IOL Diário - 09-05-2008
Bancos já apertam na compra de casa e restrição vai continuar
Os bancos já estão a ser mais restritivos nos créditos que concedem e a tendência é para o grau de exigência nas restrições vir a ser cada vez maior.
De acordo com uma análise do Banco de Portugal (BdP), divulgada esta sexta-feira, e que contempla um inquérito a cinco entidades bancárias, os critérios de concessão de empréstimos ao sector privado não financeiro tornaram-se mais restritivos nos primeiros três meses deste ano, quando comparados com os do trimestre anterior. Sobretudo, no que diz respeito aos segmentos de empréstimos a empresas e a particulares para aquisição de habitação.
As razões para esta postura prendem-se com o aumento dos custos de financiamento e restrições de balanço dos bancos, tudo à luz da turbulência que se sente nos mercados financeiros internacionais...
Comentário: Atente-se na forma ardilosa como, em nome do «aumento dos custos de financiamento e restrições de balanço», os bancos cortam o crédito a empresas e a particulares.
Bancos já apertam na compra de casa e restrição vai continuar
Os bancos já estão a ser mais restritivos nos créditos que concedem e a tendência é para o grau de exigência nas restrições vir a ser cada vez maior.
De acordo com uma análise do Banco de Portugal (BdP), divulgada esta sexta-feira, e que contempla um inquérito a cinco entidades bancárias, os critérios de concessão de empréstimos ao sector privado não financeiro tornaram-se mais restritivos nos primeiros três meses deste ano, quando comparados com os do trimestre anterior. Sobretudo, no que diz respeito aos segmentos de empréstimos a empresas e a particulares para aquisição de habitação.
As razões para esta postura prendem-se com o aumento dos custos de financiamento e restrições de balanço dos bancos, tudo à luz da turbulência que se sente nos mercados financeiros internacionais...
Comentário: Atente-se na forma ardilosa como, em nome do «aumento dos custos de financiamento e restrições de balanço», os bancos cortam o crédito a empresas e a particulares.
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Nos Estados Unidos, representantes dos maiores financeiros europeus lutaram durante muito tempo pelo estabelecimento de um Banco Central que estivesse sob o seu controlo e que emitisse a sua própria moeda. Ao fim de muitas dezenas de anos conseguiram-no.
Extractos do vídeo «The Money Masters» onde se pode verificar que as recessões na América foram sempre resultado de violentas contracções deliberadas de dinheiro em circulação pelos bancos centrais. Para que se perceba o que se está a passar hoje e quem são os culpados:
Por outras palavras, os Senhores do Dinheiro [The Money Changers (Cambistas)] queriam duas coisas: a reinstituição de um banco central sob o seu controlo exclusivo e uma moeda americana [emitida por eles] suportada pelo ouro. A sua estratégia era dupla: primeiro, causar uma série de pânicos para tentar convencer o povo americano que só um controlo centralizado da oferta de moeda poderia fornecer estabilidade económica e, em segundo lugar, retirar tanto dinheiro do sistema que a maior parte dos americanos ficariam tão desesperadamente pobres que, ou não se importariam ou estariam demasiado fracos para se oporem aos banqueiros.
Num inacreditável ímpeto de honestidade para um banqueiro, Biddle admitiu que o banco ia tornar o dinheiro escasso para forçar o Congresso a restabelecer o Banco Central:
Nicholas Biddle: “Só um sofrimento generalizado produzirá algum efeito no Congresso… A nossa segurança está no prosseguimento de um rumo de restrição firme [de dinheiro] – a não tenho dúvida de que um tal rumo conduzirá no final ao novo licenciamento do Banco Central e ao restabelecimento da moeda [emitida por ele].”
Que revelação impressionante. Aqui estava a verdade pura, revelada com uma clareza chocante. Biddle pretendia usar o poder da contracção do dinheiro do Banco para causar uma depressão massiva até que a América cedesse.
Infelizmente, isto aconteceu repetidamente através da história dos Estados Unidos e está prestes a acontecer novamente no mundo de hoje. O Banco contraiu severamente a oferta de moeda pedindo a devolução de todos os empréstimos e recusando conceder novos.
