sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Bush: «o povo americano está mais seguro»

Jon Stewart, do Daily Show, traz-nos mais um momento de excelente humor político com o impagável criminoso de guerra George W. Bush.

Em 2006, George Bush, num discurso de 32 minutos, repetiu oito vezes a frase: «o povo americano está mais seguro».


Bush: «Hoje, e porque a América e a nossa coligação ajudaram a derrubar o violento regime de Saddam Hussein e porque tentamos fundar uma democracia pacífica que o substitua, o povo americano está mais seguro


Jon Stewart: «A estratégia da administração Bush no combate ao terrorismo é a repetição».


terça-feira, fevereiro 26, 2008

O Sócrates, os Estádios, os Aeroportos, os TGVS e os Bancos



O Euro 2000, o anterior Campeonato Europeu de Futebol, realizado no ano de 2000, teve como anfitriões a Bélgica e a Holanda, responsabilidade esta que foi, pela primeira vez, partilhada por duas nações, decorrendo de 10 de Junho a 2 de Julho. O campeonato foi disputado em 8 cidades diferentes, 4 na Holanda e 4 na Bélgica.

Quanto ao Euro 2008, o futuro Campeonato Europeu de Futebol, a realizar no ano de 2008, os organizadores, Áustria e Suíça, anunciaram que o torneio será disputado em apenas sete estádios, três na Suíça e quatro na Áustria, e não em oito, como previsto.

Por que é que a Holanda e a Bélgica, bem mais prósperos que Portugal, organizaram em conjunto o Euro 2000 e apenas precisaram de sete estádios, dos quais dois novos, e Portugal, organizando sozinho, precisou de dez estádios, dos quais oito novos? E porque é que a Áustria e Suíça, igualmente bem mais prósperos que Portugal, vão organizar também em conjunto o Euro 2008, aproveitando estádios existentes?


O ENTUSIASMO JUVENIL DE SÓCRATES

Em 1995, José Sócrates tornou-se membro do Primeiro Governo de António Guterres, ocupando o cargo de secretário de Estado-adjunto do Ministro do Ambiente. Dois anos depois, tornou-se ministro-adjunto do primeiro-ministro, com a tutela do Desporto. Foi, nessa qualidade, que se tornou no principal impulsionador da realização, em Portugal, do EURO 2004. Por ter sido um dos governantes com a tutela do Euro 2004 - quando foi ministro-adjunto do primeiro-ministro, durante o I Governo de António Guterres -, Sócrates foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Tomada a grande decisão da realização do Euro-2004, avançou-se para a construção dos dez estádios de futebol que se traduziram em mais de mil milhões de euros de investimento público total, em nome de um amplo desígnio nacional. O Euro 2004, diziam, iria trazer muitos milhões de turistas a Portugal que constituiriam o pontapé de saída para o arranque decisivo da economia portuguesa.

A fase final do Campeonato Europeu de Futebol de 2004 teve lugar em Portugal entre 12 de Junho e 4 de Julho de 2004. A prova correu sem grandes incidentes, tendo Portugal atingido a final da prova. Para organizar o terceiro maior evento desportivo do Mundo, Portugal construiu e renovou 10 estádios de futebol.


MAIS DE MIL MILHÕES DE EUROS DE INVESTIMENTO PÚBLICO


EURO 2004 - RAMPA DE LANÇAMENTO DE CARREIRA POLÍTICA

Público (4/2/2005) - A 12 de Fevereiro de 2005 António José Seguro lembrou as responsabilidades de Sócrates na realização do Euro-2004: "Hoje, como no Euro-2004, houve um homem que lançou a semente, a semente de uma força que ninguém pode parar. Esse homem chama-se José Sócrates, futuro primeiro-ministro de Portugal", acentuou.


THE DAY AFTER

Em Dezembro de 2005 o Diário de Notícias procedeu a um balanço do Euro-2004:

- Estádios demasiado grandes para a necessidade do país;

- câmaras municipais excessivamente endividadas para os próximos 20 anos;

- derrapagem de 13,3% nas acessibilidades;

- mais de mil milhões de euros de investimento público total.

As conclusões críticas são extraídas da segunda fase de auditoria ao Euro 2004 e levam o Tribunal de Contas (TC) a questionar "se o elevado montante de apoios públicos" ao campeonato organizado por Portugal no Verão de 2004 não poderia ter tido "uma utilização mais eficiente noutras áreas de relevante interesse e carência pública".

"Os novos estádios do Euro 2004 estão sobredimensionados, o que pode ser constatado pelas baixas taxas de ocupação, da ordem dos 20 a 35%", refere o relatório da auditoria divulgado ontem pelo Tribunal de Contas, adiantando que "em alguns dos estádios, nem durante o Euro 2004 se atingiu a lotação máxima".


Também o Correio da Manhã avaliou o impacto do Euro 2004:

E o dinheiro investido neste espectáculo de grande escala também não teve grande retorno. Quase seis meses depois do Euro 2004, alguns estádios onde foram investidos milhões de euros para receber a prova estão «às moscas». Dos recintos do Euro2004, só os dos «três grandes» tiveram sucesso comercial.

Numa auditoria desenvolvida pelo Tribunal de Contas junto dos estádios de Guimarães, Braga, Leiria, Coimbra, Aveiro, Loulé e Faro, ficou claro que todos custaram mais do que o orçamentado, e que as autarquias se endividaram para os próximos 20 anos. As sete autarquias que receberam jogos do Euro 2004 contraíram empréstimos bancários no valor global de 290 milhões de euros para financiar obras relacionadas com o campeonato. Na sequência destes empréstimos, as câmaras terão que pagar juros no montante de 69,1 milhões de euros, nos próximos 20 anos, refere o relatório de auditoria do Tribunal de Contas.


EURO-2004 FOI POSITIVO, CONCLUI SÓCRATES

Entrevista de Sócrates ao Acção Socialista (19/5/2004):

AS - "Atendendo a que foi o ministro responsável pela realização em Portugal do Euro 2004, qual o seu comentário ao posicionamento ambivalente do Governo face ao evento?"

Sócrates - "O Governo aprendeu. Começou por ter as maiores dúvidas e reservas quanto ao Euro 2004, a fazer-lhe críticas muito pueris, próprias de quem não percebeu nada do que estava em causa. O Euro 2004 não é um torneio de futebol, é muito mais do que isso. É um grande acontecimento que projecta internacionalmente o nosso país. Mas, finalmente, o Governo acordou e parece estar a perceber a dimensão e a importância do significado do Euro 2004. Ainda bem que assim é. Todavia, não deixa de ser claro que com este Governo não teria havido Euro 2004, nem teriam apostado nele, nem ganho, nem se teriam interessado. Como não se interessam, aliás, por nenhuma área na política desportiva."

"Nós definimos como orientação que Portugal devia ser um país capaz de realizar grandes eventos desportivos internacionais. Foi nessa altura que ganhámos a realização do campeonato do mundo de atletismo de pista coberta, do mundial de ciclismo, do mundial de esgrima, da gimnoestrada, do master de ténis, etc. Agora tudo parou, principalmente depois daquele grande falhanço da regata em que o Governo tanto se empenhou. É claro que lamento muito que tivéssemos perdido, mas que verdade é que no passado ganhámos e desta vez perdemos."


AS - "No entanto, passa a ideia que eles colhem os louros do Euro 2004 e passam para os governos do PS o odioso, nomeadamente a construção dos dez estádios."

Sócrates - "Pois, mas a construção dos dez estádios não um odioso, é bem necessário ao país. Portugal tinha que fazer este trabalho. É também uma das críticas mais infantis que tenho visto, a ideia de que se Portugal não tivesse o Euro não tinha gasto dinheiro nos estádios. Isso é uma argumentação própria de quem é ignorante. Há muitos anos que o Estado português gasta dinheiro nos estádios. Aquelas cadeirinhas que nós vimos surgir e que foram postas no final dos anos 80 e princípios dos anos 90, eram também pagas por dinheiro do Estado. O Estado já estava a fazer investimentos de renovação dos estádios. Acontece que, mesmo assim, os estádios em Portugal não cumpriam as leis de segurança e conforto. Tínhamos, portanto, que fazer esta modernização. Podíamos era tê-lo feito em vinte anos; assim fizemo-lo em cinco anos e com um grande retorno para a nossa economia. Ouvi recentemente responsáveis pelo Euro dizerem que é já claro, em relação ao que o Estado gastou e ao que recebeu, que estamos perante um grande sucesso económico."


