quarta-feira, junho 08, 2005

Victor Déficit II



Agencia Financeira – Paula Gonçalves Martins – 16 de Maio de 2005


A situação das contas públicas nacionais é pior do que esperava Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal e responsável pela comissão que apurou o défice implícito no Orçamento para este ano.

A imprensa tem avançado com um valor de défice em torno dos 7% do Produto interno Bruto (PIB), mas Vítor Constâncio, que esteve esta tarde reunido com o Presidente da República durante hora e meia, não quis adiantar qual o défice apurado, uma vez que «o Governo é dono do relatório e da sua divulgação». O relatório deverá ser entregue ao executivo na sexta-feira.

«O relatório da comissão não está concluído», afirmou, adiantando, no entanto, que «o valor (do défice) é um pouco pior do que prevíamos em Janeiro».

Quaisquer que sejam as conclusões da comissão, o governador garante que isso «não implicará uma nova recessão para a economia. Há que qualificar e circunscrever o problema que defrontamos e que temos que necessariamente resolver e que estou convencido que vamos resolver», afirmou à saída da reunião em Belém. Por isso mesmo, os próximos anos serão, certamente, de contenção.

Sem querer precisar que medidas defende, Constâncio respondeu apenas aos jornalistas que mantém as suas posições. Entre elas estavam a contenção salarial na função pública e o princípio do utilizador-pagador, por exemplo, nas SCUTs.

O governador deixou ainda o alerta de que o processo de consolidação orçamental terá, «necessariamente alguns anos, tem de ser uma abordagem gradualista de redução do défice».



Comentário:

Sábias palavras, as de Constâncio. Questiono-me apenas se, para os dirigentes do Banco de Portugal, a abordagem não será demasiado gradualista:

Os administradores do banco de Portugal tiveram direito a 60 viaturas novas.

Vítor Constâncio, ficou-se com um BMW 530D, no valor de 67.400 euros (13.400contos).

Para dois administradores um Saab Sport Sedam 2.2, no valor de 37 mil euros (7.400 contos) e um Volvo V40 1.9D, de 36.730 euros (7.363 contos).

E, Deus é grande, para que o motorista do Dr. Vitor Constâncio não se sentisse diminuído, teve também direito a um Peugeot 206 color line.

O Banco de Portugal, os números provam-no, constitui um exemplo de contenção para os restantes organismos públicos. Ponham ali os olhos, administrativos insaciáveis!