contrato neste momento «suspenso», segundo a empresa. O escritório de Henrique Chaves, ex-ministro de Santana Lopes, tem um contrato de avença, feito quando estava no Governo, com uma das subsidiárias da Galp, do sector imobiliário, que se mantém até hoje. Manuel Queiró, ex-deputado do CDS, foi até há semanas administrador de uma das empresas do grupo Galp. Um cunhado de Morais Sarmento, quando este era ministro, entrou no quadro da empresa negociando uma antiguidade (inédita) de 17 anos.

Nos últimos anos, assistiu-se também a contratações de jovens quadros de apelidos conhecidos com vencimentos acima do normal. Foi o caso do filho de Miguel Horta e Costa, que entrou na empresa com 28 anos e um ordenado de 6600 euros; ou do filho de Silveira Godinho, que trabalhava na área do futebol; ou do filho de Alípio Dias.

Fonte da Galp garantiu ao EXPRESSO não existirem quaisquer «situações anormais» que justifiquem uma mudança de atitude da nova administração, dirigida por Fernando Gomes e Murteira Nabo. Entretanto, a Comissão de Vencimentos da Galp fez uma proposta no sentido de aumentar em breve os ordenados de todos os administradores.



Comentário:

Mexia, mexia e remexia nas finanças da Galp sem dar cavaco ao mexilhão, que, como é sabido, é o único que se lixa e paga impostos .

Não fora a atitude da nova administração, dirigida por Fernando Gomes e Murteira Nabo, ao fazer uma proposta no sentido de aumentar em breve os ordenados de todos os administradores e não saberíamos onde a Galp iria parar.

Quando é que mandamos estes "governantes que tão bem se governam" para o lugar que lhes é devido?