Comentário:

1) Será aceitável que o investimento público em dez estádios de futebol se tenha traduzido em mais de mil milhões de euros no total;

2) Será aceitável que Portugal tenha organizado o Europeu sózinho com dez estádios, quando o Europeu anterior foi organizado conjuntamente pela Bélgica e a Holanda (4 estádios cada), e o Europeu seguinte está a ser organizado conjuntamente pela Áustria e Suíça (7 estádios no total). Sabendo que qualquer destes quatro países - Bélgica, Holanda, Áustria e Suíça - são bastante mais ricos que Portugal;

3) Será aceitável que uma auditoria divulgada pelo Tribunal de Contas tenha constatado que os novos estádios do Euro 2004 estavam sobredimensionados, com baixas taxas de ocupação, da ordem dos 20 a 35%, e que não tenha havido consequências deste exemplo gritante de gestão danosa?

4) Será aceitável que as sete autarquias que receberam jogos do Euro 2004 tenham contraído empréstimos bancários no valor global de 290 milhões de euros e tenham ficado endividadas para os próximos 20 anos;

5) Será aceitável que na sequência destes empréstimos, as câmaras vão ter que pagar juros no montante de 69,1 milhões de euros, nos próximos 20 anos.


O Euro-2004, ou melhor, os dez mausoléus às moscas que custaram mil milhões de euros ao Estado Português, e que endividaram as autarquias durante mais de 20 anos, terão constituído uma prova de confiança do ministro-adjunto com a tutela do Desporto, à Banca e aos grandes empreiteiros?

Terá este enorme investimento sem retorno, impulsionado pelo Sr. Engenheiro, servido como bom indicador aos grandes prestamistas e construtores, que em conjunto controlam a política, para o guindarem à posição de 1º ministro?


Terá sido esta equipa a grande vencedora do Euro 2004?


A construção de mausoléus, disfarçados de estádios, totalmente inúteis e absurdamente dispendiosos, não deveriam ser investigados? Para que se evitasse, no futuro, construir outros, ainda mais inúteis e ainda mais dispendiosos? Não há políticos que deveriam estar atrás das grades?
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segunda-feira, fevereiro 25, 2008

A doença de alma de Paulo Teixeira Pinto

A 18 de Janeiro de 2008, o jornal Público noticiava que: o ex-presidente da comissão executiva (CEO) do Banco Comercial Português (BCP), Paulo Teixeira Pinto, saíra há cinco meses do grupo com uma indemnização de 10 milhões de euros e com o compromisso de receber até final de vida uma pensão anual equivalente a 500 mil euros.


Noutra edição do Público, Paulo Teixeira Pinto exerce o seu direito de resposta:

Paulo Teixeira Pinto: "... Assim, sou a esclarecer, em defesa do meu nome e honra pessoal, que:"

(i) "Não recebi qualquer "indemnização de 10 milhões de euros", nem "à cabeça", nem a qualquer outro título, pela renúncia ao cargo de presidente do Conselho de Administração Executivo do Banco Comercial Português;"

(ii) "Também não recebi qualquer indemnização pela rescisão do contrato de trabalho enquanto quadro do banco, com a categoria de director-geral;"

(iii) "Foi-me paga a remuneração total referente ao exercício de 2007;"

(iv) "Passei à situação de reforma em função de relatório de junta médica."


Seguindo-se a seguinte Nota da Direcção do jornal: Como "indemnização", o PÚBLICO pretendeu referir-se ao acerto de contas imediato efectuado aquando da saída do banco. Os números que deverão constar do Relatório e Contas do BCP são os seguintes: Compensações - 1,9625 milhões de euros; Remunerações Variáveis - 7,770 milhões de euros; Pensão Vitalícia - 37,5 mil euros mensais durante catorze meses por ano. Nas contas de 2007, apenas serão contabilizados os encargos com pensões durante os primeiros 14 anos.



Mas, pergunta-se, não merecerá um homem cujo suor ofereceu tantas centenas de milhões de lucros à empresa que o acolheu, uma reforma que não envergonhe? Ou, dar-se-á o caso do genial Paulo Teixeira Pinto ter pouco ou nada a ver com os lucros escandalosos que o Millenium BCP tem vindo a acumular?

Porque, na verdade, todos os bancos têm vindo a bater recordes de lucros. Não será tudo afinal fruto da incompreensível subida da taxa de juros levada a cabo pelo Banco Central Europeu (BCE), para uma inflação que permanece estável? Não estarão os bancos a proceder a um roubo de proporções bíblicas sob a batuta do Presidente do BCE, Jean-Claude Trichet e respectivos Masters?


Os analistas económicos fazem a mesma pergunta:

Domingos Amaral – Diário económico (2/5/2007): "O Banco Central Europeu continua demasiado paranóico com a inflação, descobriu uma nova fonte de aflição chamada "massa monetária", que segundo o BCE cresce em demasia, e portanto há que conter essa energia desalmada, e a única forma de o fazer é aumentar as taxas de juro. A subida das taxas complica tudo. Complica porque valoriza ainda mais o euro perante o dólar, e complica porque aumenta as dívidas das pessoas, das empresas e do Estado."


Miguel Frasquilho – Jornal de negócios (2/5/2007): "(...) Assim sendo, por que continua o BCE a sua escalada dos juros? Promover o crescimento económico sem pressões inflacionistas não é positivo? (...) Tudo leva a que seja difícil de entender o que move o BCE a continuar a subir os juros, como os mercados antecipam e já atrás referi. Não deverá o BCE deixar de utilizar a massa monetária como principal factor para explicar o comportamento da inflação?"


Fernando Madrinha - Jornal Expresso (1/9/2007): "E que esses lucros colossais [da banca] são, afinal, uma expressão da dependência cada vez maior das famílias e das empresas em relação ao capital financeiro. Daí que, em lugar de aplauso e regozijo geral, o que o seu anúncio provoca é o mal-estar de quem sente que Portugal inteiro trabalha para engordar a banca. Ganha força essa ideia de que os bancos sugam a riqueza do país mais do que a fomentam."


O despejo de uma casa fruto da execução da hipoteca pelo banco



Comentário:

Madre Teresa de Calcutá afirmava sobre o uso da disciplina: "Se estou doente, me açoito cinco vezes. Preciso fazê-lo para compartilhar da paixão de Cristo e do sofrimento de nossos pobres. Quando vemos as pessoas sofrendo, a imagem de Cristo surge naturalmente diante de nós."

Paulo Teixeira Pinto afirma ter passado à situação de reforma em função de relatório de junta médica. Não será o problema físico que atormenta Teixeira Pinto, resultado de alguma infecção provocada por um excesso de açoites auto-infligidos, na prática da mortificação voluntária, nos bons ensinamentos da a Opus Dei?

Terá Paulo Teixeira Pinto, devido a excessos de espiritualidade, abusado na auto-flagelação por forma a compartilhar o sofrimento dos portugueses que perderam as suas casas graças às subidas das taxas de juro, e que continuam denodadamente a trabalhar para a engorda, tanto dos Paulos como da banca?

Ou, em alternativa, quantos açoites lhe daria Madre Teresa de Calcutá para o fazer compartilhar da paixão de Cristo e do sofrimento dos novos pobres (que perderam as suas casas e os seus negócios em virtude de juros inexplicáveis)? E, à falta da Madre Teresa, quantos açoites lhe deveriam aplicar os novos pobres para fazer o Paulo compartilhar da paixão de Cristo?


sexta-feira, fevereiro 22, 2008

É a saúde, estúpido!, a saúde dos seus negócios, não a dos cidadãos estúpidos

Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

É a Saúde, estúpido!