Um pânico financeiro sobreveio, seguido por uma profunda depressão. Salários e preços afundaram-se, o desemprego disparou assim como as falências das empresas. A nação entrou rapidamente em alvoroço.
Em 1866, havia 18 mil milhões de dólares em circulação nos Estados Unidos, cerca de 50,46 dólares per capita. Só no ano de 1867, quinhentos mil milhões de dólares foram retirados de circulação.
Dez anos depois, a oferta de moeda tinha sido reduzida para 6 mil milhões de dólares. Por outras palavras, dois terços do dinheiro da América tinham sido retirados pelos banqueiros. Apenas se mantinham em circulação 14,60 dólares per capita.
Dez anos mais tarde, a oferta de moeda tinha sido reduzida para apenas 4 mil milhões de dólares. Isto pese embora a população americana tivesse disparado. O resultado foi que apenas se mantinham em circulação 6,67 dólares per capita. Uma perda de 700% no poder de compra num período de 20 anos.
Os economistas de hoje tentam vender a ideia de que as recessões e as depressões são parte natural de uma coisa a que chamam ciclo económico. A verdade é que oferta de moeda de que dispomos é manipulada hoje tal como era antes e depois da Guerra Civil Americana.
Como é que isto aconteceu? Como é que o dinheiro se tornou tão escasso? Simples: o banco exige o pagamento dos empréstimos e não são concedidos nenhuns novos.
Apenas três anos depois, em 1876, com um terço da força de trabalho norte-americana desempregada, a população estava a ficar revoltada. Queriam qualquer coisa que tornasse o dinheiro mais abundante.
Nesse ano o relatório da Comissão do Congresso culpou claramente os banqueiros nacionais da contracção monetária. O relatório é interessante, porque compara a contracção monetária deliberada pelos os banqueiros nacionais depois da Guerra Civil com a queda do Império Romano:
“O desastre da Idade das Trevas [Idade Média] foi causado pela diminuição do dinheiro e pela queda dos preços… Sem dinheiro, a civilização não podia ter nascido e, com a oferta de dinheiro a diminuir, a civilização degenera e se não for socorrida, finalmente morre.”
“Na Era Cristã o dinheiro metálico no Império Romano chegava aos $1.800.000.000. No fim do século XV tinha diminuído para menos de $200.000.000… A história não regista nenhuma transição tão desastrosa como a do Império Romano para a Idade Média.”
Três anos mais tarde o povo americano elegeu o republicano James Garfield para presidente. Garfield compreendeu como a economia estava a ser manipulada. Depois de ter tomado posse ele acusou os Senhores do Dinheiro publicamente em 1881:
“Quem quer que controle o volume de dinheiro em qualquer país, é senhor absoluto de toda a indústria e comércio… e quando se compreende que todo o sistema é facilmente controlado, de uma forma ou de outra, por alguns poucos homens poderosos no topo, não precisamos que nos digam como é que os períodos de inflação e depressão são originados."
Infelizmente, poucas semanas depois de ter feito esta declaração, a 2 de Julho de 1881 Garfield foi assassinado.
Como disse o prémio Nobel Milton Friedman:
“A reserva de dinheiro, preços e produtividade ficou decididamente muito mais instável depois da instituição do Sistema de Reserva Federal [Banco Central norte-americano] do que antes. O mais dramático período de instabilidade na produtividade foi, obviamente, entre as duas Guerras, que incluem as violentas contracções monetárias de 1920-21, 1929-33, e 1937-38. Nenhum outro período de 20 anos na história americana contém três tão graves contracções.
Este facto convenceu-me que pelo menos um terço da subida de preços durante e depois da I Guerra Mundial é atribuível à fundação do Sistema de Reserva Federal [Banco Central norte-americano]... e que a gravidade de cada uma das maiores contracções monetárias é directamente atribuível aos actos de concessão e omissão dos directores da Reserva Federal...
Qualquer sistema que dá tanto poder e tanta liberdade de acção a alguns poucos homens, de tal forma que os erros – desculpáveis ou não – possam ter efeitos tão vastos, é um mau sistema. Se é um mau sistema para os que acreditam na liberdade porque dá tanto poder a uns poucos homens sem qualquer controlo do poder político – este é o argumento político chave contra um banco central independente...
Para parafrasear Clemenceau: "o dinheiro é um assunto demasiado sério para ser entregue aos banqueiros centrais.”
