segunda-feira, junho 06, 2005

Al-Zarqawi - uma figura mítica com poderes prodigiosos



Nick Possum - 1 de Junho de 2005

A última semana de Maio de 2005 foi um período de nervosismo para os fãs da maior novela que emergiu na Guerra ao Terrorismo – o show de Abu Musab al-Zarqawi.

No fim de semana, o terrorista mais procurado do mundo – flagelo das forças de ocupação e dos Muçulmanos Xiitas, representante de Osama bin “já quase esquecido” Laden – gravemente ferido em batalha, conseguiu deslocar-se para a segurança do Irão Xiita. Al-Zarqawi atravessa todo um país devastado pela guerra, desde a parte ocidental do Iraque, através de dezenas de postos de controle, e procura segurança entre os apóstatas que ele tinha jurado eliminar da face da terra. Mas quem é na realidade al-Zarqawi?

Há muito tempo atrás existiu um verdadeiro al-Zarqawi. Ninguém sabe exactamente o que é que realmente lhe aconteceu, mas em determinada altura antes da invasão do Iraque ele desapareceu do mundo real e entrou no mundo pantanoso das operações secretas (black operations) tornando-se um símbolo do mal e o rei do disfarce. Hoje em dia esconde-se no complexo da CIA em Langley na Virgínia, numa cave da zona verde em Bagdade, num escritório no Kuwait ... ou talvez simultaneamente em todas.

Estarão os rapazes das “black operations” que determinam o papel de al-Zarqawi a divertir-se? Podemos apenas imaginar as suas risadas, à medida que inventam as novas aventuras do seu homem, os sorrisos nas suas faces quando distribuem a última mensagem de Zarqawi na Internet e as gargalhadas que dão quando seguem as cuidadosas análises das malvadas façanhas de Zarqawi nos meios de comunicação mundiais. Com jornalistas tão complacentes deve ser um gozo.

Para aqueles que não têm seguido a carreira de al-Zarqawi aqui vai um breve resumo:

Ouviu-se pela primeira vez falar no travesso wahabista quando Colin Powell tentou forçar as Nações Unidas a apoiar a invasão do Iraque. O nosso homem era a peça chave na prova da conivência entre Saddam Hussein e a al-Qaeda. Al-Zarqawi, perdera uma perna em combate, mas nos hospitais de Sadam havia-lhe sido colocado uma prótese, afirmou Powell. Por incrível que pareça, foi dito que estava escondido entre os seus piores inimigos no território controlado pelos curdos, na altura protegido na zona de exclusão aérea sob domínio dos Estados Unidos.

Depois da invasão do Iraque as Autoridades Provisórias da Coligação “descobriram” um CD com um texto de Zarqawi para Osama bin Laden na qual o vil insurgente ameaçava a maioria Xiita do Iraque e delineava o seu plano para fomentar uma guerra civil no país. Naturalmente, o porta-voz da Coligação referia-se a esta prova do diabólico insurgente sempre que possível. Não só, Zarqawi estava por trás de todas as explosões de carros armadilhados no Iraque como veio a ser o cérebro por detrás do atentado do 11 de Março em Madrid.

Então, mesmo a tempo de agir contra o choque do escândalo da prisão de Abu Graib, Zarqawi decapitou o empreiteiro americano desaparecido, Nick Berg. O problema foi que o terrorista perneta foi visto no famoso vídeo da decapitação de Berg caminhando agilmente, empunhando a faca. O porta-voz americano admitiu então que a perna de Zarqawi possa não ter, afinal, sido amputada de todo e que talvez se tivessem enganado acerca disso (da relação al-Zarqawi – Saddam Hussein. É pena que entretanto tenham morrido 100 000 Iraquianos mas não há ninguém que não cometa erros.)

Depois da decapitação de Berg, Zarqawi desapareceu por uns tempos, até aparecer em Fallujah, onde serviu como desculpa para os americanos arrasarem a cidade, com a perda de mais algumas dezenas de milhares de vidas. Ouve reportagens pouco claras acerca das tropas americanas terem encontrado salas de tortura pertencentes a Zarqawi, mas estranhamente, sem quaisquer fotografias em primeira-mão. Quanto a Zarqawi desapareceu novamente ... para vir a ser utilizado mais tarde.