Publicado na Visão em 14 de Fevereiro de 2008

Ficou famosa a frase "Is the economy, stupid", pronunciada em 1992 por Bill Clinton para explicar aos republicanos as razões da sua vitória eleitoral. Com ela queria dizer que as preocupações principais dos norte-americanos tinham a ver com o estado da economia e com o modo como este se traduzia no seu bem-estar. E por isso uma das suas promessas eleitorais prioritárias era a criação de um sistema de saúde universal, que se aproximasse dos sistemas de saúde da Europa e do Canadá e que acabasse com o escândalo de no país mais rico do mundo cerca de 30 milhões de cidadãos não terem qualquer protecção na saúde. Como é sabido, as grandes empresas da indústria da saúde (das empresas hospitalares, às seguradoras, à indústria farmacêutica e de meios de diagnóstico) moveram uma das guerras mediáticas mais agressivas de que há memória contra a "medicina socialista" de Clinton e a proposta caiu. Hoje são 49 milhões os norte-americanos sem qualquer protecção. Não havendo sistema público senão para os idosos, os trabalhadores dependem da disponibilidade dos patrões para agregarem o seguro ao contrato de trabalho e tal disponibilidade é cada vez mais escassa. Não é, pois, por acaso, que os candidatos do partido democrático, Barak Obama e Hilary Clinton, voltem a pôr no centro dos seus programas eleitorais o financiamento público da cobertura universal dos meios de saúde.

«Tem tudo a ver com prioridades. Podemos subornar um xeque sunita para que seja nosso aliado durante uma semana inteira pelo mesmo preço de vacinar 100.000 miúdos pobres contra a gripe.»


Mais do que irónico é trágico que em Portugal se esteja a tentar destruir aquilo que o povo norte-americano tanto aspira. Mais trágico ainda é que, neste domínio, haja desde 2002, com o governo de Durão Barroso, uma continuidade mal disfarçada entre as políticas do PSD e do PS. Descartada a retórica, os objectivos do ministro da saúde de Durão Barroso, Luís Filipe Pereira, e do ex ministro Correia de Campos são os mesmos: privatizar o bem público da saúde, transformando-o num lucrativo sector de investimentos de capital (como dizia recentemente, um quadro de uma grande empresa de saúde: "mais lucrativo que o negócio da saúde, só o negócio das armas"); transformar o Serviço Nacional de Saúde num sistema residual, tecnológica e humanamente descapitalizado, proporcionando serviços de baixa qualidade às populações pobres da sociedade; definir a eficiência em termos de custos e não em termos de resultados clínicos (levado ao paroxismo pela decisão do ex-ministro socialista de limitar o aumento da produção cirúrgica nos hospitais para não aumentar a despesa); eliminar qualquer participação dos cidadãos na formulação das políticas de saúde para poder impor rápida e drasticamente três palavras de ordem: privatizar, fechar, concentrar; promover parcerias público/privado em que todos os riscos são assumidos pelo Estado e as derrapagens financeiras não contam como desperdício ou ineficiência (já que uma e outra são um exclusivo do sector público).

A Correia de Campos, apenas devemos reconhecer a coerência. Desde que passou pelo Banco Mundial assumiu-se como coveiro do Estado Social, seja na saúde ou na segurança social. Na Comissão do Livro Branco da Reforma da Segurança Social, a que pertenci, verifiquei com espanto que os seus aliados na comissão não eram os socialistas, eram precisamente Luís Filipe Pereira (que pouco depois quis privatizar a saúde) e Bagão Félix (que, desde sempre quis privatizar a segurança social). Alguém se recorda que a criação do SNS em 1979 esteve na origem do abandono por parte do CDS da coligação que sustentava o governo do partido socialista? Portanto, de duas uma, ou o PS abandonou os seus princípios ou Correia de Campos está no partido errado? A sua recente demissão parece apontar para a segunda opção mas só a política concreta da nova ministra confirmará ou não se afinal não estamos perante a primeira opção.

Para que esta primeira opção não se confirme é necessário que a actuação do governo se paute, por obras e não por palavras, pelos seguintes princípios.

O SNS é um dos principais pilares da democracia portuguesa, e a ela se devem os enormes ganhos de desenvolvimento humano nos últimos trinta anos; qualquer retrocesso neste domínio é um ataque à democracia. O SNS é um factor decisivo da gestão territorial do país (o país não termina a 50 km da costa). O SNS é um serviço financiado por todos, ao serviço e gerido em função dos ganhos de saúde e de modo a eliminar desperdícios. Nos critérios de eficiência, inclui-se a eficiência na vida dos doentes cujo atendimento pontual é fundamental para que não se perca uma manhã num acto médico que dura 20 minutos.

É urgente modernizar o SNS no sentido de o aproximar dos cidadãos tanto na prestação dos cuidados como na gestão dos serviços (participação dos cidadãos e das associações de doentes na concretização do direito à saúde deve ser incentivada). Promover a todo o custo o regime de exclusividade e terminar com a escandalosa promiscuidade entre a medicina pública e privada para que, por exemplo, não se continuem a acumular fortunas fabulosas com base nas listas de espera ou na falta de equipamentos. Promover a estabilidade e as carreiras, apostar na inovação técnica e científica e democratizar o acesso às faculdades de Medicina. E sobretudo tornar claro o carácter complementar do sector privado antes que os grupos económicos da saúde (Grupo Mello, BES, BPN/GPS, CGD/HPP, etc.) tenham suficiente poder para serem eles próprios a definir as políticas públicas de saúde e, portanto, para bloquear quaisquer medidas que afectem as suas taxas de juro. Quando tal acontecer serão eles a dizer: "É a saúde, estúpido!", a saúde dos seus negócios, não a dos cidadãos estúpidos.


Comentário:

... antes que os grupos económicos da saúde (Grupo Mello, BES, BPN/GPS, CGD/HPP, etc.) tenham suficiente poder para serem eles próprios a definir as políticas públicas de saúde e, portanto...



... para bloquear quaisquer medidas que afectem as suas taxas de juro.


quarta-feira, fevereiro 20, 2008

A História Secreta do Sionismo


Ralph Schoenman
: Se a colonização da palestina tem sido caracterizada por uma série de depredações, devemos examinar a atitude do movimento Sionista não apenas contra as vítimas palestinianas mas também contra os próprios judeus.


A perfídia Sionista – a traição das vítimas do Holocausto – foi o culminar da tentativa de identificar os interesses dos judeus com aqueles da ordem estabelecida. Hoje, os Sionistas juntam o seu estado ao braço do imperialismo norte-americano – desde os esquadrões da morte na América Latina às operações secretas da CIA nos quatro continentes.

Esta história sórdida tem origem na desmoralização dos fundadores do Sionismo, que rejeitaram a possibilidade de ultrapassar o anti-semitismo através da luta popular e revolução social. Moses Hess, Theodor Herzl e Chaim Weizmann escolheram o lugar errado da barricada – o do poder do estado, da dominação de classe e da regra exploradora. Propuseram uma disjunção putativa entre emancipação da perseguição e a necessidade de mudança social. A total compreensão de que o cultivo do anti-semitismo e a perseguição dos judeus eram o trabalho da mesma classe dominante a quem eles bajulavam e pediam favores.

Ao procurarem eles próprios o patrocínio dos anti-semitas, revelaram vários motivos: o culto do poder ao qual associam força: um desejo de acabar com a "fraqueza" e vulnerabilidade judaica, deixando de ser os eternos intrusos.

Esta sensibilidade foi um curto passo para a assimilação de valores e ideias dos que odiavam os judeus. Os judeus, escreveram os Sionistas, eram na verdade indisciplinados, subversivos, gente dissidente e merecedores do desprezo que receberam. Os Sionistas alimentaram desavergonhadamente o racismo dos que odiavam os judeus. Venerando o poder, apelaram ao desejo anti-semita de von Plehves e de Himmler de se verem livres de um povo vítima, há muito radicalizados pela perseguição, um povo que encheu as fileiras dos movimentos revolucionários e cujo sofrimento conduziu as suas melhores mentes para a ofensiva intelectual contra os valores estabelecidos.