Fernando Madrinha - Expresso 3/2/2007:
«Todos os anos, por esta altura, muita gente se interroga: que país é este onde a vida é tão dura e deficitária para toda a gente, famílias e empresas, menos para os bancos?»
«… os lucros [dos bancos] não param de crescer. O Millennium bcp, por exemplo: teve 780 milhões de euros de lucros em 2006 - mais 28% do que no ano anterior; o BPI registou 309 milhões - mais 23%; o Banco Espírito Santo anunciou ganhos de 420 milhões - mais 5o%...»
«Tudo estaria bem se esta chuva de milhões sobre os bancos fosse um sinal de pujança da vida económica do país. Mas sabemos bem que não é. E que esses lucros colossais são, afinal, uma expressão da dependência cada vez maior das famílias e das empresas em relação ao capital financeiro. Daí que, em lugar de aplauso e regozijo geral, o que o seu anúncio provoca é o mal-estar de quem sente que Portugal inteiro trabalha para engordar a banca. Ganha força essa ideia de que os bancos sugam a riqueza do país mais do que a fomentam.»
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Extractos do vídeo «The Money Masters» onde se pode verificar que as recessões na América foram sempre resultado de violentas contracções deliberadas de dinheiro em circulação pelos bancos centrais. Para que se perceba o que se está a passar hoje e quem são os culpados:
Por outras palavras, os Senhores do Dinheiro [The Money Changers (Cambistas)] queriam duas coisas: a reinstituição de um banco central sob o seu controlo exclusivo e uma moeda americana [emitida por eles] suportada pelo ouro. A sua estratégia era dupla: primeiro, causar uma série de pânicos para tentar convencer o povo americano que só um controlo centralizado da oferta de moeda poderia fornecer estabilidade económica e, em segundo lugar, retirar tanto dinheiro do sistema que a maior parte dos americanos ficariam tão desesperadamente pobres que, ou não se importariam ou estariam demasiado fracos para se oporem aos banqueiros.
Num inacreditável ímpeto de honestidade para um banqueiro, Biddle admitiu que o banco ia tornar o dinheiro escasso para forçar o Congresso a restabelecer o Banco Central:
Nicholas Biddle: “Só um sofrimento generalizado produzirá algum efeito no Congresso… A nossa segurança está no prosseguimento de um rumo de restrição firme [de dinheiro] – a não tenho dúvida de que um tal rumo conduzirá no final ao novo licenciamento do Banco Central e ao restabelecimento da moeda [emitida por ele].”
Que revelação impressionante. Aqui estava a verdade pura, revelada com uma clareza chocante. Biddle pretendia usar o poder da contracção do dinheiro do Banco para causar uma depressão massiva até que a América cedesse.
Infelizmente, isto aconteceu repetidamente através da história dos Estados Unidos e está prestes a acontecer novamente no mundo de hoje. O Banco contraiu severamente a oferta de moeda pedindo a devolução de todos os empréstimos e recusando conceder novos.
Um pânico financeiro sobreveio, seguido por uma profunda depressão. Salários e preços afundaram-se, o desemprego disparou assim como as falências das empresas. A nação entrou rapidamente em alvoroço.
Em 1866, havia 18 mil milhões de dólares em circulação nos Estados Unidos, cerca de 50,46 dólares per capita. Só no ano de 1867, quinhentos mil milhões de dólares foram retirados de circulação.
Dez anos depois, a oferta de moeda tinha sido reduzida para 6 mil milhões de dólares. Por outras palavras, dois terços do dinheiro da América tinham sido retirados pelos banqueiros. Apenas se mantinham em circulação 14,60 dólares per capita.
Dez anos mais tarde, a oferta de moeda tinha sido reduzida para apenas 4 mil milhões de dólares. Isto pese embora a população americana tivesse disparado. O resultado foi que apenas se mantinham em circulação 6,67 dólares per capita. Uma perda de 700% no poder de compra num período de 20 anos.
Os economistas de hoje tentam vender a ideia de que as recessões e as depressões são parte natural de uma coisa a que chamam ciclo económico. A verdade é que oferta de moeda de que dispomos é manipulada hoje tal como era antes e depois da Guerra Civil Americana.