Ele reapareceu na parte ocidental do Iraque, perto da fronteira com a Síria, onde foi objecto da recente operação “Matador”. Mais algumas cidades foram arrasadas, mas nada de Zarqawi.

O que nos trás até à última semana de Maio de 2005, quando começaram a correr histórias na imprensa mundial de que Zarqawi tinha sido ferido numa emboscada. A princípio estas notícias foram atribuídas a declarações de alguns sites misteriosos islâmicos (“cuja autenticidade não podia ser confirmada”) e que apenas alguns jornalistas tinham tido conhecimento, sites esses que desapareceram em poucas horas.

O porta-voz do exército norte-americano teceu alguns comentários: “Nós não sabemos se é um facto ou é ficção. Ele continua a ser o nosso alvo número um”.

O mesmo disse o “conselheiro de segurança” do primeiro-ministro fantoche do Iraque que acrescentou: “Em qualquer caso é uma probabilidade muito forte. Talvez ele não esteja ferido e tenha colocado esta afirmação na internet a dizer que está ferido e a seguir tenha posto outra a dizer que tinha sido tratado e que já estava bem e que é como um super-homem”.

Realmente! Como o super-homem: uma figura mítica com poderes prodigiosos.

Mas então o plano complicou-se. Na quinta-feira, 26 de Maio de 2005, os principais media reportavam apressadamente que uma luta pela sucessão tinha rebentado no interior da al-Qaeda do Iraque. Metade da organização esteve horas ao telefone com jornalistas ocidentais, que ofereciam citações em directo de vários terroristas palradores.

Nesse dia Donald Rumsfeld, sem mais, afirmou a milhares de pára-quedistas norte-americanos que Zarqawi estava encurralado, como Hitler no seu bunker. Mesmo observadores insensíveis como eu pensaram que os argumentistas tinham decidido eliminar a sua criação. Talvez ele tivesse escapado tantas vezes aos seus perseguidores que estes corriam o risco de parecer incompetentes. Talvez se estivessem a arriscar fazer dele um Robin dos Bosques.

Mas não era assim. Como poderiam eles substituir um activo tão útil como Zarqawi? Na mesma altura que Rumsfeld ia falando, os argumentistas das “black operations” colocavam o seu precioso activo a salvo.

No Irão. Sim, é isso mesmo. Vamos colocá-lo no Irão. É mais uma prova da perfídia iraniana. E outra boa razão para os bombardear.



Timesonline, Roland Watson – 2 de Junho de 2005

Rumsfeld avisa vizinhos para não darem guarida a al-Zarqawi

Donald Rumsfeld avisou os países vizinhos do Iraque contra o acto de darem asilo ao chefe terrorista ferido Abu Musab al-Zarqawi.

O Pentágono confirmou as suas suspeitas de que al-Zarqawi foi ferido em combate junto da fronteira Síria. Rumsfeld afirmou que a principal hipótese era que al-Zarqawi estivesse no Iraque. Mas disse em conferência de imprensa, “No caso de algum país vizinho lhe ter proporcionado assistência médica ou refúgio, então esse país ter-se-á associado à rede da al-Qaeda, e a uma pessoa que tem as mãos sujas de muito sangue.

O comentário de Rumsfeld foi claramente dirigido à Síria, cuja fronteira com o Iraque é extremamente porosa, e ao Irão.

Oficiais dos serviços secretos americanos tiham confirmado anteriormente que a cassete endereçada a Osama bin Laden dizendo que estava ligeiramente ferido era, de facto, de al-Zarqawi.



Comentário:
Como é que o Irão, já acusado de construir armas de destruição maciça, de possuir um elevado défice democrático e sendo sócio honorário do eixo do mal, foi cair na asneira de tratar os dói-dóis do iníquo Zarqawi, arriscando-se desta forma a ser conectado à al-Qaeda e a ser maciçamente bombardeado? O que terá passado pela cabeça daqueles mullahs? Que Alá lhes valha! Ou, na sua falta, os russos e os chineses!

1 comentário:

Anónimo disse...

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