O sujo segredo da história Sionista é que o Sionismo foi ameaçado pelos judeus. Defender o povo judeu das perseguições significou organizar resistência contra os regimes que os ameaçavam. Mas estes regimes incorporavam a ordem imperial que abrangia a única força social com vontade ou apta a impor uma colónia estrangeira sobre o povo palestiniano. Portanto, os Sionista precisaram de perseguir os judeus para persuadi-los a serem colonizadores numa terra distante, e precisavam de perseguidores que patrocinassem a iniciativa.

Mas os judeus europeus nunca manifestaram qualquer interesse em colonizar a Palestina. O Sionismo foi sempre um movimento marginal entre os judeus, os quais aspiravam a viver nos países de nascimento livres de descriminação ou escapar às perseguições emigrando para democracias burguesas vistas como mais tolerantes.

O Sionismo, portanto, nunca pôde responder às necessidades ou aspirações dos judeus. O momento da verdade chegou quando a perseguição deu lugar à exterminação física. Em face do maior e único teste da sua relação com a sobrevivência judaica, os Sionistas não somente falharam em liderar a resistência ou defender os judeus, mas sabotaram activamente os esforços judaicos para sabotar a economia nazi. Eles procuraram, mais ainda, a responsabilidade dos assassínios em massa, não somente porque o Terceiro Reich parecia suficientemente poderoso para impor uma colónia Sionista, mas porque as práticas nazis estavam em consonância com as concepções Sionistas.

Existia um denominador comum entre os nazis e os Sionistas, expressa não apenas na proposta na Organização Militar Nacional (NMO) de Shamir para formar um estado na Palestina numa "base nacional totalitária". Vladimir Jabotinsky, no seu ultimo trabalho, «A Frente de Guerra Judaica» (1940), escreveu acerca dos seus planos para o povo palestiniano:

"Visto que temos esta grande autoridade moral para encarar calmamente o êxodo dos árabes, não precisamos de observar a possível partida de 900.000 com horror. Herr Hitler tem recentemente promovido a popularidade de transferência de população." [Brenner, The Iron Wall, p.107]

A extraordinária declaração de Vladimir Jabotinsky em «A Frente de Guerra Judaica» sintetiza o pensamento Sionista e a sua falência moral. O massacre dos judeus forneceu ao sionismo "grande autoridade moral". Para quê? - "para encarar calmamente o êxodo dos árabes." A lição da destruição dos judeus pelos nazis foi que era permissível agora aos Sionistas submeter ao mesmo destino a inteira população palestiniana.

Sete anos depois, os Sionistas seguiram os passos dos nazis, cujo apoio procuraram e às vezes conseguiram, e cobriram a sangria na Palestina com múltiplos Lidices (Lídice é uma pequena cidade da antiga Checoslováquia, que foi totalmente destruída e a grande maioria de seus habitantes assassinados pelos alemães como vingança pela morte de seu comandante, o SS nazi, Reinhard Heydrich), conduzindo 800.000 pessoas para o exílio.

Os Sionistas aproximaram-se dos nazis no mesmo espírito de Von Plehve, agindo com a noção perversa de que o ódio aos judeus era útil. O seu objectivo não era salvar, mas forçar a conscrição de alguns seleccionados (para a Palestina) – e os restantes abandonados à sua sorte agonizante.

Os Sionistas quiseram pessoas para colonizar a Palestina e preferiram cadáveres judeus aos milhões do que qualquer salvamento que pudesse instalar os judeus em qualquer outro lado.

Se alguma vez se esperar que um povo possa entender o sentido da perseguição, o sofrimento de ser refugiado perpétuo e a humilhação da calúnia, esse povo só pode ser o judeu.

Em lugar da misericórdia, os Sionistas celebraram a perseguição de outros, ao mesmo tempo que primeiro traíram os judeus e depois os humilharam. Seleccionaram as vítimas do seu próprio povo às quais infligiram um propósito de conquista. Colocaram os judeus sobreviventes face a um novo genocídio contra o povo palestiniano, escondendo-se a si próprios, com selvagem ironia, na mortalha colectiva do Holocausto.




Comentário:

Em suma, não obstante o sofrimento e a morte causados a um incontável número de pessoas de todas os credos e raças, um pequeno grupo de famílias: Rothschild, Rockefeller, Morgan, Montagu, Harriman, Kuhn, Loeb, Warburg, Lehman, Schiff, Pyne, Sterling, Stillman, Lazard, etc, que dominam há mais de um século a alta finança mundial, edificaram uma sólida base militar, na forma de um Estado Judaico, junto das maiores reservas energéticas do planeta.
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segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Parlamento japonês acusa a Administração Bush de estar por detrás dos atentados de 11 de Setembro de 2001


Atentados de 11 de Setembro de 2001

O Parlamento japonês faz perguntas



Por senador Yukihisa Fujita

No dia 11 de Janeiro de 2008, os telespectadores japoneses tiveram o privilégio de assistir em directo a uma surpreendente audiência senatorial: o presidente de uma comissão parlamentar chamou à parte o Primeiro-Ministro, os ministros dos Negócios Estrangeiros, das Finanças e da Defesa, com o intuito de lhes fazer constatar que, seis anos depois dos atentados de 11 de Setembro, eles continuavam a não conseguir explicar os factos nem a poder confirmar se os atentados tinham sido comandados a partir de uma gruta afegã. Esse crime de lesa majestade do império é aqui reproduzido na íntegra.

Transcrição integral das audiências realizadas pela Comissão dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da Alta Câmara japonesa por ocasião dos debates sobre a nova lei antiterrorista e o comprometimento japonês ao lado dos Estados Unidos no Afeganistão.

Audiências do dia 11 de Janeiro de 2008 da Comissão dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da Câmara dos Conselheiros (Senado), Dieta do Japão (Parlamento).




Conselheiro Yukihisa Fujita: Eu queria falar sobre as origens da "Guerra contra o terrorismo." Estará com certeza lembrado que eu, em Novembro passado, perguntei se o terrorismo constituía uma guerra ou um crime. A "Guerra contra o terrorismo" começou a seguir aos atentados de 11 de Setembro. O que eu desejo saber é se esses atentados foram ou não cometidos pela Al-Qaeda?

Até agora, tudo o que o governo disse foi que acreditava na responsabilidade da Al-Qaeda porque foi o que a Administração Bush lhe transmitiu. Nós não vimos nenhuma prova real da culpabilidade da Al-Qaeda. Por essa razão, eu gostaria de saber por que é que o Primeiro-Ministro pensa que os Talibãs são responsáveis pelo 11 de Setembro? Gostaria de saber isso, porque o Primeiro-Ministro era secretário do Chefe de Gabinete [1] nessa altura.


Yasuo Fukuda, Primeiro-Ministro: Depois desses atentados, comunicámos com o governo americano, e com outros governos a níveis diferentes, e foram trocadas informações.

Segundo informações secretas obtidas pelo nosso governo, e tendo em conta os relatórios reunidos por outros governos, os atentados de 11 de Setembro foram realizados pela organização terrorista internacional conhecida pelo nome de Al-Qaeda.



Conselheiro Yukihisa Fujita: Assim está a evocar simultaneamente informações secretas e públicas. A minha questão é: terá o governo japonês conduzido o seu próprio inquérito com a ajuda da polícia e de outros recursos? Trata-se de um crime, portanto, um inquérito tem que ser feito.

Quando um jornalista foi morto no Mianmar, o governo conduziu o seu próprio inquérito. Dado que 20 japoneses foram mortos no dia 11 de Setembro, pergunto: será que o governo actuou da mesma forma efectuando o seu próprio inquérito e decidiu que a Al-Qaeda era responsável? Que tipo de inquérito é que fizeram? Na altura, o senhor era o secretário do Chefe de Gabinete, estava na melhor posição. O que é feito desse inquérito?


Yasuo Fukuda, Primeiro-Ministro: Depois dos ataques, a Agência da Polícia Nacional enviou a Nova Iorque uma equipa antiterrorista de urgência, que se reuniu com as autoridades americanas e recolheu junto destas informações sobre os japoneses desaparecidos.