Como é que isto aconteceu? Como é que o dinheiro se tornou tão escasso? Simples: o banco exige o pagamento dos empréstimos e não são concedidos nenhuns novos.
Apenas três anos depois, em 1876, com um terço da força de trabalho norte-americana desempregada, a população estava a ficar revoltada. Queriam qualquer coisa que tornasse o dinheiro mais abundante.
Nesse ano o relatório da Comissão do Congresso culpou claramente os banqueiros nacionais da contracção monetária. O relatório é interessante, porque compara a contracção monetária deliberada pelos os banqueiros nacionais depois da Guerra Civil com a queda do Império Romano:
“O desastre da Idade das Trevas [Idade Média] foi causado pela diminuição do dinheiro e pela queda dos preços… Sem dinheiro, a civilização não podia ter nascido e, com a oferta de dinheiro a diminuir, a civilização degenera e se não for socorrida, finalmente morre.”
“Na Era Cristã o dinheiro metálico no Império Romano chegava aos $1.800.000.000. No fim do século XV tinha diminuído para menos de $200.000.000… A história não regista nenhuma transição tão desastrosa como a do Império Romano para a Idade Média.”
Três anos mais tarde o povo americano elegeu o republicano James Garfield para presidente. Garfield compreendeu como a economia estava a ser manipulada. Depois de ter tomado posse ele acusou os Senhores do Dinheiro publicamente em 1881:
“Quem quer que controle o volume de dinheiro em qualquer país, é senhor absoluto de toda a indústria e comércio… e quando se compreende que todo o sistema é facilmente controlado, de uma forma ou de outra, por alguns poucos homens poderosos no topo, não precisamos que nos digam como é que os períodos de inflação e depressão são originados."
Infelizmente, poucas semanas depois de ter feito esta declaração, a 2 de Julho de 1881 Garfield foi assassinado.
Como disse o prémio Nobel Milton Friedman:
“A reserva de dinheiro, preços e produtividade ficou decididamente muito mais instável depois da instituição do Sistema de Reserva Federal [Banco Central norte-americano] do que antes. O mais dramático período de instabilidade na produtividade foi, obviamente, entre as duas Guerras, que incluem as violentas contracções monetárias de 1920-21, 1929-33, e 1937-38. Nenhum outro período de 20 anos na história americana contém três tão graves contracções.
Este facto convenceu-me que pelo menos um terço da subida de preços durante e depois da I Guerra Mundial é atribuível à fundação do Sistema de Reserva Federal [Banco Central norte-americano]... e que a gravidade de cada uma das maiores contracções monetárias é directamente atribuível aos actos de concessão e omissão dos directores da Reserva Federal...
Qualquer sistema que dá tanto poder e tanta liberdade de acção a alguns poucos homens, de tal forma que os erros – desculpáveis ou não – possam ter efeitos tão vastos, é um mau sistema. Se é um mau sistema para os que acreditam na liberdade porque dá tanto poder a uns poucos homens sem qualquer controlo do poder político – este é o argumento político chave contra um banco central independente...
Para parafrasear Clemenceau: "o dinheiro é um assunto demasiado sério para ser entregue aos banqueiros centrais.”
Fernando Madrinha - Expresso 3/2/2007:
«Todos os anos, por esta altura, muita gente se interroga: que país é este onde a vida é tão dura e deficitária para toda a gente, famílias e empresas, menos para os bancos?»
«… os lucros [dos bancos] não param de crescer. O Millennium bcp, por exemplo: teve 780 milhões de euros de lucros em 2006 - mais 28% do que no ano anterior; o BPI registou 309 milhões - mais 23%; o Banco Espírito Santo anunciou ganhos de 420 milhões - mais 5o%...»
«Tudo estaria bem se esta chuva de milhões sobre os bancos fosse um sinal de pujança da vida económica do país. Mas sabemos bem que não é. E que esses lucros colossais são, afinal, uma expressão da dependência cada vez maior das famílias e das empresas em relação ao capital financeiro. Daí que, em lugar de aplauso e regozijo geral, o que o seu anúncio provoca é o mal-estar de quem sente que Portugal inteiro trabalha para engordar a banca. Ganha força essa ideia de que os bancos sugam a riqueza do país mais do que a fomentam.»
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