Conselheiro Yukihisa Fujita: Então, o que está a dizer é que pelo menos 20 japoneses foram vítimas desse crime e trabalhavam em Nova Iorque. Também havia japoneses nos aviões caídos. Eu gostaria de saber o número exacto de mortos nas torres e dentro dos aviões.

Será que isso pode ser confirmado? Gostaria de obter uma resposta do Ministro dos Negócios Estrangeiros.


Masahiko Komura, Ministro dos Negócios Estrangeiros: Nós encontrámos os corpos de uma dúzia de vítimas japonesas dos ataques de 11 de Setembro. Fomos também informados pelas autoridades americanas da morte de 11 outras pessoas. Isso perfaz um total de 24 vítimas japonesas, 2 das quais morreram nos aviões.



Conselheiro Yukihisa Fujita: Gostaria de perguntar em que voos é que se encontravam as duas vítimas japonesas e como é que tiveram a garantia da sua identidade. Se o ministro dos Negócios Estrangeiros não souber, a resposta de um colaborador será suficiente.


Ryoji Tanizaki, chefe de divisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros: Uma vez que nos interpelam sobre os factos, eu vou responder. Tal como disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, entre as 24 vítimas, duas estavam a bordo dos aviões. Uma delas a bordo do voo 93 e outra a bordo do voo 11 da American Airlines.

Como é que nós sabemos isso? Pois bem, não tive essa informação à frente dos olhos, mas as autoridades americanas confirmaram-nos isso, e, em geral, eles fazem testes de ADN. Foi assim que fomos informados sobre a identidade dessas pessoas.



Conselheiro Yukihisa Fujita: Então diz que não sabe porque não tem documentos. Também diz que pensa que foram feitos testes de ADN, mas não tem a certeza. O que eu quero hoje dizer aqui é que estamos perante um crime e os crimes devem dar lugar a inquéritos.

O governo deve manter informadas as famílias das vítimas dos resultados do seu inquérito. Além disso, em vez de apenas se comemorar anualmente o aniversário de 11 de Setembro, deveriam ser recolhidas informações e para se poder agir em conformidade. Ao longo destes seis últimos anos, alguma vez forneceram informações às famílias das vítimas? Gostaria que fosse o Ministro dos Negócios Estrangeiros a responder.


Masahiko Komura, ministro dos Negócios Estrangeiros: Agora já não pergunta como confirmámos a morte dos japoneses, mas quer saber que informações demos às famílias das vítimas. Nós fornecemos informações sobre os corpos e sobre o fundo de compensação. Quanto aos 13 japoneses cujos restos mortais foram encontrados, ajudámos as famílias a tratar deles. E em cada aniversário, suportamos financeiramente os custos da visita das famílias ao sítio do World Trade Center.



Conselheiro Yukihisa Fujita: Não tenho muito tempo. Falemos agora de todas as informações que foram dissimuladas e de todas as dúvidas que toda a gente tem sobre o dia 11 de Setembro. Muitos cépticos são pessoas influentes. Em tais circunstâncias, penso que o governo japonês, que afirma que os atentados foram perpetrados pela Al-Qaeda, deveria fornecer essas novas informações às famílias das vítimas.

Neste contexto, gostaria de fazer algumas perguntas. Gostaria de pedir a todos os membros desta assembleia para olharem para as fotografias e as imagens que vos forneci. Elas constituem provas concretas, sob a forma de fotografias e de outros elementos de informação.

Na primeira fotografia, uma simulação informática mostra como era grande o avião que embateu contra o Pentágono. Um 757 é um avião bastante volumoso, com uma largura de 38 metros. Como podem observar, ainda que tenha sido um avião volumoso a embater contra o Pentágono, existe apenas um buraco demasiado pequeno para ter sido esse avião. Nessa fotografia vemos os bombeiros a trabalhar e nenhum estrago do tipo daquele que um avião desse tamanho poderia ter provocado.

Vejam a relva e notem que não existe nenhum fragmento do avião. Vejamos a terceira fotografia – igualmente do Pentágono – retirada a partir de uma reportagem televisiva norte-americana. O texto explica que o telhado do Pentágono está intacto. Ainda que se suponha que um grande avião embateu lá, os destroços não correspondem. Passemos à fotografia seguinte que mostra um buraco. Como o Ministro Komura sabe, o Pentágono é um edifício bastante sólido e tem muitas paredes.


No entanto, o avião conseguiu atravessá-las. Mas como sabem, os aviões são feitos de materiais muito leves. Um avião feito com esses materiais não poderia ter feito um buraco como esse.

Agora vejam uma fotografia que mostra como o avião embateu no edifício. O avião deu meia volta, evitou os escritórios do Ministério da Defesa, para atingir a única parte do Pentágono que tinha sido reforçada para resistir ao ataque de uma bomba. No meio da página 5, podemos ler o comentário de um responsável da US Air Force:

"Eu pilotei os tipos de avião utilizados no dia 11 de Setembro e não posso acreditar que tenha sido possível, para alguém que pilote um pela primeira vez, conseguir fazer tal manobra."

Como sabem não foram encontradas as caixas negras da maioria dos aviões. Havia mais de 80 câmaras de segurança no Pentágono, mas eles recusaram reproduzir a maioria das sequências de vídeo. Como podem constatar, não existe imagem alguma do avião ou dos seus destroços nas fotografias. É muito estranho que nenhuma dessas imagens nos tenha sido mostrada. Como sabem, as forças de defesa japonesas têm o seu quartel-general em Ichigaya. Conseguem imaginar que uma hora depois de um avião atingir uma cidade como Nova Iorque, um outro possa ainda ter atingido o Pentágono? Numa situação como essa, como é que os nossos aliados podem ter deixado acontecer tal ataque? Gostaria que o ministro da Defesa respondesse.


Shigeru Ishiba, ministro da Defesa: Eu não preparei nada, terei de improvisar. Se tal acontecesse, a Defesa enviaria caças para abater o avião. O Tribunal Constitucional alemão fez leis sobre isso. No caso do Japão, a nossa reacção dependeria do tipo de avião, das pessoas que estivessem no seu comando e das suas intenções. No entanto, segundo as nossas leis, seria difícil ordenar o abate de um avião porque ele voava a baixa altitude. Enviaríamos provavelmente forças de defesa que voariam junto a ele e pediríamos uma decisão ao Gabinete. Se o avião tivesse muita gente a bordo, teríamos de debater que acção empreender.

Isso aconteceu há muito tempo quando um Cesna embateu contra a casa de uma pessoa chamada Yoshio Kodama [2]. Também houve um caso de um voo da companhia All Japan Airlines que foi desviado e cujo piloto foi morto.Seria melhor que nunca acontecesse nada disso, mas teremos de preparar novas leis para essas situações e debatê-las no Parlamento.



Conselheiro Yukihisa Fujita: Como temos pouco tempo, gostaria de apresentar uma nova prova. Queiram ver este painel. A primeira fotografia é uma daquelas que vemos frequentemente, das duas torres que foram atingidas pelos aviões desviados. Eu poderia compreender que isso acontecesse imediatamente após os aviões terem embatido, mas aqui nós vemos grandes pedaços de materiais a percorrer uma grande distância no ar. Alguns foram projectados a 150 metros. Aqui vêem-se objectos a voar como se tivesse havido uma explosão.

Vejam esta fotografia extraída de um livro. Ela mostra a que distância os objectos foram projectados. A terceira fotografia tem um bombeiro que participou nas operações de socorro. Ele fala de uma série de explosões dentro do edifício que pareciam tratar-se de uma demolição profissional. Não podemos passar vídeos hoje e então eu traduzi o que diz o bombeiro: "ouvia-se um bum, bum, como se fossem barulhos de explosões".

Uma equipa japonesa constituída por membros oficiais do serviço de bombeiros do Ministério do Território, das Infraestruturas e dos Transportes [3] interrogou uma sobrevivente japonesa que disse que enquanto fugia ouviu explosões. Este testemunho figura num relatório redigido com o apoio do serviço de bombeiros do Ministério do Território, das Infraestruturas e dos Transportes.

Agora, gostaria de vos mostrar a imagem seguinte. Normalmente, diz-se que as torres gémeas (WTC1 e 2) se desmoronaram porque foram atingidas por aviões. No entanto, a um quarteirão das torres gémeas encontrava-se a torre n.º 7 (WCT7). Podemos ver neste mapa que ela se encontrava num pequeno grupo de casas ladeadas por ruas. Esta torre desmoronou-se 7 horas depois do ataque às torres gémeas. Se eu vos pudesse mostrar um vídeo seria fácil de compreender, mas olhem para esta fotografia.


É um edifício de 47 andares que caiu desta maneira. A torre desmoronou-se em 5 ou seis segundos. É quase a mesma velocidade a que cai um objecto no vazio. Esta torre cai como o que poderiam ver num espectáculo de Kabuki. Para além disso, ela cai conservando a sua forma geométrica. Lembrem-se que ela não foi atingida por um avião. Deveriam perguntar-se se uma torre se desmorona daquela maneira por causa de um incêndio de sete horas.

Temos aqui uma cópia do Relatório da Comissão de Inquérito do 11 de Setembro. É um relatório publicado pelo governo americano em Junho de 2004, no entanto, não é aí mencionado o desmoronamento de que vos acabo de falar. Não é mencionado em parte alguma do relatório. O FEMA publicou igualmente um relatório mas omitiu igualmente essa torre [WTC7]. Muita gente pensa que há algo de estranho, principalmente depois de ter tido conhecimento da história da torre n.º 7. Como se trata de um acidente em que morreram numerosas pessoas, todas as pistas deveriam ser estudadas.

Temos pouco tempo, mas ainda gostaria de mencionar as opções de venda [venda de acções suspeitas antes do dia 11 de Setembro]. Precisamente antes dos ataques no dia 11, nos dias 6, 7 e 8, houve investimentos de opções sobre as acções das duas companhias aéreas [American e United Airlines] que foram desviadas pelos piratas. Houve igualmente opções de venda sobre Merril Lynch, um dos maiores locatários do World Trade Center. Por outras palavras, alguém sabia que tinha de especular e apostar na baixa dessas acções para fazer fortuna.

Ernst Welteke, presidente do Deutschen Bundesbank, na época, o equivalente do governador do banco no Japão, disse que havia muitos factos que provavam que as pessoas implicadas nos ataques beneficiaram de informações confidenciais. Ele disse que houve muitas negociações suspeitas que envolveram sociedades financeiras antes dos atentados. O presidente do banco central alemão queria que isso se soubesse. Gostaria de interrogar o Ministro das Finanças sobre essas opções de venda. O governo japonês estava ao corrente disso? O que pensa sobre isto? Gostaria de interrogar o ministro Nukaga sobre o assunto.


Fukushiro Nukaga, ministro das Finanças: Eu estava em Burquina Faso, na África, quando ouvi falar do acidente. Decidi voar directamente para os Estados Unidos mas quando cheguei a Paris, disseram-me que não havia mais voos para os Estados Unidos. Só mais tarde ouvi o que ia sendo relatado sobre esses acontecimentos.

Sei que existem vários relatórios sobre os pontos que focou. Daí termos tornado obrigatório que as pessoas forneçam uma ID [identificação] para transacções fiáveis ou suspeitas, e decretámos também que o financiamento das organizações terroristas é um crime. Em todo o caso, o terrorismo é uma coisa horrível e deve ser condenado. O terrorismo não pode ser parado por um só país, é necessário toda a comunidade internacional.



Conselheiro Yukihisa Fujita: Gostaria de interrogar o especialista financeiro Assao para saber mais sobre as opções de venda. Um grupo de indivíduos tem de dispor de montantes altos de dinheiro, de informações confidenciais e de uma especialização financeira para que tal coisa se realize. Será possível que alguns terroristas no Afeganistão e no Paquistão realizem um conjunto de transacções tão sofisticadas e em tão grande escala? Gostaria que respondesse o senhor Assao.


Conselheiro Keiichiro Asao: As opções de venda são uma aposta de venda das acções a um certo preço num certo momento. Neste caso, alguém deve ter tido informações confidenciais para efectuar esse tipo de transacção porque, normalmente, ninguém pode prever que aviões dessas companhias aéreas vão ser desviados. Consequentemente, creio que se tratou de um caso de delito de iniciados.



Conselheiro Yukihisa Fujita: Senhor Primeiro-Ministro, o senhor era secretário do Chefe de Gabinete na altura, e como alguém revelou, foi um acontecimento com o qual a humanidade nunca tinha sido confrontada. Parece que agora circulam mais informações do que nos meses que se seguiram aos atentados.

Actualmente, vivemos na sociedade da Internet e do visual, essas informações são tornadas públicas, se olharmos para a situação, para o ponto de partida destas duas leis, para o ponto de partida da própria "Guerra contra o terrorismo", vemos que, como pudestes constatar a partir das informações que apresentei, ela não deu lugar a um inquérito ou análise séria. Penso que o governo não inquiriu convenientemente, nem pediu explicações ao governo norte-americano.

Ainda não começámos a reabastecer de carburante os navios norte-americano, por isso, penso que deveríamos voltar ao início, e não confiarmos cegamente nas explicações do governo norte-americano, nem nas informações indirectas que eles nos dêem. Existem demasiadas vítimas, penso, por isso, que temos de retomar o assunto desde o seu início. Devemos perguntar-nos quem são as verdadeiras vítimas da "Guerra contra o terrorismo". Penso que são os cidadãos do mundo que são as vítimas. Aqui, no Japão, temos pensões para as vítimas do sangue contaminado pela hepatite C que desaparecem, mas tudo o que apresentei, hoje aqui, se baseia em factos e provas verificáveis.

Falemos das caixas negras evaporadas, dos aviões evaporados, dos restos evaporados.
Muitos destroços de edifícios também desapareceram. Mesmo a FEMA [4] disse que isso a impediu de investigar convenientemente. Temos de olhar para estas provas e perguntar-nos o que é verdadeiramente esta "Guerra contra o terrorismo".

Vejo que os senhores ministros concordam, mas gostaria de fazer uma pergunta ao Primeiro-Ministro Fukuda. Por favor, olhe para mim. Ouvi dizer que quando o senhor ministro era chefe de gabinete do ministro na altura, notou coisas estranhas relativamente a estes atentados. Não lhe ocorreu que se passava algo de estranho?


Yasuo Fukuda, Primeiro-Ministro: Eu nunca disse que pensava que era estranho.



Conselheiro Yukihisa Fujita: Senhor Primeiro-Ministro, donde vem a origem da "Guerra contra o terrorismo" e da ideia de que é justo ou não participar nela? Existe realmente uma razão para se participar nessa "Guerra contra o terrorismo?" Temos, nós, realmente necessidade de participar nela? Gostaria ainda de perguntar como se luta verdadeiramente contra o terrorismo.


Yasuo Fukuda, Primeiro-Ministro: Com base nas provas que nos foram fornecidas pelo governo americano, acreditamos que os atentados de 11 de Setembro foram perpetrados pela Al-Qaeda. Temos de pôr um fim a esse terrorismo da Al-Qaeda. É por essa razão que a comunidade internacional está unida na luta contra o terrorismo.

No que toca a uma lei votada pelo vosso próprio Partido Democrata, no ano passado, que se baseia na resolução 1368 das Nações Unidas – uma resolução votada como resposta aos atentados terroristas contra os Estados Unidos –, vocês votaram nessa lei que estava de acordo com essa resolução, não é assim?



Conselheiro Yukihisa Fujita: Tem noção dos corpos e dos factos que estão por detrás da resolução? Pois é essa a razão pela qual o senhor afirma ter de participar na "Guerra contra o terrorismo". Creio que para se meter um fim ao terrorismo, nós devíamos votar uma lei para ajudar de facto as populações do Afeganistão. Gostaria que o senhor Inuzuka nos falasse da lei e da luta contra o terrorismo.


Conselheiro Tadashi Inuzuka: Entre os numerosos problemas levantados pelo conselheiro Fujita, aquele com o qual nos devemos preocupar mais... é que os afegãos possam viver em paz. Está no centro da questão da luta contra o terrorismo. Se não debatermos esse problema e nos contentarmos apenas em dispor da gasolina, sem pensar na situação global, nem nas pessoas envolvidas, o debate em torno desta lei não terá sentido. Essa lei deverá ser feita pela paz e pela segurança no Afeganistão. O nosso país deve votar uma lei antiterrorista.



O vídeo original desta audiência, legendado em inglês, pode ser visionado em oito módulos sucessivos:

http://www.youtube.com/watch?v=Oq4_07FmCyA

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Notas

[1] No Japão, o secretário do Chefe de Gabinete (naikaku shokikancho) ocupa uma posição ministerial. Ele é simultaneamente o porta-voz do governo e o secretário do Conselho de Ministros. O actual Primeiro-Ministro, Yasuo Fukuda, exerceu essa função junto dos Primeiros-Ministros sucessivos Yoshiro Mori e Junichiro Koizumi durante 1289 dias, recorde absoluto na história do país.
[2] Ver "Yoshiro Kodama, le yakusa de la CIA", por Denis Boneau, Réseau Voltaire, 8 de Setembro de 2004.
[3] No Japão, o serviço de bombeiros está ligado ao MLIT, o poderoso Ministério do Território, das Infraestruturas e dos Transportes (Kokudo Ko-tsu-sho-), a mais vasta administração do país.
[4] A FEMA (Federal Emergency Management Agency) é a agência estado-unidense de gestão de situações de crise.

Artigo copiado de AvenidadaLiberdade.org. Tradução de RM.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Aquecimento Global - o IPCC tem tudo de político e nada de científico

O jornal Expresso (9/2/2008) entrevistou João Corte-Real, 65 anos, o mais antigo investigador português do clima e o único professor catedrático em meteorologia do país (Universidade de Évora). O professor afirma que os estudos científicos não permitem ainda concluir que a actividade humana é a principal responsável pelas alterações climáticas. E sublinha que o movimento contra o aquecimento global é politicamente orientado, tanto em Portugal como no resto do mundo.

Embora esta entrevista inclua questões de carácter climático e de carácter ambiental, esta transcrição, parcialmente truncada, abarca apenas a parte climática. Para ver a entrevista na totalidade consulte o site do Expresso.


Corte-Real: "Não estamos à beira de qualquer catástrofe"


Expresso: Estamos à beira de uma catástrofe nas alterações climáticas?

Corte-Real: Acho que não vai haver qualquer catástrofe (...) Falar em catástrofe não é científico, não é humano, é uma forma primitiva de apresentar as questões.


Expresso: Porquê?

Corte-Real: O clima não é uma constante, é por natureza variável, e o planeta Terra já foi sujeito a alterações climáticas no passado, para climas mais quentes e mais frios, e nunca houve um fenómeno catastrófico.


Expresso: Os dados sobre o clima são fiáveis?

Corte-Real: Há resultados de observações que apontam para uma alteração do clima e eu não os vou pôr em causa. O que ainda é discutível é se o homem é o principal responsável por essa mudança, isto é, não há certezas em relação às causas principais do fenómeno.


Expresso: Portanto, aposta mais em medidas adaptativas do que em medidas para contrariar o aquecimento global...

Corte-Real: Em relação ao clima, como este é o apuramento estatístico de um certo período temporal - de 30 anos, no mínimo -, aí não temos ainda previsões. (...) Não temos a certeza se o lançamento para a atmosfera de gases ditos com efeito de estufa é a principal causa das alterações climáticas.


Expresso: Será possível prever um dia o clima?

Corte-Real: Sim, com os desenvolvimentos tecnológicos, quer nas observações quer no cálculo científico, tal como hoje temos previsões do tempo. Agora, os actuais modelos de clima terão de ser muito melhorados em certos aspectos.


Expresso: Em quais?

Corte-Real: Repare que os actuais modelos estão a ser forçados para aquecer e, por consequência, se os processos naturais que podem contrariar o aquecimento estiverem mal representados nos modelos, obviamente que eles vão dar aumentos de temperatura que não se vão observar. É essa uma das razões por que prestigiados cientistas como Richard Lindzen, professor de meteorologia do MIT, não acreditam na corrente de pensamento dominante. Ele argumenta, e com razão, que o papel das nuvens, que é fundamental, está pessimamente representado nos modelos de clima existentes. E, de facto, estes modelos são ainda muito limitados - apesar de terem evoluído de uma forma fantástica - porque os processos ligados ao clima são muito complexos. Não é fácil estar a entender e a modelar estes processos.


Expresso: Ainda não há uma Teoria do Clima?

Corte-Real: Não, e é esse o problema. Enquanto nos limitarmos a utilizar estatisticamente resultados de modelos imperfeitos, as coisas não vão avançar muito. Mas os cientistas que usam métodos estatísticos quer para tratar observações quer para tratar de resultados de modelos não são para descredibilizar. Há muitas incertezas ligadas a esta problemática. Temos de investigar mais, de melhorar mais os modelos e de procurar entender os processos.


Expresso: As conclusões do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU são credíveis?

Corte-Real: O IPCC é formado por um conjunto de pessoas que vão traduzir o trabalho da comunidade científica. São pessoas credíveis, agora não podemos esquecer que o Painel é politicamente orientado, as suas conclusões não são puramente científicas. E são apresentadas em termos probabilísticos, porque o IPCC toma as suas precauções na forma como fala. Mas também reconheço que muitas das pessoas que, em Portugal e fora do país, estão ligadas a esta problemática das alterações climáticas não são cientistas do clima.


Expresso: Então por que estão eles envolvidos no processo?

Corte-Real: Por causa da tal orientação política e porque as novas formas de produção de energia, justificadas pela necessidade de reduzir as emissões, envolvem interesses económico-financeiros, tal como as energias fósseis. Em Portugal há uma dezena de cientistas ligados ao clima que está fora de todo o processo nacional e internacional de preparação de medidas para enfrentar as alterações climáticas. A composição da delegação portuguesa na Cimeira de Bali é um bom exemplo desta realidade.


Expresso: E quanto aos fenómenos naturais?

Corte-Real: Olhe, em 2007/2008 temos um bom exemplo: estamos a viver um fenómeno que começa no hemisfério Sul, o La Niña (o oposto do famoso El Niño), bastante intenso, que provocou anomalias em várias regiões do globo. Quando há um El Niño há um aquecimento global da troposfera. Acredita-se que foi devido ao La Niña que o último Verão foi fresco e chuvoso, por exemplo. O instituto meteorológico do Reino Unido já veio dizer que 2008 vai ser provavelmente o ano mais frio depois de 2000 por causa do La Niña. Isto justifica os fenómenos extremos que se têm registado no mundo, sobretudo na América do Sul. Esses fenómenos são preditíveis, as suas consequências são conhecidas e pode haver, por isso, uma intervenção humana para os mitigar.


Expresso: O clima na Europa está mais quente?

Corte-Real: Um trabalho de investigação feito pelo investigador João Santos, da Universidade de Évora, no âmbito do projecto europeu MICE (Impactos Extremos de Clima na Europa) conclui que sobre a Europa, quer na temperatura mínima quer na máxima, o número de episódios frios (em que as temperaturas mínima e máxima estiveram abaixo da média) diminuiu entre 1961 e 1990, e o número de episódios quentes aumentou. Mas esse aumento não foi uniforme, deu-se sobretudo numa parte da Europa do Norte e no Mediterrâneo Ocidental. Quando se fala em aquecimento global, não quer dizer que ele se dê em todos os lados e em todos os locais. Quer antes dizer que o positivo dominou o negativo na evolução das temperaturas. João Santos verificou também que a grande responsabilidade destas distribuições de temperaturas no período de referência (estamos a falar em dados reais e não em cenários) é devida à Oscilação do Atlântico Norte (NAO). Registaram-se anomalias aquecimentos nuns lados, arrefecimentos nos outros - porque houve uma predominância da fase positiva da NAO em 1961-1990. Isto significa que não nos temos que reportar necessariamente a alterações climáticas.


Expresso: Além do NAO, há outros exemplos?

Corte-Real: Há também a chamada Oscilação Decadal do Pacífico, de baixa frequência, que acontece de 10 em 10 anos, que é referida por um cientista brasileiro que também não acredita nada no aquecimento global, Luís Carlos Molion, da Universidade de Alagoas, em Maceió. Segundo ele, o clima global é muito condicionado por esta oscilação na temperatura das águas do Pacífico (que sobe ou desce). E constata que esta oscilação está a caminhar para a sua fase negativa, o que significa que a partir de 2012-2015 vamos começar a ver as temperaturas na atmosfera a descer. Eu não sei se ele tem razão ou não, mas o que de facto sabemos é que quando determinadas oscilações estatísticas persistem, vão criar anomalias de tempo, de temperatura. Se existirem oscilações de grande período (de baixa frequência), podemos estar a sentir uma subida de temperatura e julgar que é uma tendência, quando na verdade não é.


Expresso: E como pode a ciência explicar estas diferenças?

Corte-Real: A atmosfera tem de obedecer às leis da Física, que obrigam a certos balanços de massa, de energia, de momento angular, etc. A circulação da atmosfera tem de ser feita para satisfazer esses balanços globais. Quando as temperaturas excedem um limiar, a atmosfera desestabiliza-se e criam-se perturbações (as frontais, as frentes) que acabam com a instabilidade. Portanto, podem acontecer ciclones tropicais para redistribui energia e momento angular. E isso pode explicar muita coisa, não é preciso pensar só em alterações climáticas.


Comentário:

Se o IPCC é politicamente orientado e as suas conclusões não são puramente científicas, tal como afirma João Corte-Real, tal significa que não é a ciência que dita os relatórios do IPCC, mas que uma poderosa agenda se esconde por detrás do actual e mediatíssimo «Aquecimento Global».

A atribuição simultânea do Nobel da Paz ao Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) e a Al Gore, produtor do filme «Uma Verdade Inconveniente», sugere uma concertação política muito forte.

Tal deve estar relacionado com os antevistos lucros das empresas ligadas à «Guerra ao Aquecimento Global» de olho nas recomendações de Sir Nicholas Stern, segundo o qual: "se todos os países gastarem 1% do seu Produto Interno Bruto no combate ao «Aquecimento Global» a situação poderá ainda ser «reversível»".

1% dos PIBs em receitas contra moinhos de vento. Imagine-se a inveja das indústrias do armamento e do petróleo...
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quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Descubra as Diferenças

O duo de rap «The Coup» publicou uma imagem promocional do seu álbum "Party Music", meses antes do 11 de Setembro de 2001, no web site da sua companhia de publicidade, que representava explosões nas Torres Gémeas do World Trade Center, quase exactamente nos mesmos pontos que os aviões pirateados atingiram.

No seguinte mosaico de três fotografias, descubra o leitor qual delas lhe parece ser a capa do álbum "Party Music", publicada meses antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001:




Solução:

Jornal Expresso – 15 de Setembro de 2001 (quatro dias após o 11 de Setembro de 2001):

«A coincidência é chocante: a capa de um disco do grupo musical The Coup, criado muito antes dos atentados do dia 11, antecipou a realidade. Nessa capa as torres do World Trade Center explodem, proporcionando imagens muito semelhantes às que a tragédia real viria a registar.»

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Até um idiota percebe que o TGV é um roubo


Diário Digital - 09-02-2008

«Já que houve o bom-senso de pensar o aeroporto e agora pensar a ponte, que haja também a sensatez de pensar globalmente o projecto de alta velocidade ferroviária», defendeu Luís Filipe Menezes.

Falando em Viana do Castelo, à margem da tomada de posse da nova Comissão Política Distrital, Menezes defendeu que um comboio de velocidade moderada, a 200 quilómetros por hora, «era mais do que suficiente» para a ligação Porto-Lisboa e significaria um investimento «muito menor».

Por isso, aconselhou o Governo a ponderar «um estudo independente» para aferir da necessidade de gastar «centenas de milhões de euros» numa ligação em alta velocidade para «retirar meia dúzia de minutos» ao tempo da viagem.

Para o líder do PSD, «está agora evidente que o Governo, do ponto de vista técnico, não consegue suportar uma decisão com base naquilo que é o seu 'staff' de acompanhamento. E os portugueses têm todas as razões para que, toda a vez que aparecer uma proposta, duvidarem da sua fiabilidade».


Comentário:

Meia dúzia de minutos poupados = Milhares de milhões de euros delapidados

Para Sócrates, tempo é dinheiro. Muito dinheiro...

domingo, fevereiro 10, 2008

Bin Laden, a Exxon e o petróleo a 100 dólares o barril

Bin Laden quis barril de petróleo a 100 dólares

Em finais de 2004, o Jerusalem Center for Public Affairs divulgava o conteúdo de uma cassete de Osama bin Laden, onde este terrorista dava claras intenções de golpear as economias ocidentais fazendo disparar os preços do petróleo:


Jerusalem Center for Public Affairs: «A 15 de Dezembro de 2004, numa gravação áudio, Osama bin Laden afirmou "os preços do petróleo deviam estar pelo menos a 100 dólares o barril," e apelou aos militantes do Golfo Pérsico para que fizessem um esforço para evitar que o Ocidente recebesse petróleo árabe, atacando instalações petrolíferas em toda a região. Esta foi a primeira vez que a liderança da Al-Qaeda divulgou abertamente a sua estratégia de atingir a economia ocidental desorganizando os abastecimentos de petróleo e fazendo os preços dispararem. No dia seguinte, no NYMEX (bolsa de petróleo de Nova Iorque), o crude subiu 5% para 46.28 dólares o barril.»


TRÊS ANOS DEPOIS

A 2 de Janeiro de 2008, a BBC noticiou a realização do «sonho de Osama bin Laden»: o barril de petróleo, tal como o líder terrorista previra três anos antes, chegara finalmente aos 100 dólares o barril:



Mas, como diz o ditado: «não há mal que bem não traga». Paradoxalmente, o terrorismo de Osama bin Laden trouxe lucros descomunais às quatro grandes irmãs do petróleo - Exxon, Chevron, BP e Shell. Vejamos, em particular, o caso da Exxon:


«Exxon bate recorde de lucros»:

«Nova Iorque (CNNMoney.com) – a Exxon Mobil fez história na Sexta-Feira reportando os maiores lucros trimestrais e anuais de sempre de uma companhia norte-americana, aumentados em grande parte pela subida dos preços do crude.»

«A Exxon, a muito publicitada maior empresa comercial de petróleo do mundo, informou que os resultados líquidos do quarto trimestre de 2007 aumentaram 14%, para 11,66 mil milhões de dólares, ou 2,13 dólares por acção. A companhia ganhou 10,25 mil milhões de dólares, ou 1,76 dólares por acção no período de um ano (2007).»

«O lucro ultrapassou o prévio recorde trimestral da Exxon de 10,7 mil milhões de dólares, alcançado no quarto trimestre de 2005, que foi também o maior de sempre de uma empresa americana.»

«"A Exxon pode distribuir alguns valores espantosos e este é um desses casos," afirmou Jason Gammel, analista sénior da Macquarie Securities de Nova Iorque.»

«A Exxon alcançou também um recorde anual de lucros ganhando 40,61 mil milhões de dólares no ano passado – ou cerca de 1300 dólares por segundo em 2007. Isto excedeu o anterior recorde de 39,5 mil milhões de dólares em 2006.»



Comentário:

Se bem que o terrorismo global, e sobretudo a partir dos funestos atentados de Setembro de 2001, se tenha revelado em muitos aspectos uma tragédia para o Ocidente, certos nichos económicos, mormente as indústrias americanas do armamento e do petróleo, dificilmente terão razões de queixa: